Países emergentes ganham mais poder dentro do FMI
O diretor-gerente do FMI, Dominique Strauss-Kahn, afirmou ontem que o G20 chegou ontem a um acordo para "a maior reforma da história" do Fundo, dando mais poder aos emergentes.
A proposta é ainda mais profunda do que a que vinha sendo debatida desde 2009. Os países ricos deverão transferir para os emergentes mais de seis pontos percentuais das suas cotas no FMI -a discussão anterior falava em cinco pontos percentuais.
Ou seja, os emergentes (especialmente Brasil, Rússia, China e Índia) terão mais força nas discussões dentro do Fundo, refletindo, ao menos em parte, as mudanças na economia global com a crise que teve início há dois anos.
Segundo um ministro russo, no sistema de forças do FMI, o Brasil passará da 14ª posição (com 1,8% das cotas) para o décimo lugar.
Mas ninguém ganhará mais poder que a China, que terá o terceiro maior peso na instituição, passando Alemanha, França e Reino Unido -fica atrás de Japão e EUA.
As cotas no FMI determinam os direitos de voto, os compromissos financeiros e o acesso a ajuda.
Como os europeus é que deverão ceder força, os EUA continuarão com poder de veto, já que as decisões principais precisam de aprovação de 85% do capital votante. Pelo modelo atual, os EUA têm 17,7% das cotas.
As mudanças, que deverão levar um ano para ser implementadas, preveem ainda que os europeus deverão ceder 2 das 8 cadeiras que têm na direção do Fundo (ou 9, dependendo do período) e que as cotas que os países têm no FMI serão dobradas.
Na reunião do G20, na Coreia do Sul, os países se comprometeram "a evitar desvalorização competitiva de moedas" e a "manter em níveis sustentáveis os desequilíbrios em conta-corrente". Porém, não colocaram uma meta de 4% no superavit/deficit em conta-corrente, como queria o governo dos EUA.
Folha de São Paulo
NOVO RUMO DO DÓLAR PREOCUPA EMERGENTES
A desvalorização global do dólar vem gerando, entre países emergentes como o Brasil, temores sobre os novos rumos do comércio internacional. Os Estados Unidos já sinalizaram, incentivando a queda da cotação da sua moeda, que pretendem ganhar fôlego nas exportações e reduzir importações, o que poderá mexer bastante com as economias de países que encontram, no maior mercado do mundo, forte clientela para suas exportações.
O vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, explica que o dólar desvalorizado facilita investimentos nos Estados Unidos e ajuda o país a gerar empregos para recuperar a economia. Em ano eleitoral, como o que vive os Estados Unidos, isso tem mais peso. Mas traz reflexos para o restante do mundo. "Essa desvalorização interfere e gera insegurança no comércio mundial", afirma Castro.
O processo de desvalorização do dólar, apesar de atualmente ser incentivado pelo governo norte-americano, também é reflexo de um movimento natural, de enfraquecimento da economia dos Estados Unidos. Como outras economias, entre elas o Brasil, têm juros mais atraentes (no Brasil a taxa é 10,75%), os investidores acabam migrando para estes locais com seus dólares e gerando desvalorização da moeda norte-americana.
"Alguns países emergentes estão atraindo investimentos, não apenas em títulos, mas também em infraestrutura, onde se mostram atraentes", afirma o economista da área internacional e de mercado financeiro da Tendências - Consultoria Econômica, Raphael Martello. A desvalorização do dólar, então, vem ganhando força em países emergentes. "Só não na China porque a China controla o câmbio", explica Martello. "Eles mantêm o dólar em patamar valorizado, mas fizeram uma pequena desvalorização para conter a pressão inflacionária, muito cautelosamente para não atrapalhar a plataforma exportadora que têm", diz.
Martello entende que esse é um momento de ajuste mundial. "É um ajuste que os países têm que sofrer, a economia dos Estados Unidos está com menos força, a moeda tende a perder valor", diz. Os governos das economias emergentes, no entanto, vêm trabalhando pesado para não deixar o dólar cair tanto e suas exportações perderem ritmo. É o caso do Brasil, onde o Ministério da Fazenda aumentou o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para investidores estrangeiros em renda fixa, para inibir a forte entrada de dólares, e ainda estuda mais medidas. O mercado afirma que as iniciativas já estão surtindo efeitos.
Os países entendem que esse esforço é necessário porque, os Estados Unidos, além de serem fortes produtores e exportadores de commodities, principalmente agrícolas, são também fabricantes e fornecedores mundiais de manufaturados. Ou seja, uma maior exportação norte-americana nestas áreas afetaria outros produtores. Por enquanto, porém, a alta do preço das commodities vem assegurando ganhos com exportações de países emergentes como o Brasil.
O crescimento dos preços das commodities acontece em função da forte liquidez mundial, com muitos investidores aplicando em ativos financeiros ligados a commodities.
Enquanto os preços das commodities se mantiverem elevados, economias como a brasileira e outras sul-americanas estão bem, afirma Castro. "Para o Brasil, isso é ótimo, há possibilidade de gerar mais receita, o Brasil é exportador de commodities. Mas esses preços têm um limite", lembra o vice-presidente da AEB. Como o Brasil exporta muitos manufaturados para a América do Sul, encontra nestes mercados, que são produtores de commodities, mais poder de compra para os seus produtos.
Essa alta nos preços das commodities, no entanto, também traz um perigo, de geração de inflação. Com isso, os governos teriam que aumentar juros, reduzindo assim o crescimento global e trazendo perigo de recessão.
A guerra começou antes
Apesar de só agora ter entrado na moda o tema "guerra cambial", os exportadores brasileiros afirmam que já vivem os seus reflexos há um bom tempo. Alfredo de Goeye, presidente da Sertrading, que está entre as grandes tradings do Brasil, conta que a empresa praticamente deixou de exportar leite, o seu principal produto no comércio internacional. A pressão da valorização do real vem sendo sentida pela empresa há cerca de um ano, segundo ele.
A Sertrading atendia mercados como América Latina, Oriente Médio e África. "Fomos ficando fora do mercado", diz, explicando que os motivos que fizeram a empresa parar com a exportação foi a impossibilidade oferecer preços compatíveis com o mercado. Com isso, a Sertrading passou a atuar forte em outra frente, que é prestação de serviços de importação, principalmente de materiais de construção e máquinas.
E o euro?
Mas o enfraquecimento do dólar, além de gerar prejuízos em alguns países, traz também a tendência de mudança da moeda que é referência no mercado mundial? O mercado cogita essa possibilidade, mas os especialistas dizem que isso não deverá ocorrer, principalmente pela falta de um sucessor. "O mercado está cauteloso com isso", afirma Martello, da Tendências. O euro, no entanto, passa por situação parecida com o dólar, com o enfraquecimento das economias européias. "O euro foi junto com a crise", diz.
O Yuan é outra possibilidade, pela força da economia chinesa, mas o governo da China já sinalizou que não quer essa responsabilidade. A China não permite nem que transações internacionais - salvo raras exceções previstas em acordo - sejam feitas com a sua moeda. "Não há um sucessor", diz Martello.
Agência Anba
Mercado deve crescer até 5% em 2011
Executivos do setor automotivo que participam do 26.º Salão Internacional do Automóvel, em São Paulo, dizem esperar por um crescimento de até 5% das vendas em 2011, puxado pela manutenção da expansão da renda e do crédito, aliada ao aumento dos investimentos das montadoras.
O que preocupa as empresas é o forte crescimento das importações – ainda que cerca de 65% dos importados sejam trazidos pelas próprias montadoras instaladas no país, principalmente da Argentina e do México, graças a acordos comerciais que zeram o Imposto de Importação.
O setor prepara um estudo sobre a competividade do Brasil comparada à de países que recebem incentivos pesados do governo. A pesquisa deve ser apresentada ao novo presidente.
Gazeta do Povo - PR
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