LEGISLAÇÃO

terça-feira, 27 de setembro de 2011

PORTOS E LOGÍSTICA - 27/09/2011

Setor de transportes faz greve de 24 horas na Grécia

Milhares de trabalhadores do setor público da Grécia cruzaram os braços hoje, em uma greve de 24 horas. O protesto causou grandes congestionamentos em Atenas, no momento em que aumenta a oposição às reformas do governo prometidas em troca de ajuda financeira.

A greve envolve funcionários do metrô, de trens da cidade e de trens da região metropolitana. Ocorreram grandes congestionamentos, enquanto a população se espremia em ônibus tentando chegar ao trabalho. Os motoristas de ônibus e bondes devem fazer uma paralisação de seis horas ainda hoje, quando decidirão se fazem greve nos próximos dias.

As paralisações marcam o início de uma semana com vários protestos previstos contra as mais recentes medidas de austeridade do governo. Taxistas e funcionários da receita interromperão o trabalho amanhã e na quarta-feira.

As duas principais centrais sindicais gregas - GSEE, do setor privado, e Adedy, do público - anunciaram uma greve geral do setor público para 5 de outubro e uma greve geral nacional para o dia 19 de outubro.

Pressão

Pressionada por credores internacionais, a Grécia decidiu na semana passada implementar novos cortes em pensões, impor novos impostos para pessoas de baixa renda e deixar 30 mil funcionários públicos como reserva de trabalho este ano, com salários reduzidos. Cortes nos vencimentos do setor público e outras medidas também estão planejadas.

Em jogo está a parcela de 8 bilhões de euros de ajuda da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional (FMI), que a Grécia deve receber nas próximas semanas, ou ficará sem dinheiro em meados de outubro. Os credores do país exigiram medidas adicionais de austeridade antes de liberarem a próxima parcela de auxílio financeiro.
Agência Estado (AE)





Argentina dá de goleada em infraestrutura logística

Superioridade não está nem no futebol e nem na produção do grão, mas sim, na logística que faz inveja ao Brasil

Enquanto brasileiros e argentinos fazem de tudo para provar quem é o rei do futebol das Américas e que jogador melhor representa esta superioridade, se Pelé ou Maradona, na rentabilidade do agronegócio, sem dúvida alguma eles colocam o Brasil e Mato Grosso – maior produtor nacional de soja – no chinelo, como se diz popularmente. Além de terras naturalmente férteis, o escoamento da produção é feito por meio de uma invejada infraestrutura logística que permite, por exemplo, que o maior navio graneleiro do mundo – o Panamax que carrega de uma vez 65 mil toneladas – aporte do lado argentino do rio Paraná e saia do complexo portuário de Rosário direto para a China.
Mas a vantagem competitiva das exportações argentinas é apenas o ponto final de uma saga repleta de etapas positivas à produção de soja quando comparada ao que acontece no Brasil e em Mato Grosso. Enquanto toneladas de soja percorrem mais de 2 mil quilômetros de Sorriso (MT) até o porto de Santos (SP) para serem despachadas com destino à China, por exemplo, na Argentina a distância entre a região produtora do grão até o porto não passa de 500 quilômetros.

A região da grande Rosário, na província de Santa Fé, concentra cerca de 80% da produção nacional de soja na Argentina, cujo volume da safra 10/11 atingiu 50 milhões de toneladas. A primeira vista, a região poderia ser comparada ao Cerrado brasileiro devido a sua importância dentro da produção do grão no país. Entretanto, a similaridade que mal começou finda por aí mesmo, já que num raio de 65 quilômetros existem 13 indústrias de esmagamento de soja, o que torna a região a maior esmagadora do mundo, com capacidade para 130 mil toneladas ao dia. Para chegar até o porto, a soja roda em média 300 quilômetros em rodovias até chegar ao complexo portuário de Rosário, de onde pode seguir diretamente para a China e para a Europa.

Esse corredor de produção registra um crescimento exponencial nos últimos dez anos. De quatro portos na década passada, agora são 12 até o norte de Rosário, fruto de um esforço conjunto de ações público-privadas.

A logística da porteira para fora permite, por exemplo, que o custo de frete de uma tonelada até o porto fique em torno de US$ 20, ante uma média de US$ 120 t de Sorriso (MT) até o porto de Santos (SP), uma diferença de 500%.

“Muitas vantagens se revelam em favor da Argentina. A produção local está em plena expansão e isso pode ditar o mercado. Sem dúvida esse conjunto logístico e a anunciada expansão da área plantada rumo à região do Chaco, trazem riscos ao Brasil e mostram o quanto estamos defasados em relação às demandas logísticas, seja no Mato Grosso, seja no Brasil”, aponta o diretor técnico da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado (Aprosoja/MT), Luiz Nery Ribas, que conheceu in loco o complexo portuário de Rosário.

NOVA ROTA – O complexo portuário de Rosário pode ser uma alternativa de escoamento à soja mato-grossense. A possibilidade de utilizar a hidrovia Paraguai-Paraná, partindo de Cáceres (225 quilômetros ao oeste de Cuiabá), é ainda um estudo embrionário, mas que na teoria se mostra viavél, pois a maior parte da distância seria percorrida por hidrovia. “Solicitamos à administração do porto de Rosário dados referentes aos custos das operações para analisarmos. Se houver vantagem nesta rota, certamente iremos canalizar esforços para se tornar uma realidade”. (*Marianna Peres viajou a convite da Aprosoja/MT/Veja mais na página C2)
Diário de Cuiabá




Custo baixo, terra fértil e boa logística são atrativos na Argentina

Comparando despesa relativa ao plantio, conta fica cerca de 66% mais barata lá

A competitividade no escoamento da produção chama à atenção dos mato-grossenses para o complexo portuário de Rosário, na Argentina, mas outra conta impressiona ainda mais. Com terras naturalmente férteis, em comparação ao que existe no cerrado brasileiro, os sojicultores argentinos demandam poucos investimentos em pacotes tecnológicos, e por isso, a realidade do custo de produção direto (insumos) chega a ser 66% inferior ao registrado, por exemplo, em Sorriso (503 quilômetros ao médio norte de Cuiabá), município que detém a maior extensão de terra destina à soja no mundo, 600 mil hectares anuais e serve de referência ao segmento local.

Conforme o mais recente estudo sobre custo de produção para soja na temporada 11/12, realizado pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), somente para custear insumos básicos, como sementes, fertilizantes e defensivos, o sojicultor de Sorriso deverá desembolsar cerca de R$ 847,91 por hectare. Convertendo para o dólar – cotação de R$ 1,89, registrada na última quinta-feira – o investimento será US$ 448,62, ante cerca de US$ 270 por hectare, na Argentina, uma diferença de 66%.

Outro diferencial, é que as exportações de soja e mais precisamente de subprodutos, como farelo e óleo, têm como destino, como explica do gerente da Nideira Semilla – a grande sementeira e trading em atuação naquele país – Gabriel Pierre, cerca de 70 países, entre os principais os da Europa e a Índia. “Não dependemos da China”. Como lembra, a lição de não depender da China foi aprendida à duras penas após um embargo à soja argentina. “Eles compravam cerca de 2 milhões de toneladas e atualmente negociam 170 mil. Adaptamos-nos a um mercado pulverizado”, insiste.

Voltando à matemática do campo, o diretor da Safras&Mercados, Raúl Fernando Diaz – que é argentino e faz ponte aérea entre os dois países – frisa que existem inúmeros problemas relativos ao segmento em seu país, como taxações, retenções e políticas pouco ortodoxas voltadas às exportações, mas que na comparação com a realidade brasileira e alguns aspectos da realidade mato-grossense, são superados por outros benefícios diretamente ligados à rentabilidade da produção, “que no final das contas é o que interessa”.

Como frisa, “o maior apelo da Argentina é baixo custo de produção”. Menos entusiasmado, o engenheiro de produção agrícola Ricardo Negri, do Sistema Crea (Consórcio Regional de Experimentação Agrícola), chama atenção para a diferença entre o valor da terra argentina em relação as do Mato Grosso. O arredamento lá pode abocanhar até 30 sacas por hectare, enquanto no Estado, a operação chega a até 13 sacas. “A conta deve considerar o custo da terra e da produção para valer à pena”, destaca.

Diaz destaca que mesmo considerando os fatores “negativos”, como arredamento e as taxações, funcionam como atrativos aos mato-grossenses, por exemplo, a possibilidade de produção em volume e larga escala, o que permite rentabilidade, mão-de-obra barata e mais tecnificada e a ausência de uso intensivo de fertilizantes nas lavouras. “Aliamos a isso, custo baixo para se comercializar e de logística, como também, políticas tributárias que beneficiam quem quer agregar valor à soja, ou seja, ao invés de exportar o grão, exportar farelo e óleo, o que gera imposto e mão-de-obra no país, acredito que haja vantagens por aqui”. (*Marianna Peres viajou a convite da Aprosoja/MT)
Diário de Cuiabá



Retenções e colapsos apontados como gargalos para a Argentina

Para os argentinos, muita coisa tem de evoluir para dar suporte à meta de expandir em 60% a produção de soja. A projeção do governo local, mesmo considerada muito ambiciosa pelo próprio segmento produtivo, estima que neste período o volume produzido passe dos atuais 50 milhões de toneladas para 80 milhões. Até o final desta década, a expectativa é de que a produção agrícola totalize mais de 150 milhões, ante aos atuais 82 milhões entre soja, milho e trigo.

Entre as mudanças que estão mobilizando o segmento produtivo argentino, já que as eleições para presidente do país serão realizadas no próximo mês, é a ampliação da infraestrutura com novas estradas de acesso para evitar o colapso em picos de safra, como também ampliação da geração de energia, insumo limitado e caro para as indústrias. A Argentina é bastante dependente do gás natural boliviano. “Para o argentino, as estradas atuais não dão mais conta do fluxo durante a safra. Mas o brasileiro que chega aqui, vê essa infraestrurura não entende o porquê da reclamação. Por isso, a Argentina é vista como um potencial país para investimentos no agronegócio”, reforça o diretor da Safras&Mercados, Raúl Fernando Diaz.

“A impressão que fica é que a Argentina tem a necessidade de atingir um novo patamar de infraestrutura, enquanto o Mato Grosso não chegou nem perto daquilo que os produtores de lá enxergam como ultrapassado, é como se fosse um choro de barriga cheia”, avalia o diretor técnico da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado (Aprosoja/MT), Luiz Nery Ribas.

E a promessa de solução a estes problemas pode ser a plataforma de reeleição da atual presidente, Cristina Kirchner, no dia 23 de outubro. Em função de adoção de políticas severas de retenções e mudanças na regulamentação das exportações, a presidente que está no poder desde 2007, enfrenta severa rejeição do segmento.

RETENÇÕES – A presidente vive em constante conflito com os agricultores locais em função da carga tributária imposta ao setor. Lá, as chamadas “retenções” - impostos cobrados na exportação de grãos – são aplicados nas exportações de todas as commodities agrícolas. No caso da soja em grão a retenção é de 35% e para farinha e óleo, 32% e de 23% ao milho. Para cada 100 sacas de soja em grão exportada, por exemplo, 35 sacas ficam para o governo. Muitas das barreiras internas impostas pelo governo para as exportações, como no caso do trigo, geraram consequencias graves, como a quebra de contratos internacionais.

“Apesar desta política nada ortodoxa e das retenções, o mato-grossense tem na Argentina terras com aptidão agrícola, coisa que no Mato Grosso não há”, defende Diaz. (MP)
Diário de Cuiabá




Nenhum comentário: