As pedras preciosas são uma das coisas
mais belas da natureza.
Durante uma época de minha
vida fui um artesão joalheiro (foi assim que consegui comprar meu primeiro carro
zero quilômetro, pois salário de pesquisador é sempre pequeno e sofrido em
qualquer lugar do mundo). Dessa maneira, fui para uma escola e depois de muito
trabalho e dedicação entrei no mundo da joalharia e de fato ganhei um pouco de
dinheiro.
Mudando a rota do tema da conversa, destaco que nem
sempre o que se encontra no Sistema Harmonizado é a verdade do mundo empresarial
e no caso das pedras preciosas isso é absolutamente correto. Senão observe.
Segundo o Boletim
Informa nº 69 (pag. 8, Ano XVIII,
Outubro/Novembro/Dezembro de 2011, Instituto Brasileiro de Gemas & Metais
Preciosos) as gemas, as
pedras preciosas e as semipreciosas são assim
caracterizadas:
1) Gemas, que é termo
sinônimo de pedras (exceto no caso de gemas orgânicas que não são pedras),
quanto a origem, podem ser de três tipos:
- Gemas naturais:
inteiramente formadas pela natureza, podem ser de origem inorgânica (minerais,
como o diamante) ou orgânica (animal, como a pérola, ou vegetal, como
âmbar);
- Gemas sintéticas: são
produtos fabricados pelo homem, independentemente do método utilizado. Suas
propriedades físicas, químicas e estrutura cristalina correspondem
essencialmente às das gemas naturais e, com elas, podem ser
confundidas;
- Gemas artificiais: são
produtos criados e fabricados pelo homem, sem ter um correspondente na natureza.
O mais conhecido é a zircônia cúbica, que imita diversas gemas, particularmente
o diamante.
2) Já as pedras, segundo seu
valor, podem ser:
- Pedras preciosas: são as
gemas de origem inorgânica, ou seja minerais, podendo também serem fabricadas
pelo homem, existindo crescente variedade de pedras sintéticas e artificiais;
- Pedras semipreciosas: no
passado, quatro pedras eram classificadas como preciosas (diamante, rubi, safira
e esmeralda) e as demais erroneamente como semipreciosas, por terem preços
inferiores. Atualmente, não se usa mais essa denominação, pois diversas pedras,
como o topázio imperial, a alexandrita, a água-marinha e a turmalina Paraíba,
possuem hoje preços similares e, em alguns casos, até maiores que as chamadas
pedras preciosas;
- Pedras coradas: para
evitar serem chamadas de semipreciosas, que pode depreciá-las, criou-se uma
denominação internacional de pedras de cor ou coradas, que seriam todas as
gemas, menos o diamante, que seria incolor (embora o diamante colorido seja cada
vez mais usado e valorizado);
- Pedras brasileiras: por
ser o Brasil o mais diversificado produtor de pedras coradas, comumente essas
são também chamadas de pedras brasileiras.
Contudo, sobre essas pedras,
o que o Sistema Harmonizado oferta?
Na posição 7103 o SH aloja
as pedras preciosas, mas não esclarece o que são tais pedras, exceto pelo
ensinamento das NESH da posição 7103 (pedras preciosas (exceto diamantes) ou
semipreciosas, mesmo trabalhadas ou combinadas, mas não enfiadas, nem montadas,
nem engastadas; pedras preciosas (exceto diamantes) ou semipreciosas, não
combinadas, enfiadas temporariamente para facilidade de
transporte):
A presente posição
compreende um conjunto de substâncias minerais, a maior parte das vezes
cristalizadas, cuja cor, brilho e inalterabilidade - e também a sua raridade -
as tornam muito procuradas pelas indústrias da joalharia e ourivesaria, para
fabricação de objetos de adorno pessoal e ornamentação. Alguns destes artigos
têm aplicações industriais (em relojoaria, ferramentas, na indústria elétrica,
etc.), motivadas principalmente pela sua dureza (é o caso do rubi, da safira e
da ágata) ou por outras propriedades (por exemplo, quartzo
piezelétrico).
Já na posição 7104 do SH é o
nicho das pedras sintéticas ou reconstituídas, mesmo trabalhadas ou combinadas,
mas não enfiadas, nem montadas, nem engastadas; pedras sintéticas ou
reconstituídas, não combinadas, enfiadas temporariamente para facilidade de
transporte.
As NESH da posição 7104
trazem o seguinte ensinamento:
Esta posição compreende as
pedras que se destinam aos mesmos usos que as pedras preciosas ou semipreciosas
naturais das duas posições precedentes; são as
seguintes:
A) Pedras denominadas
sintéticas. Este termo compreende um conjunto de pedras obtidas por síntese
que:
– têm essencialmente a mesma
composição química e a mesma estrutura cristalina que as pedras preciosas ou
semipreciosas extraídas da crosta terrestre (rubis, safiras, esmeraldas,
diamantes industriais, quartzo piezelétrico, por exemplo);
ou
– em virtude de sua cor, brilho,
inalterabilidade e dureza, são utilizadas em joalharia ou ourivesaria para
substituir as pedras preciosas ou semipreciosas naturais, apesar de não
possuírem a mesma constituição química e a mesma estrutura cristalina que as
pedras naturais às quais se assemelham (por exemplo, a granada de alumínio e
ítrio e a zircônia sintética cúbica, ambas utilizadas como imitações de
diamante).
Quando em bruto, as pedras
sintéticas apresentam-se geralmente em formas de pequenos cilindros ou pequenas
esferas piriformes - conhecidas como boules - que, em geral, são submetidas a
uma divisão longitudinal ou serradas em forma de
lamelas.
B) Pedras denominadas
reconstituídas, obtidas artificialmente por qualquer processo (quase sempre por
aglomeração e prensagem ou fusão ao maçarico), a partir de resíduos de pedras
preciosas ou semipreciosas naturais, previamente
pulverizadas.
As pedras sintéticas e as
pedras reconstituídas podem, em certos casos, distinguir-se das pedras preciosas
ou semipreciosas naturais por exame microscópico (de preferência, em meio
diferente do ar), devido à presença, no seu interior, de bolhas gasosas redondas
e, às vezes, de estrias curvas, que não se encontram nas pedras preciosas ou
semipreciosas naturais.
Em consequência, vê-se quão
deficiente é o ensinamento das NESH e da própria estrutura da NCM que
simplesmente absorve o SH e adiciona dois zeros a
direita.
Talvez seja hora do Brasil e
os outros parceiros do Mercosul pensarem num maior e melhor detalhamento das
posições 7103 e 7104 da NCM, o que poderia fortalecer controles e propiciar uma
tributação mais ajustada na importação de gemas.
Cesar Olivier Dalston, www.daclam.com.br. Fontes: SH, NESH e Boletim IBGM Informa nº 69, de 2011
(www.ibgm.com.br).
|
sábado, 10 de março de 2012
CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário