Março está com superávit de US$ 260 milhões
Brasília – Nos sete dias úteis
de março (1° a 11), as exportações brasileiras foram de US$ 6,517 bilhões, com
resultado médio diário de US$ 931 milhões. Pela média, houve aumento de 1,4% em
relação ao valor do mês de março de 2011 (US$ 918,4 milhões). Neste comparativo,
houve crescimento nas vendas das três categorias de produtos.
Nos produtos básicos (5,7%), o aumento ficou por conta,
principalmente, de algodão em bruto, petróleo em bruto, fumo em folhas, carne de
frango e suína e minério de ferro. Decresceram, no entanto, as vendas de
semimanufaturados (-3,8%), devido às quedas em semimanufaturados de ferro e aço,
açúcar em bruto, zinco em bruto, ferro fundido, e couros e peles. Houve retração
também nas vendas de manufaturados (-2,9%), em razão de automóveis, óleos
combustíveis, veículos de carga, calçados e suco de laranja não congelado.
Na comparação com a média do mês de fevereiro deste ano (US$
948,8 milhões), houve diminuição de 1,9%. Caíram as exportações de produtos
manufaturados (-12,5%) e de semimanufaturados (-12,8%), enquanto cresceram os
embarques de produtos básicos (12,4%).
As importações, em março, estão em US$ 6,257 bilhões (média de
US$ 893,9 milhões). O resultado ficou 5,8% acima da média de março do ano
passado (US$ 844,5 milhões). Neste comparativo, aumentaram os gastos,
principalmente, com adubos e fertilizantes (63,1%), instrumentos de ótica e
precisão (22,3%), farmacêuticos (22%), químicos orgânicos e inorgânicos (17,9%),
siderúrgicos (13,2%), borracha e obras (9,5%), e equipamentos mecânicos
(8,1%).
Em relação à média de fevereiro de 2012 (US$ 858,6 milhões),
houve aumento de 4,1% nas importações, com acréscimo nas aquisições de adubos e
fertilizantes (69,7%), cereais e produtos de moagem (43,1%), farmacêuticos
(19,9%), borracha e obras (11,9%), químicos orgânicos e inorgânicos (8,8%), e
combustíveis e lubrificantes (5,3%).
O superávit mensal está em US$ 260 milhões, com o resultado
médio diário de US$ 37,1 milhões. A corrente de comércio soma, em março, US$
12,774 bilhões, com média diária de US$ 1,824 bilhão, e registrou crescimento de
3,5% na comparação com o resultado de março de 2011 (US$ 1,762 bilhão) e de 1%
em relação ao de fevereiro passado (US$ 1,807 bilhão).
Semanas
A primeira semana de março, com dois dias úteis (1º a 4), teve
superávit de US$ 316 milhões, com média diária US$ 158 milhões. A corrente de
comércio, no período, foi de US$ 4,036 bilhões, com resultado diário de US$
2,018 bilhões. As vendas brasileiras ao mercado externo, no período, foram de
US$ 2,176 bilhões (média diária de US$ 1,088 bilhão) e as compras foram de US$
1,860 bilhão (média de US$ 930 milhões).
Já a segunda semana do mês, com cinco dias úteis (5 a 11),
registrou déficit de US$ 56 milhões (média negativa de US$ 11,2 milhões). A
corrente de comércio totalizou US$ 8,738 bilhões, com média por dia útil de US$
1,747 bilhão. As exportações, no período, foram de US$ 4,341 bilhões (média de
US$ 868,2 milhões) e as importações foram de US$ 4,397 bilhões (média de US$
879,4 milhões).
Ano
De janeiro até a segunda semana de março, a corrente de
comércio foi de US$ 80,689 bilhões (média diária de US$ 1,681 bilhão), com
aumento de 8,4% sobre a média do mesmo período do ano passado (US$ 1,550
bilhão). Nos 64 dias úteis de 2012, o superávit da balança comercial é de US$
683 milhões (média diária de US$ 14,2 milhões).
No acumulado do ano, as exportações alcançaram US$ 40,686
bilhões (média diária de US$ 847,6 milhões), resultado 5,9% acima do verificado
no mesmo período de 2011, que teve média diária de US$ 800,5 milhões. O
resultado anual acumulado das importações está 11,1% maior em relação ao ano
passado (média diária de US$ 749,8 milhões). No ano, as importações chegam a US$
40,003 bilhões (média diária de US$ 833,4 milhões).
Acesse
os dados da balança comercial da primeira e segunda semana de
março http://www.desenvolvimento.gov.br/sitio/interna/interna.php?area=5&menu=567
Assessoria de Comunicação Social do MDIC
Governo eleva prazo de cobrança de imposto a empréstimo externo
O governo estendeu o prazo de três para cinco anos da alíquota de 6% do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) para empréstimos externos. Até então, essa alíquota incidia sobre empréstimos de até três anos.
A medida, assinada pela presidente, Dilma Rousseff, foi publicada nesta segunda-feira (12) no "Diário Oficial da União" e passa a valer para contratações feitas a partir de hoje.
Conforme antecipou a Folha no sábado (10), o governo estudava tomar mais uma medida nesta semana para tentar conter a entrada de dólares no Brasil e, assim, evitar a valorização excessiva do real, o que tem prejudicado a indústria.
A Folha havia apurado que o prazo dos empréstimos externos sujeitos à taxação do IOF ia ser elevado para cinco anos, o que se confirmou com a publicada do "DOU" de hoje.
Há menos de duas semanas o Ministério da Fazenda já tinha ampliado de dois para três anos o prazo dos financiamentos taxados, com alíquota de 6%.
A política de conta-gotas foi pré anunciada pelo ministro Guido Mantega (Fazenda). Na última quarta-feira (7), ele prometeu anúncios semanais para segurar o dólar e reanimar a economia.
Folha de São Paulo
A difícil arte de exportar
ECONOMISTA-CHEFE DA MB ASSOCIADOS
Análise: Sérgio Valle
Em tempos de crise lá fora e custos elevados aqui dentro, exportar virou uma arte. Consegue-se algum espaço nos países vizinhos por acordos antigos, via Mercosul, ou porque é mais barato por conta do frete. Ao mesmo tempo, parte dos mercados deverá ficar em crise por um longo tempo, diminuindo o potencial de demanda. Os EUA se tornam nesse meio tempo competição para nós. Hoje, é mais barato produzir lá do que no Brasil. A Ásia, por sua vez, não dará espaço para exportação dos manufaturados tradicionais.
Sobre o câmbio, apesar de ser importante, não há muito o que fazer, a não ser tentar impedir uma apreciação muito mais acelerada.
Como então permitir que a exportação de manufaturados volte a se tornar competitiva? Fazendo o contrário de tudo o que o governo tem feito. Medidas esporádicas que atingem um ou outro setor não resolvem a elevação de custos. Ao manter a inflação sistematicamente acima dos parceiros comerciais, joga-se a taxa real de câmbio ainda mais para baixo e os custos para cima. Reformas mínimas que diminuam a folha de pagamento ou a carga tributária geral não é algo que o governo acredita nem queira tentar. Nem falemos de melhorar a educação. A força política e disposição da presidente são mínimas para isso.
O que nos resta? Continuar vendo o aumento da participação de commodities na pauta de exportação em detrimento de manufaturados nos próximos anos. Isso não significa que não exportaremos mais produtos industrializados, mas que nossos clientes acabarão por se restringir à vizinhança.O Estado de S.Paulo
Seis produtos são responsáveis por metade das exportações brasileiras
Luiz Guilherme Gerbelli
SÃO PAULO - O Brasil vem aumentando cada vez mais nos últimos anos sua dependência da exportação de matérias-primas. No ano passado, apenas seis grupos de produtos - minério de ferro, petróleo bruto, complexo de soja e carne, açúcar e café - representaram 47,1% do valor exportado. Em 2006, essa participação era de 28,4%.
Esse aumento da dependência ganha contornos ainda mais preocupantes porque o maior comprador atual das matérias-primas brasileiras passa por um momento de transição. Na semana passada, a China anunciou que vai perseguir uma meta de crescimento de 7,5% ao ano. A meta anterior era de 8% ao ano.
"Esse novo crescimento chinês ainda é expressivo para qualquer país, mas, nesse momento, cria um fato negativo para a cotação das commodities", diz o vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro. "Ao dizer que vai reduzir o ritmo de crescimento, a China diz, indiretamente, que vai comprar menos insumos."
Em dezembro, a entidade previu que o Brasil terá este ano um superávit de US$ 3 bilhões, resultado bem inferior ao saldo comercial de US$ 29,7 bilhões do ano passado. "Mas houve uma melhora do cenário dos preços desde então", diz Castro.
De qualquer forma, o Índice de Preços de Commodities do Banco Central (IC-BR) já aponta um recuo na cotação das commodities. Em fevereiro, o indicador caiu 2,96% na comparação com janeiro e, no acumulado de 12 meses, teve queda de 12,68%.
"Essa tendência de queda só não é mais forte porque está havendo uma injeção global de recursos no mundo todo. Há uma expansão de crédito para economia mundial que não começou agora", diz Fábio Silveira, economista da RC Consultores. Apesar disso, ele estima um recuo de 10% no preço da soja, carne, açúcar e do café este ano. "O crescimento menor da China reafirma a perspectiva de baixa dos preços", afirma.
Meta de vendas
Entre 2006 e 2011, puxada pelas commodities, a receita de exportação do Brasil aumentou de US$ 135,9 bilhões para US$ 256 bilhões. Este ano, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) definiu US$ 264 bilhões como a meta de exportação, valor 3,1% maior que o do ano passado.
Para Rodrigo Branco, economista da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex), as exportações de commodities vão continuar dominando a pauta brasileira este ano. Ele ressalta, porém, que o saldo comercial do País deverá ser menor, porque, além do preço mais baixo das commodities, as importações devem permanecer em um patamar elevado.
"Estamos com uma demanda relativamente aquecida em relação ao resto do mundo, principalmente de bens de consumo duráveis", diz.
O Estado de S. Paulo
Comércio externo gera medo de desaceleração exagerada na China
Por BOB DAVIS e AARON BACK, de Pequim
Depois de obter superávits enormes por mais de dez anos, que geraram crescimento em casa e reclamações no exterior de práticas de comércio injustas, a balança comercial chinesa afundou no vermelho mês passado. A pergunta que isso deixa no ar é se a economia da China está ou não perdendo fôlego mais rápido do que se esperava.
O déficit de US$ 31,5 bilhões em fevereiro, divulgado no fim de semana, foi bem maior que muitos analistas previam e soma-se a uma série de outros dados econômicos desanimadores, inclusive o fraco crescimento nas vendas de automóveis, na produção industrial e nas vendas do varejo, e a continuação da queda acentuada nas vendas de imóveis. A única boa notícia econômica é que a inflação abrandou mais rápido do que o esperado.
Os resultados em geral levaram analistas a prever que a China afrouxaria sua política monetária nos próximos meses para impulsionar o crescimento, mas poucos esperam um pacote sequer próximo à dimensão do estímulo ao consumo e ao crédito de 2009 e 2010, que foi uma resposta à crise financeira mundial.
De fato, no início da semana passada, o primeiro-ministro Wen Jiabao reduziu a meta de crescimento do país dos 8% usados desde 2005 para 7,5%. Embora o número seja considerado simbólico — a China rotineiramente cresce mais que as previsões do governo —, o crescimento do produto interno bruto pode ficar abaixo dessa meta no primeiro trimestre de 2012. A China não teve nenhum trimestre em que o PIB cresceu menos que a meta do governo desde o começo de 2009.
"O risco ao crescimento tomou o lugar da inflação como o maior risco macroeconômico na China", disse Qu Hongbin, economista do HSBC para a Ásia. Qu prevê que o PIB cresça cerca de 8% no primeiro trimestre; o J.P. Morgan põe o número em 7,2%. Em 2011, a China cresceu 9,2%.
No lado comercial, o déficit de US$ 31,5 bilhões é o maior déficit mensal desde pelo menos 2000, quando a economia chinesa era muito menor, e é provavelmente o maior já registrado no país. A China registrou um superávit de US$ 27,3 bilhões em janeiro, de acordo com dados divulgados pela Administração Geral da Alfândega. Um crescimento baixo das exportações da China, que é a fábrica do mundo e sua segunda maior economia, depois dos Estados Unidos, indica que a demanda mundial permanece fraca.
O feriado de uma semana do Ano Lunar Chinês, em janeiro, deturpou o fluxo usual de importações e exportações da China nos dois primeiros meses do ano. Mas, mesmo combinando janeiro e fevereiro, o déficit comercial chega a US$ 4,25 bilhões, comparado com um déficit de US$ 890 milhões nos primeiros dois meses do ano passado.
Em janeiro e fevereiro, as exportações cresceram 6,9%, enquanto as importações subiram 7,7%, bem abaixo dos crescimentos de dois dígitos que a China geralmente apresenta. Nesse período de dois meses, as exportações para a União Europeia, o maior parceiro comercial da China, caíram 1,1% em relação a um ano antes. Embora as exportações para os EUA tenham crescido 14,9% durante os dois meses, comparado com o ano anterior, ainda assim foi um crescimento menor que os 17,4% registrados no quarto trimestre de 2011, também comparado com o ano anterior.
A China já não depende tanto do comércio exterior para crescer como dependia durante a crise financeira de 2008 e 2009, quando a redução nas exportações custou pelo menos 20 milhões de empregos, segundo pesquisas chinesas. Mesmo assim, os números magros da balança comercial provavelmente vão reforçar a resolução dos líderes chineses de desacelerar fortemente a valorização de 4,7% que o yuan teve frente ao dólar em 2011.
Uma redução tende a repercutir nas eleições presidenciais de 2012 nos EUA, especialmente porque a China continua a desfrutar de grandes superávits no seu comércio com os EUA, incluindo um superávit de US$ 26,2 bilhões nos dois primeiros meses deste ano, maiores que os US$ 21,5 bilhões registrados no mesmo período do ano passado.
Até agora em 2012, o yuan permaneceu inalterado em relação ao dólar. "A contínua valorização unilateral do yuan provavelmente chegou ao fim", disse Qu.
As medidas de atividade econômica doméstica também se mostraram fracas. As vendas de automóveis na China caíram 6% nos dois primeiros dois meses deste ano em relação a um ano antes. Essa lenta largada tornará difícil para o setor automotivo chinês alcançar a sua meta de 8% a 10% de crescimento nas vendas em 2012.
As montadoras estrangeiras já indicaram que a China, outrora um dos mercados quentes para automóveis, pode ter um crescimento de um dígito pelo segundo ano seguido. Esse seria o menor crescimento em dois períodos consecutivos desde que o mercado decolou, no final da década de 90.
Num comunicado divulgado sexta-feira, a Associação de Fabricantes de Automóveis da China informou que as vendas de veículos caíram 6%, para 2,95 milhões de unidades, nos primeiros dois meses de 2012, comparado com o mesmo período do ano passado. As vendas de carros de passeio no mesmo período caíram 4,4%, para 2,37 milhões de veículos.
Ainda na sexta-feira, as agências do governo chinês anunciaram que o valor agregado da produção industrial do país nos primeiros dois meses de 2012 foi 11,4% mais alto que um ano antes, um redução em relação aos 12,8% de dezembro e aos 12,4% que os economistas haviam previsto. As vendas do varejo nos dois primeiros meses do ano cresceram 14,7%, contra um crescimento de 18,1% em dezembro.
Um crescimento menor também ajuda a manter a inflação sob controle. Os preços ao consumidor em fevereiro subiram 3,2% em relação a um ano antes, menos que os 4,5% de crescimento em janeiro e que os 3,4% previstos pelos economistas.
Para estabilizar o crescimento, o banco central da China deve cortar o volume de reservas que os bancos são obrigados a manter em seus cofres, algo que ele já fez duas vezes desde o final do ano passado. O objetivo disso é dar um empurrão no hoje estagnado ritmo do crédito.
Sexta-feira, o Banco do Povo da China disse que os novos financiamentos no período de dois meses ficaram em 1,45 trilhões de yuans (US$ 230 bilhões), contra 1,58 trilhões de yuans um ano antes.
Mas a China está relutante em cortar as taxas de juros, o que pode ter um grande efeito na economia. Isso se deve em parte aos receios das autoridades de que juros mais baixos poderiam impulsionar a venda de apartamentos de luxo, e voltar a inflar a bolha imobiliária. E também porque as autoridades querem evitar um êxodo de capital do sistema bancário, o que pode acontecer caso os depositantes se revoltem contra ter suas poupanças remuneradas por juros abaixo da inflação.
Embora poucos economistas esperem que a China apresente um amplo plano de estímulo, há outras medidas que podem ser tomadas para impulsionar os gastos com consumo, incluindo reduzir impostos sobre artigos de luxo para encorajar os consumidores a comprar esses produtos na China, em vez de no estrangeiro, e repetir programas de subsídios a automóveis ou gastos com utensílios domésticos. O déficit fiscal total, cuja meta o ministro da Fazenda disse na semana passada que será de 1,5% do PIB, também pode ser aumentado.
(Contribuíram Tom Orlik e Yajun Zhang.)
Brasil e México retomam negociações sobre o acordo automotivo
Brasília - As autoridades brasileiras e mexicanas vão retomar as negociações sobre o acordo automotivo nesta quarta-feira (14). Com esse objetivo, os ministros do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Fernando Pimentel, e das Relações Exteriores, Antonio Patriota, embarcam amanhã (13) para a cidade do México. Eles vão se encontrar com o ministro da Economia do México, Bruno Ferrari.
A ideia é chegar a um entendimento sobre os ajustes na relação comercial automotiva entre os dois países. O Brasil quer que o México limite as exportações de carros ao mercado nacional com tarifa reduzida a US$ 1,4 bilhão. Além disso, as autoridades brasileiras defendem maior participação de conteúdo regional na produção dos veículos, e inclusão de caminhões, ônibus e utilitários no benefício de alíquota reduzida.
Esta é a terceira tentativa de renegociação do acordo automotivo entre o Brasil e o México. Autoridades mexicanas estiveram duas vezes no Brasil, em fevereiro, mas não houve avanços nas discussões. O último encontro ocorreu no dia 29 do mês passado, com as presenças da chanceler mexicana, Patricia Espinosa, e o ministro da Economia do México, Bruno Ferrari.
Firmado em 2002, o acordo automotivo permite a importação de veículos, peças e partes de automóveis do México com redução da alíquota de impostos e institui um percentual mínimo de nacionalização dos veículos vindos do país. A parceria isenta os autos da taxa de importação até 35%, cobrada sobre carros de fora do México e do Mercosul.
Atualmente o intercâmbio comercial entre os dois países movimenta cerca de US$ 8,5 bilhões - 40% corresponde ao setor automotivo. Pela primeira vez em dez anos, há um saldo negativo para o Brasil.
Restrição argentina faz exportação cair 22%
A ampliação das medidas protecionistas pela Argentina desde fevereiro derrubou a exportação brasileira para aquele mercado em 22,5%, descontados dois itens: energia e automóveis. Os dados são da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento (Mdic) e consideram a variação da média diária em relação a fevereiro de 2011. A exportação brasileira para o país vizinho somou US$ 1,7 bilhão no segundo mês de 2012, o que significa, na média diária, elevação de 10,6% em relação a fevereiro do ano passado. O governo avalia, porém, que o valor total foi distorcido pela venda de energia elétrica aos argentinos.
Tirando apenas a energia da pauta de exportação, houve queda de 9,43% na média diária do valor exportado à Argentina, desempenho que contrasta com a elevação média diária de 13,3% na exportação do Brasil ao mundo inteiro no mesmo mês. Em fevereiro do ano passado, o país não vendeu energia aos argentinos.
Tatiana Prazeres, secretária de Comércio Exterior, diz que a redução reflete as dificuldades em razão das medidas protecionistas. "Segmentos que comumente não têm dificuldades com barreiras argentinas começaram a se manifestar, como o de carnes suínas e o de produção de papel."
Segundo a Secex, a exportação de carne suína para o país vizinho em fevereiro somou US$ 1,5 milhão, com queda de 81,5% sobre o mesmo mês de 2011. Entre os produtos da indústria papeleira que apresentaram redução no valor embarcado em fevereiro estão o papel e cartão para escrita, que tiveram queda de 37,3%, e o papel e cartão kraft, com redução de 20,7%. Segundo Tatiana, as dificuldades foram levadas à autoridade argentina com quem o governo brasileiro mantém contato constante. Os números mostram outros produtos afetados, como calçados, produtos têxteis e chocolates (ver tabela).
Para José Augusto de Castro, vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), o desempenho da exportação sem a energia elétrica e os automóveis mostra a influência das novas medidas. "O setor automotivo demora para ter exportações mais afetadas porque há muita integração entre as fábricas mantidas pelas montadoras nos dois países." Uma exportação menor para a Argentina, diz, significa também menor importação brasileira de carros argentinos e também menor ocupação e emprego no país vizinho.
Desde fevereiro o governo argentino dificultou a importação ao adotar, além das licenças não automáticas que já vinha aplicando, a exigência de uma declaração jurada, documento no qual o importador argentino declara os desembarques que pretende fazer em determinado período.
Sem muitas dificuldades para vender aos argentinos até janeiro, o setor de carne suína viu o cenário mudar no mês seguinte. Levantamento da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs) registrou queda de 85% no volume exportado para a Argentina após a medida protecionista. Em fevereiro de 2011 o setor vendeu 3.183 toneladas para o país vizinho. No mesmo mês deste ano, o volume não passou de 478 toneladas. Em janeiro, os argentinos compraram 4,27 mil toneladas, um aumento de 18,6% em relação a janeiro de 2011.
A queda abrupta levou o setor a se reunir, no começo de março, com o ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro Filho. "Reclamamos ao governo brasileiro, que deve ir nesta semana a Buenos Aires para tentar acelerar as licenças," afirma o presidente da Abipecs, Pedro de Camargo Neto. A retenção de produtos na fronteira e a dificuldade em entrar na Argentina vinham ocorrendo há alguns meses, conta. Fevereiro, porém, surpreendeu. "Não exportamos quase nada, pois o mercado está praticamente fechado. Nunca tinha acontecido nesse porte."
"Está um caos exportar para a Argentina", diz Heitor Klein, diretor da Associação Brasileira da Indústria de Calçados (Abicalçados). "Os exportados não conseguem informações sobre como obter documentos. Não se sabe se é preciso fazer primeiro a declaração jurada ou licença, por exemplo." Segundo dados da entidade, desde o início de janeiro não houve liberação de nenhuma licença programada para o período. As licenças que foram concedidas em 2012 ou os embarques realizados, explica, se referem a períodos anteriores.
Para Rodrigo Branco, economista da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex), a política argentina para tentar reduzir desembarques resulta de um problema maior que o comércio exterior. Sem poder captar crédito no mercado internacional desde 2001, quando deu o calote na dívida, a Argentina tem dificuldades em captar investimento estrangeiro direto para fechar a balança de pagamentos, deficitária. Somado a isso, a balança de serviços também vem fechando no vermelho, com mais dólares saindo do que entrando no país. "O governo está engessado nessa área. Uma das únicas formas em que eles podem mexer para equilibrar as contas é o comércio exterior", afirma Branco.
No ano passado, os argentinos obtiveram superávit comercial de US$ 10,3 bilhões. Não fosse o Brasil, a conta ficaria mais azul. Em 2011 os argentinos tiveram déficit de US$ 5,8 bilhões no comércio bilateral. Por isso, as medidas atuais são uma estratégia da Casa Rosada para manter em 2012 o superávit do ano passado. "A balança de pagamentos deficitária causa a redução das reservas internacionais, que já caiu nos últimos anos e hoje está perto de US$ 48 bilhões", diz. O Brasil, por exemplo, tem reservas em torno de US$ 350 bilhões.
Na quinta-feira o governo argentino anunciou a liberação, em 15 dias, das importações presas desde agosto, por conta de licenças não automáticas vencidas e sem renovação. Segundo o diretor de relações institucionais da Câmara dos Importadores da Argentina (Cira), Miguel Ponce, a comunicação foi feita pela Secretaria de Comércio Exterior na quinta, quando a fábrica argentina da Fiat iniciou paralisação de produção até hoje, por falta de insumos. Segundo Ponce, a liberação deverá sanar 90% dos problemas de suprimento da indústria. Os 10% restantes, segundo ele, são relacionados à apresentação da declaração jurada exigida desde fevereiro. Ponce frisou que a liberação anunciada não está relacionada com a nova norma.Fonte: Valor Econômicohttp://www.suinoculturaindustrial.com.br/noticias/restricao-argentina-faz-exportacao-cair-22/20120312083407_D_060
Tirando apenas a energia da pauta de exportação, houve queda de 9,43% na média diária do valor exportado à Argentina, desempenho que contrasta com a elevação média diária de 13,3% na exportação do Brasil ao mundo inteiro no mesmo mês. Em fevereiro do ano passado, o país não vendeu energia aos argentinos.
Tatiana Prazeres, secretária de Comércio Exterior, diz que a redução reflete as dificuldades em razão das medidas protecionistas. "Segmentos que comumente não têm dificuldades com barreiras argentinas começaram a se manifestar, como o de carnes suínas e o de produção de papel."
Segundo a Secex, a exportação de carne suína para o país vizinho em fevereiro somou US$ 1,5 milhão, com queda de 81,5% sobre o mesmo mês de 2011. Entre os produtos da indústria papeleira que apresentaram redução no valor embarcado em fevereiro estão o papel e cartão para escrita, que tiveram queda de 37,3%, e o papel e cartão kraft, com redução de 20,7%. Segundo Tatiana, as dificuldades foram levadas à autoridade argentina com quem o governo brasileiro mantém contato constante. Os números mostram outros produtos afetados, como calçados, produtos têxteis e chocolates (ver tabela).
Para José Augusto de Castro, vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), o desempenho da exportação sem a energia elétrica e os automóveis mostra a influência das novas medidas. "O setor automotivo demora para ter exportações mais afetadas porque há muita integração entre as fábricas mantidas pelas montadoras nos dois países." Uma exportação menor para a Argentina, diz, significa também menor importação brasileira de carros argentinos e também menor ocupação e emprego no país vizinho.
Desde fevereiro o governo argentino dificultou a importação ao adotar, além das licenças não automáticas que já vinha aplicando, a exigência de uma declaração jurada, documento no qual o importador argentino declara os desembarques que pretende fazer em determinado período.
Sem muitas dificuldades para vender aos argentinos até janeiro, o setor de carne suína viu o cenário mudar no mês seguinte. Levantamento da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs) registrou queda de 85% no volume exportado para a Argentina após a medida protecionista. Em fevereiro de 2011 o setor vendeu 3.183 toneladas para o país vizinho. No mesmo mês deste ano, o volume não passou de 478 toneladas. Em janeiro, os argentinos compraram 4,27 mil toneladas, um aumento de 18,6% em relação a janeiro de 2011.
A queda abrupta levou o setor a se reunir, no começo de março, com o ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro Filho. "Reclamamos ao governo brasileiro, que deve ir nesta semana a Buenos Aires para tentar acelerar as licenças," afirma o presidente da Abipecs, Pedro de Camargo Neto. A retenção de produtos na fronteira e a dificuldade em entrar na Argentina vinham ocorrendo há alguns meses, conta. Fevereiro, porém, surpreendeu. "Não exportamos quase nada, pois o mercado está praticamente fechado. Nunca tinha acontecido nesse porte."
"Está um caos exportar para a Argentina", diz Heitor Klein, diretor da Associação Brasileira da Indústria de Calçados (Abicalçados). "Os exportados não conseguem informações sobre como obter documentos. Não se sabe se é preciso fazer primeiro a declaração jurada ou licença, por exemplo." Segundo dados da entidade, desde o início de janeiro não houve liberação de nenhuma licença programada para o período. As licenças que foram concedidas em 2012 ou os embarques realizados, explica, se referem a períodos anteriores.
Para Rodrigo Branco, economista da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex), a política argentina para tentar reduzir desembarques resulta de um problema maior que o comércio exterior. Sem poder captar crédito no mercado internacional desde 2001, quando deu o calote na dívida, a Argentina tem dificuldades em captar investimento estrangeiro direto para fechar a balança de pagamentos, deficitária. Somado a isso, a balança de serviços também vem fechando no vermelho, com mais dólares saindo do que entrando no país. "O governo está engessado nessa área. Uma das únicas formas em que eles podem mexer para equilibrar as contas é o comércio exterior", afirma Branco.
No ano passado, os argentinos obtiveram superávit comercial de US$ 10,3 bilhões. Não fosse o Brasil, a conta ficaria mais azul. Em 2011 os argentinos tiveram déficit de US$ 5,8 bilhões no comércio bilateral. Por isso, as medidas atuais são uma estratégia da Casa Rosada para manter em 2012 o superávit do ano passado. "A balança de pagamentos deficitária causa a redução das reservas internacionais, que já caiu nos últimos anos e hoje está perto de US$ 48 bilhões", diz. O Brasil, por exemplo, tem reservas em torno de US$ 350 bilhões.
Na quinta-feira o governo argentino anunciou a liberação, em 15 dias, das importações presas desde agosto, por conta de licenças não automáticas vencidas e sem renovação. Segundo o diretor de relações institucionais da Câmara dos Importadores da Argentina (Cira), Miguel Ponce, a comunicação foi feita pela Secretaria de Comércio Exterior na quinta, quando a fábrica argentina da Fiat iniciou paralisação de produção até hoje, por falta de insumos. Segundo Ponce, a liberação deverá sanar 90% dos problemas de suprimento da indústria. Os 10% restantes, segundo ele, são relacionados à apresentação da declaração jurada exigida desde fevereiro. Ponce frisou que a liberação anunciada não está relacionada com a nova norma.Fonte: Valor Econômicohttp://www.suinoculturaindustrial.com.br/noticias/restricao-argentina-faz-exportacao-cair-22/20120312083407_D_060
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