Investimento volta, mas para fusões e aquisições
O fluxo de investimentos diretos estrangeiros (IDE) pode subir até 25% neste ano, mas sua recuperação está se concentrando no aumento de fusões e aquisições, enquanto os recursos destinados a projetos inteiramente novos (greenfield) ainda não voltaram ao nível pré-crise.
Essa foi a avaliação na conferência da Associação Mundial das Agências de Promoção de Investimentos (Waipa, na sigla em inglês), que reúne instituições de 162 países e é presidida pelo brasileiro Alessandro Teixeira, da Apex. "A recuperação vai ser lenta e ainda precisaremos de um ou dois anos para alcançar o patamar de 2007", disse Beatriz Nofal, presidente da Prosperar, a agência argentina.
De acordo com a Waipa, o fluxo de IDE caiu 14% em 2008 e mais 39% em 2009, quando chegou a US$ 1,04 trilhão. A expectativa de Teixeira é que os recursos atinjam de US$ 1,2 trilhão a US$ 1,3 trilhão em 2010. Para ele, a boa novidade é que "os países latino-americanos estão atraindo melhores investimentos, e não apenas aqueles dirigidos ao beneficiamento de recursos naturais". O presidente da Apex mencionou que o Brasil está recebendo fábricas ou centros de pesquisas de multinacionais como IBM, General Electric e Research in Motion (RIM), a fabricante do celular BlackBerry.
Já o governo espera receber pelo menos 40% a mais de investimentos estrangeiros, na comparação com o ano passado. Em 2009, segundo a Prosperar, o IDE foi de US$ 4,9 bilhões. "Ainda estivemos melhor do que a média da década de 90, descontando as privatizações, quando o fluxo era de US$ 4,8 bilhões", comparou Nofal.
A executiva estima que o país vizinhos receberá investimentos entre US$ 7 bilhões e US$ 8 bilhões neste ano, fazendo a Argentina recuperar posições no ranking de IDE da América do Sul - ela ficou atrás não só do Brasil, mas do Chile e da Colômbia nos últimos anos, com fluxo próximo ao recebido pelo Peru.
Nesta semana, a Volkswagen anunciou um investimento de US$ 155 milhões na produção de caixas de câmbio, em Córdoba. Isso será suficiente para abastecer 1,3 milhão de veículos por ano. "O crescimento do Brasil vai ser um grande motor dos investimentos em toda a região", disse Nofal. Para ela, deve-se dar mais importância à atração de investimentos da China e do Oriente Médio. Teixeira concordou, mas lembrou: "A despeito da expansão chinesa, a União Europeia e os Estados Unidos ainda representam 62% da emissão de IDE em todo o mundo".
Valor Econômico
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