Um quinto dos produtos industriais já vem de fora
Brasil exportou quase 20% da sua produção industrial e importou quase 20% do que consumiu em 2011
Um em cada cinco produtos industriais vendidos no Brasil em 2011 foi fabricado em outro país, segundo levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Os produtos importados responderam por 19,8% do consumo no ano passado, porcentual recorde, acima dos 17,8% de 2010.A própria indústria nacional contribuiu para o aumentou no consumo de importados: 21,7% dos insumos utilizados pelo setor vieram de outros países, participação também recorde no levantamento. O estudo, feito em parceria com a Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex), levou em conta dados retroativos a 1996.
O levantamento também calcula a parcela da produção nacional vendida para o exterior. Coincidentemente, é o mesmo porcentual de consumo de importados. Ou seja, o Brasil exportou quase 20% da sua produção industrial e importou quase 20% do que consumiu em 2011.
Para CNI, esse “empate” não é bom para o País. Em primeiro lugar, porque as vendas para o exterior superavam com folga o consumo de importados até 2007, o que mudou a partir da crise de 2008. Além disso, enquanto a importação bate recorde, a exportação ainda está abaixo do pico de 22,9% alcançado em 2004. Por isso, a previsão é que as vendas voltem a ficar abaixo das compras externas neste ano, o que não acontece desde 2001. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo/.
http://economia.ig.com.br/empresas/industria/produto-industrial-vendido-aqui-e-feito-no-exterior/n1597701070232.html
Mantega propõe compensações a Estados importadores, diz senador
BRASÍLIA - O ministro da Fazenda, Guido Mantega, propôs hoje compensações aos Estados que perderem receita com a possível entrada em vigor da Resolução 72. A informação foi nesta noite pelo senador Delcídio do Amaral (PT-MS), que esteve reunido com o ministro e os governadores do Espírito Santo, Renato Casagrande, e de Santa Catarina, Raimundo Colombo. Para Delcídio, a resolução que pretende acabar com a chamada Guerra dos Portos, deve ser votada na próxima semana na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado.
O senador relatou que Mantega propôs compensações que poderiam chegar a R$ 3 bilhões para o Espírito Santo. Ele comentou, porém, que os detalhes não foram apresentados pelo ministro. 'A oportunidade para o Espírito Santo não é pouca não. Conta com investimentos e construção de um polo gás químico em Linhares', disse.
Outras alternativas apresentadas por Mantega, conforme relato do parlamentar, seriam a possibilidade de o governo comprar adiantamentos de royalties de petróleo, e a oferta de uma linha de crédito de longo prazo específica para os Estados. 'São alternativas que a Fazenda já estudou e agora foram apresentadas', disse o senador, acrescentando que o assunto volta a ser discutido com o Executivo na próxima quinta-feira. Amanhã, está prevista uma audiência pública para debater o tema no Senado.
Delcídio relatou ainda que os governadores solicitaram um período de transição para que a uniformização da alíquota do ICMS nas operações interestaduais com bens e mercadorias importadas, como propõe a resolução 72, entre em vigor. Esse período seria até 2020. 'Mas aí a indústria morre', disse o senador.
Segundo ele, a resolução 72 visa acabar com a enxurrada de produtos importados que chegam ao Brasil e com o risco de haver uma desindustrialização no País.
Espírito Santo
O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, apresentou à Fazenda a proposta de redução do ICMS nas operações interestaduais sobre importações dos atuais 12% para 4% de forma gradual, até 2020. O governador, que esteve reunido com o ministro Guido Mantega, estima uma perda de pelo menos R$ 1,025 bilhão de arrecadação para o governo estadual e municípios do Estado com a aprovação da Resolução 72, que uniformiza a alíquota do ICMS nas operações interestaduais com bens e mercadorias importadas imediatamente para 4%.
Casagrande disse ainda que defendeu um regime especial de tributação para o seu Estado, que realizaria essa transição de forma a minimizar os impactos. Ele avalia que neste período as contrapartidas oferecidas pelo governo na forma de investimentos e antecipação de royalties poderiam minimizar o impacto econômico da medida. 'Estamos pedindo só um prazo para que os investimentos em infraestrutura amadureçam. Nos últimos anos, o governo federal não investiu no Espírito Santo, como em outros Estados, como Rio, São Paulo e Minas', disse.
'Pode ser adotada uma solução mais rápida para o Brasil e outra para alguns Estados em particular', acrescentou o governador, ao deixar o ministério da Fazenda.
Casagrande avalia que a unificação do ICMS sozinha não será suficiente para conter as importações. Ele argumentou também que o Espírito Santo adota essa política tributária há 41 anos e que é dependente dela em termos de receita.
Lista de exclusão
O governador do Espírito Santo propôs também apresentar uma lista de exclusão de produtos que hoje têm acesso ao benefício fiscal, como por exemplo, polietileno, aço e têxteis.
Casagrande deve se reunir com Mantega novamente ainda nesta semana para tratar do assunto. Em relação a proposta da resolução 72, não há garantia de que a bancada do Estado vote a favor.
Santa Catarina
O governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo (PSD), reforçou o posicionamento contrário à unificação da alíquota interestadual do ICMS na comercialização de produtos importados. Ao sair da reunião, o governador reclamou que Santa Catarina terá uma perda de R$ 950 milhões por ano e que a mudança não irá resolver o problema das importações. 'O que vai acontecer é que as importações serão realocadas para outros Estados. É uma solução ruim para todo mundo', disse.
O governador de Santa Catarina afirmou que o benefício fiscal serve apenas como uma compensação para as empresas, referente ao custo logístico de uma empresa de atuar em um Estado mais distante dos grandes centros consumidores. Colombo afirmou, ainda, que o Ministério da Fazenda não apresentou nenhuma proposta de compensação, mas alertou que voltará a conversar com o ministro na próxima quarta-feira (21), quando o grupo que esteve debatendo o tema hoje deverá voltar a se encontrar.
O senador Delcídio do Amaral (PT-MS), no entanto, um pouco mais cedo havia dito que Mantega chegou a propor durante a reunião compensações aos Estados que perderem receita com a possível entrada em vigor da Resolução 72. O senador relatou que Mantega propôs compensações que poderiam chegar a R$ 3 bilhões para o Espírito Santo, mas admitiu que os detalhes não foram apresentados pelo ministro.
Sapato chinês desmontado escapa de taxação
O Globo - Por Lino Rodrigues (lino.rodrigues@sp.oglobo.com.br)
SÃO PAULO. Os chineses mudaram de tática para colocar seus calçados no mercado brasileiro. Depois da sobretaxa de US$ 13,85 por par (válida desde março de 2010) e do fim das licenças automáticas para sapatos vindos de países asiáticos (outubro de 2011), empresas que operam no país (muitas delas comandadas por chineses) estão trazendo o produto desmontado da China para serem montados no Brasil. Os componentes e peças chegam principalmente pelos portos de Paranaguá, no Paraná, e de Itajaí, em Santa Catarina, e de lá seguem para pequenas empresas no interior do Rio Grande do Sul onde são montados e "nacionalizados".
A prática não é ilegal, mas está sendo usada como forma de escapar da tarifa antidumping, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Calçados (Abicalçados), que começou a se preocupar com o problema depois que a importação de cabedal (a parte de cima dos sapatos) saltou de 3,4 milhões de pares, em 2009, para 18,2 milhões em 2010 e 16,4 milhões de pares no ano passado. Além da China, os sapatos desmontados são trazidos do Paraguai, Vietnã, Indonésia e Alemanha, o que sugere que os chineses estão fazendo a chamada triangulação entre países para ludibriar a alfândega brasileira. Só em janeiro, o número de cabedais importados está próximo a 1 milhão de pares. Outras partes, que são os solados e outros componentes, somaram mais de 193 mil quilos.
A denúncia de prática de elisão feita pela Abicalçados está sendo investigada pelo Departamento de Defesa Comercial (Decom), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, desde agosto do ano passado. Amanhã, acontece a primeira audiência pública com importadores, empresas brasileiras e entidades do setor calçadista que prestarão esclarecimentos sobre a questão. Entre os convocados, estão companhias do porte da Alpargatas e os maiores fabricantes mundiais de material esportivo (Nike, Adidas, Puma, Reebook, Asics, Cambuci, New Balance e SkecchersSkechers), ligados ao Movimento para Livre Escolha (Move).
Em ofício, com data de 17 de fevereiro, o Decom convoca os envolvidos e questiona o aumento das importações de partes e componentes de calçados vindos de países sem tradição de exportação para o Brasil. Quer explicações também sobre a lógica econômica e comercial em desembarcar solas e cabedais em portos distintos do país, sendo que ambos são destinados à montagem do mesmo modelo e, normalmente, no mesmo local. É o que acontece nas importações da Fluxo Confecção, empresa com sede no bairro do Tatuapé, em São Paulo, que traz solado chinês pelo porto de Paranaguá e cabedal por Itajaí. A empresa, que tem como sócios dois chineses e usa as marcas Mooncity, Dafany, Fushida e Aclamado em seus sapatos e botas, também utiliza a Capital Trade, de Itajaí e com filiais em Paranaguá (PR) e Barueri (SP), como sua importadora de cabedal.
- Eles usam vários portos para evitar e escapar da fiscalização - diz Milton Cardoso, presidente da Abicalçados e da Vulcabrás, outra gigante do setor.
Segundo Cardoso, as importações de partes e componentes da China não é mais exclusividade de pequenos importadores comandados por chineses, mas de grandes empresas nacionais que estão utilizando as mesmas práticas para concorrer com o sapato chinês mais barato.
Sem citar nomes, Cardoso afirma que essas empresas, além de burlar a sobretaxa de US$ 23,83 por par, estão pagando menos imposto de importação: nos calçados montados a tarifa é de 35%, e, nos desmontados, 18%. Pelos cálculos da Abicalçados, cerca de 24 milhões de pares de calçados ganharam o mercado brasileiro nos últimos meses.
- Além de pagar menos impostos, muitas empresas que estão montado esses sapatos nas cidades gaúchas recebem subsídios das prefeituras - aponta Cardoso.
É o caso da SS Shoes, de Candelária, no Rio Grande do Sul. Operando desde janeiro, com subsídios da prefeitura local, a empresa monta 2,3 mil botas da marca Mooncity, que são embarcadas diariamente. O caminhão descarrega a mercadoria no centro de distribuição da Fluxo Confecção em São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba. Com 106 trabalhadores, o diretor de produção da SS Shoes, Irênio Segatto, espera aumentar o número de funcionários e o volume de produção nos próximos meses.
- Nossa expectativa é ter mais funcionários e aumentar a produção - disse ele, que confirmou que a origem dos produtos é a China.
Procurada, a Alpargatas disse, por meio de sua assessoria, que não pratica a triangulação e que todas as suas importações seguem a legislação. A empresa ressalta ainda que a decisão de usar vários portos está "associada a diversos fatores operacionais e de inteligência logística" e que jamais desembarcou cabedal por um porto e solado por outro. Já o Move, que representa os fabricantes de material esportivo, disse que as empresas estão "100% seguras" em relação a suas importações e que o governo não irá encontrar nenhuma irregularidade em suas operações de importação.
- As empresas assinaram um documento público se comprometendo com a legalidade de suas operações - disse Gumercindo Moraes Neto, diretor executivo do Move.
COLABOROU Tatiana Farah
Importação vira defesa contra alta de custos |
De 2005 a 2011, a tarifa da energia elétrica industrial subiu 28%. No mesmo período, a folha de salários da indústria aumentou 25% acima da inflação. Com a valorização do real, esses e outros custos de produção ficaram ainda mais pesados, tornando os produtos domésticos mais caros, seja no mercado interno, seja na exportação. Em dólares, a energia subiu 86% e a mão de obra, 57%, já descontando os ganhos de produtividade.
O aumento dos custos industriais foi paulatino. Enquanto eles subiam, a indústria adotou estratégias de defesa que acabaram por afetar o próprio setor. Elas buscaram fornecedores mais baratos no exterior, montaram unidades fora do país e desviaram as vendas ao exterior para o crescente mercado doméstico. No conjunto, as estratégias contribuíram para que a própria indústria se tornasse um grande importador e um exportador menor, compensando a perda de 13,5% na rentabilidade das exportações de 2004 a 2011. Nas contas do Ministério da Fazenda, enquanto o superávit comercial do Brasil foi de US$ 29,8 bilhões, a indústria de transformação teve déficit próximo a US$ 90 bilhões. A fabricante de compressores Bitzer e a Stanley Black & Decker optaram pelo aumento da importação como solução mais imediata para a alta de despesas. Em 2004, a Bitzer importava 30% dos insumos que consome no processo produtivo. Hoje, essa fatia fica entre 60% e 70%. Já a Weg driblou a diferença de custos principalmente apostando na produção fora do país. Das receitas oriundas do exterior, a fatia das subsidiárias subiu de 10% em 2009 para 22% em 2011. As estratégias de defesa da indústria, combinadas com o menor crescimento mundial e também com a desaceleração da economia doméstica, levaram à estagnação da produção industrial em 2011 e ao menor percentual de participação do setor no Produto Interno Bruto (PIB). Na sequência, voltou o debate sobre o risco de desindustrialização, e o governo reforçou medidas para conter a valorização do real e de proteção à indústria. Na Bitzer, a importação de insumos se aproxima dos 70%. "Infelizmente foi a solução que adotamos para reduzir custos", diz Fernando Bueno, presidente da empresa. Segundo ele, a empresa traz da Alemanha desde insumos mais sofisticados, como peças de alumínio bruto, até parafusos. Esses últimos chegam ao Brasil com um terço do preço do fabricado no país. "Fizemos isso para sobreviver e deixamos de comprar da indústria nacional, que pode desaparecer. " O presidente executivo da Dedini Indústrias de Base, Sérgio Leme, diz não ter dúvidas de que o país vive um processo de desindustrialização. "A elevação de custos, o câmbio e a carga tributária tornam muito difícil para a indústria competir." De forma semelhante à Bitzer, uma das principais armas da Stanley Black & Decker tem sido o aumento das importações, tanto de produtos acabados como de componentes. O vice-presidente de operações para a América Latina, Domingos Dragone, conta que, há cerca de oito anos, a fabricante de ferramentas e eletrodomésticos produzia no Brasil de 70% a 80% dos bens acabados e importava os outros 20% a 30%. Hoje, o mix praticamente se inverteu. Cerca de 60% a 70% dos bens vêm de fora, em grande parte de plantas da Stanley Black & Decker no exterior, especialmente da China. Os outros 30% a 40% são feitos por aqui. "Nós jogamos a regra do jogo", diz Dragone. A empresa também elevou a fatia de componentes importados nos produtos fabricados no Brasil. Há oito anos, o percentual variava de 10% a 12%; hoje, está entre 25% e 30%. Segundo Dragone, essa estratégia tem sido fundamental para a empresa manter competitividade. A Bitzer e a Stanley Black & Decker não foram as únicas que foram às compras no exterior. A participação das importações no consumo doméstico de bens industriais atingiu o recorde de 20,4% no terceiro trimestre de 2011. Em 2008, o índice era de 15,3%, segundo dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI) em parceria com a Fundação Centro de Estudos de Comércio Exterior (Funcex). Segundo o executivo da Bitzer, a empresa dá preferência ao produto nacional para até 10% de diferença no preço em relação ao importado. Mas a diferença, diz, costuma ser de pelo menos 30%. Dados da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas (Abimaq) mostram a evolução de preço da chapa grossa de aço laminado a quente. Em 2004, o aço importado e o nacional tinham preços semelhantes. Em 2011, o aço doméstico tinha um preço 75,5% maior que o de sete anos atrás, enquanto o preço do importado subiu 38,2%. Mesmo com o aumento de custos, a indústria manteve margem de lucro ainda relevante. Levantamento do Valor com amostra de 85 indústrias de capital aberto revela que a rentabilidade fechou em 15,4% em 2011 (considerando 12 meses encerrados em setembro), uma retração de cinco pontos percentuais em relação a 2005. O custo da mão de obra industrial brasileira ficou em US$ 10,08 a hora em 2010, ainda bastante inferior ao de países desenvolvidos, como os US$ 34,74 dos EUA e os US$ 43,76 da Alemanha, segundo números do Departamento do Trabalho dos EUA. Numa lista de 34 países, o custo brasileiro aparece em 28º, mais alto que o de países como México e Filipinas. A China não figura no ranking, porque as estatísticas não são comparáveis, mas o relatório cita um custo de US$ 1,36/hora em 2008. Para o economista David Kupfer, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e assessor da presidência do BNDES, a indústria tem enfrentado um aumento gradual e contínuo dos custos ao longo de muitos anos. É uma alta que começa na energia elétrica, passa pela infraestrutura, logística e mão de obra, até chega aos insumos básicos. A alta do minério de ferro, por exemplo, ajuda a Vale e garante uma boa parte do saldo comercial brasileiro, mas ao mesmo tempo pressiona os preços do aço, encarecendo os custos de todas as indústrias que usam o produto como insumo. Esses aumentos, porém, ocorreram ao longo do tempo, diz Kupfer. O fator que acentuou a piora na situação do setor foi o aumento da capacidade ociosa na indústria global no pós-crise, num cenário de menor expansão dos países desenvolvidos, enquanto o mercado brasileiro cresce a taxas expressivas. O resultado é uma corrida das empresas estrangeiras para vender para o Brasil, bastante facilitada pela valorização do câmbio. "A competição no mercado interno não aumentou somente com os chineses, mas com vários fornecedores europeus, como italianos e espanhóis", conta o executivo da Bitzer. A empresa, diz, concorre tanto com a importação de compressores quanto com o desembarque de máquinas prontas que já vêm com esse componente, como os refrigeradores para sorvete. Além de tentar reduzir seu custo de produção no Brasil, a Weg tem apostado em outra estratégia: a internacionalização da empresa para manter a competitividade, fazendo aquisições e elevando a capacidade produtiva fora do país, segundo o presidente, Harry Schmelzer. Hoje, a fabricante de motores, transformadores, compressores e tintas está presente na China, Índia, México, África do Sul, Argentina e Portugal. Em 2009, das receitas provenientes do exterior, 10% vinham das filiais fora do país e 90% das exportações de produtos fabricados no Brasil. Em 2011, a fatia das subsidiárias chegou a 22%. Isso ajudou a fazer com que o mercado externo fosse responsável por 44% das receitas totais no ano passado, acima dos 40% de 2009. A internacionalização também é importante por permitir à empresa desenvolver uma cadeia de suprimentos global, diz Schmelzer. Segundo ele, porém, não houve grande alteração do volume de importação de componentes nos últimos anos. Além da internacionalização, a Weg tem investido em qualificação de mão de obra, melhora de processos e inovação, apostando também em produtos de maior valor agregado. A Bitzer buscou também nichos de mercado para trabalhar com produtos de maior valor agregado. A partir de 2006, diz Bueno, a empresa começou a desenvolver um sistema de refrigeração para acoplar aos compressores. Em 2011 o novo produto respondeu por 25% do faturamento e contribuiu para a alta de 8% na produção física em 2011 em relação a 2010. As vendas ao exterior, porém, contribuíram pouco. "Em 2004, exportamos o equivalente a 32% do faturamento. No ano passado a participação caiu para 8%." Bueno lembra ainda que mais de 60% do total exportado não dependeu de preços competitivos, porque foram vendas intracompanhia. A Stanley Black & Decker foi mais radical e decidiu parar de exportar. A empresa vai interromper as vendas ao exterior em abril. "Em 2005, nós chegamos a exportar de 20% a 25% da produção", diz Dragone. Fonte: Valor Econômico Sergio Lamucci e Marta Watanabe | De São Paulo |
Amcham discute propostas para isenções de Comércio Exterior
SÃO PAULO - Amcham propõe reformulações para regras de drawback e envia propostas ao Ministério do Desenvolvimento Comércio e Indústria (MDIC)...
Paula de Paula
SÃO PAULO - Em encontro realizado na manhã desta terça-feira (20), a Câmara Americana de Comércio (Amcham, na sigla em inglês) apresentou a representante do MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) e empresários propostas para aperfeiçoamento dos parâmetros de drawback (isenção de impostos para exportadores). Entre as propostas apresentadas, coletadas através de uma pesquisa com membros da Câmara, estavam ampliação da divulgação das normas do sistema de isenção, promoção de treinamento para mão de obra de empresas que utilizam o drawback e maior automatização do sistema.
Na ocasião, André Favero da Secretaria de Comércio Exterior (SECEX), ligada ao MDIC, apresentou diversas ações e projetos que estão em andamento no governo brasileiro para melhorar o comércio exterior do País. Entre as mudanças citadas pelo representante do Ministério está o incentivo à exportação brasileira para a África e América Latina. As propostas feitas pela Amcham serão enviadas para a Secex por meio de um relatório.
Exportações superam importações em março
As exportações superaram as importações em US$ 468 milhões na terceira semana de março, segundo dados divulgados na segunda-feira (19) pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. No acumulado do ano, as exportações somam US$ 45,6 bilhões, e as importações, US$ 44,4 bilhões, com saldo positivo de US$ 1,15 bilhão. O resultado até a data é cerca de 49,35% do que foi registrado no mesmo período de 2011, quando a balança comercial teve superávit de US$ 2,33 bilhões.
Mesmo com o resultado positivo no acumulado do ano, as importações têm aumentado o ritmo de crescimento, enquanto as exportações fazem movimento inverso. No mês, as exportações alcançaram US$ 11,43 bilhões, e as importações US$ 10,71 bilhões, com saldo positivo de US$ 728 milhões.
Mesmo com o resultado positivo no acumulado do ano, as importações têm aumentado o ritmo de crescimento, enquanto as exportações fazem movimento inverso. No mês, as exportações alcançaram US$ 11,43 bilhões, e as importações US$ 10,71 bilhões, com saldo positivo de US$ 728 milhões.
Por Folhapress
Para CNI, importação deve crescer em 2012 |
Os indicadores de importação medidos pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) devem crescer mais que os índices de exportação em 2012, de acordo com a entidade. O coeficiente de exportações, que mede a participação das vendas externas no valor da produção, passou de 17,8% para 19,8% entre 2010 e 2011, segundo a CNI. Os percentuais são os mesmos registrados pelo indicador que mede a participação das importações na demanda doméstica de produtos industriais. Entre 2001 e 2007, no entanto, o índice de exportações superava com folga o de importações, segundo a confederação.
A CNI destaca ainda que essa “coincidência” se deve ao desempenho da indústria extrativa, exportadora de produtos básicos. Quando se considera apenas a indústria de transformação, há um aumento menor no coeficiente de exportações, de 13,9% para 15%, na mesma comparação. Já o índice de penetração de importações cresceu de 16,6% para 18,5% no mesmo período. Outro resultado ruim para a indústria de transformação, segundo a CNI, é o índice de exportações líquidas, que corresponde a aproximadamente o saldo comercial do setor. Esse indicador cresceu de 8,1% em 2010 para 9% em 2011, também puxado pela indústria extrativa. Na indústria de transformação, caiu de 3,4% para 3% no mesmo período e alcançou o menor valor da série iniciada em 1997. “Essa tendência nos leva a esperar um crescimento mais intenso dos coeficientes de importação do que de exportação. Se nada for feito para aumentar a competitividade dos produtos brasileiros, creio que o quadro tenda a se agravar”, disse o gerente-executivo da Unidade de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco. “Com esse quadro se repetindo, vamos ter um baixo crescimento da produção e, como consequência, da economia em 2012.” O nível recorde de importações - praticamente um em cada cinco produtos industriais consumidos no Brasil em 2011 foi importado – medido pela CNI considera tanto o consumo final das pessoas quanto o de insumos pela indústria. Dos 27 setores industriais analisados, 21 registraram elevação no coeficiente de 2011 frente a 2010. Os segmentos com maior crescimento foram ópticos, informática e eletrônicos - sobretudo equipamentos de comunicação, como celulares -, derivados de petróleo e biocombustíveis. A participação de insumos importados na indústria brasileira - matérias-primas, máquinas e equipamentos - também bateu recorde, com 21,7% em 2011. O valor foi 2,6 pontos percentuais maior que em 2010 e 0,4 ponto percentual acima do registrado em 2008, ano do recorde anterior da série. Para 24 dos 27 setores analisados, houve aumento nesse coeficiente. Os segmentos de informática, eletrônicos e ópticos foram também os que tiveram a maior alta de consumo de importados na produção - 17,8 pontos percentuais -, alcançando 76,7% do total de insumos usados no ano passado. Castelo Branco atribuiu o recorde no coeficiente de penetração das importações à valorização cambial, ao consumo interno, aos incentivos do ICMS, às importações e aos chamados custos sistêmicos, como a elevada carga tributária, a infraestrutura deficiente e os juros altos. Na indústria de transformação, segmento que concentra maior inovação tecnológica e valor agregado e melhor remuneração de mão de obra, o coeficiente de exportação cresceu 1,1 ponto percentual em relação a 2010, atingindo 15% no ano passado. Os segmentos que tiveram melhor evolução na proporção das vendas externas no valor da produção foram metalurgia, máquinas e equipamentos e têxteis. Fonte: Jornal do Commercio (RS) |
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