LEGISLAÇÃO

quarta-feira, 21 de julho de 2010

COMERCIO EXTERIOR - 21/07/2010

Problemas no comércio Venezuela-Brasil
Os críticos das relações entre Brasil e Venezuela raramente levam em conta a importância assumida pelo mercado venezuelano durante o governo Hugo Chávez, que tem garantido repetidos superávits de comércio e freguesia certa aos exportadores brasileiros.

Só neste ano, os brasileiros já venderam à Venezuela uma quantia superior a US$ 1,3 bilhão a mais do que o Brasil comprou daquele país. Mas um olhar mais atento às estatísticas mostra alguns problemas nesse superávit, que tem servido de argumento ao governo brasileiro para defender a política em relação à administração Chávez.
Há uma perda de fôlego no mercado venezuelano, que, no primeiro semestre, caiu de oitavo a 12º na lista de principais importadores de mercadorias do Brasil. E, pior, a política de controle de câmbio e de substituição de importações venezuelana tem barrado cada vez mais produtos brasileiros de maior valor agregado, em favor de produtos de primeira necessidade, especialmente alimentos, necessários para combater as pressões inflacionárias e o desabastecimento provocados na Venezuela pelo conflito entre Estado e investidores privados.

Entre os dez principais produtos importados pelos venezuelanos ao Brasil, sete são alimentos, em forma primária ou semi-industrializada, que correspondem a mais de 40% do total das compras feitas pelo país vizinho a fornecedores brasileiros. Computados os 20 principais produtos da pauta de exportações brasileira à Venezuela, esse tipo de produto de baixo valor agregado ocupa mais da metade dos itens, e 46% do total das vendas ao país andino. São produtos como bovinos vivos (há restrições à compra de carne fresca), açúcar em bruto, xarope para bebidas, café cru, milho, ovos, óleo de soja.

A Venezuela, com ligação rodoviária direta à Zona Franca de Manaus, já foi um dos principais mercados para os telefones celulares produzidos no Brasil. No primeiro semestre deste ano, ainda importou quase US$ 18 bilhões de fornecedores brasileiros, mas esse valor equivale a uma queda de impressionantes 80% em relação aos mais de US$ 90 bilhões importados no mesmo período do ano passado.

Os celulares são o exemplo mais notável da perda de qualidade, em termos de valor agregado, na demanda venezuelana por produtos brasileiros - consequência direta do esforço do governo Chávez para produzir em solo venezuelano, em muitos casos em empresas estatais, os manufaturados antes importados de países como a Colômbia e, mais recentemente, do Brasil.

No primeiro semestre, em relação ao mesmo período de 2009, as exportações, para lá, de óleo de soja refinado caíram 85%, enquanto subiram 60% as vendas de óleo de soja em bruto. As vendas de açúcar em bruto explodiram 670%, as de carnes bovinas desossadas e congeladas, 40%. Depois de crescer de maneira constante, após um salto de mais de 130% em 2004, as exportações de manufaturados à Venezuela caíram quase 9% em 2008, pouco menos de 33% em 2009 e 20% no primeiro semestre de 2010, em relação ao mesmo período do ano passado.

É uma queda desigual e ainda há setores capazes de mostrar, isoladamente, bons negócios com a Venezuela. Na lista de 50 principais produtos de exportação ao país de Hugo Chávez, alguns dos melhores índices de crescimento são para produtos sofisticados, bens de capital como elevadores e monta-cargas (360% no primeiro semestre) e outras máquinas e aparelhos para avicultura (mais de 590%), ou partes e peças automotivas, como eixos de transmissão (85%). A venda de absorventes cresceu mais de 400%, para quase US$ 3,5 milhões, mas a de barbeadores não elétricos caiu mais de 40%.

Mais que um padrão de mercado, as oscilações no comércio com a Venezuela seguem o humor dos administradores estatais do comércio, ao sabor das dificuldades nas contas externas venezuelanas e da crise de desabastecimento local. Não é um modelo de comércio que estimule investimentos de longo prazo dos exportadores, nem o padrão que o Brasil desejaria ter com seus principais mercados, nem com a vizinhança sul-americana.
NewsComex



Exportação de frango do Brasil supera os US$ 3 bi no semestre
A União Brasileira de Avicultura (Ubabef) ampliou de 10% para 15% a projeção de crescimento das receitas com exportações de carne de frango do país neste ano em comparação com os US$ 5,814 bilhões apurados em 2009. A revisão foi provocada pelo desempenho acumulado no primeiro semestre, que apresentou alta de 15,36% sobre o mesmo período do exercício passado, para US$ 3,111 bilhões, informou ontem o presidente executivo da entidade, Francisco Turra.

De acordo com ele, para retornar aos patamares pré-crise o faturamento das exportações do setor deveria crescer 20%. Mesmo assim, o resultado do semestre já reflete a recuperação parcial dos preços médios do produto no mercado internacional, que haviam caído 19% de 2008 para 2009 e agora registraram alta de 15,5% sobre os seis primeiros meses do ano passado, para US$ 1.723 a tonelada. Em volume, os embarques de janeiro a junho tiveram ligeira queda de 0,12%, para 1,805 milhão de toneladas.

Depois da união da Associação Brasileira dos Exportadores de Frango (Abef) com a antiga União Brasileira de Avicultura (UBA), em abril, a nova entidade também divulgou ontem pela primeira vez os dados sobre as exportações de outras aves como perus, patos e gansos, que somaram mais US$ 289,9 milhões e 125,9 mil toneladas. Já os embarques de ovos in natura e processados recuaram 14,5% em volume no semestre, para 16 mil toneladas, e aumentaram 7,73% em valor, para US$ 23,3 milhões.

Entre os mercados mais importantes para o frango brasileiro, a China foi o que mais aumentou as compras no semestre, passando de 652 toneladas em 2009 para 48,9 mil toneladas. Conforme Turra, os chineses efetivamente passaram a importar o produto do Brasil em agosto passado, depois de uma visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao país. Antes as vendas para aquele mercado eram feitas via Hong Kong, que agora, com a mudança, deixou de comprar 46,1 mil toneladas e ficou em 175,2 mil toneladas.

Segundo maior importador do Brasil (atrás apenas da Arábia Saudita, que cresceu 8%, para 249,1 mil toneladas), a União Europeia reduziu as compras em 19% (ou 49 mil toneladas) no semestre, para 206,1 mil toneladas, devido aos efeitos da crise econômica no continente e a medidas protecionistas contra a carne brasileira, explicou Turra.

Conforme o diretor de mercados da Ubabef, Ricardo Santin, o conselho deliberativo da entidade deve reunir-se em até 15 dias para decidir se encaminha ao Itamaraty o pedido de abertura de painel contra a UE na Organização Mundial de Comércio (OMC).

A queixa é contra a mudança na legislação europeia sobre carne fresca ("fresh meat"), que desde maio determina que todo o frango importado congelado deve ser vendido congelado no continente. O Brasil só exporta este produto para as preparações a partir de carne cozida e por isso os embarques poderão ser prejudicados.

"Queremos que a UE adote a etiqueta ’feito com carne previamente congelada’, como já acontece com os peixes, suínos e carne bovina", explicou Santin. Segundo ele, a Europa também pretende desconstituir acordos referentes a oito linhas de produtos cozidos submetidos a regimes de cotas com redução tarifária, o que não é aceito pela Ubabef.
Canal do Transporte

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