LEGISLAÇÃO

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

COMÉRCIO EXTERIOR - 23/09/2010

Brasil está perto de recorde nas exportações de frango
SÃO PAULO - Impulsionada por tecnologia, a avicultura do Brasil deve bater recorde de exportação em 2010. Estimativa da Safras & Mercado aponta para até o fim do ano um volume total de carne de frango embarcada de 3,864 milhões de toneladas, alta de 6,15% sobre 2009. A produção nacional também segue em ritmo de crescimento, com avanço de 8,33%. Em 2010, o País deve produzir, ainda de acordo com a Safras, 11,969 milhões de toneladas de frango.

Para atender as exigências do mercado internacional, segundo Fernando Henrique Iglesias, analista da Safras, o produtor, especialmente do sul do País, tem investido cada vez mais em tecnologia, matrizes e genética.

Os maiores estados produtores da carne - Santa Catarina, Paraná e o Rio Grande do Sul - são os que mais investem em ganho de produtividade e qualidade. De acordo com Iglesias, o desenvolvimento do setor acompanha a evolução econômica do País. "O aumento na renda puxa o consumo de carne", diz.

Levantamento da Safras mostra ainda que nos meses de julho e agosto as exportações de frango do Brasil foram as mais elevadas do ano. Julho registrou 360,5 mil toneladas de frango exportadas, alta de 13,66% sobre os números do mesmo período em 2009. Agosto teve 347,9 mil toneladas, avanço 15,49% nos embarques ante o registrado no ano anterior. "O recorde de exportação foi em maio de 2008, quando o País enviou 361,4 mil toneladas", afirma.

Para Paulo Figueiredo, engenheiro mecânico e especialista em desenvolvimento de produtos da sueca Husqvarna, os investimentos em mecanização da produção e melhoria na infraestrutura nos aviários aumentam a produtividade, a prevenção de doenças, com consequente redução do custo de produção. A Husqvarna, multinacional especializada no desenvolvimento de tecnologia para o manejo no setor agropecuário, aposta no Brasil com o lançamento do kit aviário, composto pelo Motocultivador TR 430, e duas opções de sopradores, 125BVx e o 356BTx, ambos responsáveis pela higienização da granja.

De acordo com Figueiredo, o uso desses equipamentos impede que calos sejam formados nos pés e peito das aves. "Quando o frango apresenta calos é descartado para exportação", diz.

O investimento de no máximo R$ 8 mil com o kit, segundo Figueiredo, é devolvido em rentabilidade em sete meses. "Os dejetos das aves que são jogados fora, com o kit podem se transformar em composto orgânico para produção de café e laranja", explica.

O preparo do solo, que gira em torno de R$ 4 mil a R$ 4,5 mil, segundo o engenheiro, sem as máquinas deve ser feito a cada quatro ciclos de aves na granja. Com os equipamentos, o solo pode ser refeito a cada sete ou oito ciclos.
Para o analista, o aumento da demanda externa e da produção nacional permite que o Brasil busque mercados, além dos tradicionais países árabes, Japão, China e Rússia. "É preciso buscar países em desenvolvimento, como Indonésia e Índia", diz.

No entanto, de acordo com Ricardo Gouvêa, diretor executivo da Associação Catarinense de Avicultura (Acav), apesar do setor trabalhar na melhoria de mercado, na ponta da cadeia, a rentabilidade não acompanha o movimento altista. "O governo precisa mudar a política cambial."

Ovo fértil
A demanda do mercado externo por ovos férteis para matrizes é uma nova tendência para o setor brasileiro. "Apesar de ainda não possuirmos dados consolidados, a procura por matrizes tem aumentado significativamente", afirma Iglesias.
 DCI - Comércio, Indústria e Serviços



Embarque de milho alcança 3,5 milhões de toneladas
Pela primeira vez neste no ano, as exportações brasileiras de milho superaram 1 milhão de toneladas num mês. Em agosto, foram embarcadas 1,192 milhão de toneladas, 220% mais do que o exportado no mesmo mês do ano passado, conforme números da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), compilados pela consultoria Céleres. No acumulado do ano, as vendas externas totalizaram 3,548 milhões de toneladas, ainda 9,5% a menos do que nos primeiros nove meses de 2009.

Leonardo Sologuren, analista da Céleres, avalia que o aumento do embarque em agosto foi possível graças aos leilões de prêmio de escoamento de produto (PEP), realizados pelo governo para desovar milho do mercado. Foram quase 11 milhões de toneladas do grão com frete subsidiado pelo governo. Boa parte do produto foi direcionada à exportação.

Para o analista, os reflexos da quebra da safra de trigo na Rússia e países europeus ainda não apareceram nos embarques. "Ainda não tem influência do problema lá fora", disse, explicando que os contratos de exportação são fechados com antecedência.

A expectativa é que o impacto apareça a partir deste mês, já que a perspectiva de menor oferta de trigo nesses países produtores puxou o preço dos grãos em Chicago e abriu espaço para o produto brasileiro no mercado. O milho pode substituir o trigo na ração em alguns países.

Diante das exportações de milho aquecidas, os preços do grão tiveram forte alta nas últimas semanas no mercado interno, também efeito da alta lá fora. Segundo levantamento da Céleres, em um mês, terminado no dia 17 de setembro, a saca saiu de R$ 17,00 para R$ 19,30 em Cascavel (PR). Na mesma comparação, o milho teve ganho de 15% em Rondonópolis (MT), para R$ 11,50 a saca. Em Campinas, a valorização foi de 19,5% em um mês.

De acordo com Sologuren, há potencial para os preços subirem mais à medida em que a exportação cresce. A Céleres mantém a estimativa de que os embarques alcancem 8,5 milhões a 9 milhões de toneladas este ano. A previsão da Conab é que as vendas externas alcancem cerca de 9,5 milhões de toneladas de

O analista considera a possibilidade de mais altas em Chicago, onde os contratos de segunda posição já subiram 43,69% desde 30 de junho deste ano, para US$ 5,2125 por bushel. "As lavouras nos EUA estão com nível de produtividade abaixo do esperado", argumentou.
Brazil Modal



Brasil é 9º maior produtor de papel do mundo, diz consultoria

Apesar de uma leve contração na atividade do setor, a indústria brasileira de papel e cartão subiu da 11ª para a 9ª posição entre os maiores produtores desses produtos no mundo, conforme revela um ranking elaborado pela consultoria Risi com base em volumes registrados no ano passado.

A produção brasileira marcou queda de 0,4%, para 9,374 milhões de toneladas, mas subiu no levantamento por conta de retrações mais expressivas apresentadas pelos produtores da França e da Itália, que estavam à frente do Brasil na lista anterior.

Enquanto o volume dos franceses cedeu 11,4%, chegando a 8,331 milhões de toneladas, a produção italiana recuou 10,9%, para 8,449 milhões de toneladas. O ranking é encabeçado pela China, cuja produção de papel cresceu 8,3% no ano passado, para 86,391 milhões de toneladas.

O balanço ainda mostra que a produção brasileira de celulose segue na quarta colocação no ranking global, atrás de Estados Unidos, China e Canadá. No entanto, enquanto os volumes desses países mostraram retração no ano passado, a produção de celulose no Brasil cresceu 7,3% no período, alcançando 13,735 milhões de toneladas.

Segundo dados da Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa), os investimentos no setor são estimados em US$ 20 bilhões nos próximos dez anos, o que inclui a construção e a modernização de fábricas.

No período, a produção anual de celulose deverá avançar de 14 milhões de toneladas para 22 milhões de toneladas. Já a produção de papel subirá 34%, para 12,7 milhões de toneladas, estima a entidade.
Valor OnLine - SP


Importações atingem recorde em agosto

As importações crescentes de aço no país continuam a tirar o sono de empresários do setor. Números divulgados ontem pelo Instituto Aço Brasil (IABr) apontam entrada recorde num único mês, de 562 mil toneladas em agosto. Desse volume, 364 mil toneladas são de laminados planos, como chapas para navios, automóveis e linha branca, de acordo com levantamento do Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda).
Os distribuidores viram as vendas subir magros 1,2% em agosto, para 320 mil toneladas, e seus estoques inalterados em mais de 1,2 milhão de toneladas na comparação com julho. Por conta disso, seus departamentos de compras foram quase proibidos de firmar novos pedidos: apenas os estritamente necessários e com venda garantida. Em agosto, as filiadas do Inda compraram 20% menos e neste mês a previsão é de novo recuo com índice similar.
"Vivemos uma fase de mercado ainda superofertado, com grande presença de material importado", diz Carlos Loureiro, presidente do Inda. A rede responde por cerca de 30% das vendas desse tipo de aço no país. "Não há uma demanda tão rósea quanto se via no segundo trimestre, a qual estimulou muita gente a importar aço".
Segundo Loureiro, importações declaradas dos filiados da rede somaram cerca de 55 mil toneladas. Outras 30 mil toneladas são atribuídas a Usiminas, CSN e ArcelorMittalpara atender pedidos adicionais de clientes como montadoras e linha branca. A grande diferença seria de "tradicionais importadores, como a Aço Cearense, de Fortaleza (CE) e tradings e de novos entrantes nesse mercado", conforme avaliação de especialistas do setor.
Conforme o IABr, entidade das siderúrgicas, as importações totais totalizaram 3,8 milhões de toneladas de janeiro a agosto, com alta de 156% sobre o mesmo período de 2009. A previsão de 4,2 milhões de toneladas de meados do ano deverá ser revisada para cima no fim do mês: para 5 milhões de toneladas.
"O ponto a se destacar no setor hoje é a escalada das importações, além do previsto, favorecidas por vários artificialismos: câmbio valorizado, apostas de tradings e alguns distribuidores, desvio de comércio de alguns países e incentivos fiscais em vários Estados", diz marco Polo de Mello Lopes, presidente do IABr. Segundo ele, 58% do aço internado via portos desses Estados, caso de Santa Catarina.
Como a internação material leva até quatro meses entre o pedido e a descarga dos navios, até novembro deverá continuar um ritmo forte de desembarques no país. "Só vislumbramos uma queda para cerca de 100 mil toneladas mensais - 'um volume considerado aceitável' - a partir de dezembro ou janeiro", diz Loureiro.
Até lá, segundo ele, a estratégia dos filiados do Inda é reduzir ainda mais as compras para ajustar o nível de estoques a 2,6 meses de vendas. "Prevemos fechar o ano com 900 mil a 950 mil toneladas de material estocado, ainda um pouco acima desse patamar de referência". As vendas da rede para o ano, antes estimadas em 4 milhões de toneladas, foram revisadas para 3,8 milhões de toneladas.
Segundo o IABr, o consumo aparente do país em agosto foi de 2,4 milhões de toneladas, somando 18,1 milhões em 2010. A previsão de 25 milhões para todo ano deverá ser revista para cima pela indústria no fim do mês.
Valor Econômico



E no câmbio, quem manda?
O Banco Central, presidido por Henrique Meirelles, continuará a comprar moeda estrangeira "para evitar volatilidade nas cotações", mas avisa que não tem nem meta cambial nem piso para a cotação do dólar.

Enquanto isso, o Ministério da Fazenda, comandado por Guido Mantega, informa que tem, sim, um piso para a cotação do dólar. É aquele abaixo do qual ficará caracterizada a "excessiva valorização do real", seja lá o que isso signifique. E, mais, o Ministério da Fazenda prefere não explicar por que o Fundo Soberano do Brasil (FSB), por meio do Banco do Brasil, está agora autorizado a comprar moeda estrangeira sem precisar indicar previamente como e quando atuará e sob que limites.

Como a decisão de dar a partida para que o FSB comece a operar no câmbio foi tomada pelo seu Conselho Deliberativo, do qual fazem parte o ministro da Fazenda e o presidente do Banco Central, pressupõe-se que as instituições estejam sintonizadas ao menos sobre esse assunto.

Sabe-se, ainda, que o FSB já conta com munição de R$ 17 bilhões e que terá mais o que vier a necessitar, graças a transferências diretas do Tesouro, que, por sua vez, está autorizado a aumentar a dívida pública por meio de emissão de títulos.

Mas as dúvidas são enormes. A primeira delas consiste em saber qual é, afinal, a política cambial do Brasil e qual é a instituição que vai executá-la.

A segunda é se o FSB e o Banco Central atuarão no câmbio coordenadamente ou se também aí prevalecerá o cada um por si. Do ponto de vista imediato, a grande preocupação é a forte entrada de moeda estrangeira destinada ao reforço de capital da Petrobrás. O ministro Mantega avisou que o governo comprará tudo o que entrar no País de maneira a evitar novo mergulho do dólar. Para dar conta do excesso de dólares, falta saber se haverá divisão de tarefas e o que caberá a cada instituição.

Terceira dúvida é o impacto real sobre o câmbio no curto e no longo prazo. Neste momento, o FSB não vai fazer nada de especialmente diferente do que já fazia o Banco Central. Vai comprar dólares, tarefa que o Banco Central poderia executar, com maior ou menor intensidade. Só não vai alocar os recursos comprados na conta das reservas do País.

O FSB tratará de manter os dólares no exterior e fará as transferências que julgar necessárias. Pode repassá-los para o Banco do Brasil ou para o BNDES, que os usarão também lá fora, ou para apoiar a atividade externa das empresas brasileiras ou para financiar as exportações.

Um dos efeitos práticos desse jogo é o de que os ativos do FSB não poderão ser usados para estancar eventual corrida ao dólar, porque os recursos não estarão disponíveis; terão sido emprestados e só voltarão de acordo com o que estiver nos contratos. Ou seja, ainda que passe a ter prerrogativas de executor da política cambial, o FSB não poderá atuar com a mesma desenvoltura do Banco Central se o objetivo da hora for vender dólares.
Finalmente, sabemos que a dívida bruta do Brasil ultrapassou os 60% do PIB e que o País estará sujeito a ondas de desconfiança sempre que novas emissões de títulos puxarem esse nível muito para cima. Isso sugere que tanto o Banco Central (que precisa emitir títulos para esterilizar os efeitos das compras de dólares) como o FSB passarão a operar próximos do limite técnico do endividamento público.
Ainda está dando
Por enquanto, o rombo em Contas Correntes está sendo coberto com folga com entrada de capitais. Mas os números estão inchando e é inevitável perguntar até onde será possível contar com esse financiamento.

Socorro verde-amarelo
Apenas o déficit com remessa de lucros e dividendos atingiu US$ 17,8 bilhões nos primeiros oito meses do ano, quase o dobro do que no mesmo período de 2009. É um indicador de que, ao longo da crise, as filiais brasileiras estão socorrendo suas matrizes em apuros no exterior.
O Estado de S.Paulo



A guerra cambial do Brasil
O Brasil tem cerca de US$ 270 bilhões de reservas e o governo planeja acumular mais um bom volume, agora com o Fundo Soberano jogando em dupla com o Banco Central (BC). A perspectiva de mais dólares no mercado assusta empresários e governo. Se o real continuar em alta, a piora do balanço de pagamentos será mais veloz. O superávit comercial ficou em US$ 12,5 bilhões de janeiro até a terceira semana de setembro - resultado 41,1% inferior ao de um ano antes. O buraco em transações correntes continua a aumentar. Chegou a US$ 31,1 bilhões neste ano, até agosto, e a US$ 45,8 bilhões em 12 meses. Poderá ir a US$ 50 bilhões em 2010 e a US$ 60 bilhões em 2011, segundo as projeções coletadas pelo BC para o boletim Focus. Mas a intervenção no mercado será suficiente para conter a valorização do real? Provavelmente não, até porque a instabilidade do câmbio é um problema global, e não apenas brasileiro.

O propósito, segundo a explicação mais equilibrada, não é defender um piso para o dólar, mas limitar o ritmo de sua depreciação. De vez em quando alguma autoridade confessa a ambição maior - intervir no mercado para conter, de fato, a valorização da moeda brasileira. O objetivo mais modesto pode ser alcançável, mas o saldo comercial continuará a encolher, se a evolução depender só do câmbio.

De toda forma, está descartada liminarmente, pelas autoridades, a ideia de aceitar sem reação o ingresso dos dólares. Essa enxurrada, segundo vários analistas, é o custo do sucesso. Essa frase consoladora, no entanto, não elimina o problema. Atribuir a valorização do real à boa posição relativa do País pode ser bom para o ego, mas ego inflado não cria nem protege empregos.

A principal vantagem da acumulação de reservas tem sido, até agora, a criação de um colchão de segurança. Em 15 de setembro de 2008, quando quebrou o banco de investimentos Lehman Brothers, o Brasil dispunha de US$ 207,6 bilhões. Esse dinheiro serviu para neutralizar as tentativas de especulação e para financiar empresas quando o acesso aos bancos estrangeiros foi fechado. Isso compensou o custo financeiro da manutenção de reservas. Agora, a recessão americana foi declarada extinta, mas o Escritório Nacional de Pesquisa Econômica, responsável pela datação dos ciclos, advertiu: a economia continua fraca e antes de 2013 o emprego não voltará ao nível pré-crise. Com a Europa em dificuldades e riscos financeiros ainda elevados, o cenário internacional permanecerá ruim. Assim, um colchão de segurança ainda poderá ser útil, especialmente se o balanço de pagamentos continuar em deterioração.

O custo da intervenção é mais preocupante quando examinado de outra perspectiva. A acumulação de reservas envolve expansão da dívida pública. Essa consequência seria menos perigosa, se outros fatores já não agravassem o quadro fiscal. O governo tem recorrido a dividendos das estatais para reforçar suas contas. Sem isso, o setor público estaria bem mais longe do superávit primário de 3,3% do Produto Interno Bruto, programado para o ano. Além disso, as autoridades têm recorrido à criatividade contábil, já descrita pela imprensa, para gerar receita não tributária e melhorar sua posição financeira.

Mas o câmbio é apenas parte do problema. Em países muito mais competitivos, como Estados Unidos, Japão e vários europeus, é difícil contornar a desvantagem cambial com a melhora de outros indicadores. No Brasil, ao contrário, a depreciação da moeda serviu por muito tempo para compensar deficiências graves.

O quadro mudou parcialmente. As empresas ficaram mais competitivas nos últimos 15 ou 20 anos, mas continuam prejudicadas por fatores extramuros, como a tributação, os custos logísticos e a energia absurdamente cara. Isso não é tudo. Até para recorrer a medidas de proteção os produtores nacionais estão em desvantagem. Nem eles nem o governo estão equipados para bem aproveitar os mecanismos autorizados pelas normas internacionais.

No caso do Brasil, a intervenção no câmbio é uma resposta muito limitada aos problemas comerciais. Quase certamente produzirá resultados modestos e não impedirá a piora das contas externas - um fator de limitação para o próximo governo. Mas não se deve esperar, a curto prazo, um esforço sério de redução de custos, embora haja ampla margem para isso. Se houver alguma desoneração tributária, será restrita. O governo já decidiu aumentar seus gastos até o fim do ano e mais desperdício está previsto para 2011. Desoneração fiscal para valer não combina com despesa em alta. Resta intervir no câmbio. O passo seguinte poderá ser uma restrição tributária a capitais de curto prazo - se isso não atrapalhar a Petrobrás.
O Estado de S.Paulo


Projeto de usar moedas próprias entre os Brics vai ser retomado
Proposta, que nunca saiu do papel, pode dar maior estabilidade às moedas dos países emergentes no comércio entre si

Diante da ameaça de uma guerra de moedas, o Brasil vai retomar o projeto de usar moedas nacionais para operações de comércio exterior com os países do Bric, grupo que reúne Rússia, China e Índia, além do próprio Brasil. A primeira tentativa será com a Rússia, e pode servir para dar maior estabilidade aos valores das moedas dos países emergentes no comércio entre si.

Para garantir a competitividade de cada economia, governos vêm dando sinais de que não hesitarão em manipular suas moedas e evitar uma sobrevalorização de algumas delas diante do dólar. O problema é que esses sinais têm afetado o setor privado diante da volatilidade do dólar. No caso do uso da moeda local, a estimativa do Brasil é de que pelo menos uma dimensão dessa volatilidade - o uso do dólar - seria superada.

Segundo o embaixador do Brasil em Moscou, Carlos Paranhos, o tema será tratado numa negociação entre os bancos centrais dos dois países no início de outubro, no Rio. "Vamos recolocar o assunto na agenda e tentar um relançamento da ideia."

Apesar do anúncio pomposo feito há um ano pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pelos demais presidentes dos Bric sobre a utilização de moedas nacionais nas exportações, o projeto sofreu atrasos e nunca saiu do papel. Agora, a ideia é retirar o projeto da gaveta.
No caso de Moscou, a resistência veio do próprio governo, que não aceitou a proposta brasileira de que os bancos centrais atuariam como casas de compensação entre as economias. Os BCs agora vão tentar estudar outras formas de garantir a transação.

A princípio, o sistema funcionaria com exportadores russos recebendo em rublos do BC russo por bens vendidos no Brasil. O dinheiro ao BC de Moscou chegaria pelo BC brasileiro, que por sua vez receberia o dinheiro em real de um importador brasileiro. O mesmo ocorreria do lado oposto, permitindo que os BCs atuassem como caixas de compensação. Para Moscou, o uso do BC como intermediário de todas as operações não funcionaria nem seria desejável.
Impacto positivo. Para o governo brasileiro, a medida poderia ter impacto positivo para as exportações. Segundo Paranhos, 60% das exportações de carne do Brasil vão para a Rússia. Em 2008, o comércio bilateral havia atingido US$ 8 bilhões, mas caiu para pouco mais de US$ 4,5 bilhões em 2009 com a crise e com a contração da economia russa. Para 2010, Paranhos acredita que o volume de comércio volte a US$ 6 bilhões.

O uso de moedas nacionais poderia dar nova confiança ao setor privado, segundo o governo. Mas o projeto do uso da moeda nacional enfrenta problemas também com outros parceiros emergentes. Um deles é a competitividade. Setores industriais no Brasil temem que os chineses possam se aproveitar do acordo de comércio na moeda local para aumentar ainda mais suas vendas ao mercado nacional. Nos últimos anos, o Brasil vem adotando várias medidas de restrição às importações chinesas.
Outro problema é o impacto que acordos de substituição do dólar teriam para o próprio valor da moeda. Os quatro países do Bric contam com reservas de US$ 2,7 trilhões, e uma perda de credibilidade do dólar afetaria as próprias reservas.
O Estado de S.Paulo



As contas externas serão o maior problema em 2011
O Banco Central (BC) está prevendo para este ano um déficit de US$ 49 bilhões nas transações correntes do balanço de pagamentos e, para o próximo ano, de US$ 60 bilhões. É provável que o déficit em 2010 seja maior (teria de ficar abaixo de US$ 1,55 bilhão, mensalmente). E, quanto a 2011, é necessário lembrar que a conta financeira - que até agora, com US$ 54,5 bilhões, cobriu largamente o déficit de US$ 31,1 bilhões até agosto - pode não compensar o déficit no próximo ano.

O déficit em transações correntes depende do resultado da balança comercial e da conta de serviços e renda, na qual predominam as remessas de lucros e dividendos. Para cobrir esse déficit, conta-se com a entrada de Investimentos Estrangeiros Diretos (IEDs) e com aplicações externas no mercado de ações e em renda fixa.

O resultado da balança comercial no próximo ano vai depender da taxa cambial, e é incerto o efeito da intervenção do Fundo Soberano e da conjuntura internacional, que deverá continuar pouco favorável, sobre o câmbio. As remessas de lucros e dividendos crescem com o estoque de capital estrangeiro. Nos oito primeiros meses do ano, somaram US$ 17,9 bilhões, mais do que o saldo líquido de IEDs (US$ 15,9 bilhões).

Por isso o BC está prevendo, com realismo, um déficit de US$ 60 bilhões. Menos realista, no entanto, é a previsão de que a conta de capital poderá cobrir o déficit das transações correntes. Isso nos leva a analisar como foi possível cobrir o déficit nos oito primeiros meses do ano.

A cobertura saudável se faz com os IEDs, que até agosto cobriram apenas 54,7% do déficit das transações correntes. Para o próximo ano o BC está prevendo uma entrada de IEDs de US$ 45 bilhões (33% a mais do que foi a previsão deste ano). A cobertura suplementar vem dos investimentos em carteira (ações e títulos de renda fixa), que até o final de agosto somaram US$ 34,9 bilhões e cuja previsão para 2011 é de US$ 36 bilhões. Trata-se de operações muito voláteis, que dependem essencialmente da taxa cambial, da remuneração das ações e dos juros oferecidos. Nada permite pensar que as vantagens oferecidas atualmente pelo Brasil, em termos de juros, continuarão. E tudo indica que teremos de liquidar grande parte dessas operações especulativas.

Por fim, há que acrescentar as amortizações de empréstimos de médio e de curto prazos, que somaram até agora US$ 20,7 bilhões e que o BC estima em US$ 30 bilhões no próximo ano - que nos parece uma subestimativa, levando em conta o aumento da dívida externa bruta.
O Estado de S.Paulo




Premiê japonês alerta sobre possibilidade de mais ação no câmbio
O primeiro-ministro do Japão, Naoto Kan, disse que o país está pronto para agir novamente se o iene se mover muito rapidamente.

O Japão interveio no mercado cambial na semana passada, vendendo ienes pela primeira vez em mais de seis anos depois de a moeda atingir pico em 15 anos ante o dólar.

Em entrevista ao "Financial Times" desta quarta-feira, Kan disse que uma intervenção cambial seria inevitável se houver uma mudança drástica na taxa do iene.

Operadores disseram que o iene ainda está abaixo do patamar que levaria a uma nova intervenção, mas acrescentaram que mais vendas não podem ser descartadas.

Kan, que está viajando a Nova York para uma reunião da Assembleia Geral das Nações Unidas, disse que há um acordo entre os países do G20 de que movimentos cambiais muito rápidos são indesejáveis, e acrescentou que irá defender a ação do Japão de intervir no mercado.
Folha de São Paulo



Pressionar China sobre yuan não funcionará, diz Amorim
O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, rechaçou nesta terça-feira pedidos dos Estados Unidos para um aumento na pressão internacional a favor da valorização do yuan, ao dizer que tal estratégia não funcionará.

"Acho que essa questão de pressão não funciona. Acho que essa ideia de colocar pressão sobre um país não me parece que seja o caminho para soluções", disse Amorim à Reuters após se reunir com colegas das nações do Bric (bloco formado por Brasil, Rússia, Índia e China).

Amorim acrescentou que um dólar mais fraco é parte do problema e sugeriu que a coordenação política é o caminho certo para lidar com as questões cambiais.
"Nós temos uma boa coordenação com a China e temos conversado com a China. Não podemos nos esquecer de que hoje ela é o nosso principal cliente", completou.
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, tem acusado o país asiático de não fazer o suficiente para valorizar o yuan, dando aos manufatureiros chineses uma vantagem injusta no comércio global.
O secretário de Tesouro norte-americano, Timothy Geithner, disse na semana passada que vai conclamar as forças globais para pressionar a China por reformas cambiais e comerciais na próxima reunião do G20 na Coreia do Sul, em novembro.
A China reagiu fortemente ao discurso mais duro, dizendo que a apreciação do yuan não pode resolver o deficit comercial norte-americano. O movimento ocorre antes das eleições para o Congresso dos Estados Unidos, em novembro.

O yuan subiu ante o dólar na terça-feira pelo nono dia seguido --maior série de ganhos desde julho de 2005.
Folha de São Paulo


Zapatero diz que crise da dívida já terminou na Europa
O primeiro-ministro espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, considera que a crise da dívida na Espanha e na Europa já terminou, afirmação publicada nesta quarta-feira pelo "The Wall Street Journal".
"Creio que a crise da dívida que afetava a Espanha e a zona do euro de maneira geral passou", declarou o chefe do Executivo espanhol, em entrevista ao diário financeiro.
Para Zapatero, uma das conclusões que devem ser tiradas das turbulências que abalaram os mercados europeus nestes últimos meses é que a União Europeia "precisa de mais convergência para recuperar a competitividade, e de princípios mais fortes para concretizar políticas econômicas e fiscais equilibradas".

Zapatero defendeu o programa de austeridade e as reformas empreendidas por seu governo, lembrando que um de seus objetivos é reduzir os gastos dos ministérios entre 15% e 16% até o ano que vem.

A situação econômica da Espanha foi motivo de grande preocupação nos mercados no primeiro semestre de 2010, levando a um aumento dos juros pagos pelas obrigações do Estado espanhol.

Desde então, porém, a confiança parece ter sido restabelecida, e os bancos voltaram a conceder empréstimos no mercado interbancário, ao mesmo tempo em que as emissões de obrigações da Espanha voltaram a ter boa procura nestas últimas semanas.
Folha de São Paulo



Europa aprova plano para reforçar vigilância do setor financeiro
A Câmara da União Europeia aprovou nesta quarta-feira um projeto emblemático para reforçar a supervisão financeira, que prevê especialmente a criação de três agências supranacionais que vigiarão os bancos, em uma votação que encerrou mais de um ano e meio de negociações.
Reunidos em sessão plenária em Estrasburgo, os eurodeputados aprovaram o projeto que pretende aproveitar as lições da última crise financeira mundial e evitar novas falências dos bancos.

A reforma, que segue os passos de uma iniciativa similar adotada nos Estados Unidos, entrará em vigor no dia 1º janeiro e prevê, em particular, a criação de três novas agências europeias responsáveis por vigiar os bancos, as seguradoras e os mercados.

Os organismos controlarão o setor financeiro nos 27 países da União Europeia e poderão proibir, em determinados casos, os produtos financeiros considerados muito perigosos. Até o momento, apenas as entidades nacionais gozavam destas prerrogativas.

A reforma prevê ainda a criação de um Comitê Europeu de Risco Sistêmico para alertar as autoridades nacionais quando detectar problemas importantes para a estabilidade financeira.
Folha de São Paulo



Cooperação entre Brasil-EUA tem avançado rapidamente, avalia Miguel Jorge
Washington, (D.C.) - O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, disse nesta terça-feira, durante a cerimônia de abertura da 2a Conferência de Inovação Brasil- Estados Unidos, promovida pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), que o resultado da cooperação entre os dois países tem avançado rapidamente e tem muito a progredir.
“Essa conferência é uma iniciativa fundamental nesse sentido (de aprofundar as relações entre os dois países). Os Laboratórios de Aprendizagem em Inovação, feitos desde 2007, permitiram novas parcerias e consolidaram sólidas redes de relacionamento, abrindo espaço para importantes negócios bilaterais”, afirmou o ministro.

Jorge citou a extensão do acordo firmado entre os dois países em junho para resolver a disputa em torno dos subsídios americanos ao algodão como um dos principais resultados dessa cooperação. O Brasil ganhou na Organização Mundial do Comércio (OMC) o direito de impor sanções a produtos americanos em mais de US$ 800 milhões, mas o acordo feito entre os dois governos evitou a imposição de retaliações.
O ministro lembrou ainda que o aumento da validade dos vistos de trabalho e turismo de cinco para dez anos e no número de voos entre os dois países também mostram como o relacionamento com os Estados Unidos tem avançado. Há acordos também na área de metrologia e pesquisas de saúde.

A representante adjunta para o Comércio dos Estados Unidos, Miriam Sapiro, afirmou que o atual governo americano “está interessado numa relação bilateral com novo tom, em que os dois países trabalhem juntos para identificar soluções mútuas e benéficas”. Segundo Sapiro, a cooperação está baseada na democracia, comércio e estabilidade regional.
MDIC



Brasil é prioridade na política externa americana
Washington, D.C. 22/09/2010 - O vice-secretário de Estado do governo Americano, James Steinberg, disse nesta terça-feira (21), durante almoço na 2a Conferência de Inovação Brasil-Estados Unidos, que a relação com o Brasil é uma das prioridades na política externa do governo Obama.

De acordo com o secretário, as várias viagens da secretária de Estado Hillary Clinton para a América Latina e a participação do presidente Barak Obama na reunião de cúpula das Américas mostram a importância atribuída pela administração ao relacionamento com a região.

Steinberg elogiou os resultados alcançados pelo Brasil em reduzir a pobreza e a liderança do país durante a crise econômica internacional, um dos criadores do G-20, grupo que passou a incluir países em desenvolvimento nas discussões de líderes internacionais.
“Não é preciso enfatizar o quanto a inovação é essencial para o crescimento de longo prazo. É crucial para que possamos superar os desafios atuais, desde as mudanças climáticas até armas de destruição em massa”, disse Steinberg, que foi o palestrante durante o almoço.

Barral diz que “governos querem ouvir o setor produtivo”
Os governos americano e brasileiro esperam ouvir sugestões e demandas dos empresários e acadêmicos que estão participando da 2a Conferência de Inovação Brasil-Estados Unidos, de forma a contribuir para as políticas dos dois países.

Em painel realizado durante a 2a Conferência de Inovação Brasil-Estados Unidos, o secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Welber Barral, disse que encontros bilaterais como esse são “importantes para coletar demandas e incorporá-las às próximas discussões entre os governos”.

O mesmo foi dito pelo subsecretário para Comércio Internacional do Departamento de Estado, Francisco Sanchez, que considerou uma chance para que os governos possam se informar sobre as demandas do setor privado.

Para Barral, a relação entre Brasil e Estados Unidos não pode se limitar apenas a temas comerciais. O esforço dos dois governos tem se traduzido no “Commercial Dialogue”, uma série de reuniões bilaterais que procuram resolver as eventuais disputas, mas também coordenar a ação de outras agências dos dois governos.

Os dois principais focos das discussões têm sido a simplificação nas fronteiras dos países e o estabelecimento de padrões para áreas como o etanol. Mas a agenda Brasil-Estados Unidos também inclui ações na área de biotecnologia, serviços, propriedade intelectual e facilitação de comércio.

Encerrada nesta terça-feira (21), a 2a Conferência de Inovação Brasil-Estados Unidos foi resultado de uma parceria da ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial), com o MBC (Movimento Brasil Competitivo) e o Conselho de Competitividade dos Estados Unidos (Council on Competitiveness).
MDIC

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