Modal marítimo deve ser explorado
Com mais de dez mil quilômetros de costa marítima, mas com o transporte de cargas internas realizado praticamente pelo modal rodoviário, o Brasil começa aos poucos a discutir e a buscar os meios adequados para dinamizar e expandir o transporte de cabotagem - movimentação de cargas entre portos de um mesmo País. Para tanto, muitos fatos, ou remadas, ainda precisam ser dados para quebrar, inicialmente, a cultura do caminhão, que subsiste apesar das péssimas condições das estradas brasileiras.
A observação é do consultor e professor de logística, Heverson Inamar Souza, para quem o transporte de cabotagem não crescerá sozinho, sem antes assegurar uma maior interface com os modais rodoferroviários e até aeroviário. Nesse sentido, ele aponta a necessidade de se melhorar os acessos aos portos para caminhões e trens; bem como equipá-los com melhor estrutura de logística, com equipamentos modernos para agilizar os procedimentos de carga e descarga, além de uma legislação mais ágil e menos burocrática. "Continuamos a praticar o intermodalismo, em vez do multimodalismo", alerta Souza.
Palestrante da Feira de Transporte Intermodal e Logística (Transmodal Brasil) que transcorre até amanhã, em Fortaleza, ele avalia ainda que as relações trabalhistas também precisam ser melhor discutidas, como forma de melhor capacitar e elevar a produtividade dos trabalhadores portuários.
Mar calmo
Souza ressalta no entanto, que nem tudo é só dificuldades e que muitos dos problemas poderiam ser facilmente resolvidos, tendo em vista a boa disposição e localização dos portos brasileiros. "Nossos portos são de fácil acesso, nosso mar é calmo e o clima é bom e sem intempéries, o que torna a navegabilidade mais segura e tranquila", (em relação ao transporte rodoviário), ressalta o professor.
Apesar de tudo, reconhece que "as tarifas portuárias ainda são muito elevadas" e os custos para transporte de cabotagem entre portos de uma mesma região também não são ainda, competitivos. "Mas entre regiões, em distâncias maiores, os custos se diluem e pode se tornar mais competitivo", defende.
Opinião semelhante tem o diretor da Transmodal, Feliciano Monte Ramos, para quem a interface entre os vários modais beneficiará a todos, à medida em que favorece a ampliação do volume de cargas transportadas. "A melhoria do ferroviário favorece até as transportadoras, que podem operar em trechos menores, a partir da criação dos centros de distribuição", diz.
Portos e Navios
Porto de Paranaguá amplia em 35% a área de fundeio
A Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa) conseguiu, junto à Capitania dos Portos do Paraná, autorização para ampliar a área de fundeio do terminal portuário de Paranaguá, reservada para os navios ancorados que aguardam para atracar e realizar o embarque ou desembarque de produtos. A portaria número 31/2010, do dia 30 de agosto, aumenta em 35% o espaço, que passa de 17km² para 23km². Com isso, a capacidade da área de fundeio, que era de 21 embarcações ancoradas, agora é de 28 navios.
Segundo o superintendente da autarquia, Mario Lobo Filho, a nova norma deve aumentar a segurança das operações marítimas. "Com área de fundeio maior, os navios não precisam aguardar fora da baía de Paranaguá. Isso significa que as embarcações não vão depender de funções climáticas, que podem fechar o canal de acesso ao porto", explica.
Outro resultado esperado é maior agilidade na atracação e desatracação dos navios. "A troca dos navios que terminaram de operar e aqueles que aguardam sua vez na fila será mais rápida. Isso vai garantir que nossos usuários ganhem tempo e esta é mais uma vantagem que o porto passa a oferecer", ressalta Admilson Lima, engenheiro do núcleo de assuntos marítimos da Appa.
Nesta quinta-feira, o Porto de Paranaguá tem seis navios fundeados, 27 navios aguardando e 12 navios atracados no cais comercial]
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