LEGISLAÇÃO

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

EMPRESAS - ECONOMIA - 30/09/2010

Crise nos Correios chega às empresas
A crise na Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), que já fez suas vítimas na arena política, começa agora a incomodar o setor privado que depende de seus serviços. Diversas empresas, preocupadas com disputa jurídica entre os Correios e suas lojas franqueadas, começaram a buscar apoio em companhias privadas de logística para garantir que suas encomendas serão entregues no prazo.

Se o prazo atual não for alterado, daqui a 41 dias centenas de franquias dos Correios fecharão as portas por não terem feito os processos de licitação que regularizam a situação com a estatal. A ECT já colocou na rua um plano de contingência para evitar transtornos aos usuários e garante que tudo vai funcionar regularmente. Mas empresas ouvidas pelo Valor não parecem dispostas a pagar para ver.
"De uns seis meses para cá o serviço de entrega está um caos, o atraso é permanente", diz Fernando Banas, diretor da Epse Editora e da Editorial Latina. "O material, que teria de ser entregue em 24 horas, está chegando em seis dias."

Segundo Banas, suas empresas entregam cerca de 80 mil exemplares de revistas por mês, todas com data certa para chegar ao leitor. Por causa dessa situação, a empresa antecipou o prazo de edição das revistas, de distribuição e de rodagem na gráfica. "Já estamos com cotações de empresas para entrega porta a porta".

A situação é a mesma na Timepress Comunicação, que distribui 10 mil revistas por mês. "Essa história toda já foi longe demais. Sou obrigado a procurar outra empresa para não ficar na mão", diz João Carlos Bodeo, diretor financeiro e administrativo da Timepress.

No último sábado, foi a vez de a empresa de cosméticos Natura, que soma 941 mil consultores em todo o Brasil, enviar uma carta a seus colaboradores do Rio de Janeiro e do Espírito Santo para informar que o contrato com os Correios para entrega de materiais de comunicação foi rompido. Os documentos passaram a ser entregues pela empresa de logística Treelog. No comunicado, a empresa informa que a substituição "possibilitará maior agilidade e garantia de cumprimento dos prazos de entrega."
Em Minas Gerais, parte do serviço de entrega de caixas de pedidos da Natura também saiu dos Correios e agora será feito pela empresa Patrus Transportes Urgentes.

Um dos fundadores da Natura é o empresário Guilherme Leal, vice na chapa de Marina Silva, candidata do PV à Presidência da República. Segundo sua assessoria, ele está afastado da gestão da Natura desde maio e não teve nenhum tipo de participação na decisão da empresa. Por meio de nota, a Natura informou que iniciou um "projeto piloto" de logística e que os Correios continuam sendo parceiros em outros Estados e também para outros serviços. "Estas são decisões puramente comerciais, estrategicamente estudadas por uma equipe que busca constantemente aperfeiçoar a qualidade de serviço prestado às suas consultoras e consultores".
O receio dos Correios e franqueados é de que haja uma debandada de grandes clientes para o setor privado. Só em São Paulo, conforme apurou o Valor, cerca de 40 empresas já enviaram cartas às franquias informando que estudam propostas de empresas privadas para evitar o risco de atraso nas entregas do último trimestre do ano. A lista inclui companhias como o Grupo Iguatemi e a Unimed São Paulo.
Em agosto, a ECT enviou uma carta a cerca de 200 clientes considerados estratégicos - com faturamento superior a R$ 3,4 milhões - com informações sobre o plano para evitar o colapso postal. Ele prevê gasto de R$ 425 milhões em 400 lojas temporárias no país, das quais 140 em lojas da própria ECT e 260 em imóveis alugados.
Valor Econômico



Banco do Brasil planeja captar US$ 500 mi no mercado externo

SÃO PAULO - O Banco do Brasil (BB) está no mercado internacional para fazer um emissão de dívida subordinada, que entra como capital no balanço do banco. O valor da operação ainda não foi definido, mas, como se trata de uma emissão benchmark (parâmetro), espera-se montante mínimo de US$ 500 milhões, segundo uma fonte do mercado.
Os papéis terão prazo de dez anos. O rating esperado para os papéis é "Baa2" da Moody's.

A emissão está sendo feita por meio da subsidiária do BB em Grand Cayman. Os bancos coordenadores são BB Securities, BofA Merrill Lynch, HSBC, Banco Votorantim.

Também participam como colíderes da operação, o Bradesco BBI e o BTG Pactual.

O dinheiro será usado para reforçar o capital do BB e aumentar seu Índice de Basileia, indicador que mede quanto o banco pode emprestar sem comprometer seu capital. O BB tem Basileia de 12,8%, acima dos 11% exigidos pelo Banco Central, mas o menor índice entre os grandes bancos brasileiros. Bradesco e Itaú têm indicador de 15,8%.

A Braskem fechou ontem captação de US$ 450 milhões em bônus perpétuos, após atrair uma demanda superior a US$ 2 bilhões, segundo informação do Deutsche Bank, uma das instituições de coordenaram a operação.

Os bônus foram colocados ao par, oferecendo yield (retorno ao investidor) e cupom (juro) de 7,375% ao ano.

Originalmente, a Braskem pretendia captar US$ 350 milhões para resgatar US$ 150 milhões em bônus perpétuos que foram emitidos em junho de 2005 e US$ 200 milhões em bônus perpétuos emitidos em abril de 2006.

Os bônus receberam rating Ba1 da Moody's e BB+ da Standard & Poor's e da Fitch Ratings.

O HSBC e o Itaú BBA são as outras instituições que coordenaram a colocação.

A Braskem anunciou ontem captação de US$ 450 milhões com bônus perpétuos, que tiveram uma demanda de US$ 2 bilhões. Já o Banco do Brasil planeja uma emissão de dívida subordinada de US$ 500 milhões.
DCI
 
 
 
MasterCard está de olho nos desbancarizados

SÃO PAULO - Pesquisa realizada pela MasterCard em sete municípios de diversas regiões do Brasil, com população das classes C e D, mostra que o dinheiro continua sendo a forma preferida de pagamento. De acordo com a empresa, apenas 46% desta da população - de 18 a 60 anos - são bancarizados. De olho nesta fatia de mercado, a MasterCard lançará uma bandeira de débito e fará mais promoções. Bancos como Itaú Unibanco, Banco do Brasil e Bradesco também preparam produtos populares, como os cartões Hipercard e Elo para atingir este público. Cartão também é sinônimo de crescimento no Santander.

A pesquisa relata que 27% dos entrevistados possuem somente cartão de débito, enquanto 25% detêm somente cartão de crédito. Já ao analisar apenas a relação dos bancarizados das classes C e D com produtos financeiros, a pesquisa concluiu que 80% possuem cartão de débito; 69%, conta corrente; 52%, poupança; e 49%, cartão de crédito.

O dinheiro, segundo a empresa, continua tendo um papel importante na vida desses consumidores, os quais destinam uma média de R$ 47 por mês para o uso do cartão de débito e de R$ 100 para o cartão de crédito.

De acordo com o estudo da MasterCard, 55% dos bancarizados e 98% dos não bancarizados recebem seus rendimentos em dinheiro. Números do Banco Central mostram que o dinheiro em espécie é largamente utilizado para pagamentos de baixo valor - cerca 77% dos pagamentos efetuados por pessoas físicas.

Uma das iniciativas para abocanhar este público será a troca de logotipo, que englobará a palavra débito abaixo da logomarca. Já para gerar maior frequência e uso de seus cartões de débito, a MasterCard está lançando a promoção. "O objetivo é incentivar o uso dos cartões de débito nas compras do dia a dia. A campanha está focada no conceito de que o débito é muito mais prático e seguro do que o dinheiro e ainda gera benefícios para quem usa", destaca Beatriz Galloni, vice-presidente de Marketing.

No banco Itaú Unibanco o produto cartão de crédito se destaca como um importante instrumento de conquista de novos clientes, particularmente na população das classes C e D. O banco tem marcas populares com o Itaucard, Unicard e Hipercard que oferecem um portfólio de produtos para 25,1 milhões de clientes, correntistas e não correntistas.

De acordo com o banco, no segundo trimestre de 2010 o valor transacionado com cartões de crédito somou R$ 24,761 bilhões, o que corresponde a um aumento de 2,5% em comparação com o primeiro trimestre do ano. Na comparação com o segundo trimestre do ano passado, o resultado ficou 38% acima, pois naquele período o banco movimentou R$ 20,102 bilhões.

O número de contas de cartão de crédito em junho de 2009 era de 23, 708 milhões e saltou para 25,098 milhões no mesmo mês deste ano. O banco ressalta que não inclui cartões adicionais no levantamento.

No concorrente Santander Brasil, a base de cartão de crédito cresceu em 1 milhão apenas nos seis primeiros meses do ano, atingindo mais de 10,7 milhões de unidades em circulação.

De acordo com o banco, dentro da carteira de pessoa física, o cartão de crédito foi o produto que teve o segundo maior incremento no segundo trimestre de 2010: em junho, totalizou R$ 8,8 bilhões, 24% a mais do que 12 meses antes. "Temos buscado entender as demandas dos nossos clientes para desenvolver produtos com mais conveniência", disse Cassius Schymura, diretor executivo da área no Santander.

Para o professor do curso de Administração da ESPM Adriano Gomes, os bancos e as bandeiras de cartão voltarem as atenções para a classe emergente é consequência da realidade brasileira. "Imagine colocar duas vezes a população do Chile com mais dinheiro no mercado: são os 32 milhões de pessoas que subiram para classe C no Brasil", comparou.

Gomes destaca que os bancos se animam quando veem que esta classe apresenta baixo nível de inadimplência nas compras. "Mulheres e jovens são os que mais passam calote. Talvez haja filtros para liberar crédito."

Outro ponto de vista do professor é de que bandeiras como Hipercard e Elo no futuro tornem-se grande alvo das indústrias de cartão. "Os bancos fazem o trabalho de base. Acredito ser natural e previsível uma venda a grupos estrangeiros."

Além disso, a Associação Brasileira de Empresas de Cartões de Crédito (Abecs) projeta que em 2015 o País deve alcançar a marca de 909 milhões de cartões emitidos, um crescimento de quase 45% frente aos 628 milhões estimados em 2010. A associação calcula que, mesmo sem contabilizar os efeitos de Copa e Olimpíadas, o mercado brasileiro de cartões de crédito e de débito deve registrar um aumento de faturamento de R$ 444 bilhões ao fim de 2010 para R$ 1,3 trilhão em 2015.

Pesquisa da MasterCard mostra que somente 46% das pessoas das classes C e D são bancarizadas, o que abre espaço para que bancos e bandeiras de cartão busquem ampliar sua participação nesse mercado.
DC I
 
 
 
 

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