LEGISLAÇÃO

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

COMÉRCIO EXTERIOR - 28/10/2010

UE critica apoio do BNDES às exportações
Relatório afirma que o novo programa de incentivos do governo, incluindo o Eximbank, tem “potencial de distorcer o comércio”
Jamil Chade CORRESPONDENTE / GENEBRA – O Estado de S.Paulo

Os europeus atacam as políticas de apoio do BNDES às exportações. Eles alertam ainda que o pacote de incentivos que está sendo criado pelo governo, com o Eximbank e outros mecanismos, já está sendo classificado em Bruxelas como medidas com “potencial de distorcer o comércio”. Um dos impactos poderia ser o de desacelerar o crescimento das importações no Brasil.

O principal alvo das críticas é o plano que começou a ser desenhado no Brasil para criar uma nova estrutura de incentivos às exportações. Citando os 40 bilhões que poderiam ser usados, a União Europeia explica de forma detalhada o plano brasileiro.

“Um pacote de estímulo está sendo planejado para incrementar as exportações do Brasil. Isso incluiria a criação de uma subsidiária do BNDES; de um Eximbank, que financiaria e garantiria exportações; manutenção de isenções fiscais para empresas preponderantemente exportadoras; um sistema integrado de drawback para comprar insumos sem taxas e um procedimento simplificado para pequenas e médias empresas”, aponta a UE.

Bruxelas lembra que os detalhes do pacote foram revelados em maio deste ano com ainda a criação da Empresa Brasileira de Seguros (EBS), com R$ 17 bilhões. “O pacote também acelera o refinanciamento de créditos fiscais para empresas exportadores”, explica.

O documento europeu ainda explica que empresas com atividades exportadoras terão outros benefícios, insinuando a distorção do comércio, e ainda aponta que, em novembro, tarifas de importação de autopeças compradas no exterior subirão de 9% e 11% para 14% e 18%.

A UE chega a comparar as medidas adotadas pelo Brasil às da China. “Apenas de não poder classificar diretamente essas iniciativas como distorcidas ao comércio (apesar de sua especificidade possa levantar preocupações relacionadas à concorrência) alguns elementos dos pacotes recentemente adotados por China e Brasil sugerem um impacto mais direto”, afirma o documento.

“Em particular, o pacote de estímulo a exportação do Brasil, apesar de ser direcionado em aumentar o desempenho exportador de empresas locais, inclui medidas para frear as importações, principalmente a remoção de incentivos tarifários para a importação de autopeças destinada a produção doméstica”, alertou o documento.

BNDES. O Estado havia revelado que a Comissão Europeia, assim como os Estados Unidos, estavam de olho no uso do BNDES para a promoção das exportações brasileiras. Agora, o relatório oficial da UE confirma que Bruxelas mantém suspeitas sobre o uso de créditos públicos e inclui as práticas do BNDES como políticas que os podem prejudicar concorrentes.

Pelas regras da OMC, exportações de bens industriais têm seus subsídios altamente fiscalizados. Tanto a UE como os EUA já deram indicações ao Brasil de que estão de olho. O governo sempre diz que o BNDES não é um mecanismo de distribuição de subsídios proibidos.

Há dez anos, o Canadá conseguiu a condenação do BNDES na disputa envolvendo exportações de aviões. A própria OMC, dois anos atrás, alertou para os benefícios criados pelo banco aos exportadores.

O aspecto questionado pela UE seria a redução dos juros em financiamentos de exportação de bens de capital dentro do marco do Proex. A UE classifica como “potencialmente distorcida” a medida de 6 de setembro, quando o banco elevou os fundos para financiar exportações de pequenas e médias empresas com juros mais baixos.

CRÍTICAS EUROPEIAS

Eximbank

O programa do governo brasileiro, anunciado este ano, é um dos criticados pelo relatório da União Europeia por financiar e garantir as exportações, além de manter isenções fiscais para empresas preponderantemente exportadoras


EBS
A criação da Empresa Brasileira de Seguros, também citada, aceleraria o refinanciamento de créditos fiscais para empresas exportadoras

Outros incentivos
O documento cita ainda que empresas com atividades exportadoras terão outros benefícios, insinuando a distorção do comércio e comparando as medidas às adotadas pela China
O Estado de São Paulo



Estados Unidos e Chile questionam Brasil na OMC
Países pedem explicações sobre medidas antidumping usadas contra seus produtos
Jamil Chade, de O Estado de S. Paulo

GENEBRA – Estados Unidos e Chile questionam na Organização Mundial do Comércio (OMC) medidas antidumping usadas pelo Brasil contra seus produtos e pedem explicações para as barreiras. Não se trata da abertura de uma disputa nos tribunais da OMC, mas sim de expor o País e cobrar que ações sejam tomadas para que as regras internacionais não sejam violadas.

A Casa Branca cobrou explicações sobre a alta e ampliação de medidas antidumping adotadas pelo Brasil contra produtos químicos exportados pelos Estados Unidos. As medidas antidumping são autorizadas pelas leis internacionais como forma de punir atitudes comerciais injustas por parte dos exportadores.

Washington, porém, alega que o Brasil não apenas renovou barreiras que estavam com seus prazos acabando, como incrementou a tarifa cobrada sobre o produto.

No caso do Chile, o questionamento foi quanto às barreiras ao comércio de sal marinho. Santiago fez questão de cobrar o Itamaraty para garantir que as leis internacionais de adoção de medidas antidumping contra seus produtos sejam respeitadas.

Em sua resposta, o governo brasileiro garantiu que seguirá o procedimento legal e que, em novembro, enviará uma missão de técnicos para avaliar a situação da exportação chilena ao Brasil.

Os dois questionamentos ocorrem um dia depois que a União Europeia listou o Brasil como um dos países que mais adotou barreiras e medidas que distorcem o comércio desde a eclosão da crise econômica em 2008. Em um relatório divulgada na segunda-feira em Bruxelas, a Comissão Europeia apontou que o Brasil adotou doze medidas supostamente temporárias. Mas que, até agora, não retirou nenhuma delas.

Há poucos dias, em Genebra, o Brasil foi amplamente questionado em torno de suas barreiras fitossanitárias.
Agencia Estado



Unica cogita recorrer à OMC para evitar medidas contra exportação de etanol brasileiro
São Paulo – A União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) poderá recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) a fim de garantir a exportação de etanol para os Estados Unidos e para os países da Europa. O presidente da Unica, Marcos Jank, disse hoje (26) que regras para importação de biocombustíveis desses países podem diminuir o potencial de comercialização do álcool brasileiro em nações desenvolvidas.

Jank destacou que cálculos de sustentabilidade adotados nos EUA e em estudos na Europa responsabilizam indiretamente o setor sucroalcooleiro pelo desmatamento de biomas brasileiros. Baseados neles, europeus e norte-americanos poderiam criar barreiras ao etanol alegando que seu consumo é responsável por alto índice de emissões de gases causadores de efeito estufa, como o dióxido de carbono.

Ele afirmou, entretanto, que 99% da produção de cana-de-açúcar do país são feitas em áreas que já eram usadas para a agricultura ou pecuária. Por isso, é injusta a afirmação de que o etanol tem efeito indireto sobre o desmatamento ou de que ele tem um alto índice de emissão de gases de efeito estufa. Dados da Unica mostram, inclusive, que a queima do etanol de cana-de-açúcar emite 90% menos gases do que a da gasolina.

“A gente tem que se defender”, afirmou Jank, depois de participar de um seminário sobre a agricultura e carbono. “Esperamos que as regras [para exportação] sejam compatíveis. Se não forem, nós vamos entrar na OMC.”

O evento promovido pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e pelo Conselho Internacional de Políticas de Comércio de Bens Agrícolas (IPC, na sigla em inglês) discutiu as formas de medir a emissão dos gases causadores de efeito estufa pela agricultura.

O vice-presidente do IPC, Marcelo Regunaga, destacou que o setor agrícola também precisa colaborar para a redução da emissão dos gases. Disse que a agricultura, atualmente, tem que ser qualificada, também, por sua responsabilidade no aquecimento global. “Não podemos mais analisar a produção de comida só por suas calorias e proteínas. As emissões também são importantes”, afirmou.

O secretário executivo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), José Gerardo Fontelles, ratificou os argumentos de Regunaga e disse que o governo está comprometido em reduzir as emissões também na atividade rural. De acordo com ele, o programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC) prevê a diminuição de cerca de 38% das emissões do setor até 2020. A agricultura responde atualmente por 19% das emissões de gases de efeito estufa do país.
Agencia Brasil



INDÚSTRIA COBRA APROVAÇÃO DE PROJETO QUE COMBATE O DUMPING
A indústria brasileira pressiona pela aprovação do Projeto de Lei 4801/01, que defende os produtos nacionais contra casos de dumping, a prática comercial usada por outros países para vender, no Brasil, mercadorias a preços menores que os de custo para eliminar concorrentes.

O projeto, que já tem parecer favorável na Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio, determina a identificação da real origem do produto, regulamentando os certificados de importação.

Esses documentos comprovam a origem das mercadorias, principalmente das que têm restrições tarifárias para entrar no Brasil. Muitos importadores, no entanto, maquiam a origem dos produtos para evitar a aplicação das taxas antidumping. Na chamada triangulação, um produto chinês, por exemplo, que esteja sujeito a tarifação passa primeiro por outro país, como a Malásia, que é isenta de tarifa, antes de chegar ao Brasil.

China
De acordo com Roberto Barth, fundador da Comissão de Defesa da Indústria Nacional, a China é o principal alvo do projeto, pelo fato de aplicar medidas desleais de comércio para vender mais. Barth disse que, por causa do dumping, a indústria de guarda-chuvas no Brasil foi extinta, a de brinquedos está sucateada e houve redução drástica da indústria de ímãs para autofalantes e de armação de óculos .

"A indústria não pode ficar aguardando por 10 anos alguma medida que venha não a ajudá-la, mas a fazer com que ela consiga sobreviver. A regulamentação do certificado de origem já existe na Europa e em países como os Estados Unidos, o Japão e a Argentina", argumentou Barth.
O relator do projeto na Comissão de Desenvolvimento, deputado Dr. Ubiali (PSB-SP), também se preocupa com essa demora e pretende unir forças para que o texto seja votado em 2010. "Hoje não há cobrança adequada de impostos para que os produtos tenham preços justos. Fica muito mais caro fabricar no Brasil, por causa dos nossos impostos. Com essa lei, teremos regras claras e permitindo sim que haja importação, mas sem prejudicar a nossa indústria", ressaltou.

Tramitação
O projeto ainda precisará passar também pelas comissões de Finanças e Tributação; e de Constituição e Justiça e de Cidadania, antes de ser votado pelo Plenário da Câmara. O texto em análise é um substitutivo à proposta que já havia sido aprovada pela Câmara em 2006.
Agência da Câmara



Barreiras da UE prejudicam exportação de café solúvel, níquel e carne do Brasil
De forma indireta, Brasil e União Europeia (UE) continuaram o debate sobre barreiras ao comércio, ontem. Levantamento ao qual o Valor teve acesso mostra que exportações de companhias brasileiras de café solúvel, níquel e carnes de ave e bovina enfrentam barreiras nos 27 países da UE e sofrem prejuízos de milhões de dólares. Por sua vez, um representante da UE minimizou relatório que Bruxelas divulgou na segunda-feira, que acusa o Brasil de protecionismo. Segundo o funcionário, a situação bilateral é de "business as usual". E deixou claro que os europeus não têm nenhum plano de abertura de disputa comercial com o Brasil.
O Brasil reclama de falta de transparência e caráter discriminatório do Sistema Geral de Preferências (SGP) europeu, em particular do chamado "SGP plus", que beneficia concorrentes do país. A UE, nesse caso, prejudica diretamente o setor de café solúvel brasileiro. Além disso, regulamento técnico que classifica os compostos de níquel como substâncias de alta carcinogenicidade está afetando as exportações da Vale Canadá. Para o Brasil, a norma europeia tem questionável base técnica, diferente do que se aplica no resto do mundo.

Está no radar um contencioso já pedido pelo setor produtivo por causa de regulamento da UE sobre padrões de rotulagem para carnes de ave. Segundo funcionários brasileiros, isso impede qualificação como "frescas" de carnes que já tenham sido congeladas, levando a discriminação em favor dos produtores europeus. A questão é que não há restrição sanitária a essa prática, segundo as normas sanitárias da UE. Os produtores brasileiros esperam um questionamento de Bruxelas na OMC.

O Brasil se sente prejudicado também com a definição de carne bovina para fins de utilização da cota Hilton, que envolve o produto de maior valor agregado. A definição do produto hoje utilizada inviabiliza o aproveitamento adequado da cota pelos produtores brasileiros, frustrando a compensação que a UE deveriam dar ao Brasil, por causa de um antigo contencioso. Negociadores brasileiros monitoram também a medida da UE que prorrogou até o fim do ano pacotes de apoio ao setor financeiro concedidos pelos Estados membros no contexto da crise financeira global. A concessão dos pacotes foi viabilizada por uma interpretação mais flexível pela Comissão das Regras de Concorrência e Ajudas de Estados e, na prática, distorcem a concorrência.
Além da UE, outros países monitoram de perto as operações do BNDES, sem, porém, se arriscar a tentar abrir disputas na Organização Mundial do Comércio (OMC). O xerife do comércio mundial também não fará um relatório sobre as operações do banco brasileiro porque isso não faz parte de seus trabalhos. Qualquer ação envolvendo o banco só viria se os juízes fossem acionados. "O relatório nem quer dizer que as medidas causam prejuízo", afirmou o representante europeu. "O que fizemos foi assinalar que certas medidas de proteção não estão de acordo com os compromissos no G-20."

Para os europeus, o comércio bilateral continua fluido e as conversações com os brasileiros, para tentar desmontar problemas envolvendo trocas de dezenas de bilhões de dólares por ano, ocorrem com frequência. Do lado do Brasil, as queixas têm sido mais concretas na área agrícola, onde a Europa não consegue mais segurar as exportações brasileiras com comércio administrado.
Valor Econômico



Mercado deve crescer até 5% em 2011
Executivos do setor automotivo que participam do 26.º Salão Internacional do Automóvel, em São Paulo, dizem esperar por um crescimento de até 5% das vendas em 2011, puxado pela manutenção da expansão da renda e do crédito, aliada ao aumento dos investimentos das montadoras.

O que preocupa as empresas é o forte crescimento das importações – ainda que cerca de 65% dos importados sejam trazidos pelas próprias montadoras instaladas no país, principalmente da Argentina e do México, graças a acordos comerciais que zeram o Imposto de Importação.

O setor prepara um estudo sobre a competividade do Brasil comparada à de países que recebem incentivos pesados do governo. A pesquisa deve ser apresentada ao novo presidente.
Gazeta do Povo - PR



Espera por importados chega a 4 meses
Com o crescimento da economia e a valorização do real, a procura por carros importados aumentou nos últimos meses e a fila de espera já chega a 40 dias para modelos médios, e a quatro meses para veículos de luxo, na faixa superior a R$ 100 mil, em ao menos cinco marcas coreanas e europeias .

Para dar conta dos pedidos, algumas marcas estão expandindo a rede de distribuição no país. Até o fim do ano, estão previstas inaugurações de ao menos 80 novas concessionárias associadas à Abeiva, entidade que reúne importadores de 30 marcas.

O presidente da Kia no Brasil, José Luiz Gandini, diz que a espera por carros da marca, como Picanto (R$ 33 mil), Cerato (R$ 49,9 mil) e novo Sportage (R$ 83,9 mi), varia de 30 a 40 dias.

Gandini não atribui a falta de carros somente ao dólar em baixa. "Se aplicarmos 35% do Imposto de Importação no dólar de hoje, na faixa de R$ 1,70, o valor da moeda passa para R$ 2,30. Também competimos com os carros que as montadoras importam do México e Mercosul sem pagar imposto [devido a acordos comerciais]", diz.

A previsão da coreana é fechar o ano com a venda de 60 mil unidades no país, alta de 150% sobre 2009. Até janeiro de 2011, deve inaugurar mais 27 pontos de venda.

A coreana Hyundai também confirma a espera de 30 a 60 dias para modelos como o ix30 (R$ 59 mil), o ix35 (R$ 88 mil) e o sedã de luxo Azera (a partir de R$ 90 mil).

Na Toyota, para comprar uma picape Hilux versão top de linha (R$ 125 mil), o tempo de espera já chegou a seis meses em algumas regiões. Agora, segundo a montadora japonesa, está em cerca de 10 a 15 dias em todo o país.

Na BMW, a espera atinge quatro meses para modelos como o X1 (R$ 118 mil a R$ 190 mil), segundo Henning Dornbusch, presidente da empresa no Brasil. A estimativa era vender 1.400 a 1.500 carros no ano, resultado alcançado em abril.

Alguns modelos do Porsche já levam quatro meses para chegar ao consumidor brasileiro. O tempo de espera ocorre também porque geralmente o comprador quer carros personalizados.
Folha de São Paulo



A TI nas exportações
Segundo estudo divulgado pela ONU o Brasil não conseguiu, nos últimos dez anos, se inserir como exportador no mercado de Tecnologia da Informação (TI), como fizeram outros países emergentes.

Levantamento que consta do estudo, relativo a 2009, revela que o Brasil importou mais de US$ 20,5 bilhões em produtos relacionados à Tecnologia da Informação, enquanto suas exportações nesse segmento foram de apenas US$ 3,6 bilhões, uma parcela insignificante das exportações mundiais nessa área, estimadas em US$ 1,9 trilhão.

Há, realmente, segmentos em que o Brasil é sabidamente muito carente, como o de semicondutores, cujas importações somaram US$ 2,1 bilhões no primeiro semestre deste ano. Contudo, dadas as dimensões de seu mercado interno, o Brasil não pode ser comparado à Costa Rica, sede de uma das fábricas da Intel, fonte de suas exportações, e nem mesmo com o México, dada a força das "maquiladoras" em suas vendas externas. Quanto à China, sua agressividade não poderia deixar de se fazer sentir no mercado brasileiro, tendo as importações de produtos eletroeletrônicos de procedência chinesa aumentado 77% no primeiro semestre de 2010 em relação a igual período do ano anterior. A China também avança em mercados em que os manufaturados brasileiros já têm uma presença significativa, como os da América Latina.

O relatório pode dar a impressão errônea de que o Brasil esteja sofrendo um atraso dramático em seu desenvolvimento industrial. Na realidade, é o mercado interno que está impulsionando a indústria. Há fatores que notoriamente inibem as exportações brasileiras de produtos manufaturados, como a defasagem do câmbio, medidas protecionistas e concorrência predatória de outros países, etc. Mas isso não tem impedido diversos setores industriais de crescer e ganhar em competitividade.

Dados da Abinee mostram que o faturamento de bens de informática produzidos por indústrias instaladas no País cresceu 15% no primeiro semestre deste ano em relação aos primeiros seis meses de 2009. O mesmo ocorreu nas áreas de automação industrial (mais 9%), de componentes (mais 27%), de equipamentos industriais (mais 29%) e de aparelhos eletrodomésticos (mais 42%). Houve recuo com relação a equipamentos de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica (GTD) e de telecomunicações, atribuído à postergação dos investimentos em infraestrutura em 2009, que se refletiu na queda do faturamento no primeiro semestre de 2010.

Constata-se, porém, que o setor eletroeletrônico tem atendido à demanda interna e tem sido capaz de se defender da concorrência externa. As exportações de aparelhos celulares pelo Brasil diminuíram 21%, no período janeiro-agosto, mas ainda lideram as vendas externas do setor, com uma receita de US$ 716 milhões. No acumulado, o total das exportações do setor eletroeletrônico teve um crescimento de 6% em relação a igual período do ano anterior.

Assim, embora a indústria eletroeletrônica esteja em expansão, vendendo mais e empregando mais, se sua situação for avaliada pelo ângulo do mercado externo, nota-se uma grande retração. Segundo a Abinee, as vendas externas brasileiras de bens de informática caíram 36,8%, as de equipamentos para GTD recuaram 17,63% e as de equipamentos para telecomunicações, 11,3%.

O que o estudo da ONU deixou de levar em consideração é que as importações vêm batendo recordes, graças à forte demanda interna. Como em outros setores industriais, a taxa de expansão das exportações tem sido bastante inferior à das importações. Até agosto, a balança comercial do setor eletroeletrônico acusa um déficit de US$ 17,41 bilhões, 73% acima do verificado em igual período de 2009. Essa taxa não chega a ser surpreendente no Brasil, alvo do esforço exportador de países que ainda não saíram da crise econômica, da China e de outros asiáticos. O estudo da ONU é útil como alerta para a condução da política de comércio exterior.
O Estado de São Paulo




ANÁLISE FUNCEX
A balança comercial brasileira obteve em setembro um superávit de US$ 1,1 bilhão, com exportações de US$ 18,8 bilhões e importações de US$ 17,7 bilhões. As importações, mais uma vez, apresentaram um desempenho relativamente melhor do que o das exportações, com aumento de 41,5% em relação a setembro de 2009, acumulando nos nove primeiros meses do ano um crescimento de 45,9%. As exportações tiveram no mês um crescimento de 35,8%, com variação acumulada no ano de 29,6.

No acumulado dos últimos 12 meses, tanto as exportações quanto as importações continuaram numa trajetória ascendente. As exportações somaram US$ 186,1 bilhões até setembro último, o que representa um aumento de 17,1% em relação aos 12 meses anteriores, e as importações somaram US$ 169,2 bilhões, o que significa um crescimento de 27,7% no mesmo período. Em comparação com os valores mínimos alcançados em novembro de 2009, as exportações já acumularam um ganho de US$ 33,8 bilhões, enquanto que as importações registraram aumento de US$ 42,3 bilhões na mesma comparação.

Confira os principais temas focados:
A balança comercial brasileira obteve em setembro um superávit de US$ 1,1 bilhão, com exportações de US$ 18,8 bilhões e importações de US$ 17,7 bilhões.

As exportações tiveram no mês um crescimento de 35,8% em relação a setembro do ano passado, com variação acumulada no ano de 29,6%.
As importações registraram aumento de 41,5% no mês e acumulam no ano um crescimento de 45,9%.

O desempenho das exportações no mês de setembro foi positivo em todas as classes de produtos, com destaque para os produtos básicos (61,9%).

Entre as categorias de uso, todas tiveram aumento de suas importações no mês, com destaque para os bens de capital (55,0%).

Os números preliminares de outubro indicam que as exportações devem crescer cerca de 30% em relação ao mesmo mês de 2009, enquanto as importações terão crescimento de 22%, gerando um superávit comercial no mês de US$ 2,8 bilhões.

No ano de 2010 as exportações devem crescer 27,8%, chegando a US$ 195,5 bilhões, e as importações crescerão cerca de 41%, chegando a US$ 180 bilhões. Com isso, o superávit se reduzirá para US$ 15,5 bilhões.

O crescimento das exportações em setembro foi comandado pela alta dos preços, que tiveram variação de 23,0%. O quantum teve aumento de 10,8% no período.

Os produtos básicos foram os que registraram o melhor desempenho de quantum exportado no mês, com aumento de 18,8% em relação ao mesmo mês do ano passado.

No acumulado do período janeiro-setembro, todas as classes de produtos tiveram aumento de quantum das exportações, com destaque para os manufaturados (9,6%) e básicos (8,5%).

O aumento das importações no mês de setembro foi puxado pelo quantum, que registrou variação positiva de 38,6% em relação ao mesmo mês do ano passado. Os preços aumentaram 2,1%.

Em termos de preços de importação, o melhor desempenho no mês foi o dos bens de consumo não duráveis, com aumento de 15,5% em relação ao mesmo mês do ano passado.

No acumulado do período janeiro-setembro, todas as categorias tiveram crescimento de quantum das importações, com destaque para os bens de consumo duráveis (56,9%) e os bens intermediários (46,2%).

Entre os setores de atividade CNAE ( Classificação nacional de Atividade Econômica), a maioria registrou aumento no valor de suas exportações no acumulado do ano, com destaque para a Extração de carvão mineral (340,0%).

Todos os setores CNAE apresentaram crescimento no valor das importações no período janeiro-setembro, com destaque para Refino de petróleo e combustíveis (159,2%).

Quase todos os setores apresentaram aumento dos preços de exportação em setembro, na comparação com o mesmo mês de 2009, sendo que o maior destaque foi a Extração de minerais metálicos (166,4%).

O índice de importação mundial teve crescimento de 26,4% em agosto, na comparação com o mesmo mês de 2009. O índice de demanda externa efetiva também teve variação positiva nesse período, de 39,1%.

A taxa de câmbio real em relação ao dólar, deflacionada pelo IPA, teve queda de 3,4% em setembro na comparação com o mês anterior, e acumula valorização de 8,3% desde setembro do ano passado.

O índice de rentabilidade das exportações teve queda de 1,4% em setembro ante agosto de 2010. Na comparação com o mês de setembro do ano passado, houve crescimento de 6,9%.
Boletim FUNCEX

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