LEGISLAÇÃO

terça-feira, 31 de agosto de 2010

ECONOMIA - EMPRESAS - INVESTIMENTOS

Chineses vão liderar investimentos no Brasil
SÃO PAULO - As autoridades chinesas passaram anos acenando com investimentos bilionários, que nunca se realizavam, provocando frustração e queixas no Brasil. Nos últimos meses, porém, a China resolveu partir da retórica para a prática e rapidamente virou o jogo no País.

Nos últimos três meses, as empresas chinesas fecharam negócios em valores dez vezes maiores que os investimentos realizados no País nos últimos três anos. Este ano, os chineses já anunciaram US$ 20 bilhões entre investimentos e empréstimos para a Petrobrás. A previsão é que o valor chegue a US$ 25 bilhões até o fim do ano.

Com esses números, a China deixa de ser uma promessa para virar o maior investidor estrangeiro no País em 2010. E, segundo um estudo da consultoria Deloitte, os investimentos no Brasil podem ultrapassar US$ 40 bilhões por ano até 2014. Esse movimento provoca uma reação ambígua no Brasil, como quase tudo que diz respeito à relação com a China. Com seu apetite insaciável pelas matérias-primas produzidas pelo Brasil, do minério de ferro à soja, a China foi um dos principais motores do crescimento econômico brasileiro na última década.

Mas o cliente e rival asiático assustou os industriais brasileiros com sua capacidade de produzir e exportar produtos a preços baixíssimos, tomando lugar das mercadorias nacionais aqui e em mercados no exterior.

Com o novo ciclo de investimentos, não é diferente. Os recentes anúncios de compras ou negociações de minas, áreas de exploração de petróleo e terras para agropecuária, acenderam o sinal de alerta nas organizações que representam os empresários brasileiros.

Organizações como a Confederação Nacional das Indústrias (CNI) e a Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) alertam para o risco de os chineses comprarem minas no País e usarem o minério para controlar os preços e inundar o mercado brasileiro com aço barato.

Parte desse medo vem da velocidade das mudanças no país asiático. Há três décadas o país cresce a uma taxa média de 9,6% ao ano, algo inédito na história mundial recente. Em dez anos, passou da sétima à primeira posição no ranking dos exportadores. Este ano, a China ultrapassou o Japão como a segunda maior economia do mundo.
Este caderno especial mostra o acelerado avanço do país asiático, o papel do Estado na economia chinesa, a interdependência com os Estados Unidos e o perfil dos investimentos chineses do Brasil - o início de uma história que pode, mais uma vez, mudar a trajetória da economia brasileira.
Agência Estado - (AE) - Caderno Especial China



EUA preparam novas medidas para fortalecer economia
O presidente dos EUA, Barack Obama, disse que sua equipe econômica está trabalhando para identificar novas medidas para estimular o crescimento como parte de “um ataque em escala ampla” que está sendo preparado para fortalecer a economia norte-americana no curto e no longo prazo.

Falando no Rose Garden, na Casa Branca, Obama disse que sua equipe econômica está “trabalhando duro para identificar medidas adicionais que possam fazer uma diferença para promover o crescimento e a contratação de pessoal no curto prazo, assim como para aumentar a competitividade de nossa economia no longo prazo”.
Não está claro que novas medidas o governo Obama está estudando, embora o presidente tenha mencionado propostas discutidas anteriormente como redução de impostos e ampliação do financiamento para pequenas empresas e do investimento em energia renovável. O porta-voz da Casa Branca Robert Gibbs não quis dar detalhes sobre as novas medidas ao ser pressionado pelos jornalistas, mas disse que Obama planeja dar detalhes das novas medidas nas próximas semanas.

Ele disse que as novas medidas terão a forma de iniciativas voltadas para alvos específicos, destinadas a impulsionar o crescimento e “criar um ambiente em que o setor privado não esteja apenas investindo, mas também contratando”.

As novas medidas deverão ser adotadas num momento em que o governo Obama enfrenta críticas por causa do cenário econômico preocupante. Na semana passada, por exemplo, o governo federal disse que a economia cresceu um moderado 1,6% no segundo trimestre e que os lucros corporativos praticamente ficaram congelados.

Obama disse que a aprovação de um projeto para ajudar as pequenas empresas vai ajudar. O projeto, que prevê corte de impostos e estimula o crédito às pequenas empresas, está bloqueado pelos republicanos no Senado. Obama pediu que os republicanos desistam de bloquear a lei, já que “manter este projeto como refém é diretamente prejudicial ao crescimento de nossa economia”, afirmou.

Obama também reconheceu que não existe “bala de prata que reverta o dano causado pelos ciclos de bolhas e explosão de bolhas que fizeram a economia patinar”. Os comentários do presidente foram feitos depois do briefing diário de seus assessores econômicos, incluindo o secretário do Tesouro, Timothy Geithner, a presidente do Conselho de Assessores Econômicos, Christina Romer, e o conselheiro econômico Larry Summers.
Jornal do Comércio


Governo estuda política de incentivos às autopeças

O setor de autopeças brasileiro deverá ser um dos beneficiados da segunda fase da Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP) que está sendo elaborada pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (Mdic).

A inclusão do segmento na formulação da nova política ocorre principalmente pelo aumento das importações de componentes automotivos, que deve resultar em um déficit superior a US$ 4 bilhões em 2010.

Por isso, governo e autopeças têm conversado sobre como manter a participação da indústria nacional e ao mesmo tempo ampliar a competitividade em relação a outros países.

A informação foi dada hoje pelo diretor do Mdic, Paulo Bedran, durante seminário promovido pela SAE, entidade que reúne engenheiros da indústria automobilística. "O governo entende que não se pode uma indústria automobilística forte sem um setor de autopeças compatível", completou Bedran.
IG


Saldo comercial entre Brasil e China continua em queda

Para os especialistas em comércio exterior, o crescimento das importações brasileiras da China em ritmo muito maior do que as exportações ao país asiático não é surpresa. Apesar de esperado, o fato preocupa.

Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), ligada ao Ministério do Desenvolvimento, de janeiro a julho as importações de produtos chineses aumentaram 45,12%. Já os embarques brasileiros para a China, no mesmo período, cresceram 27,07%. Em 2009, as compras de mercadorias chinesas caíram 26,17%. Aumento expressivo como o de 2010 só foi visto em 1995, quando as importações chinesas cresceram 51,07%.

Apesar do descompasso no crescimento, o saldo comercial entre os dois países ainda é favorável ao Brasil em US$ 9,2 bilhões. No ano passado, foi de US$ 25,3 bilhões. Para Robson Braga de Andrade, presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o crescimento de produtos chineses importados ameaça a competitividade brasileira.

"Claro que é importante o Brasil continuar a exportar minério, soja e açúcar, mas não podemos deixar de exportar produtos manufaturados. O problema é que, para isso, temos de acabar com problemas como a infraestrutura inadequada para exportar e os impostos cobrados sobre as exportações."

Andrade acredita que o aumento da presença chinesa no País possa, entre outras consequências, inibir os investimentos de empresas nacionais. "Um empresário só investe se tem perspectiva de mercado, seja interno ou externo", alerta. O presidente da CNI explica por que é tão difícil competir com produtos chineses no mercado brasileiro.
"Não há isonomia. Convivemos com uma carga brutal de impostos, com um ambiente burocrático e com regras rígidas quanto ao uso da mão de obra. Já ouvi empresário chinês dizendo que brasileiro não gosta de trabalhar porque aqui a jornada é de 8 horas e lá é de 16 horas", compara. José Augusto de Castro, vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), tem uma previsão pessimista.

"A desvantagem para o Brasil vai aumentar. A China tem liberdade de ser mais ou ser menos agressiva no comércio. Enquanto isso, o perfil das exportações brasileiras para a China, que é 90% baseado em commodities, está atrelado aos preços internacionais, ou seja, fora de controle."

Para piorar, lembra, as exportações brasileiras estão comprometidas pela desvalorização do dólar em relação ao real. Apesar da aparente preocupação, vale lembrar que se não fosse pelos embarques de minérios e grãos para a mercado consumidor chinês, a balança comercial brasileira teria passado por um grande sufoco a partir de 2008, início da crise internacional. Segundo Júlio Sérgio Gomes de Almeida, consultor do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) e professor da Unicamp, "já se pode afirmar que o desastre está próximo".

"Os números da balança Brasil-China não são muito diferentes da média brasileira, mas o movimento chinês tem condições de ser muito mais rápido do que o de outros países pelo volume exportado", argumenta.

Para Almeida, o estrago na balança comercial só não foi maior porque os preços de commodities como minério de ferro e soja estavam bem favoráveis aos produtores brasileiros.

"Independentemente do preço futuro, o Brasil poderá sofrer com a desaceleração das exportações chinesas para países como Estados Unidos, Japão e boa parte da Europa. Se isso se confirmar, as exportações de commodities vão cair e o placar vai ficar mais desfavorável", alerta Almeida. Desequilíbrio 45,12% foi o crescimento das importações de produtos chinesas este ano, até julho. Na outra mão, as exportações brasileiras para o país asiático avançaram 27,07%.
O Estado de São Paulo



Brasil deixará de focar em carros de baixo custo, dizem fabricantes

O mercado brasileiro vive o melhor momento da história no setor de veículos, mas as fabricantes não. O país já tem título de quinto maior mercado mundial, porém a indústria automobilística nacional ainda precisa se adaptar a uma nova realidade formada por consumidores mais exigentes, importações em alta e custos mais elevados.

A saída apontada pelas empresas envolvidas é investir no aperfeiçoamento de tecnologias, como a flex, e na eletrônica, especificamente em sistemas de conectividade (internet, GPS, smartphone etc.).

“A indústria automobilística brasileira não é mais de baixo custo. Acredito que temos que investir em um salto qualitativo, o que significa oferecer produtos de ponta, com alta tecnologia”, afirma o presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças), Paulo Butori.

O ‘alarme’ acionado nesta segunda-feira (30), durante simpósio da Sociedade de Engenheiros da Mobilidade (SAE Brasil) em São Paulo, por representantes de montadoras e fabricantes de autopeças tem como foco o crescimento das vendas previsto para os próximos anos e o fortalecimento de concorrentes da China e Coreia do Sul. A indústria espera que o país atinja o patamar de vendas de 4 milhões de veículos por volta de 2014.
Próximos investimentos
A nova presidente da General Motors do Brasil, Denise Johnson, afirma que além da renovação do portfolio de produtos até 2012, a companhia apostará localmente no desenvolvimento global de veículos compactos e, mundialmente, em tecnologias seguras para conectividade, que atendam a nova geração de consumidores formados pela internet.

“Vamos trabalhar para o futuro. A classe média no Brasil não quer mais carros simples. Ela vai procurar cada vez mais por novas tecnologias”, ressalta Denise, que destacou a importância de lançamentos como o Chevrolet Malibu e o Agile.

A Ford do Brasil segue a mesma linha e adapta seu sistema de conectividade Sync para o mercado brasileiro, apesar de já disponibilizá-lo no modelo Edge. Durante o lançamento do New Fiesta, em Detroit, o diretor de assuntos governamentais para Brasil e América do Sul, Rogelio Golfarb, afirmou que a marca está cada vez mais preocupada em aperfeiçoar sistemas de conectividade para atrair a chamada “Geração Y”, formada por pessoas que têm entre 20 e 30 anos atualmente e são conhecidas pela busca por ascensão rápida e domínio das ferramentas em tecnologia.

O presidente da Volkswagen do Brasil, Thomas Schmall, ressalta a importância do contínuo desenvolvimento da tecnologia flex e não descarta o aperfeiçoamento no Brasil dos carros híbridos, com o benefício do etanol. “O carro elétrico não vai acabar com o motor flex. É uma tecnologia muito cara. Nossa prioridade é aprimorar o sistema flex”, diz.
Autopeças entram em plano federal
Enquanto as montadoras visualizam o futuro próximo, as fabricantes de autopeças ainda enfrentam problemas do passado. De acordo com Butori, 60% das 550 empresas que formam a cadeia de suprimento possuem dívidas fiscais e tributárias. Na prática, isso impede que empresas de pequeno e médio porte consigam crédito para investir no crescimento da produção e no desenvolvimento de novas tecnologias.

Em resposta ao apelo das empresas, representadas pelo Sindipeças, o diretor do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), Paulo Bedran, afirmou que o setor de autopeças deve entrar na segunda fase da Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP) desenvolvida pelo governo.

Segundo Bedran, a medida visa ajudar a indústria nacional a competir com produtos importados. A proposta, ainda em desenvolvimento, prevê a formação de cooperativas com os ativos “saudáveis” de empresas. Assim, a “nova empresa” poderia receber recursos de bancos como o BNDES para investir na produção.

O presidente do Sindipeças explica que cada empresa pagaria seus débitos com o lucro da empresa formada pela cooperativa. “O empresário fica com a dívida, mas tem a oportunidade de investir na produção e, com o lucro, quitar os débitos.” De acordo com Butori, 400 empresas poderiam entrar na nova fase do plano do governo, que deve ser lançada em 2011. A primeira fase vai até o fim deste ano.
Participação no Mercosul
Paralelamente ao fortalecimento da cadeia produtiva, a indústria automobilística nacional tentará se fortalecer no Mercosul, para se beneficiar da redução de custos com o ganho em escala e da isenção de taxas. Para o vice-ministro do MDIC, Ivan Ramalho, ela precisa ser inserida nas regras do bloco. “Os acordos entre os países do Mercosul neste setor têm prazos muito curtos. Precisamos ampliar os benefícios ”, diz Ramalho, que destaca o empenho da Argentina em negociar com o Brasil.

Todo esse movimento tem com objetivo afastar fantasmas já conhecidos pelas fabricantes como aumento do preço da matéria-prima – especialmente aço e petroquímicos –, mão de obra e alto custo de crédito para investimentos. Problemas que as concorrentes asiáticas não enfrentam, pelo menos, por enquanto.

“Com a instalação de fábricas sul-coreanas e chinesas no Brasil, eles vão trazer fornecedores de peças de lá, com custos muito mais baixos”, destaca Butori. “Por isso temos de agregar valor ao nosso produto, assim como investir em inovação tecnológica e na diversidade”, acrescenta. Segundo ele, a combinação de tais fatores resultará em qualidade e, consequentemente, resolverá o descompasso entre vendas e produção.
G1

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