LEGISLAÇÃO

quinta-feira, 29 de julho de 2010

COMÉRCIO EXTERIOR -29/07/2010

Árabes importam mais máquinas do Brasil
O Brasil aumentou as exportações de máquinas no primeiro semestre deste ano sobre o mesmo período de 2009 e pelo menos quatro países árabes tiveram colaboração no desempenho. As vendas externas do setor avançaram 6,5% no período, para US$ 4,04 bilhões, e entre os países que aumentaram suas compras estiveram os árabes Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Argélia e Sudão. Os quatro fazem parte da lista dos 50 maiores importadores de máquinas brasileiras no semestre, juntamente com o Egito, que diminuiu as compras.

Os sauditas estiveram na 24º colocação como importadores de máquinas brasileiras entre janeiro e junho deste ano e gastaram US$ 33,7 milhões contra US$ 13,2 milhões nos mesmos meses de 2009. Os Emirados estiveram no 31º lugar, com US$ 22,9 milhões contra US$ 16,8 milhões, a Argélia ficou em 32ª posição no ranking, com US$ 21,8 milhões sobre US$ 8,6 milhões, e o Sudão importou US$ 7,9 milhões contra US$ 6,2 milhões, em 48º lugar. O Egito foi o 42º importador, mas as compras caíram de US$ 15,8 milhões para US$ 12,3 milhões.

De acordo com o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Luiz Aubert Neto, o mercado árabe compra principalmente máquinas e implementos agrícolas do Brasil. "E agora estamos começando a vender máquinas para o setor de petróleo e gás", afirma Neto, complementando que, no mundo árabe, a Argélia está começando a comprar máquinas para este setor de fábricas brasileiras.

Os principais compradores de máquinas brasileiras, no primeiro semestre deste ano, foram Estados Unidos, com US$ 647 milhões, seguidos de Argentina, México, Holanda e Chile. Estados Unidos e Argentina, no entanto, diminuíram as compras sobre os mesmos meses de 2009 enquanto México, Holanda e Chile compraram mais. O maior aumento, entre os cinco, aconteceu nas vendas para o mercado chileno, que cresceram 53% para US$ 191 milhões.

Apesar do aumento das exportações, o setor não está satisfeito com o desempenho no mercado internacional. Neto lembra que o aumento das vendas externas ocorreu sobre 2009, que foi um ano muito ruim. "Qualquer coisa comparada a 2009 vai haver acréscimo", disse. De acordo com a Abimaq, sobre o primeiro semestre de 2008, por exemplo, houve uma queda de 24,6% nas exportações. Em 2008, a indústria brasileira de máquinas e equipamentos teve receita de US$ 5,3 bilhões. Em 2009, essa receita ficou em US$ 3,7 bilhões.

O presidente da Abimaq afirma que o câmbio vem tirando a competitividade do segmento no mercado externo. Em contrapartida, as importações vêm crescendo aceleradamente. Entre janeiro e junho deste ano o Brasil comprou no exterior US$ 10,6 bilhões em máquinas, com acréscimo de 14,6% sobre os US$ 9,2 bilhões do mesmo período do ano passado. Os Estados Unidos são os maiores fornecedores, a Alemanha é o segundo e a China o terceiro. A China, no entanto, deve passar a Alemanha até o final do ano, de acordo com Neto.
Brazil Modal



Importação já alcança exportação na indústria
Depois de ser 66% maior há cinco anos, o valor das exportações da indústria se igualou ao valor importado pelo setor no primeiro semestre deste ano, em dados compilados pela UFRJ que desconsideram o comércio exterior de petróleo. De janeiro a junho deste ano, as exportações superam as importações em apenas 0,4%. O tombo de 66 pontos percentuais em cinco anos indica que o país está comprando bens mais caros do exterior e vendendo produtos mais baratos, além de representar uma queda no volume embarcado para outros países.

O desempenho da indústria, especialmente a que produz bens de maior conteúdo tecnológico, influencia o derretimento do saldo comercial brasileiro, que alcançou superávit de US$ 46,5 bilhões, em 2006, e hoje, conforme estimativa do governo, deve ficar abaixo de US$ 20 bilhões. O tombo nos valores exportados pela indústria tradicional foi ainda mais forte: 87 pontos percentuais em cinco anos.

Parte do aumento das importações, no entanto, serve à indústria como modernização, uma vez que alguns insumos adquiridos do exterior não contam com equivalentes nacionais. A derrocada do saldo conta também com uma parcela da fatia produzida que deixa de ser embarcada ao exterior para ser vendida no mercado doméstico, que aumentou de tamanho nos últimos cinco anos.

Segundo estudo que está sendo realizado pelo grupo de indústria da UFRJ, a perda de dinamismo da indústria no comércio exterior é generalizado, atingindo desde segmentos tradicionais do parque industrial até setores mais avançados, que viram seu diferencial de preço em relação às importações cair pela metade de 2005 para cá. "Já passamos pela fase em que as exportações da indústria cresciam muito além das importações", diz David Kupfer, economista da UFRJ e coordenador do estudo. "No começo da década a situação foi ótima para exportar, agora, vivemos fase de devolução. As importações crescem muito mais", diz Kupfer.

No entanto, os números preliminares do estudo indicam que houve recuo nos valores importados pela indústria entre 2009 e 2010. Excetuando petróleo, o valor das importações teve peso de 21,7% no total produzido pelas fábricas entre janeiro e maio do ano passado, período em que o país sofria os efeitos da crise mundial. Já em 2010, o peso das importações diminuiu - representou 20,2% do total produzido nos primeiros cinco meses do ano.

O economista levantou os valores das exportações e importações e dividiu pelos valores da produção, a fim de obter os coeficientes de venda e compra internacionais. Enquanto as exportações de commodities industriais mantiveram constante sua parcela exportada nos últimos cinco anos, em torno de 32%, o restante da indústria assistiu a uma forte queda de valores. Nos setores produtores de bens tradicionais, o valor exportado correspondia a 13% do total produzido entre janeiro e maio de 2005 - nos primeiros cinco meses de 2010, o mesmo coeficiente foi de apenas 9,1%. Um tombo maior ocorreu entre os fabricantes de bens com maior valor agregado, cujo valores de exportação caíram de 24% para 14,8% da produção em igual período.

Para Edgard Pereira, economista da Unicamp e especialista em indústria, os números deixam claro "que o país fez uma opção de crescimento econômico" nos últimos anos, tendo como principal instrumento a taxa de câmbio. "Optamos por uma taxa de câmbio mais valorizada, que amplia salários e o poder de compra. Consequentemente, ficou mais caro produzir internamente, porque aumentou o custo da mão de obra, e estimulou o consumo", raciocina. O aumento das importações, advoga Pereira, é "inevitável".

Segundo o levantamento dos economistas da UFRJ, todos os segmentos - commodities, indústria tradicional e produtores de bens com maior valor agregado - viram seu coeficiente de importação saltar nos últimos cinco anos.

O valor importado dos bens de maior conteúdo tecnológico saltou dez pontos percentuais do valor produzido, atingindo 35,7% na média do período janeiro a maio deste ano. Na indústria tradicional, a elevação do coeficiente de importação foi um pouco mais sensível, passando de 7,5% entre janeiro e maio de 2005 a 10,5% nos primeiros cinco meses de 2010. No total, a indústria, excluindo o setor do petróleo, viu o valor de suas exportações cair de 24,5% a 19,9% relativamente ao que foi produzido nos últimos cinco anos, enquanto os valores das importações subiram de 14,8% para 20,2%.

O aumento das importações, em quantidade e em valores, não é de todo prejudicial à indústria. Parte do que é adquirido do exterior são máquinas e equipamentos que não têm equivalente nacional, representando absorção de tecnologia ao parque industrial brasileiro. "Não podemos deixar que esses números nos levem a um falso dilema", diz Kupfer, para quem não se pode separar com clareza setores que exportam dos que importam, além dos que direcionam sua produção ao mercado doméstico. "O Brasil está mais complexo que isso. Há fábricas que importam insumos e vendem parte da produção para o mercado interno e parte para o exterior", diz Kupfer.
Valor Econômico



Vinicultores impedem a importação de suco de uva

Governo mantém proibição de produto oriundo da Argentina que recebe subsídios e constitui ameaça à concorrênci

País é autossuficiente e ainda exporta parte da produção

Por hora, os vitivinicultores gaúchos ganharam mais uma batalha contra os produtos importados. Ontem, em Brasília, o governo federal garantiu a manutenção da lei que impede a entrada de embalagens de suco de uva com mais de cinco litros no Brasil. A medida, considerada uma vitória, vai vetar a chamada "concorrência desleal", com produtos oriundos da Argentina. O país vizinho vinha pressionando o governo brasileiro para que fosse liberada a venda a granel de suco concentrado da uva.

"O fim dessa lei representaria um verdadeiro abuso e um desastre para o setor", argumenta o presidente da Associação Gaúcha dos Vinicultores (Agavi), Benito Panizzon, que se reuniu ontem com os ministros da Agricultura, Wagner Rossi, e o do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel.

Segundo Panizzon, na safra 2010, cuja produção de uvas chegou a 520 milhões de quilos, metade será destinada para a produção de vinhos e o restante para sucos. A importação também representava uma ameaça ainda pelo fato de o Brasil ser autossuficiente na produção de suco, contando inclusive com um excedente que é exportado. Conforme dados da Embrapa Uva e Vinho, em 2009 foram exportados 12,6 milhões de litros de suco de uva para mais de uma dezena de países.

Para o presidente da Agavi, a manutenção da lei irá proteger um setor "considerado frágil e ainda em formação", representado por mais de 700 vinícolas familiares de micro e pequeno portes, mantidas por mais de 100 mil pessoas. O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Caxias do Sul, Raimundo Bampi, lembrou a concorrência que os vinhos brasileiros sofrem com a entrada da bebida de países do Mercosul, mesmo engarrafados. "Se a importação de vinhos finos já atrapalha o nosso mercado, imagina se vier a granel. É o fim da viticultura brasileira", considerou.

Dados do Ibravin apontam que o mercado de suco de uva tem crescido a uma média de 15% a 20% por ano, sendo que os sucos com 100% da fruta têm incremento ainda maior, ao redor de 40%. Em dois anos, a comercialização de suco de uva totalmente natural aumentou 86% no Brasil, passando de 13,7 milhões de litros em 2007 para 25,5 milhões de litros em 2009. A produção do tipo integral no Estado foi de 18,3 milhões de litros em 2008. Além disso, a demanda crescente pelo suco de uva 100% natural tem modificado a realidade no campo: em 2009, 45% da safra de uvas comuns colhidas no Rio Grande do Sul, estado responsável por cerca de 90% da produção brasileira, foi destinada para a produção de suco. Na safra de 2010, este número foi ainda maior, superando os 60% da destinação das uvas comuns para produção de suco. Nos anos anteriores, a média ficava em 30%.
Jornal do Comércio

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