LEGISLAÇÃO

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Transporte rodoviário e o container no mercado interno

Samir Keedi
O container é um equipamento cada vez mais importante para o comércio exterior. Sua importância cresce a cada dia com sua utilização. E parece caminhar para, nos próximos anos, abarcar toda a carga geral disponível para transporte internacional.

Quem acompanha e trabalha no métier, percebe o crescimento da importância dessa fantástica unidade de carga, criada em 1956 por Malcom McLean. Hoje o mundo movimenta mais de 500 milhões de TEUs (Twenty Feet or Equivalent Unit) – unidades de 20 pés ou equivalente, sendo que cada pé mede 30,48 cm.

Assim, está clara a importância dessa unidade e de sua transformação na vedete do transporte e da logística. E a conteinerização é, sem dúvida, a mais eficiente forma de movimentação, armazenagem, transporte de mercadorias. Por consequência, a unidade natural para a logística, tendo praticamente apenas vantagens. Em especial rapidez e segurança. Assim, não há justificativa para ser mantida restrita ao mercado internacional.

Uma forma de melhoria da nossa logística interna seria a utilização desse equipamento no próprio mercado interno. O transporte direto pelo veículo rodoviário tem sido eficiente, e usado há décadas, e não pode ser considerado inadequado. Obviamente, enquanto focado apenas no seu uso e necessidade. Claro que não estamos comparando-o com outros modos de transporte, que aí sim podemos apontar restrições já que existem alternativas.

Mas, mesmo assim, ainda podemos e devemos tornar o transporte rodoviário mais eficiente. Com ganhos logísticos para toda a cadeia, se ele for aliado ao container. Como já ocorre no comércio exterior. No envio da mercadoria para o mercado externo, a união logística desses dois equipamentos ajuda muito, no sentido que a mercadoria já sai unitizada do local de produção. E não há qualquer razão para que isso não ocorra também internamente.

Se o container se tornasse também um símbolo do transporte interno, poderíamos mudar a forma de fazer logística. Uma das vantagens que podemos apontar é o da redução da estadia dos veículos nos locais de entrega das mercadorias. Com sua rápida liberação, ao invés de se manter o veículo por horas ou dias no local de entrega. Deixaríamos apenas o container. Essa, no entanto, seria uma solução para quem tivesse um stacker (empilhadeira de containers) em suas dependências. Para retirar a unidade do veículo e colocá-la no chão e vice-versa.

A falta do stacker nos domínios do comerciante pode ser suprida pelo transportador, se ele tiver em sua frota o sidelifter. Seus ganhos poderão ser compensadores com esse equipamento. O sidelifter é um semirreboque com guindaste próprio para autoembarque, autodesembarque, empilhamento até a segunda altura, transferência entre veículos etc. Ele permite ao transportador deixar a unidade de carga para ova ou desova. E, assim, utilizar seu equipamento em outros transportes. E não inutilizando a unidade completa como ocorre hoje com a carreta comum.

Quando não estivessem disponíveis o stacker e o sidelifter, a solução seria deixar o semirreboque. Mas com a liberação do cavalo-mecânico. Só em último caso a carreta completa. Acreditamos que isso traria uma redução geral nos custos de estadia. Em face da utilização de um equipamento com baixo custo de fabricação, como é o caso do container, mesmo importado.

Se criássemos nossas próprias unidades produtoras desse equipamento, seria o ideal. Poderíamos produzi-los também para nossos armadores, e para venda aos armadores estrangeiros. Criando-se, por meio da quantidade, a economia de escala necessária para termos um preço competitivo. O que não ocorre hoje, já que o nosso custo de produção apenas para a navegação seria muito alto. E isso já foi constatado por uma fábrica de containers que tínhamos em Santos há algum tempo.

Poderíamos concorrer com os chineses, que hoje produzem mais de 90% dos containers no mundo. E poderiam ser produzidos pelas nossas próprias fábricas de produção de semirreboques. Já temos as fábricas, aço e mão de obra sobrando, podendo ser treinada. E, de preferência, reduziríamos ao mínimo os semirreboques para carga solta. Utilizaríamos apenas containers ao longo do tempo.

Teríamos, com isso, um novo tempo para o modo de transporte rodoviário de carga, numa aliança quase natural com o maravilhoso container.
Samir Keedi - Economista com especialização na área de transportes internacionais.
Aduaneiras

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