O Brasil está certo em conter a alta do real
A compra de dólares do Banco Central para o Fundo Soberano do Brasil (FSB) foi vista como algo inevitável pelo economista Nouriel Roubini, professor da Universidade de Nova York e cofundador do site Roubini Global Economics.
"Talvez o real esteja forte demais, sobrevalorizado, e isso afeta a competitividade das exportações", afirmou à Agência Estado após jantar com economistas e analistas de mercado em Nova York. Segundo ele, não importa se a compra de dólares é feita de maneira direta ou não: "É tudo a mesma coisa. O BC está tentando conter maior apreciação (do real) para evitar excesso de liquidez para não ferir a economia. Éé algo que tinha que ser feito."
Otimismo com o Brasil
Em meio a tantas projeções nebulosas para a economia dos Estados Unidos, Europa e Japão, Roubini salientou, respondendo à uma pergunta da Agência Estado, que o "Brasil é uma das histórias de sucesso entre os emergentes" e está otimista, mesmo tendo ponderado que com uma maior desaceleração global, o crescimento do País deve ser "levemente menor" dos que os 7,5% estimados para este ano.
"Estou bem otimista em relação ao Brasil. É preciso dar crédito ao Lula , que fez a coisa certa", afirmou, citando os avanços no cenário macroeconômico, a autonomia do Banco Central no controle da inflação e o superávit primário como conquistas dos últimos anos.
Roubini observou, porém, que o Brasil precisa avançar em reformas, como a tributária e a trabalhista. "O cenário macroeconômico pode estar sólido, mas é preciso avanços na direção de reformas estruturais. Não temos visto praticamente nada nesse sentido", disse.
"A questão será saber se com o novo presidente do Brasil, que deve ser Dilma Rousseff, essas reformas serão postergadas ou não. Acho que isso é o fator chave para manter alto o crescimento do PIB. E é claro que será preciso ter cautela no lado fiscal, para não ser muito expansionista nos gastos", concluiu.
Duplo mergulho
Para Roubini, a zona do euro não terá duplo mergulho na recessão pelo fato de continuar em recessão: "O PIB está contraindo na Espanha, Grécia e Irlanda, enquanto dois outros países, Portugal e Itália, mal estão conseguindo crescer. Então, o que temos é uma continuação da primeira recessão da qual esses países não conseguiram sair."
O Estado de S. Paulo
BC muda metodologia para definir o dólar Ptax
O diretor de Política Monetária do Banco Central (BC), Aldo Luiz Mendes, anunciou ontem (23) que a partir de 1º de julho do ano que vem entrará em vigor uma nova metodologia de cálculo da taxa Ptax, que é a média ponderada das cotações de compra e venda diária do dólar e serve de parâmetro para liquidação de contratos futuros de câmbio na Bolsa de Mercadorias.
De acordo com a Circular nº 3.506, divulgada pelo diretor do BC, a taxa Ptax será a média aritmética de quatro consultas a serem feitas diariamente às instituições credenciadas para operarem com câmbio, conhecidas como dealers. As consultas serão de hora em hora, entre as 10h e as 13h e serão informadas ao mercado dez minutos depois de cada coleta de dados. Ao final de tudo, o BC dará a taxa média.
Hoje, a Ptax é a média ponderada das taxas de compra e venda do dólar ao longo do dia, no mercado à vista, e só é divulgada às 17h30. Com a alteração, Mendes diz que o BC procura modernizar o mercado de câmbio com um sistema de cálculo mais representativo, nos termos da taxa Libor do mercado de Londres, ao mesmo tempo em que será conhecida mais cedo.
A implantação da nova metodologia se dará de forma lenta, segundo Mendes. As operadoras de câmbio terão prazo até o dia 21 de janeiro de 2011 para se adaptarem à alteração. A partir de então começará a fase de homologação da mudança até final de junho, de modo a que a nova sistemática passe a funcionar no dia 1º de julho.
Mendes afirmou que a mudança "não terá efeito prático". A intenção, acrescentou, "é fazer com que o mercado à vista de câmbio ganhe mais importância do que tem hoje", uma vez que o mercado futuro tem muito mais liquidez e concentra a maioria das operações. A rigor, disse ele, "nem precisaríamos ter uma Ptax", pois o BC tem um sistema interno de acompanhamento que recebe e registra todas as operações. "É um filtro de tudo."
Agência Brasil
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