LEGISLAÇÃO

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

PORTOS E LOGISTICA - 30/08/2010

Antaq anuncia planos para cabotagem brasileira
Diretor do órgão detalhou projetos portuários durante evento em São Paulo.

O diretor da Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários), Tiago Lima, anunciou na última quarta-feira (dia 25), durante o Brazil World Cup Transportation Congress, os planos para desenvolver a infraestrutura dos portos do País. Dentre os projetos, o executivo informou com exclusividade ao Guia Marítimo que a organização está trabalhando em conjunto com outros órgãos federais e companhias marítimas na formulação de plano de ações para impulsionar a cabotagem brasileira.

Segundo Lima (na foto, à direita), o estudo tem o nome provisório de "Projeto de Revitalização da Cabotagem no Brasil" e será finalizado ainda este ano, para ser apresentado ao candidato que assumir a Presidência em 2011.

"Realizamos um seminário no ano passado que tratou especificamente do modal. Concentramos todos os grandes atores que trabalham na neste setor: as empresas de navegação, Marinha do Brasil, agências reguladoras e grandes portos que deram suas visões sobre a cabotagem", afirmou o executivo. "Deste seminário saiu uma série de ações necessárias para revitalizar a cabotagem como alternativa para escoar a produção e reduzir a movimentação da carga através de rodovias".

De acordo com o diretor da Antaq, um dos itens do projeto é a redução de custos como incentivo da migração da carga rodoviária para o modal aquaviário. Com o estudo, os autores esperam seguir a meta do PNLT (Plano Nacional de Logística de Transportes), que pretende, até 2025, promover a duplicação do uso do modal aquaviário, chegando a 26% de participação na matriz de transporte e igualando-se ao rodoviário e ferroviário.

A íntegra da entrevista com Lima será publicada na próxima edição impressa do Guia Marítimo.


Copa do Mundo
No Brazil World Cup Transportation Congress, em São Paulo (SP), o diretor da Antaq ministrou a palestra "Modernização dos Portos Brasileiros para a Copa do Mundo de 2014". Participaram do evento representantes governamentais, especialistas e empresários ligados ao setor de transportes para discutir a melhoria nas cidades-sede da Copa que será realizada no Brasil.

Inicialmente, Lima fez um relato dos investimentos federais na ordem de R$ 1,2 bilhão que estão ocorrendo nos portos, entre recursos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e do PND (Programa Nacional de Dragagem). Serão sete os complexos portuários beneficiados pelos projetos: Santos (SP), Rio de Janeiro (RJ), Natal (RN), Recife (PE), Fortaleza (CE), Salvador (BA) e Manaus (AM). Além desses, Porto Alegre também receberá investimentos, que serão alocados pelo governo do estado do Rio Grande do Sul.

Segundo o diretor da Antaq, os investimentos previstos se destinam à reforma de berços, ampliação de cais, implantação de defensas para atracação de navios de cruzeiros, adaptação de áreas de armazéns para terminais marítimos de passageiros, pavimentação e urbanização de áreas do porto para circulação terrestre, entre outras.

Atualmente, só dois portos brasileiros dispõem de terminais exclusivos para passageiros - Rio de Janeiro e Santos. Segundo Lima, a expectativa é dobrar a capacidade atual das instalações para passageiros. Além disso, um dos objetivos do aparelhamento dos portos é utilizar os próprios navios de turismo para hospedagem durante a Copa.
Guia Maritimo



Alta capacidade ameaça embarcações de pequeno porte
Os transportadores de contêineres podem estar ficando sem opções para controlar o impacto da entrada recente de embarcações de alta capacidade, empurrando navios de menor porte para outras rotas.

O número de porta-contêineres de 8 mil Teus (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés) empregados no Pacífico aumentou substancialmente nos últimos anos, enquanto os modelos desta capacidade atuantes nos trades entre Ásia e Europa foram substituídos pela nova geração de super post-panamaxes.

A Clarkson Research estima que 65 navios de 8 mil Teus de capacidade estavam em operação em rotas transpacíficas no início de julho, comparado com apenas 10 unidades no mesmo período em 2007.
O incremento na utilização de embarcações de grande porte nos serviços Ásia-Estados Unidos também foi acompanhado por uma redução na distribuição de navios de outras medidas nestas rotas. Tal tendência é particularmente perceptível entre as capacidades de 3 mil Teus a 3.999 Teus, de acordo com relatório da Clarkson. Os dados também mostram queda de 79 para 22 navios desta categoria durante o período de três anos. Estas embarcações foram transferidas para trades de menor volume ou vendidos para sucateamento.

O quadro também pôde ser observado nos serviços entre Ásia e Europa, onde a utilização de navios de 8 mil Teus subiu de 117 em julho de 2007 para 209 no último mês, enquanto os modelos de 3 mil Teus a 3.999 Teus foram reduzidos de 68 para 21 no mesmo período. O repasse de embarcações para serviços comerciais de menor volume arrefeceu parcialmente o impacto causado pelo influxo dos porta-contêineres de alta capacidade.

No Pacífico, a adição de 472,025 teus de capacidade oriunda de novas embarcações do segmento de 8 mil Teus entre julho de 2007 e 2010 foi compensada pela remoção de 69% dos navios de menor porte (com capacidade entre 2 mil a 4.999 Teus). Da mesma maneira, a adição de navios de alta tonelagem nos serviços entre Ásia e Europa foi balanceada pela retirada de 29% da frota de porta-contêineres com menor capacidade.

A adição de capacidade remanescente nestes trades foi aborvida, onde possível, pela política de slow steaming e emprego de embarcações extras em loops.

Mas a medida de manipular as frotas desta maneira, a fim de minimizar o efeito da entrada das novas super-embarcações, pode estar chegando a um limite, reporta a Clarkson. "O remanejamento continuo depende do número de embarcações menores disponíveis para reutilização a partir das linhas principais", sustenta a pesquisa.

"Com o declínio na utilização de navios entre 2 mil Teus e 4.999 Teus entre julho de 2007 a 2010, de 79% e 49% em rotas transpacíficas e extremo oriente-europa, respectivamente, o sucesso na absorção de embarcações reutilizadas irá provavelmente depender de um incremento na demanda", conclui a Clarkson.
Guia Marítimo



Fila de embarque do açúcar no porto de Santos vai até setembro
Os importadores de açúcar brasileiro que negociarem hoje um carregamento do produto apenas conseguirão embarcá-lo, pelo Porto de Santos, em meados de setembro. A afirmação é do diretor comercial e de logística da Açúcar Guarani, Paulo José Mendes Passos.

"Atualmente, existe uma forte demanda por açúcar brasileiro que, vinculada a uma deterioração das condições logísticas, criaram uma situação complicada na exportação", disse.

Segundo o executivo, uma fila de 450 caminhões aguardam para descarregar açúcar no Porto de Santos. Esses veículos transportam 13.500 toneladas e esperam para descarregar nos armazéns.

No Porto de Paranaguá, a fila de caminhões soma 150 carretas. "Os veículos ficam presos mais tempo e criam um gargalo porque outras commodities, como o milho, também precisam chegar ao porto via rodoviária. O resultado é um aumento do frete em cerca de 15% nos últimos meses", constata Passos.

Espera para descarregar o produto, encarece o frete em até 15%.

No embarque, a situação também é grave. Em Santos, todos os oito berços destinados ao açúcar estão ocupados e cerca de 60 navios esperam na costa para atracar.

"Nos próximos dias, serão 111 navios apenas em Santos à espera do açúcar", estima o consultor Plínio Nastari, presidente da Datagro, especializada no setor sucroalcooleiro.

Na avaliação dele, há um descasamento entre a produção e a capacidade de embarque do produto. Em Paranaguá, dois navios carregam e mais 14 esperam na barra por um berço livre.

Helder Gosling, diretor comercial e de logística do Grupo São Martinho, afirma que a empresa recorre a uma alternativa intermodal para fugir dos gargalos, principalmente pelo transporte ferroviário.

"O problema de escoamento do porto, no entanto, afetou até a ferrovia", destaca. De acordo com o executivo, não há muitos vagões disponíveis para o transporte de açúcar porque muitos estão presos no porto, com o atraso registrado no descarregamento.

Na avaliação de Gosling, as recentes chuvas foram um fator importante para o obstáculo logístico existente neste momento no embarque de açúcar. "Os problemas que o clima provocou na produção no ano passado, agora, refletem nos embarques ", afirma.

Neste momento, a demanda internacional pelo açúcar é grande porque existe um déficit mundial do produto pelo segundo ano consecutivo.

"Muitos países produtores registraram uma safra menor que o esperado como Índia, Rússia e até a Colômbia, o que tornou o Brasil o único fornecedor do produto pelo menos até outubro quando começa a safra dos países do Hemisfério Norte", diz Nastari.

Além disso, muitos países também precisam recompor os estoques. Os países muçulmanos do Oriente Médio procuram pelo produto para abastecer o mercado interno antes do mês de Ramadã, quando o consumo de açúcar é elevado.

Nastari informa que a demanda é tão grande que o produto brasileiro é negociado com prêmio sobre o preço base em plena safra, quando o normal é que o valor sofra um desconto durante esse período.

A expectativa é de que julho registre uma exportação brasileira recorde de açúcar, superando pela primeira vez na história as 3 milhões de toneladas.

O recorde anterior foi registrado em setembro de 2009, quando as exportações atingiram 2,55 milhões de toneladas.
Portos e Navios


Porto altera normas de atracação de navios carregados com veículos
A exportação e importação de ônibus e peças para caminhões e máquinas agrícolas, além de outras cargas carregadas sobre rodas, terão prioridade no Porto de Paranaguá. A ordem de serviço número 135/2010 da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa) altera o regulamento de programação e atracação de navios de operação por rolamento, também chamados de Ro-Ro.

O objetivo é dar agilidade ao embarque dessas cargas, já que a exportação por navios que operam por rolamento cresceu mais de 22%, na comparação entre os primeiros sete meses deste ano e o mesmo período do ano passado.

Segundo o superintendente da Appa, Mario Lobo Filho, a nova medida segue as tendências do sistema portuário mundial e deve atrair negócios importantes para o Estado. “Essas alterações vão permitir que Paranaguá atenda mais linhas internacionais, além da manutenção da chamada Linha da África”, conta. Produtos como ônibus, peças veiculares, madeira e compensados, produzidos no Brasil, chegam ao continente africano por navios de operação por rolamento.

Entre os exportadores que atendem a linha africana, está a montadora paranaense Mascarello. Com sede em Cascavel, a empresa produz ônibus que são enviados para Angola, Gana, Nigéria, Cabo Verde e Guiné Equatorial, além de países da América Latina, como Chile, Argentina, Paraguai, Uruguai, Bolívia, Equador, Peru, Costa Rica, República Dominicana, Panamá e El Salvador.

Em 2009, a Mascarello exportou 130 veículos. Entre janeiro e julho deste ano foram 203. “Nossa meta, até o final de 2010, é exportar 12% da produção, com perspectivas de crescimento para 2011 e exportação de até 15% de tudo que produzimos”, conta Priscila Ganzer, assessora do grupo. “Utilizar o porto de Paranaguá nos garante vantagens como rápido acesso, menor custos com logística, melhores tarifas, rapidez nas movimentações e menos burocracia”.

MUDANÇAS - A ordem de serviço 135/2010 foi apresentada na quarta-feira (25), durante a reunião trimestral de janelas de atracação, que reúne operadores e armadores portuários que atuam com movimentação contêineres e veículos. Ela regulamenta que navios Ro-Ro, que tenham até 200 metros de comprimento, terão atracação preferencial no berço 208 (quando o carregamento mínimo for de 2 mil toneladas e o tempo de atracação for de, no máximo, 24 horas) e no berço 209 (quando o carregamento mínimo for de 5 mil toneladas).

Para utilizar as janelas públicas de atracação, oferecidas com dia e hora pré-estabelecidos para serviços semanais regulares, os agentes marítimos responsáveis pela embarcação devem solicitar o espaço com antecedência mínima de sete dias à data de chegada do navio. Com isso, a Appa pretende aumentar ainda mais a movimentação de cargas sobre rolamentos, que, entre janeiro e julho de 2010, chegou a 176,7 mil toneladas e já corresponde a 63% do total movimentado em 2009.
Portos e Navios

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