Cenários de contágio da crise no Brasil
Há pelo menos dois canais de transmissão que, diante de um agravamento da crise financeira internacional, poderão afetar a economia brasileira com mais força: a reversão dos fluxos de capitais, com impacto negativo na oferta de crédito; e a piora dos termos de troca, isto é, da relação entre os preços das exportações e os das importações. Tendo sido um dos maiores beneficiários tanto da liquidez internacional quanto do comércio exterior nos anos recentes, o Brasil tende a ser fortemente afetado pela crise que se anuncia.
Se por um lado apresenta vulnerabilidades, por outro o Brasil tem amplo espaço para reagir. Dispõe de posição fiscal confortável; colchão de liquidez (volume de depósitos compulsórios no Banco Central) superior a R$ 400 bilhões; reservas cambiais de US$ 350 bilhões; espaço para reduzir juros.
O economista Tony Volpon, da Nomura Securities, identifica dois tipos possíveis de choque: um em forma de V, em que a situação piora, mas melhora rapidamente devido a uma reação agressiva por parte do governo; e outro em forma de L, em que, por causa de fatores estruturais (por exemplo: restrição fiscal ou monetária), não há melhora imediata nos fatores exógenos que impulsionam a crise.
Choque pode ser "curto e rápido" ou uma "queima lenta"
Volpon batizou o primeiro tipo de choque de "quick and short" (rápido e curto) e o segundo, de "slow burn" (queima lenta). Para estimar seus efeitos, ele desenvolveu uma versão do modelo semiestrutural da economia brasileira, recentemente publicado pelo Banco Central (BC), modificando-o para introduzir variáveis exógenas.
As variáveis escolhidas foram: o VIX, índice de volatilidade do indicador S&P 500, também conhecido como "índice do medo" ou "medidor do medo", por refletir expectativas do mercado de ações para os 30 dias seguintes; os índices CRB metal e CRB alimentos, que refletem a variação dos preços de commodities; o índice S&P 500; e o nível dos CDS (Credit Default Swap) de cinco anos do Brasil. Os indicadores permitem simular os efeitos de quaisquer choques globais e capturar os mecanismos de transmissão (comércio, finanças, confiança dos empresários) que eles podem ter sobre o PIB brasileiro.
O economista da Nomura está entre os que acreditam que o BC, ao começar a reduzir a taxa básica de juros (Selic) em agosto, com as expectativas de inflação acima da meta de 4,5%, mudou o regime. Ele aposta que o governo Dilma trabalha com uma meta de crescimento. Por isso, no modelo de estimativa do impacto da crise, Volpon trabalha com a ideia de que o BC reduzirá a Selic para maximizar o crescimento do PIB, ainda que mantendo a inflação, ao fim do período (2013), abaixo de 6%.
Rodado o modelo, Volpon concluiu que, se o choque de 2012 for 100% equivalente ao de 2008, o Brasil crescerá 1,9% em 2012 e apenas 0,6% em 2013. Na hipótese de o choque ter impacto equivalente a 25% do que teve o de 2008, cenário considerado pelo BC, a economia crescerá 3,3% no ano que vem e 3% no ano seguinte. Tudo isso ocorreria sob um choque do tipo "queima lenta", sem a ocorrência de recessão.
Na hipótese de um choque "curto e rápido", haveria recessão em 2012, com contração de 0,9% do PIB, seguido de uma forte recuperação em 2013 (alta do PIB de 5,2%). Nesse caso, a taxa de investimento cairia 21,5%, em termos anualizados, no terceiro trimestre de 2012. No cenário anterior ("queima lenta"), o investimento sofreria redução crescente e consecutiva até 2013.
Em todas as simulações, as exportações brasileiras sofreriam impactos preocupantes. Já o real sofreria forte desvalorização - o dólar iria, no segundo trimestre de 2012, a R$ 2,43, mas se recuperaria e chegaria a R$ 1,68 no fim de 2013. No cenário de "queima lenta", chegaria ao fim daquele ano em R$ 2,37, na hipótese de a crise repetir integralmente os efeitos de 2008.
No caso dos juros, a Selic cairia, num choque "curto e rápido", a 6% ao ano, mas retornaria a 9,5% no fim de 2013, com a economia em plena recuperação. Num choque de "queima lenta", a Selic cairia, até 2013, a 4% (se a crise fosse idêntica à de 2008) ou a 6%, se a encrenca se restringisse a 25% do efeito ocorrido há três anos.
Por fim, diante de um choque do tipo "queima lenta", a inflação iria a 5,18% no segundo trimestre de 2012 (no caso de um impacto de 25% de 2008) e depois começaria a subir. Se o choque fosse a 100% de 2008, o IPCA cairia a 5,02% e, então, aumentaria a partir daí. Num choque "curto e rápido", a inflação seria reduzida à meta de 4,5% no terceiro trimestre do ano que vem. Em todos os casos, as simulações mostram IPCA em torno de 5,25% ao fim de 2013.
Volpon conclui que, se o choque atual tomar a forma de uma persistente "queima lenta", o contágio da crise será enorme, mesmo com o BC adotando uma política monetária agressiva. "Dado onde a economia brasileira está neste momento, o resultado mais provável seria uma estagflação, resultado de um crescimento positivo, mas baixo, e inflação acima da meta", diz ele. Como o próprio Volpon reconhece, as simulações estão sujeitas a inúmeras ressalvas. Ainda assim, indicam que a crise não será um passeio no parque. O impacto será forte, seja qual for o cenário considerado.
Cristiano Romero é editor-executivo do Valor
Valor Econômico
http://www.aviculturaindustrial.com.br/PortalGessulli/WebSite/Noticias/cenarios-de-contagio-da-crise-no-brasil,20111130081433_Z_287,20081118093812_F_643.aspx
Commodities já encolheram 10%
AEB não crê em previsão de alta das exportações e projeta saldo até 50% menor
O vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, disse que os exportadores ficaram surpresos com a expectativa do governo de alta das exportações em 2012.
"Os preços das commodities, que representam mais de 70% da pauta de exportações do país, já caíram, em média, cerca de 10%, enquanto o minério perdeu 20%. Isso sem falar no volume, que também deve cair, já que Estados Unidos e Europa estão em crise e a China é uma incógnita", analisou.
Castro acrescenta que, enquanto a perspectivas para as commodites é de baixa, os produtos industrializados, que pesam muito nas importações do Brasil, devem continuar com a demanda aquecida, até pelos projetos do governo, para enfrentar a crise estimulando, via crédito, o mercado interno como em 2008.
O vice da AEB defende a desvalorização do real para aumentar a competitividade da indústria, mas não crê que o governo faça isso, por temer a inflação.
"Não consigo ver medidas que o governo possa tomar hoje, a não ser no âmbito financeiro. Mesmo assim, ninguém vai se endividar para investir se não houver mercado", alertou Castro, acrescentando que o Plano Brasil Maior (PBM), a nova política industrial do governo, "não tem impacto algum".
A AEB não descarta nem um possível déficit na balança comercial no próximo ano, mas as projeções iniciais da entidade apontam para superávit em torno de US$ 15 bilhões a US$ 20 bilhões, bem menor que os US$ 30 bilhões projetados para este ano.
"Enquanto o minério já teve o preço reduzido em 20%, a tonelada da soja em pouco tempo despencou de US$ 515 para US$ 420. Não significa que a redução das exportações será tão forte como em 2008, mas a tendência é claramente de queda", reiterou.
http://www.monitormercantil.com.br/mostranoticia.php?id=104740
Decreto que beneficia novos parques automobilísticos deve ser publicado até o dia 15, diz ministro
Lourenço Canuto- Repórter da Agência Brasil
Brasília - O governo deverá publicar até o dia 15 de dezembro o segundo decreto deste ano que cria incentivos para a instalação de fábricas automobilísticas e estimula as indústrias que já estão produzindo no país. A informação foi dada hoje (30) pelo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel.
Ele disse que a incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) no setor automotivo, que atualmente é de 30%, vai aos poucos ficar restrita aos produtos 100% importados. Essa tributação é feita sobre as empresas que não promovem nacionalização dos produtos e não utilizam até 65% de partes produzidas no Mercosul. As empresas que já estão instaladas e aquelas que vão implantar novas fábricas ou apresentarem projetos de implantação de novos parques industriais e passarem por avanços tecnológicos vão ter tratamento diferenciado no imposto e contarão com benefícios nos prazos para se adequarem à utilização de conteúdo local.
Segundo o ministro, o decreto trará uma série de detalhes e terá de ser publicado até o dia 15 – uma vez que no dia 16 entraria em vigor automaticamente uma elevação no atual patamar do IPI.
O ministro do Desenvolvimento participou na Confederação Nacional da Indústria (CNI) da Conferência Américas + 10: Empresas e Empresários nas Américas em 2022, representando a presidenta Dilma Rousseff.
Edição: Lílian Beraldo
http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2011-11-30/decreto-que-beneficia-novos-parques-automobilisticos-deve-ser-publicado-ate-dia-15-diz-ministro
Empresas traçam plano B para possível fim do euro
Preocupados com que os líderes políticos europeus não estão conseguindo controlar o alastramento da crise de dívida, executivos dizem sentir-se compelidos a proteger suas empresas contra um colapso cuja realidade está se materializando. Quando a chanceler alemã Angela Merkel e o presidente francês Nicolas Sarkozy levantaram a possibilidade de uma saída dos gregos da zona do euro, no início do mês, foi a primeira vez que altas autoridades europeias ousaram questionar a longevidade de 13 anos da união monetária.
"Nós começamos a analisar as consequências [de uma ruptura]", disse Andrew Morgan, presidente da Diageo Europa. "Se tivermos algum tipo muito maior de mudança em torno do euro, ficaremos em uma situação totalmente distinta. Se países saírem da zona do euro, teremos desvalorizações enormes que tornarão marcas importadas muito, muito caras".
As preocupações dos executivos estão emergindo num momento em que ministros das Finanças da zona do euro ponderam opções cada vez mais radicais para combater a crise de dívida soberana, inclusive a possibilidade de canalizar empréstimos do Banco Europeu Central (BCE) para países em dificuldades por meio do Fundo Monetário Internacional.
Fabricantes de automóveis, companhias o setor de energia, empresas de bens de consumo e outras multinacionais estão reduzindo o risco colocando suas reservas em investimentos seguros e controlando despesas. A Siemens fundou seu próprio banco, a fim de depositar fundos no BCE.
Alguns analisam as consequências jurídicas de um fracionamento da zona do euro sobre contratos comerciais e acordos de empréstimos envolvendo empresas de diferentes países do euro. "Os participantes do mercado e, cada vez mais, empresas reais, estão precificando um cenário de ruptura", disse Jean Pisani-Ferry, diretor do Instituto Bruegel, de Bruxelas.
Algumas empresas com presença mundial acreditam que uma ruptura da zona do euro preocupante, mas controlável. Jürgen Dieter Hoffmann, diretor financeiro da subsidiária portuguesa da Volkswagen, disse: "A conclusão é que, em geral, o impacto não seria tão negativo para nossa companhia, já que somos predominantemente exportadores e pertencemos a um grupo com presença em todo o mundo".
Alguns executivos franceses, italianos e espanhóis já elaboraram planos para enfrentar turbulência financeira e econômica grave, mas não especificamente para uma cisão da zona do euro. Eles temem que a estabilidade da região possa ser submetida a uma ameaça ainda maior se for tornado público que eles estão pensando o pior.
Financial Times
Uma meta ambiciosa para a balança comercial
A presidente Dilma Rousseff tem manifestado crescente preocupação com os reflexos da deterioração da crise internacional sobre a economia brasileira em 2012.
Pessimista com a evolução dos problemas na zona do euro e nos Estados Unidos, a presidente surpreendeu ao cravar a meta de elevar as exportações a US$ 276 bilhões no próximo ano para mitigar o esperado aperto nas contas externas. Os dados de outubro já revelaram a retração dos financiamentos internacionais.
A meta é ambiciosa sob vários aspectos, considerando os resultados recentes, as previsões do mercado financeiro e a expectativa para a economia mundial. É verdade que a balança comercial está surpreendendo neste ano e batendo sucessivos recordes. No início do ano, a previsão era que o saldo comercial seria de módicos US$ 8 bilhões; agora, a expectativa é que vai a US$ 28 bilhões.
Até outubro, a diferença positiva entre exportações e importações acumulava US$ 25,4 bilhões, o maior resultado no período desde o início da crise internacional, em 2007; incluindo-se as três primeiras semanas de novembro, o saldo já chegou a US$ 26,7 bilhões.
As exportações atingiram o recorde em média diária até outubro, totalizando US$ 212,1 bilhões; com as três primeiras semanas de novembro, chegam a US$ 225,7 bilhões. Com mais um mês de negócios, as exportações podem fechar o ano perto de US$ 240 bilhões. Daí para os US$ 276 bilhões almejados pela presidente seria um aumento de 15%, nada espantoso perto dos quase 30% deste ano.
O desempenho surpreendente da balança comercial brasileira neste ano tem sido sustentado pelo forte aumento dos preços dos produtos exportados, especialmente das commodities. Os produtos básicos, que representam 39% da pauta de exportações, tiveram os preços reajustados acima das importações, favorecendo os termos de troca.
O minério de ferro, a soja em grão e o petróleo, as três commodities mais exportadas pelo Brasil, exemplificam bem a situação. As exportações de minério de ferro aumentaram apenas 4% em quantidade neste ano até outubro, mas saltaram 51% em valor, totalizando US$ 34,5 bilhões, porque o preço do produto subiu 46%.
No caso da soja em grão, o aumento de 33% do preço do produto fez com que a receita com a exportação aumentasse 37%, para US$ 14,7 bilhões, apesar de a quantidade embarcada ter sido ampliada em apenas 3%.
No caso do petróleo, a quantidade exportada cresceu 4%, mas o valor exportado avançou 46%, para US$ 17,5 bilhões, porque o preço do produto teve reajuste de 40%.
De acordo com dados da Fundação Centro de Estudos de Comércio Exterior (Funcex), publicados pelo Valor, os preços dos produtos brasileiros exportados aumentaram 25% na média, neste ano até outubro.
No entanto, tudo indica que 2012 não deverá ser tão bom quanto 2011 para o comércio internacional e o principal motivo é o menor crescimento global, que terá impacto direto na redução dos preços dos produtos exportados.
Na verdade, segundo a Funcex, o preço médio dos produtos brasileiros exportados, que vinham subindo desde 2009, recuaram 1% em setembro e outubro em comparação com agosto.
É bastante provável uma recessão na zona do euro, destino de cerca de 20% das exportações brasileiras; a economia dos Estados Unidos, que absorve 10%, deverá ficar mais fraca; e a China, que abocanha 17,5% das vendas externas, está desacelerando.
De acordo com especialistas consultados pelo Valor, o preço médio das exportações brasileiras pode cair 10% em 2012. Como as importações concentram-se mais em bens manufaturados, cujos preços são menos voláteis e devem cair menos, os termos de troca do comércio exterior brasileiro deixarão de ser tão favoráveis e o superávit comercial deve diminuir.
A expectativa desses mesmos especialistas é que o saldo da balança comercial brasileira possa cair até pela metade, para US$ 15 bilhões a US$ 20 bilhões.
Do lado positivo, há a desvalorização do real, que favorece as exportações. Mas esse não é um ponto líquido e certo, dada a volatilidade dos mercados. Para atingir o objetivo de ampliar as exportações, o governo Dilma deve retomar velhas promessas de desonerar as vendas externas e eliminar os conhecidos gargalos de logística e infraestrutura.
Valor Econômico
Dois anos ruins
O Brasil deve preparar-se para pelo menos mais dois anos de estagnação no mundo rico, aperto no mercado financeiro e comércio internacional em marcha lenta. Para atenuar o impacto da crise, o governo terá de ir além da redução dos juros básicos.
Precisará conter seus gastos de custeio, cortar impostos e dar espaço ao setor privado - consumidores e empresas - para manter um ritmo razoável de atividade sem pressionar a inflação nem abrir um buraco perigoso nas contas externas.
As previsões de uma fase mais difícil foram reforçadas pelas novas estimativas da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), formada por 34 dos países mais desenvolvidos. As economias desses países crescerão em média apenas 1,6% em 2012 e 2,3% em 2013. Neste ano a expansão não deve passar de 1,9%.
O crescimento do comércio mundial deve passar de 6,7% em 2011 para apenas 4,8% no próximo ano. Em seguida haverá uma retomada, com aumento de 7,1%. As condições de concorrência em todos os mercados serão quase certamente muito mais duras em todo esse período.
Mas a realidade poderá ser pior que o cenário desenhado pelos economistas da OCDE. Se os governos europeus continuarem retardando uma solução para a crise das dívidas soberanas, nem as maiores economias da região ficarão livres de dificuldades muito graves.
Um sinal de alerta soou na semana passada, quando o governo alemão só conseguiu vender, num leilão, 65% dos títulos oferecidos ao mercado. Além disso, também no Reino Unido a situação é pior do que se previa até há pouco tempo.
O Ministério das Finanças cortou de 1,7% para 0,9% a estimativa de crescimento neste ano e de 2,5% para 0,7% a expansão projetada para 2012. Além disso, até 2015 o governo precisará obter financiamentos de 111 bilhões de libras a mais do que se calculava anteriormente.
Os Estados Unidos, também com grandes problemas fiscais, ainda crescerão bem mais do que a Europa e o Japão nos próximos dois anos, segundo a OCDE. Pelas novas contas, o crescimento americano passará de 1,7% neste ano para 2% em 2012 e 2,5% em 2013.
Para a zona do euro, os números estimados são 1,6%, 0,2% e 1,4%. O Japão deverá sair de uma contração de 0,3% em 2011 para uma expansão de 2% no próximo ano e 1,6% no seguinte.
O governo americano, embora muito endividado, ainda se financia muito mais facilmente que os europeus. A demanda de ativos denominados em dólares - especialmente papéis do Tesouro - continua elevada e assim deverá permanecer por muito tempo, se não houver uma enorme surpresa.
Em reunião com líderes europeus na segunda-feira, em Washington, o presidente Barack Obama declarou-se preparado para organizar alguma ajuda à Europa. No mesmo dia, a Fitch, uma das principais agências de avaliação de risco, reafirmou a nota AAA para a dívida pública americana, mas com perspectiva negativa.
Apesar disso, e do rebaixamento anunciado em agosto pela Standard & Poor's, os títulos federais dos Estados Unidos permanecem como referência para o mercado mundial.
A zona do euro já está em recessão e seu Produto Interno Bruto (PIB) deve encolher 1% em termos anualizados neste trimestre, segundo a OCDE. No primeiro trimestre, deverá diminuir em ritmo equivalente a 0,4% ao ano. O desastre será menor no resto do ano e o resultado médio de 2012 será uma expansão modestíssima de 0,2%.
Enquanto a crise se agrava, líderes da zona do euro continuam promovendo reuniões, apresentando esboços de planos para reforma do bloco e adiando a adoção de soluções práticas para os desafios mais urgentes.
Conseguiram aprovar o aumento do fundo europeu de resgate de 440 bilhões para 1 trilhão, mas não foram capazes de pôr em funcionamento esse mecanismo. Enquanto o quadro piora, o Banco Central Europeu continua como a única entidade regional capaz de agir para atenuar os problemas.
Em suas piores fases, países latino-americanos foram capazes de apresentar resultados muito mais tangíveis em seus duros programas de ajuste supervisionados pelo Fundo Monetário Internacional.
O Estado de São Paulo
Há pelo menos dois canais de transmissão que, diante de um agravamento da crise financeira internacional, poderão afetar a economia brasileira com mais força: a reversão dos fluxos de capitais, com impacto negativo na oferta de crédito; e a piora dos termos de troca, isto é, da relação entre os preços das exportações e os das importações. Tendo sido um dos maiores beneficiários tanto da liquidez internacional quanto do comércio exterior nos anos recentes, o Brasil tende a ser fortemente afetado pela crise que se anuncia.
Se por um lado apresenta vulnerabilidades, por outro o Brasil tem amplo espaço para reagir. Dispõe de posição fiscal confortável; colchão de liquidez (volume de depósitos compulsórios no Banco Central) superior a R$ 400 bilhões; reservas cambiais de US$ 350 bilhões; espaço para reduzir juros.
O economista Tony Volpon, da Nomura Securities, identifica dois tipos possíveis de choque: um em forma de V, em que a situação piora, mas melhora rapidamente devido a uma reação agressiva por parte do governo; e outro em forma de L, em que, por causa de fatores estruturais (por exemplo: restrição fiscal ou monetária), não há melhora imediata nos fatores exógenos que impulsionam a crise.
Choque pode ser "curto e rápido" ou uma "queima lenta"
Volpon batizou o primeiro tipo de choque de "quick and short" (rápido e curto) e o segundo, de "slow burn" (queima lenta). Para estimar seus efeitos, ele desenvolveu uma versão do modelo semiestrutural da economia brasileira, recentemente publicado pelo Banco Central (BC), modificando-o para introduzir variáveis exógenas.
As variáveis escolhidas foram: o VIX, índice de volatilidade do indicador S&P 500, também conhecido como "índice do medo" ou "medidor do medo", por refletir expectativas do mercado de ações para os 30 dias seguintes; os índices CRB metal e CRB alimentos, que refletem a variação dos preços de commodities; o índice S&P 500; e o nível dos CDS (Credit Default Swap) de cinco anos do Brasil. Os indicadores permitem simular os efeitos de quaisquer choques globais e capturar os mecanismos de transmissão (comércio, finanças, confiança dos empresários) que eles podem ter sobre o PIB brasileiro.
O economista da Nomura está entre os que acreditam que o BC, ao começar a reduzir a taxa básica de juros (Selic) em agosto, com as expectativas de inflação acima da meta de 4,5%, mudou o regime. Ele aposta que o governo Dilma trabalha com uma meta de crescimento. Por isso, no modelo de estimativa do impacto da crise, Volpon trabalha com a ideia de que o BC reduzirá a Selic para maximizar o crescimento do PIB, ainda que mantendo a inflação, ao fim do período (2013), abaixo de 6%.
Rodado o modelo, Volpon concluiu que, se o choque de 2012 for 100% equivalente ao de 2008, o Brasil crescerá 1,9% em 2012 e apenas 0,6% em 2013. Na hipótese de o choque ter impacto equivalente a 25% do que teve o de 2008, cenário considerado pelo BC, a economia crescerá 3,3% no ano que vem e 3% no ano seguinte. Tudo isso ocorreria sob um choque do tipo "queima lenta", sem a ocorrência de recessão.
Na hipótese de um choque "curto e rápido", haveria recessão em 2012, com contração de 0,9% do PIB, seguido de uma forte recuperação em 2013 (alta do PIB de 5,2%). Nesse caso, a taxa de investimento cairia 21,5%, em termos anualizados, no terceiro trimestre de 2012. No cenário anterior ("queima lenta"), o investimento sofreria redução crescente e consecutiva até 2013.
Em todas as simulações, as exportações brasileiras sofreriam impactos preocupantes. Já o real sofreria forte desvalorização - o dólar iria, no segundo trimestre de 2012, a R$ 2,43, mas se recuperaria e chegaria a R$ 1,68 no fim de 2013. No cenário de "queima lenta", chegaria ao fim daquele ano em R$ 2,37, na hipótese de a crise repetir integralmente os efeitos de 2008.
No caso dos juros, a Selic cairia, num choque "curto e rápido", a 6% ao ano, mas retornaria a 9,5% no fim de 2013, com a economia em plena recuperação. Num choque de "queima lenta", a Selic cairia, até 2013, a 4% (se a crise fosse idêntica à de 2008) ou a 6%, se a encrenca se restringisse a 25% do efeito ocorrido há três anos.
Por fim, diante de um choque do tipo "queima lenta", a inflação iria a 5,18% no segundo trimestre de 2012 (no caso de um impacto de 25% de 2008) e depois começaria a subir. Se o choque fosse a 100% de 2008, o IPCA cairia a 5,02% e, então, aumentaria a partir daí. Num choque "curto e rápido", a inflação seria reduzida à meta de 4,5% no terceiro trimestre do ano que vem. Em todos os casos, as simulações mostram IPCA em torno de 5,25% ao fim de 2013.
Volpon conclui que, se o choque atual tomar a forma de uma persistente "queima lenta", o contágio da crise será enorme, mesmo com o BC adotando uma política monetária agressiva. "Dado onde a economia brasileira está neste momento, o resultado mais provável seria uma estagflação, resultado de um crescimento positivo, mas baixo, e inflação acima da meta", diz ele. Como o próprio Volpon reconhece, as simulações estão sujeitas a inúmeras ressalvas. Ainda assim, indicam que a crise não será um passeio no parque. O impacto será forte, seja qual for o cenário considerado.
Cristiano Romero é editor-executivo do Valor
Valor Econômico
http://www.aviculturaindustrial.com.br/PortalGessulli/WebSite/Noticias/cenarios-de-contagio-da-crise-no-brasil,20111130081433_Z_287,20081118093812_F_643.aspx
Commodities já encolheram 10%
AEB não crê em previsão de alta das exportações e projeta saldo até 50% menor
O vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, disse que os exportadores ficaram surpresos com a expectativa do governo de alta das exportações em 2012.
"Os preços das commodities, que representam mais de 70% da pauta de exportações do país, já caíram, em média, cerca de 10%, enquanto o minério perdeu 20%. Isso sem falar no volume, que também deve cair, já que Estados Unidos e Europa estão em crise e a China é uma incógnita", analisou.
Castro acrescenta que, enquanto a perspectivas para as commodites é de baixa, os produtos industrializados, que pesam muito nas importações do Brasil, devem continuar com a demanda aquecida, até pelos projetos do governo, para enfrentar a crise estimulando, via crédito, o mercado interno como em 2008.
O vice da AEB defende a desvalorização do real para aumentar a competitividade da indústria, mas não crê que o governo faça isso, por temer a inflação.
"Não consigo ver medidas que o governo possa tomar hoje, a não ser no âmbito financeiro. Mesmo assim, ninguém vai se endividar para investir se não houver mercado", alertou Castro, acrescentando que o Plano Brasil Maior (PBM), a nova política industrial do governo, "não tem impacto algum".
A AEB não descarta nem um possível déficit na balança comercial no próximo ano, mas as projeções iniciais da entidade apontam para superávit em torno de US$ 15 bilhões a US$ 20 bilhões, bem menor que os US$ 30 bilhões projetados para este ano.
"Enquanto o minério já teve o preço reduzido em 20%, a tonelada da soja em pouco tempo despencou de US$ 515 para US$ 420. Não significa que a redução das exportações será tão forte como em 2008, mas a tendência é claramente de queda", reiterou.
http://www.monitormercantil.com.br/mostranoticia.php?id=104740
Decreto que beneficia novos parques automobilísticos deve ser publicado até o dia 15, diz ministro
Lourenço Canuto- Repórter da Agência Brasil
Brasília - O governo deverá publicar até o dia 15 de dezembro o segundo decreto deste ano que cria incentivos para a instalação de fábricas automobilísticas e estimula as indústrias que já estão produzindo no país. A informação foi dada hoje (30) pelo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel.
Ele disse que a incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) no setor automotivo, que atualmente é de 30%, vai aos poucos ficar restrita aos produtos 100% importados. Essa tributação é feita sobre as empresas que não promovem nacionalização dos produtos e não utilizam até 65% de partes produzidas no Mercosul. As empresas que já estão instaladas e aquelas que vão implantar novas fábricas ou apresentarem projetos de implantação de novos parques industriais e passarem por avanços tecnológicos vão ter tratamento diferenciado no imposto e contarão com benefícios nos prazos para se adequarem à utilização de conteúdo local.
Segundo o ministro, o decreto trará uma série de detalhes e terá de ser publicado até o dia 15 – uma vez que no dia 16 entraria em vigor automaticamente uma elevação no atual patamar do IPI.
O ministro do Desenvolvimento participou na Confederação Nacional da Indústria (CNI) da Conferência Américas + 10: Empresas e Empresários nas Américas em 2022, representando a presidenta Dilma Rousseff.
Edição: Lílian Beraldo
http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2011-11-30/decreto-que-beneficia-novos-parques-automobilisticos-deve-ser-publicado-ate-dia-15-diz-ministro
Empresas traçam plano B para possível fim do euro
Preocupados com que os líderes políticos europeus não estão conseguindo controlar o alastramento da crise de dívida, executivos dizem sentir-se compelidos a proteger suas empresas contra um colapso cuja realidade está se materializando. Quando a chanceler alemã Angela Merkel e o presidente francês Nicolas Sarkozy levantaram a possibilidade de uma saída dos gregos da zona do euro, no início do mês, foi a primeira vez que altas autoridades europeias ousaram questionar a longevidade de 13 anos da união monetária.
"Nós começamos a analisar as consequências [de uma ruptura]", disse Andrew Morgan, presidente da Diageo Europa. "Se tivermos algum tipo muito maior de mudança em torno do euro, ficaremos em uma situação totalmente distinta. Se países saírem da zona do euro, teremos desvalorizações enormes que tornarão marcas importadas muito, muito caras".
As preocupações dos executivos estão emergindo num momento em que ministros das Finanças da zona do euro ponderam opções cada vez mais radicais para combater a crise de dívida soberana, inclusive a possibilidade de canalizar empréstimos do Banco Europeu Central (BCE) para países em dificuldades por meio do Fundo Monetário Internacional.
Fabricantes de automóveis, companhias o setor de energia, empresas de bens de consumo e outras multinacionais estão reduzindo o risco colocando suas reservas em investimentos seguros e controlando despesas. A Siemens fundou seu próprio banco, a fim de depositar fundos no BCE.
Alguns analisam as consequências jurídicas de um fracionamento da zona do euro sobre contratos comerciais e acordos de empréstimos envolvendo empresas de diferentes países do euro. "Os participantes do mercado e, cada vez mais, empresas reais, estão precificando um cenário de ruptura", disse Jean Pisani-Ferry, diretor do Instituto Bruegel, de Bruxelas.
Algumas empresas com presença mundial acreditam que uma ruptura da zona do euro preocupante, mas controlável. Jürgen Dieter Hoffmann, diretor financeiro da subsidiária portuguesa da Volkswagen, disse: "A conclusão é que, em geral, o impacto não seria tão negativo para nossa companhia, já que somos predominantemente exportadores e pertencemos a um grupo com presença em todo o mundo".
Alguns executivos franceses, italianos e espanhóis já elaboraram planos para enfrentar turbulência financeira e econômica grave, mas não especificamente para uma cisão da zona do euro. Eles temem que a estabilidade da região possa ser submetida a uma ameaça ainda maior se for tornado público que eles estão pensando o pior.
Financial Times
Uma meta ambiciosa para a balança comercial
A presidente Dilma Rousseff tem manifestado crescente preocupação com os reflexos da deterioração da crise internacional sobre a economia brasileira em 2012.
Pessimista com a evolução dos problemas na zona do euro e nos Estados Unidos, a presidente surpreendeu ao cravar a meta de elevar as exportações a US$ 276 bilhões no próximo ano para mitigar o esperado aperto nas contas externas. Os dados de outubro já revelaram a retração dos financiamentos internacionais.
A meta é ambiciosa sob vários aspectos, considerando os resultados recentes, as previsões do mercado financeiro e a expectativa para a economia mundial. É verdade que a balança comercial está surpreendendo neste ano e batendo sucessivos recordes. No início do ano, a previsão era que o saldo comercial seria de módicos US$ 8 bilhões; agora, a expectativa é que vai a US$ 28 bilhões.
Até outubro, a diferença positiva entre exportações e importações acumulava US$ 25,4 bilhões, o maior resultado no período desde o início da crise internacional, em 2007; incluindo-se as três primeiras semanas de novembro, o saldo já chegou a US$ 26,7 bilhões.
As exportações atingiram o recorde em média diária até outubro, totalizando US$ 212,1 bilhões; com as três primeiras semanas de novembro, chegam a US$ 225,7 bilhões. Com mais um mês de negócios, as exportações podem fechar o ano perto de US$ 240 bilhões. Daí para os US$ 276 bilhões almejados pela presidente seria um aumento de 15%, nada espantoso perto dos quase 30% deste ano.
O desempenho surpreendente da balança comercial brasileira neste ano tem sido sustentado pelo forte aumento dos preços dos produtos exportados, especialmente das commodities. Os produtos básicos, que representam 39% da pauta de exportações, tiveram os preços reajustados acima das importações, favorecendo os termos de troca.
O minério de ferro, a soja em grão e o petróleo, as três commodities mais exportadas pelo Brasil, exemplificam bem a situação. As exportações de minério de ferro aumentaram apenas 4% em quantidade neste ano até outubro, mas saltaram 51% em valor, totalizando US$ 34,5 bilhões, porque o preço do produto subiu 46%.
No caso da soja em grão, o aumento de 33% do preço do produto fez com que a receita com a exportação aumentasse 37%, para US$ 14,7 bilhões, apesar de a quantidade embarcada ter sido ampliada em apenas 3%.
No caso do petróleo, a quantidade exportada cresceu 4%, mas o valor exportado avançou 46%, para US$ 17,5 bilhões, porque o preço do produto teve reajuste de 40%.
De acordo com dados da Fundação Centro de Estudos de Comércio Exterior (Funcex), publicados pelo Valor, os preços dos produtos brasileiros exportados aumentaram 25% na média, neste ano até outubro.
No entanto, tudo indica que 2012 não deverá ser tão bom quanto 2011 para o comércio internacional e o principal motivo é o menor crescimento global, que terá impacto direto na redução dos preços dos produtos exportados.
Na verdade, segundo a Funcex, o preço médio dos produtos brasileiros exportados, que vinham subindo desde 2009, recuaram 1% em setembro e outubro em comparação com agosto.
É bastante provável uma recessão na zona do euro, destino de cerca de 20% das exportações brasileiras; a economia dos Estados Unidos, que absorve 10%, deverá ficar mais fraca; e a China, que abocanha 17,5% das vendas externas, está desacelerando.
De acordo com especialistas consultados pelo Valor, o preço médio das exportações brasileiras pode cair 10% em 2012. Como as importações concentram-se mais em bens manufaturados, cujos preços são menos voláteis e devem cair menos, os termos de troca do comércio exterior brasileiro deixarão de ser tão favoráveis e o superávit comercial deve diminuir.
A expectativa desses mesmos especialistas é que o saldo da balança comercial brasileira possa cair até pela metade, para US$ 15 bilhões a US$ 20 bilhões.
Do lado positivo, há a desvalorização do real, que favorece as exportações. Mas esse não é um ponto líquido e certo, dada a volatilidade dos mercados. Para atingir o objetivo de ampliar as exportações, o governo Dilma deve retomar velhas promessas de desonerar as vendas externas e eliminar os conhecidos gargalos de logística e infraestrutura.
Valor Econômico
Dois anos ruins
O Brasil deve preparar-se para pelo menos mais dois anos de estagnação no mundo rico, aperto no mercado financeiro e comércio internacional em marcha lenta. Para atenuar o impacto da crise, o governo terá de ir além da redução dos juros básicos.
Precisará conter seus gastos de custeio, cortar impostos e dar espaço ao setor privado - consumidores e empresas - para manter um ritmo razoável de atividade sem pressionar a inflação nem abrir um buraco perigoso nas contas externas.
As previsões de uma fase mais difícil foram reforçadas pelas novas estimativas da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), formada por 34 dos países mais desenvolvidos. As economias desses países crescerão em média apenas 1,6% em 2012 e 2,3% em 2013. Neste ano a expansão não deve passar de 1,9%.
O crescimento do comércio mundial deve passar de 6,7% em 2011 para apenas 4,8% no próximo ano. Em seguida haverá uma retomada, com aumento de 7,1%. As condições de concorrência em todos os mercados serão quase certamente muito mais duras em todo esse período.
Mas a realidade poderá ser pior que o cenário desenhado pelos economistas da OCDE. Se os governos europeus continuarem retardando uma solução para a crise das dívidas soberanas, nem as maiores economias da região ficarão livres de dificuldades muito graves.
Um sinal de alerta soou na semana passada, quando o governo alemão só conseguiu vender, num leilão, 65% dos títulos oferecidos ao mercado. Além disso, também no Reino Unido a situação é pior do que se previa até há pouco tempo.
O Ministério das Finanças cortou de 1,7% para 0,9% a estimativa de crescimento neste ano e de 2,5% para 0,7% a expansão projetada para 2012. Além disso, até 2015 o governo precisará obter financiamentos de 111 bilhões de libras a mais do que se calculava anteriormente.
Os Estados Unidos, também com grandes problemas fiscais, ainda crescerão bem mais do que a Europa e o Japão nos próximos dois anos, segundo a OCDE. Pelas novas contas, o crescimento americano passará de 1,7% neste ano para 2% em 2012 e 2,5% em 2013.
Para a zona do euro, os números estimados são 1,6%, 0,2% e 1,4%. O Japão deverá sair de uma contração de 0,3% em 2011 para uma expansão de 2% no próximo ano e 1,6% no seguinte.
O governo americano, embora muito endividado, ainda se financia muito mais facilmente que os europeus. A demanda de ativos denominados em dólares - especialmente papéis do Tesouro - continua elevada e assim deverá permanecer por muito tempo, se não houver uma enorme surpresa.
Em reunião com líderes europeus na segunda-feira, em Washington, o presidente Barack Obama declarou-se preparado para organizar alguma ajuda à Europa. No mesmo dia, a Fitch, uma das principais agências de avaliação de risco, reafirmou a nota AAA para a dívida pública americana, mas com perspectiva negativa.
Apesar disso, e do rebaixamento anunciado em agosto pela Standard & Poor's, os títulos federais dos Estados Unidos permanecem como referência para o mercado mundial.
A zona do euro já está em recessão e seu Produto Interno Bruto (PIB) deve encolher 1% em termos anualizados neste trimestre, segundo a OCDE. No primeiro trimestre, deverá diminuir em ritmo equivalente a 0,4% ao ano. O desastre será menor no resto do ano e o resultado médio de 2012 será uma expansão modestíssima de 0,2%.
Enquanto a crise se agrava, líderes da zona do euro continuam promovendo reuniões, apresentando esboços de planos para reforma do bloco e adiando a adoção de soluções práticas para os desafios mais urgentes.
Conseguiram aprovar o aumento do fundo europeu de resgate de 440 bilhões para 1 trilhão, mas não foram capazes de pôr em funcionamento esse mecanismo. Enquanto o quadro piora, o Banco Central Europeu continua como a única entidade regional capaz de agir para atenuar os problemas.
Em suas piores fases, países latino-americanos foram capazes de apresentar resultados muito mais tangíveis em seus duros programas de ajuste supervisionados pelo Fundo Monetário Internacional.
O Estado de São Paulo
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