LEGISLAÇÃO

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

ECONOMIA -15/10/2010

Governo estuda mais medidas para conter alta do real
Ministério da Fazenda pode endurecer condições para a entrada de capital estrangeiro no País, até mesmo com nova alta do IOF

Fabio Graner, Adriana Fernandes, Fernando Nakagawa / BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo

Técnicos do Ministério da Fazenda já estudam medidas mais duras para controlar o fluxo de capital para o Brasil e conter a valorização do real.

Um novo aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) - vinculado ou não ao prazo de permanência do investimento no Brasil -, redução na possibilidade de os bancos ficarem "vendidos" em câmbio (apostando na valorização do real), aumento na necessidade de depósito de recursos (margem) para operações no mercado futuro e uma medida mais radical, como a imposição de quarentena para os capitais que entram no País, são ideias que têm circulado na Fazenda e poderão ser acionadas.

Primeiro a alertar para o risco de guerra cambial, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, já deu a entender que o Brasil está disposto a adotar novas medidas.

Dados divulgados ontem pelo Banco Central mostraram que a entrada de dólares para aplicações financeiras na segunda semana de outubro caiu 63,1% ante setembro, mês afetado pela capitalização da Petrobrás, após o aumento do IOF para 4% no início de outubro, mas subiu forte ante julho e agosto.

Analistas avaliam que a queda do fluxo em outubro teria pouca relação com o IOF e seria explicada pelos números "inflados" do mês passado pela operação da Petrobrás. Para o mercado, o juro elevado continuará atraindo estrangeiros ao Brasil. Tanto que, na média diária do período com a nova tributação, o País recebeu 436% mais dólares que em agosto e 333% mais que em julho, meses anteriores à oferta da estatal e quando o IOF era de 2%.

Entre 5 e 8 de outubro, o Brasil recebeu US$ 293 milhões em média a cada dia pela conta financeira, onde são registradas transações para compra e venda de títulos de renda fixa, ações, investimento produtivo, entre outras.
"Em setembro, o resultado veio fora do comum porque houve "contaminação" pelo aumento de capital da Petrobrás. Por isso, há essa queda grande em outubro. Se tirarmos o fato extraordinário, avaliamos que o impacto do IOF é pequeno porque os juros ainda são muito elevados no Brasil", diz a economista-chefe da Rosenberg & Associados, Thais Zara.

No governo, avalia-se que uma nova rodada de elevação do IOF serviria para diminuir ainda mais o diferencial de juros entre o Brasil e o exterior, tornando menos atrativas operações que se aproveitam desse diferencial (o chamado carry trade). Uma fonte lembra que, mesmo com o IOF de 4%, ainda é vantajoso trazer recursos para o Brasil operar em renda fixa e uma alíquota maior daria um "susto" nos especuladores que têm se posicionado em títulos brasileiros sem fazer operações de proteção cambial (hedge).

Limitar a exposição cambial dos bancos ou elevar a margem (depósitos para cobrir os riscos) de operação no mercado futuro de câmbio são medidas cujo objetivo é conter a especulação com o dólar futuro, que, no entender do governo, tem forte peso na formação do preço à vista da moeda. No polo mais agressivo da política econômica, já se fala até numa quarentena, um prazo mínimo de permanência do capital que entra no País, impondo custos para os investidores que querem sair no curto prazo.
O Estado de São Paulo


Tensões cambiais inflamam em meio à queda do dólar
A disputa entre a Coreia do Sul e o Japão em torno das taxas de câmbio inflamou nesta quinta-feira, destacando as tensões geradas pela perspectiva de que Washington aumente a impressão de dólares para tentar ajudar a economia norte-americana.

A Coreia do Sul reclamou para o Japão após Tóquio questionar a líderança do país no fórum do G20 por causa da intervenção repetida de Seul para controlar a valorização do won, de acordo com a mídia estatal.

O embate é vergonhoso para a Coreia do Sul antes da reunião dos ministros das Finanças do G20, que acontece em 11 e 12 de novembro na capital do país.

"É inapropriado falar unilateralmente sobre a política cambial de determinado país", disse o presidente do Banco da Coreia, Kim Choong-soo, a jornalistas.

A Coreia do Sul ficou irritada com os comentários diretos feitos pelo ministro das Finanças japonês, Yoshihiko Noda. O ministro afirmou que países emergentes com superavits em conta corrente deveriam permitir uma flexibilidade maior nas suas moedas.
"Na Coreia do Sul, a intervenção acontece regularmente, e na China, o ritmo da reforma do yuan tem sido lento", disse Noda.

O próximo foco será na sexta-feira, quando o Departamento do Tesouro dos EUA deve fazer a decisão semestral de taxar ou não a China de "manipuladora cambial".

O relatório costuma ser adiado, mas uma autoridade da indústria em Washington disse que seu grupo havia sido informado por um membro do governo de que o prazo de 15 de outubro seria cumprido.
Folha de São Paulo


Rússia está preocupada com volatilidade das moedas
A Rússia está preocupada sobre a crescente volatilidade das moedas e as tentativas de alguns países de enfraquecer suas divisas, disse o ministro das Finanças, Alexei Kudrin, nesta quinta-feira.

Um "sinal de instabilidade no sistema financeiro global é a crescente volatilidade das moedas", afirmou ele em uma reunião com autoridades da União Europeia.

"As tentativas de alguns países de tomar decisões sobre controle de taxas de câmbio com o objetivo de equilibrar o balanço de pagamentos e estimular o crescimento econômico são uma preocupação extra."

Os comentários de Kudrin seguem o pedido feito na véspera pelo vice-presidente do banco central russo, Alexei Ulyukayev, por paz no que tem sido classificado por muitas autoridades como uma guerra cambial.
Folha de São Paulo


PIB de Cingapura recua 19,8% no 3º trimestre
Retração da economia do país era esperada após forte crescimento nos dois trimestre anteriores

CINGAPURA - A economia de Cingapura se contraiu fortemente, como esperado, no trimestre julho-setembro, depois de um crescimento estratosférico nos dois trimestres anteriores. O governo, porém, manteve sua previsão de um crescimento de 13% a 15% no ano. O Produto Interno Bruto (PIB) da ilha afundou 19,8% no terceiro trimestre em relação ao trimestre anterior, em base anualizada e ajustada, de acordo com a estimativa divulgada pelo Ministério do Comércio Exterior e Indústria. O dado ficou pouco acima da contração prevista numa pesquisa da Dow Jones com 12 economistas, que mostrava uma mediana de -17,5%.

A economia de Cingapura, dependente do comércio exterior e termômetro do restante da região asiática, apresentou crescimento revisado de 27,3% no segundo trimestre e de 45,9% no primeiro trimestre, quando exibiu forte recuperação da crise financeira global.

Em relação ao terceiro trimestre do ano passado, a economia de Cingapura teve expansão de 10,3%, a mesma indicada na pesquisa. As informações são da Dow Jones.
Agência Estado



Dólar continua a recuar mas exportação cresce
SÃO PAULO - O nordeste foi a região brasileira que mais elevou as exportações este ano em relação ao desempenho do ano passado, de acordo com dados divulgados ontem pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic). De janeiro a setembro, a expansão das vendas de mercadorias nordestinas para o exterior foi de 40,56% nessa comparação, passando de US$ 8,235 bilhões para US$ 11,576 bilhões.

De acordo com o levantamento, a Região Norte registrou crescimento de 38,86% nos embarques, que passaram de US$ 7,378 bilhões para US$ 10,245 bilhões. Já o crescimento da Região Sudeste, que concentra a maior parte das vendas ao exterior, foi de 38,46% nos primeiros nove meses do ano, de US$ 58,639 bilhões para US$ 81,189 bilhões.
A Região Sul registrou aumento de 13,07% (de US$ 24,599 bilhões para US$ 27,816 bilhões), enquanto o centro-oeste teve crescimento de 8,08% (de US$ 11,226 bilhões para US$ 12,133 bilhões).
Pelo lado das importações, a Região Norte foi a que mais intensificou os gastos este ano, com expansão de 68,73%, passando de US$ 5,6 bilhões para US$ 9,510 bilhões. Até setembro Região Nordeste comprou 63,33% a mais do que no mesmo período do ano passado, seguida pelas Regiões Sul (53,65%), Sudeste (39,29%) e Centro-Oeste (35,7%).
Dentre os estados, São Paulo (US$ 37,5 bilhões) foi o que mais exportou em 2010, seguido por Minas Gerais (US$ 21,755 bilhões) e Rio de Janeiro (US$ 13,7 bilhões). Também nas importações, São Paulo (US$ 49,5 bilhões) foi o estado que mais fez compras fora do País nos primeiros nove meses de 2010, seguido de Rio de Janeiro (US$ 12 bilhões) e Paraná (US$ 9,8 bilhões).

Aviões
Grandes companhias aéreas estão pedindo à Europa e aos Estados Unidos para limitarem a 20 por cento os créditos de exportação sobre a venda de aeronaves de passageiros, no mais recente capítulo da crescente disputa em torno de subsídios bilionários à indústria aeronáutica.
Agência Estado




Governos vão debater o assunto durante reunião da (OCDE) marcada para 20 de outubro.
Deficit comercial dos EUA sobe além do esperado em agosto
DE SÃO PAULO
Os Estados Unidos registraram deficit comercial de US$ 46,3 bilhões em agosto, em relação ao mês de julho, cuja diferença foi de US$ 42,6 bilhões (dado revisado). O resultado foi divulgado pelo Departamento do Comércio norte-americano nesta quinta-feira.

As exportações de bens somaram US$ 153,9 bilhões, enquanto as importações atingiram US$ 200,2 bilhões.

Na relação anual, de agosto de 2009 até o mês deste ano, o deficit cresceu US$ 15,3 bilhões.

Analistas do mercado financeiro esperavam um deficit inferior, da ordem de US$ 43,4 bilhões.
Folha de São Paulo


Multinacionais emergentes investem 25% do fluxo global
SÃO PAULO - As multinacionais de países emergentes responderam por 25% do fluxo global de investimentos em 2009. "O crescimento das economias do BRIC [Brasil, Rússia, Índia e China] tem proporcionado o aumento significativo dos investimentos das multinacionais desses países emergentes", declarou o professor de Negócios Internacionais da britânica Cardiff Business School, Glenn Morgan, em simpósio da ESPM, ontem, em São Paulo.

De acordo com o especialista, nos últimos 12 anos o número de multinacionais emergentes entre 500 maiores companhias mundiais saltou de 20 para 90 empresas. "O Brasil possui 13 delas, volume abaixo da China e da Índia, mas acima da Rússia e do México", comparou Morgan.

No exemplo, as 13 companhias brasileiras consideradas multinacionais pelo ranking Fortune Global são: Petrobras, Vale, Gerdau, Votorantim, Odebrecht, Camargo Correa, Embraer, Marcopolo, JBS-Friboi, BR Foods, AmBev, Coteminas e Natura.

"São multinacionais de ramos específicos - recursos naturais, manufatura e bens de consumo. Elas estão crescendo rapidamente e evoluindo de forma diferente das tradicionais americanas, japonesas e alemãs", diferenciou.

Morgan acredita que o câmbio valorizado no Brasil proporciona oportunidades para outras grandes companhias brasileiras adquirirem ativos no exterior.

"Muitas ações de empresas estão mais baratas nos Estados Unidos e na Europa e são oportunidades para fusões e aquisições", sugere Morgan.

Mas ele também adverte o risco dessas operações com outro exemplo. "Houve uma época na década de 90 que o iene estava muito valorizado e os japoneses aproveitaram para comprar muitas empresas americanas, mas depois perderam muito dinheiro porque compraram negócios que não eram rentáveis", alertou o especialista.

Mário Marconini, da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), também acredita na janela de oportunidades para aquisições no exterior. "Temos a moeda que mais vale no mundo hoje. O investidor terá de escolher entre aproveitar o bom momento do mercado interno ou se internacionalizar em momento oportuno", sugere Marconini.

Ele destacou que o investimento direto do Brasil em outros países ainda é baixo, mas citou exemplos de sucesso lá fora. "83% do faturamento da JBS-Friboi vêm do exterior, de 7 países, e a Gerdau com presença em 14 países traz 48,8% de seu faturamento de fora", exemplificou.

Marconini aponta que o próximo setor a se internacionalizar é o de tecnologia da informação. "As empresas brasileiras de software têm uma dinâmica criativa que as indianas não têm", apontou.

Ele citou que as companhias brasileiras estão ganhando tamanho para competir no exterior. "Vejo isso na fusão do Itaú e Unibanco, e da Aracruz com a VCP que formou a Fibria", lembrou.

Marconini ressaltou que o Brasil não incentiva a internacionalização de empresas. "Só recentemente que o BNDES jogou muito dinheiro na JBS-Friboi e na Marfrig, mas outros 8 frigoríficos também precisam de financiamento para suas operações no exterior", disse o representante da Fiesp.

"Nos países desenvolvidos esse modelo de banco de investimentos que dá suporte industrial desapareceu. O risco é do investidor", diferenciou Morgan ao comentar o papel do BNDES.

"Nos Estados Unidos, na Inglaterra e na França essa separação do que é público e do que é do setor privado foi feita a bastante tempo para evitar distorções como favorecimento governamental ou corrupção", diz Morgan.

Ele diz que o financiamento próprio é uma das características das multinacionais brasileiras. "Elas investem lá fora com recursos próprios, bem diferente das americanas que vão ao mercado buscar recursos", diferenciou.

O professor contou que embora o crédito esteja mais restrito com a crise mundial, as grandes empresas no exterior contam com fundos de equity e aberturas de capital. "Até empresas chinesas abrem capital nos EUA para financiar suas operações", disse.

Mas Morgan advertiu que os investidores globais cobram mais governança corporativa para sancionar os projetos de investimento. "O investimento só vira com transparência", alertou.

O coordenador geral da ESPM, Marcos Amatucci, também avaliou a oportunidade do câmbio valorizado. "Temos uma taxa de câmbio flutuante, mas quando o câmbio era administrado as pessoas reclamavam também. O Brasil não gasta seus dólares", avaliou Amatucci, da ESPM.

De acordo com o Banco Central, excluindo os paraísos fiscais, o Brasil investiu US$ 9,5 bilhões no exterior até agosto de 2010.
DCI
 

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