LEGISLAÇÃO

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

COMÉRCIO EXTERIOR - 13/10/2010

Sem espaço em outros mercados, China busca importadores no Brasil
Para fugirem da concorrência interna e fortalecerem suas parcerias comerciais com a América Latina, chineses estão vindo ao Brasil em busca de importadores para seus produtos. O mercado procurado é específico: o interesse não é escoar sua tradicional produção de eletroeletrônicos, mas sim, oferecer artigos para decoração e uso pessoal. A escolha do país é estratégica, já que o crescimento da economia brasileira tem ganhado visibilidade no exterior.

"Os chineses escolhem o Brasil pelo potencial do mercado consumidor. O Brasil vive uma estabilidade econômica, monetária. Como esse cenário não é encontrado nos tradicionais parceiros da China, como Estados Unidos, União Europeia e Japão, devido à crise financeira, o Brasil atrai todas as atenções", disse Kevin Tang, diretor da Câmara de Comércio e Indústria Brasil China. Hoje, o Brasil aparece como o 10º parceiro comercial da China.

Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior mostram que no acumulado do ano, até agosto, o Brasil importou da China o total de US$ 15,48 bilhões e exportou para aquele país US$ 19,91 bilhões, considerando o mesmo período.

"A China cresce e produz cada vez mais, mas o consumo do mercado interno não tem sido suficiente. Por isso, os chineses têm vindo com mais frequência para o Brasil", disse Charlys Wang, responsável por trazer chineses a feiras brasileiras. Somente neste ano, Wang já coordenou a visita de 4.000 produtores interessados em fazer parcerias com o país. "Esse número tem crescido nos últimos meses."

A aposta dos chineses no mercado brasileiro não tem se restringido mais aos eletrônicos. O país tem sido procurado para distribuir a produção de tecidos, roupas prontas, tapetes, artigos de decoração para casa, como móveis, flores artificiais, cortinas e luminárias.

Teng Tian, gerente comercial de uma distribuidora de artigos de iluminação residencial, veio ao Brasil com sua equipe em busca de importadores para os produtos que comercializa na China.

"Já escutamos muito sobre o Brasil e quisemos conferir. Queremos saber como é o gosto, como é o pensamento do brasileiro. Já temos negócios na Europa, mas queremos expandi-lo para a América Latina", afirmou Tian, durante feira de paisagismo, jardinagem e lazer em São Paulo, que montou um pavilhão especial para cerca de 60 expositores chineses.

"Muitas empresas estão em busca de parceiros para ajudar na distribuição de seus produtos no Brasil", afirmou Tang. Para cada empresa brasileira exportadora, há oito que importam da China. Do lado chinês, a proporção é semelhante, segundo a câmara de comércio.

Desvalorização da moeda
A discussão sobre a desvalorização de moedas adotada por alguns países está ganhando espaço em economias de todo o mundo e tem sido chamada de "guerra cambial" por muitos.

Países como Estados Unidos e Brasil queixam-se de outras nações, como a China, que estariam pressionando a desvalorização da sua moeda para ter vantagens sobre suas exportações.

Na avaliação de especialistas, o governo brasileiro, a exemplo do dos Estados Unidos, deveria pressionar a China, em especial, a valorizar o iuan. Diferente da maioria dos países, cujo câmbio é flutuante, ou seja, é influenciado pelas negociações do mercado, na China a cotação da moeda é controlada.

Nesta sexta-feira (8), de acordo com agências internacionais, o presidente do banco central da China, Zhou Xiaochuan, disse que a reforma cambial do país será feita, mas de forma gradual. Ele disse ainda que a velocidade de apreciação do iuan dependerá das condições do balanço de pagamentos chinês.
G1



Fronteiras brasileiras têm 596 fiscais
O número insuficiente de funcionários em 31 postos da Receita Federal situados na "fronteira seca" com dez países e a falta de estrutura para reprimir a entrada de produtos ilegais levaram ao aumento do contrabando e da pirataria no Brasil.

São 596 auditores fiscais e analistas tributários para fiscalizar, controlar importações e exportações, além de combater o comércio irregular, o tráfico de drogas, de armas e de munições em 31 postos da Receita em uma faixa de 16,8 mil quilômetros de Norte a Sul do país.

O número de servidores nesses postos espalhados por dez Estados é pouco superior à metade do necessário, diz levantamento do Sindireceita (reúne os analistas tributários) que será encaminhado na próxima semana à Comissão de Modernização da Aduana da Câmara.

A Receita admite, em estudo interno, que a força de trabalho nos 31 pontos terrestres deveria ser de, no mínimo, 1.032 servidores -380 auditores e 652 analistas.

Funcionários que atuam nos postos aduaneiros, empresários da indústria de eletroeletrônicos, brinquedos, cigarros e têxtil afirmam que, sem a fiscalização necessária, a logística do contrabando se aperfeiçoou, com a criação de rotas alternativas para facilitar a entrada ilegal de mercadorias.

Uma das rotas identificadas é pelo porto de Iquique, no Chile. "As mercadorias desembarcam no porto, atravessam o deserto de Atacama, entram pela Bolívia, chegam ao Paraguai para serem distribuídas nas prateleiras do comércio ilegal no Brasil", diz Edson Vismona, presidente do Fórum Nacional de Combate à Pirataria.

PREJUÍZO DE R$ 40 BI
No Brasil, o prejuízo com a pirataria é estimado em R$ 40 bilhões por ano. Dois milhões de empregos deixam de ser criados por ano, segundo calcula o governo.

Em outubro de 2009, uma equipe do Sindireceita já havia percorrido 16 cidades de cinco Estados e constatado a falta de controle na "fronteira seca", conforme noticiou a Folha. Um ano depois, o grupo voltou a esses locais -incluindo outros 15 municípios no trajeto- e verificou que a situação se agravou.

No Paraná, a Vara da Justiça Federal em Umuarama chegou a condenar a União para aumentar o efetivo na inspetoria de Guaíra.

"A precariedade estaria levando ao aumento do contrabando, do descaminho e ao aumento da criminalidade na região, localizada na divisa do Brasil com o Paraguai", afirma Sérgio de Castro, diretor do Sindireceita.

Só em Foz do Iguaçu as apreensões de DVDs e CDS gravados cresceram 197% de janeiro a setembro deste ano sobre igual período de 2009. Para evitar o risco de as fábricas clandestinas serem "estouradas" no Brasil, as organizações optaram por trazer o produto já acabado.

"Sem um plano de integração entre Forças Armadas, Receita e polícias Rodoviária e Federal não adianta nem aumentar o efetivo", diz Everardo Maciel, ex-secretário da Receita Federal.
Folha.com



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