Derrubar a indexação só será possível com sacrifício
O governo, no seu combate à inflação, parece ter dado início a um combate à indexação, que hoje, ao se basear na inflação passada para correção de alguns preços, acaba favorecendo a alta de todos os preços.
A manutenção da indexação é uma herança do tempo da hiperinflação que o Plano Real procurou reduzir com o remédio da generalização da correção monetária, por um certo tempo, e que deu certo. No entanto, embora tivesse sido proibida a correção monetária, no início do Plano Real essa sistemática retornou, aos poucos, à vida econômica do País.
O caso mais ilustrativo dessa volta da indexação foi a decisão sobre a fixação do salário mínimo, que estará vinculado à inflação do ano anterior e ao crescimento do PIB de dois anos antes, o que representa seguramente o maior inconveniente que se podia esperar na vida do trabalhador.
Mas não é o único que sobrevive na economia. Temos também as tarifas de energia elétrica, que estão vinculadas a um duplo indexador: são corrigidas pelo IGP-M, no que se refere aos custos de depreciação e manutenção; e ainda são reajustadas pelo IPCA, que assegura empreendimento sem nenhum risco.
Nossa legislação protege os proprietários de imóveis que podem alugá-los com a correção anual do IGP-M. Naturalmente, nesse clima de correção generalizada, os assalariados reivindicam reajustes pelo menos em razão da inflação medida pelo IPCA. Já os serviços costumam ser reajustados em consequência da inflação presente e futura.
Uma primeira medida seria unificar o indexador, que só poderia ser o IPCA, que mede a inflação oficial e seria útil prever uma deflação progressiva desse indexador, enquanto a inflação ficar acima da meta central fixada pelo Conselho Monetário Nacional.
Naturalmente, o ideal seria conseguir reduzir, a cada ano, a meta fixada para a inflação, para que o sistema de indexação desapareça da memória brasileira. Essas medidas ajudariam seguramente a conter as reivindicações para manter a indexação. No caso dos serviços, reajustes acima da inflação deveriam ser naturalmente capturados pelo aumento do Imposto de Renda devido, mas isso exigiria uma fiscalização muito mais severa da que existe hoje, que funciona somente no caso de empresas industriais, cuja produção é facilmente acompanhada.
É necessário obter resultados na contenção da inflação para eliminar a indexação, mas dificilmente isso será conseguido sem que todos renunciem a reajustes automáticos de preços ou de salários.
O Estado de São Paulo
O governo, no seu combate à inflação, parece ter dado início a um combate à indexação, que hoje, ao se basear na inflação passada para correção de alguns preços, acaba favorecendo a alta de todos os preços.
A manutenção da indexação é uma herança do tempo da hiperinflação que o Plano Real procurou reduzir com o remédio da generalização da correção monetária, por um certo tempo, e que deu certo. No entanto, embora tivesse sido proibida a correção monetária, no início do Plano Real essa sistemática retornou, aos poucos, à vida econômica do País.
O caso mais ilustrativo dessa volta da indexação foi a decisão sobre a fixação do salário mínimo, que estará vinculado à inflação do ano anterior e ao crescimento do PIB de dois anos antes, o que representa seguramente o maior inconveniente que se podia esperar na vida do trabalhador.
Mas não é o único que sobrevive na economia. Temos também as tarifas de energia elétrica, que estão vinculadas a um duplo indexador: são corrigidas pelo IGP-M, no que se refere aos custos de depreciação e manutenção; e ainda são reajustadas pelo IPCA, que assegura empreendimento sem nenhum risco.
Nossa legislação protege os proprietários de imóveis que podem alugá-los com a correção anual do IGP-M. Naturalmente, nesse clima de correção generalizada, os assalariados reivindicam reajustes pelo menos em razão da inflação medida pelo IPCA. Já os serviços costumam ser reajustados em consequência da inflação presente e futura.
Uma primeira medida seria unificar o indexador, que só poderia ser o IPCA, que mede a inflação oficial e seria útil prever uma deflação progressiva desse indexador, enquanto a inflação ficar acima da meta central fixada pelo Conselho Monetário Nacional.
Naturalmente, o ideal seria conseguir reduzir, a cada ano, a meta fixada para a inflação, para que o sistema de indexação desapareça da memória brasileira. Essas medidas ajudariam seguramente a conter as reivindicações para manter a indexação. No caso dos serviços, reajustes acima da inflação deveriam ser naturalmente capturados pelo aumento do Imposto de Renda devido, mas isso exigiria uma fiscalização muito mais severa da que existe hoje, que funciona somente no caso de empresas industriais, cuja produção é facilmente acompanhada.
É necessário obter resultados na contenção da inflação para eliminar a indexação, mas dificilmente isso será conseguido sem que todos renunciem a reajustes automáticos de preços ou de salários.
O Estado de São Paulo
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