LEGISLAÇÃO

sexta-feira, 20 de maio de 2011

COMÉRCIO EXTERIOR - 20/05/2011

Brasil e Argentina começam a negociar as barreiras comerciais
A ministra de Indústria da Argentina, Débora Giorgi, e o embaixador do Brasil em Buenos Aires, Ênio Cordeiro, baixaram ontem o tom das reclamações em torno das barreiras protecionistas aplicadas pelos dois países e definiram uma reunião de altos funcionários de seus governos para revisar as travas ao comércio bilateral. Giorgi pediu a liberação dos automóveis argentinos retidos na fronteira como gesto positivo para as negociações. Cordeiro não descartou, mas frisou que "as medidas de boa vontade devem ser recíprocas", deixando claro que não haverá gestos de forma unilateral.

Eles se reuniram por duas horas, no gabinete da ministra, e acertaram um encontro, na próxima semana, entre o secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Alessandro Teixeira, e o secretário de Indústria da Argentina, Eduardo Bianchi. "Os secretários vão trabalhar em uma agenda que incluirá todas as questões pendentes, tanto pontuais quanto estruturais", disse Giorgi, por meio de comunicado. A tendência é que ela própria se reúna, depois, com o ministro Fernando Pimentel.

Fontes argentinas informaram que o encontro deverá ocorrer na segunda e terça-feira, em Buenos Aires. Também garantiram que o governo se dispõe a acelerar a liberação de licenças não automáticas à importação de produtos brasileiros "uma vez que se libere o primeiro automóvel" na fronteira.

A Adefa, associação que congrega as montadoras instaladas na Argentina, emitiu uma nota dura na qual adverte sobre os riscos para a produção e para o nível de emprego no país. O presidente da entidade, Aníbal Borderes, diz que a briga comercial "põe dúvidas sobre o funcionamento do Mercosul".

Os dois lados afirmam, reservadamente, que a tensão começou a diminuir e apostam em um acordo pelo menos sobre pontos básicos na próxima semana. A Argentina está preocupada com os efeitos que as barreiras brasileiras podem ter sobre o nível de atividade da economia. O presidente da União Industrial Argentina, José Ignacio de Mendiguren, apresentou esse temor ontem ao ministro da Economia, Amado Boudou.

Se o problema se prolongar, a indústria pode refletir em breve o bloqueio do Brasil, diz Ricardo Delgado, diretor da consultoria Analytica. Ele lembra que cerca de 70% da expansão industrial registrada pela Argentina em 2010 se concentrou em apenas dois setores: automotivo e autopeças. Esses dois ramos responderam por 2,5 pontos percentuais do crescimento de 9,2% da economia em 2010.

Para 2011, Delgado prevê uma expansão de até 7% do PIB, mas que pode ser afetada caso as exportações fiquem dificultadas "por alguns meses". De cada cem automóveis produzidos pelas montadoras argentinas, 55 são exportados para o mercado brasileiro. Quem tem mais unidades retidas na alfândega brasileira são a GM, a Toyota e a Mercedes -Benz.

O pesquisador-chefe da Fundação Mediterrânea, Jorge Vasconcelos, estima um crescimento de 6,5% para a economia argentina neste ano. Mas adverte que a "indústria deve começar a preparar-se para uma desaceleração na trajetória das importações brasileira, por motivos econômicos e pelo conflito envolvendo as licenças não automáticas". Mais de 40% das exportações argentinas de produtos industrializados têm o Brasil como destino, concentração que não se via nos últimos 20 anos.
Valor Econômico/Daniel Rittner
De Buenos Aires




Momento é bom para resolver entraves entre Brasil e Argentina
Comércio bilateral entre nações deve ser revisto.

Na semana passada, o governo brasileiro impôs restrições a quase 600 itens importados, acarretando na suspensão das licenças de importação automáticas para veículos, item que representa um terço das exportações argentinas para o Brasil. A mudança foi feita pelo MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) para monitorar o fluxo de importações, embora economistas encarem a medida como retaliação do governo brasileiro em relação aos entraves para a entrada dos produtos nacionais no mercado argentino.
Com as restrições, o processo de entrada de mercadorias argentinas no Brasil pode demorar até 60 dias para ser aprovado. Com isso, milhares de carros foram retidos na fronteira entre os dois países e em Rio Grande do Sul (RS). Dado o cenário, os importadores de carros já estão reavaliando o planejamento de pedidos para se adequar às novas medidas e evitar a falta de veículos no mercado nacional.
De acordo com o presidente da Câmara de Comércio Argentino Brasileira de São Paulo, Alberto Alzueta (foto), as restrições são entraves sérios para todos os setores que integram parte da cadeia de abastecimento. "Estamos apreensivos, pois a Câmara sempre procura medidas para destravar o comércio entre os países. A Argentina vem há algum tempo criando desconfiança nas operações, mas a medida brasileira prejudica muito as relações comerciais, pois 80% das exportações argentinas de carros são para o Brasil".
A Argentina é o terceiro maior parceiro comercial do Brasil, depois da China e Estados Unidos. O volume do comércio bilateral é US$ 33 bilhões, que se revelou deficitário para Buenos Aires em mais de 4 bilhões de dólares, segundo dados de 2010. Estima-se que cerca de 447 mil automóveis produzidos e 65% das autopeças argentinas têm como destino o Brasil.
Segundo Alzueta, apesar dos atrasos que as novas restrições possam ocasionar, a suposta retaliação brasileira pode levar a novas negociações que beneficiem ambas as nações. "O momento é bom para resolver esses entraves e deixar uma situação mais clara entre as partes", opina. Porém, caso a situação não abra espaço para diálogo, as consequências podem ser imprevisíveis. "Se a briga continuar, um conflito leva a outro sem necessidade. Precisamos parar, passar uma vassoura e avaliar a situação. Não podemos ser sócios e ter dificuldades para ambos os lados", pondera.
A opinião de Alzueta condiz com a do secretário-executivo do MDIC, Alessandro Teixeira. O executivo vai se reunir na próxima semana com o secretário da pasta equivalente argentina, Eduardo Bianchi, para tentar solucionar o litígio comercial
Guia Marítimo


Reunião na Rússia não suspende bloqueio à carne brasileira
O Brasil revisará a instrução normativa que trata da análise de risco para importação de trigo russo. Essa decisão ficou acertada durante a "V Reunião da Comissão Russo-Brasileira de Alto Nível de Cooperação", encerrada na terça-feira em Moscou. A informação foi divulgada ontem pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), em nota à imprensa.

A revisão das normas para a importação de trigo russo pelo Brasil é, na prática, uma contrapartida à reabertura do mercado da Rússia para as carnes bovina, suína e de frango brasileiras. Mas qualquer decisão sobre o fim dos bloqueios daquele país às importações de carnes brasileiras deve ser tomada somente em outubro, quando autoridades russas virão ao Brasil. Segundo o Ministério da Agricultura, o governo brasileiro vai avaliar a possibilidade de ampliar a quantidade de portos autorizados para receber o cereal russo.

Atualmente, a norma permite a entrada somente por portos do Nordeste. Sobre a situação das carnes brasileiras na Rússia, o ministério informou que o serviço veterinário russo solicitou mais informações sobre questões sanitárias. O governo brasileiro disse que realizará novas auditorias em todas as indústrias de carnes bovina, suína e de aves habilitadas a exportar para a Rússia. Uma vez ultrapassada essa fase de inspeções, o governo brasileiro encaminhará uma avaliação global sobre os frigoríficos, que será discutida em uma nova rodada de trabalho.

Esse acordo foi firmado ontem, entre o secretário de Defesa Agropecuária do ministério, Francisco Jardim, e o chefe do Serviço Veterinário da Rússia, Sergei Dankvert. Na segunda quinzena de outubro, Dankvert deverá vir ao Brasil para reuniões com autoridades sanitárias dos países do Mercosul. Esse encontro servirá para discutir as novas regras de comércio da União Aduaneira formada em 2010 entre Rússia, Casaquistão e Bielo-Rússia. Por conta desse acordo, a partir de 1º de janeiro de 2012, começam a valer os novos certificados sanitários para comércio com esses países.

Repercussão
O presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), Pedro de Camargo Neto, afirmou que a reunião com representantes da autoridade sanitária russa foi um avanço político. "O encontro foi bom, aquele clima ruim não existe mais, mas faltou discutirmos as questões técnicas. Nada foi definido sobre os assuntos que envolvem o setor de carnes", disse o executivo.

O presidente da Abipecs disse que na próxima reunião as autoridades dos dois países devem detalhar melhor as questões técnicas. "Mas de qualquer maneira, deixamos os canais de comunicação abertos, os quais precisam existir para que questões técnicas possam ser solucionadas", comentou. Ele embarca hoje para a Coreia do Sul, onde se reunirá com autoridades sanitárias em Seul, juntamente com o secretário Célio Porto, do Ministério da Agricultura.
Guia Marítimo




Exportadores ajudam a inundar país com dólares
Os juros altos e a baixa volatilidade da taxa de câmbio voltaram a atrair fluxos pesados de capitais para o Brasil, na contramão das expectativas do governo. Segundo dados do Banco Central, nas duas primeiras semanas de maio a entrada líquida de divisas totalizou US$ 8,8 bilhões. Em abril, os exportadores tomaram o maior volume de crédito com prazo de vencimento em até um ano (US$ 5,309 bilhões) desde 1996.

Grandes exportadores aproveitaram a oportunidade para obter ganhos maiores com a diferença entre os juros internos e externos em transações de arbitragem. Em maio, o mesmo se repetiu. Os bancos também saíram correndo atrás dessa janela e, por isso, o fluxo cambial líquido cresceu rapidamente, depois de atingir em abril saldo de pouco mais de US$ 1,5 bilhão.

Bancos atuantes no mercado perceberam que desde meados do mês passado muitas das grandes companhias compraram dólares no mercado futuro contra o real, com o prazo casado com as linhas tomadas no exterior, de forma a fazer "hedge" e ao mesmo tempo ganhar com o diferencial de juros.

Para prazos de vencimento em um ano, essas grandes empresas tomavam linhas de Adiantamento de Contrato de Câmbio (ACC) pagando juros de 2% ao ano ou menos e investiam nos juros em dólar no mercado interno, o cupom cambial, recebendo mais do que 5,6% ao ano. O ganho financeiro era superior a 3,6% ao ano. Foi a partir de meados de abril que o cupom cambial de curtíssimo prazo, até 30 dias, chegou a 12% ao ano, acima da própria taxa básica de juros (Selic).

"Em abril, por causa do cupom cambial mais elevado, percebemos um aumento de 50% na demanda por ACCs pelos exportadores", diz José Augusto Durand, gerente da mesa de clientes do Itaú BBA. Os bancos também aproveitaram o cupom cambial polpudo mesmo para prazos mais longos, e tomaram entre o fim de abril e o início de maio mais de US$ 3,117 bilhões em dívida externa de prazo superior a dois anos, sobre as quais não incide o IOF de 6%.
Valor Econômico OnLine



Crédito à exportação bate recorde
Os exportadores tomaram um volume recorde de crédito à exportação de prazo de vencimento em até um ano em abril e não foi exatamente por causa do aumento das exportações verificado no mesmo mês. O financiamento à exportação é isento do Imposto sobre Operações Financeiras de 6% ao ano que passou a incidir no crédito externo desde abril e muitas empresas trocaram o capital de giro por essas linhas.

Bancos atuantes no mercado perceberam que muitas das grandes companhias compraram dólar no mercado futuro contra o real com o prazo casado com as linhas tomadas no exterior de forma a ganhar com o diferencial de juros, na chamada transação de arbitragem. O resultado para as empresas foi uma captação ao custo de 80% a 90% dos juros dos Depósitos Interfinanceiros (DI).

Em abril, segundo os dados do Banco Central, o total de contratos de Adiantamento de Contrato de Câmbio (ACC), financiamento pré-embarque, e de Adiantamento sobre Cambiais Entregues (ACE), pós-embarque, chegou a US$ 5,309 bilhões. Nunca nos dados apurados até agora pelo BC desde 1996 houve um volume tão relevante desse tipo de crédito. Foi um aumento de 24% no total em relação a março e de 58% em relação a fevereiro. Quando se olha a média por dia útil, o aumento em relação a março foi de 43,7% em abril.

Esses ganhos de arbitragem se ampliaram em março, mas principalmente no final de abril, com o aumento nos juros em dólar no mercado interno, o chamado cupom cambial. Foi em abril que o cupom cambial de curtíssimo prazo, de até 30 dias, chegou a 12% ao ano, acima da própria taxa básica de juros Selic. Na prática, isso significa que o dólar futuro ficou com cotação mais baixa do que o dólar à vista em alguns dias.

Isso aconteceu por causa das compras de dólar do BC, que se concentram no mercado à vista de câmbio e em volumes totais foram US$ 4,3 bilhões acima do fluxo em abril. Essas compras acima do fluxo tornaram o dólar à vista caro demais. O BC comprou US$ 4,905 bilhões à vista mais US$ 440 milhões a termo, em um total de US$ 5,845 bilhões em abril. Nesse mês, entrou US$ 1,541 bilhão líquido no mercado de câmbio no Brasil.

As grandes exportadoras tomavam linha externas de exportação de um ano pagando 2% ao ano, ou até menos, e investiam no cupom cambial de 5,2% comprando dólar futuro sem entrega (no derivativo chamado em inglês de Non Deliverable Forward ou NDF). O ganho era de 3% ao ano ou ainda mais do que isso.

Segundo José Augusto Durand, gerente da mesa de clientes do Itaú BBA, muitos exportadores tomam ACCs e usam suas exportações como "hedge" (proteção) natural para essas dívidas em dólar. Outras fazem o hedge por meio de NDFs. "Em abril, por causa do cupom cambial mais elevado, nós percebemos um aumento de 50% no volume de demanda dos ACCs dos exportadores", afirmou Durand.
Os exportadores também usaram uma transação conhecida como trava para fazer a mesma arbitragem. A diferença da trava com o ACC é que nesse último o exportador recebe os reais hoje enquanto na trava ele recebe os reais no futuro. Ele vende seu dólar por meio de uma transação a termo com entrega física futura, casada com um NDF de compra de dólar de mesmo prazo.

Os bancos também aproveitaram o cupom cambial polpudo mesmo para prazos mais longos e tomaram no final de abril e início de maio mais de US$ 3,117 bilhões em dívida externa de prazo superior a dois anos. O Banco Votorantim, o Bradesco, o Banco Safra, o Santander Brasil, o HSBC e o Fibra fizeram captações.

Para Eric Altafim, responsável pelas vendas de derivativos do Itaú BBA, a preocupação do BC com a exposição cambial das empresas não se justifica, pois, via de regra, só quem tem receitas em dólar não faz hedge de sua dívida em dólar. "A arbitragem é também uma transação de hedge da dívida em dólar", explica. Como há venda de dólar no mercado à vista (no caso do ACC) ou no mercado a termo (no caso da trava) e compra no futuro, o impacto no câmbio é nulo.

José Augusto de Castro, presidente em exercício da Associação de Comércio Exterior do Brasil, diz que não tem como acompanharmos de perto o aumento de tomada de ACC. Segundo ele, no entanto, no mês de abril começa a safra de soja e milho e muitas exportadoras vão atrás de ACC e ACE. Em abril, as exportações foram a R$ 20 bilhões, um aumento de 4,6% com relação a março. "Mas tem muita empresa que toma ACC e investe no mercado interno sim, as grandes principalmente, porque é bastante vantajoso fazer isso", afirma José Augusto de Castro. (Colaborou Eduardo Campos)
 Valor Econômico OnLine



CSA já é a segunda maior exportadora de aço
As exportações Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), uma parceria da alemã ThyssenKrupp (73,13%) com a Vale (26,87%), já ultrapassaram Gerdau Açominas, Usiminas e Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). A siderúrgica iniciou os embarques em setembro de 2010 e já é a segunda maior exportadora de aço do Brasil, atrás apenas da ArcelorMittal Brasil.

No primeiro trimestre somou US$ 362,5 milhões em vendas externas, desempenho que a colocou no 20º lugar no ranking das 40 maiores empresas exportadoras do país, segundo o Ministério do Desenvolvimento. No mesmo período, a ArcelorMittal Brasil ocupou o 17º lugar, com US$ 383 milhões. A Gerdau Açominas aparece na 22ª posição (US$ 355,3 milhões), a Usiminas, na 28ª (US$ 282 milhões), e a CSN, na 39ª (US$ 217,5 milhões).

5ª posição
E a expectativa do vice-presidente financeiro da CSA, Rodrigo Tostes, é alcançar a quinta posição do ranking geral das empresas brasileiras no próximo ano. "Ao final de 2012, quando a usina estiver operando com o total da capacidade instalada (5 milhões de toneladas/ano), a previsão é exportar de US$ 3 bilhões a US$ 3,5 bilhões", diz. Tendo como referência o resultado acumulado em 2010, significaria dizer que à frente da CSA estariam só Vale (US$ 24 bilhões), Petrobras (US$ 18,2 bilhões), Bunge (US$ 4,3 bilhões) e Embraer (US$ 4,2 bilhões).

Esse cenário estaria garantido para a CSA, segundo o analista Pedro Galdi, da SLW Corretora, já que a "siderúrgica foi idealizada para exportar placas para as unidades da ThyssenKrupp". Do total produzido, Tostes confirmou que 60% vão para a ThyssenKrupp dos EUA, e 40%, para a da Alemanha.

Demanda

O analista Felipe Reis, do Santander, acredita que a CSA possa seguir a trajetória da ArcelorMittal Tubarão (antiga CST), instalada no Espírito Santo, visto que a demanda de aço do Brasil é crescente e não há investimentos para ampliação significativa da atual capacidade instalada do país.

"No primeiro momento, esse aço produzido pela CSA (placas) não compete com o aço da Usiminas e da CSN (laminados). Acontece que, por um investimento marginal, é consenso que, daqui a algum tempo, ela pode instalar um laminador e participar do mercado doméstico. É a história da CST, que também já foi uma mera produtora de placas para exportação", diz. Rodrigo Tostes afirma que o atual desafio da CSA é chegar a 5 milhões de toneladas ao ano e que não há nenhum outro investimento em análise. Diz, contudo, que no complexo existe espaço físico para expansão.
Portos e Navios



Camex reduz Imposto de Importação de produtos por desabastecimento
Brasília (18 de maio) - Foi publicada nesta quarta-feira, no Diário Oficial da União (DOU), a Resolução Camex n°34, aprovada durante a última reunião do Comitê Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior (Camex), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio exterior (MDIC). A Resolução nº 34 reduz temporariamente o Imposto de Importação (II) de dois produtos, por razões de desabastecimento interno. O isopropilidenodifenol e seus sais (NCM 2907.23.00), utilizado na produção de policarbonatos, terá a alíquota reduzida 12% para 2%, com cota de 3 mil toneladas. A redução é válida por seis meses. O produto têm aplicações nas indústrias automotiva, de eletroeletrônicos, de embalagens, entre outras.
A Camex também concedeu redução temporária de 12% para 2% da alíquota para importação de chapas grossas de aço carbono (NCM 7208.51.00) - que serão utilizadas em um projeto para fornecimento de tubos de condução de gás para ampliação submarina - com requisito de resistência à corrosão ácida. A redução é válida até 31 de dezembro deste ano, dentro do limite máximo de 30 mil toneladas.

As duas alterações foram feitas com base no que determina a Resolução Grupo Mercado Comum (GMC nº 08/08), que possibilita a redução da alíquota do Imposto de Importação em caso de desabastecimento temporário.
Assessoria de Comunicação Social do MDIC




Importadores de carros refazem planejamento
Os importadores de carros já estão reavaliando o planejamento de pedidos para se adequar às medidas de restrição aos automóveis trazidos de outros países e evitar a falta de produtos no mercado nacional.

"Nós todos vamos refazer nosso planejamento de tempo de trânsito", afirmou Paulo Kakinoff, vice-presidente da Abeiva (Associação Brasileira das Empresas Importadoras de Veículos Automotores) na divulgação do resultado do primeiro quadrimestre. Em média, os veículos trazidos da Ásia levam cerca de 30 dias para chegar ao Brasil, o dobro do tempo dos carros que vêm da Europa.

Nenhum dos 30 associados à entidade traz carros da Argentina, principal alvo da medida do governo federal, embora oficialmente a mudança tenha sido feita pelo MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) para "monitorar o fluxo de importações" do setor. A importação de carros de marcas que não têm fábrica no Brasil quase dobrou - alta de 97,1%- nos primeiros quatro meses do ano ante igual período em 2010, atingindo 52.074 unidades. Essa quantidade representa 21,3% do total de importados que entraram no Brasil nesse intervalo.

Demora de até 60 dias - Para José Luiz Gandini, presidente da Abeiva, "o que pode acontecer, na pior das hipóteses, é demorar 60 dias para emitir a primeira guia por um problema técnico operacional". O executivo admite que a mudança "atrapalhou".
Falta pontual é admitida - "Uma coisa é entrar no computador, digitar e sair a guia do outro lado. Vamos ter que nos planejar novamente, mexer no nosso sistema", disse. Segundo ele, "se não sair guia nenhuma, temos carros para vender nos próximos 30 dias", mas admite que, com a diminuição dos estoques, pode haver falta pontual de alguns modelos, dependendo da cor desejada, por exemplo. "Todas as marcas têm navio chegando", completou, lembrando que, até o início do próximo mês, haverá veículos entrando no Brasil que não foram afetados pela mudança porque tiveram a entrada liberada quando isso ainda era feito de forma automática.

12% da mão de obra - Honda demite 400 e cortará 50% da produção em junho. A subsidiária da Honda no Brasil anunciou ontem a demissão de 400 trabalhadores, o equivalente a 12% dos seus funcionários na fábrica de Sumaré, no Interior de São Paulo. Segundo comunicado divulgado pela empresa, essas demissões são reflexo do problema de abastecimento de peças vindas do Japão, em razão do terremoto ocorrido no início de março. Em razão do problema de abastecimento de peças, a empresa também anunciou ontem que reduzirá em 50% sua produção de automóveis, de 600 para 300 unidades diárias.
Como consequência, a unidade de Sumaré, que atualmente opera em três turnos, passará a trabalhar em dois turnos. De acordo com a montadora, isso provocará a ociosidade de aproximadamente 1.200 colaboradores. "A Honda, que não realizava este tipo de procedimento em sua operação no Brasil desde 1992, lamenta a medida e informa que agora estuda alternativas para os demais funcionários que estarão ociosos no período de redução da produção", diz o comunicado distribuído pela companhia. Ainda de acordo com o texto, assim que a situação se regularizar, a empresa espera poder retomar seu ritmo normal de atividade.

A fábrica em Sumaré está paralisada desde a última quinta-feira, dia 12 de maio.

Neste ano - 165 mil carros devem vir do exterior. A projeção da Abeiva é de que 165 mil carros importados sejam comercializados no País neste ano pelas empresas associadas. Em nota, o presidente da entidade, José Luiz Gandini, admite preocupação com o sistema de monitoramento da liberação de licenças de importação em vigor desde a última quinta-feira, que prevê até 60 dias de espera. As empresas associadas à Abeiva representam 30 marcas, 771 concessionárias, 27 mil empregos diretos e, de acordo com a associação, devem recolher mais de R$ 5 bilhões em impostos neste ano. Entre as montadoras, a Kia manteve a liderança de vendas entre as associadas da Abeiva em abril, com 7.708 unidades emplacadas em todo o País, um crescimento de 14% em relação a março. Mas o que chama a atenção é o avanço das vendas da chinesa JAC Motors, que em março comercializou 458 unidades e em abril, 2.095 veículos - crescimento de 357,4%.
Diário do Nordeste - CE




Indústria de bens de consumo ainda perde para importados
O consumo doméstico aquecido e a manutenção de um real valorizado em relação ao dólar fizeram alguns segmentos da indústria nacional continuar a perder espaço para os importados no mercado interno no primeiro trimestre, na comparação com o último trimestre de 2010. A perda aconteceu principalmente em setores fabricantes de bens de consumo, como têxtil, vestuário, calçados, madeiras, móveis, automóveis e máquinas para escritório.
O recuo na participação da indústria nacional nesses segmentos chama a atenção porque esses setores seguiram tendência inversa da indústria geral. Levando em conta todos os segmentos industriais, a participação dos importados no mercado interno foi de 20,6% no acumulado de janeiro a março deste ano, o que representa queda em relação ao último trimestre de 2010, quando as importações atingiram 21,1% do mercado interno de industrializados. A recuperação foi puxada por setores como o de borracha e plásticos, no qual a participação dos desembarques recuou de 17,2% para 16,7% no mesmo período. O setor de máquinas e equipamentos, por outro lado, apresentou recuo na participação dos bens importados, que passaram de 34,4% para 33,6% na mesma comparação.
O levantamento é da LCA Consultores, com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex).
No setor têxtil, porém, a participação dos desembarques foi de 21,9% no acumulado de janeiro a março deste ano, acima dos 21,6% registrados no último trimestre de 2010. No segmento de calçados e couro a fatia dos importados ainda é relativamente pequena, mas cresceu de 9,9% nos últimos três meses de dezembro para 10,2% no primeiro trimestre de 2011. No segmento de máquinas para escritório e equipamentos de informática a fatia dos itens comprados no mercado externo saltou de 38,1% para 42,1% no mesmo período.
José Augusto de Castro, vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), acredita que a perda de espaço da indústria nacional nesses segmentos durante o primeiro trimestre é resultado da decisão de um número cada vez maior de empresas de importar
"Os setores mais afetados são os fabricantes de bens de consumo e os de mão de obra intensiva, que perderam competitividade nos últimos anos em razão do aumento real de salários", diz. Outro dado que demonstra a decisão de importar em vez de comprar do fornecedor nacional, argumenta, está nas importações de bens de consumo em ritmo muito mais forte que a compra do exterior de matérias-primas e intermediários. "Isso aconteceu durante todo o primeiro quadrimestre, em cada um dos primeiros quatro meses do ano."
No acumulado de janeiro a abril, o valor médio diário importado de bens de consumo cresceu 34,8% em relação ao primeiro quadrimestre de 2010. No mesmo período, a importação de matérias-primas e intermediários teve elevação, mas cresceu em ritmo bem menor, de 21,3%. Considerando o total das importações, houve aumento de 27,1%.
"Com o mercado doméstico ainda aquecido a importação de bens de consumo é favorecida. O crescimento da importação desse tipo de bem em ritmo mais forte que a de matérias-primas e bens intermediários mostra que há uma opção por importar o bem acabado em vez de fabricá-lo no Brasil", explica Castro. A valorização do real em relação ao dólar acentua o movimento. "À medida que aumenta a expectativa de manutenção da relação cambial, há mais segurança para importar. É como uma taxa de câmbio garantida."

Para o presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit), Aguinaldo Diniz Filho, o avanço dos importados no primeiro trimestre significa que a indústria nacional está perdendo terreno num mercado interno ainda crescente. "O setor tem 97% de sua produção voltada ao consumo doméstico e gerou no primeiro quadrimestre menos emprego do que no mesmo período de 2010."
Diniz Filho diz que o setor está preparado para produzir mais. "O segmento investiu no ano passado um total de US$ 2 bilhões. Temos tecnologia, design e moda, mas perdemos com o custo da folha de salários e com o câmbio." Segundo dados da Abit, o setor fechou o quadrimestre com importações de US$ 2 bilhões, valor 33,1% maior do que o US$ 1,5 bilhão referente ao mesmo período do ano anterior. O déficit do setor no acumulado de janeiro a abril foi de US$ 1,5 bilhão, valor 30% maior que o do ano passado. A entidade estima que o setor terminará 2011 com déficit de US$ 6 bilhões.
No setor de calçados a perda de espaço dos fabricantes nacionais no mercado interno já começa a contribuir para a redução no saldo de contratações do segmento. Segundo Heitor Klein, diretor da Abicalçados, que reúne a indústria calçadista, o saldo de admitidos e demitidos em janeiro foi de 7 mil trabalhadores. Em fevereiro o saldo caiu para 6,7 mil empregados e, em março, para 3,6 mil trabalhadores. Ele lembra que o setor já havia sofrido impacto de produção em razão da perda de exportações.
Dados da Abicalçados indicam que houve aumento de 60% no total de calçados importados no primeiro trimestre de 2011, na comparação com o mesmo período de 2010. Em volume de pares, a alta foi de 24%. Levando em conta não só calçados acabados como também importação de partes e peças, o crescimento foi de 10%.
Valor Econômico




Brasil pode perder montadoras para México e Argentina
Argentina e México daqui para a frente devem começar a atrair os próximos investimentos na cadeira automobilística, concorrendo diretamente com o Brasil, na América Latina, porque oferecem mais mão de obra e menos impostos. É o que aponta o especialista da área e diretor da Faculdade de Administração da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), Tharcisio Souza Santos.
Ele salientou o crescimento de 97,1% da importação brasileira de veículos no último quadrimestre, que segundo a Associação Brasileira das Empresas Importadoras de Veículos Automotores (Abeiva) foi para 50,074 unidades. Esse volume representou uma alta de 3% de 5% de participação dos importados no mercado brasileiro. Para ele, porém, essa fatia dificilmente chegará a dois dígitos. "Os importadores chegam ao Brasil com a intenção de ganhar escala na venda de carros, e depois isso passa a justificar a abertura de uma fábrica local" , explica.

Isso explica por que a japonesa Suzuki foi a última a anunciar uma montadora de motos no País, depois do anúncio das unidades de Toyota, Hyundai, Honda e Mitsubishi.
A líder de vendas de importados, a coreana Kia Motors, deve ser a próxima decidir onde irá instalar sua fábrica, e para isso irá levar em consideração as vantagens de cada país da região. Até abril deste ano, a coreana já tinha vendido 25.038 unidades, seguida da chinesa Chevy, a 3.478, da BMW, a 3.074, Effa, a 2.715, e Jac Motors, a 2.556, de acordo com a Abeiva.
 Diário do Comércio e Indústria



Para exportador, país já vive processo de desindustrialização
O atual comportamento das vendas de bens manufaturados na pauta brasileira de exportações mostra o início de um processo de desindustrialização e não há, no curto prazo, nenhuma perspectiva de mudança na tendência.

A análise é do presidente em exercício da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, que ressaltou que a balança comercial dos manufaturados deverá continuar deficitária em 2011.

A expectativa da AEB é de que este ano os manufaturados representem apenas 36% do total vendido pelo Brasil. Em 2000, quando começou o ciclo de alta das commodities, esse percentual era de 59%. Do total de 520 milhões de toneladas exportadas pelo país no ano passado, 424 milhões foram de produtos básicos e apenas 47 milhões de manufaturados.
"Não tem nenhuma expectativa de reduzir o déficit no curto prazo. O próprio governo admite que a taxa de câmbio não deve sofrer alteração este ano e o Brasil vai ter que conviver com esta taxa de câmbio, que desestimula a exportação de manufaturados", disse Castro, que participou do 23º Fórum Nacional, no Rio de Janeiro. "Só se houver uma reversão no cenário internacional e essa reversão provocar uma queda nas commodities. Aí sim poderia a taxa de câmbio subir um pouco mais."

Apesar do cenário ruim para os produtos manufaturados, Castro acredita em um saldo positivo na balança comercial do país entre US$ 25 bilhões a US$ 28 bilhões este ano, gerado totalmente pelo comportamento das commodities.
"O superávit é claramente graças às commodities. Os manufaturados têm déficit comercial que está aumentando ano a ano, e isso indica um princípio de desindustrialização", destacou.

O executivo frisou que a importação de bens de consumo cresce percentualmente "muito mais" que as compras de matérias-primas e bens intermediários. "Quando importa matéria-prima e bens intermediários, o país está gerando processo de industrialização. Quando importa o produto pronto, o país acaba deixando de produzir, que é o que está acontecendo", lamentou.
Castro elogiou ainda a decisão do governo brasileiro de exigir licenças prévias para a importação de automóveis, como forma de retaliação a medidas protecionistas tomadas pela Argentina. Em março, o governo de Cristina Kirchner havia elevado de 400 para 600 o número de produtos que passariam a ter que apresentar licença prévia de importação, o que atingiu em cheio as vendas de alguns produtos brasileiros.
"A medida é necessária porque na realidade o Brasil acostumou mal os nossos parceiros. Chega uma hora que tem que dar um basta e o basta foi agora", afirmou, lembrando que "há tempos" a Argentina "vem criando dificuldades".
"A Argentina promete que vai estabelecer as licenças automáticas em 60 dias, que é o prazo estabelecido pela OMC, e esse prazo dá 120, 180 dias. Outras vezes autoriza a importação e proíbe a venda para o mercado interno", criticou Castro. "A argentina sempre tem uma tendência a adotar medidas protecionistas, só que agora avançou um pouquinho o sinal e o Brasil decidiu dar um breque", resumiu.
Valor Econômico




Governo opta por dificultar a importação de mais 17 produtos
SÃO PAULO -- Depois de dificultar a importação de veículos, o governo Dilma cassou a licença automática para a importação de 17 produtos. Os produtos estão sob investigação no Decom (Departamento de Defesa Comercial), órgão do MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior). A ação afeta 20 países.

A decisão vai reduzir a entrada de produtos siderúrgicos, papel revestido (usado na indústria gráfica), vidro plano e insumos para a indústria química. Todos são investigados a pedido dos fabricantes locais. Essas investigações podem resultar em atos de defesa comercial, como salvaguardas, compensações ou medidas antidumping.

Segundo o vice-presidente da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil), José Augusto de Castro, o impacto da decisão não pode ser medido agora, mas o aumento de preços internos pode ser uma consequência. "O governo tem que estar atento [a reajustes de preços]. Não sei se o MDIC tem gente e competência legal para monitorar isso. Acho que não tem nenhum dos dois", disse Castro. Ele defendeu, entretanto, uma posição mais pró-ativa do governo na defesa comercial.

A ação representa nova política do governo federal. Até agora, a abertura de investigação não implicava suspensão da licença automática para a importação.

Para justificar a decisão, o governo adotou o argumento de que a licença inibe a importação de grandes quantidades para formar estoques.

SEM AVISO
Afora pronunciamento do ministro Fernando Pimentel (Desenvolvimento) sobre o fim da licença automática para veículos, o freio à importação de outros itens veio sem aviso prévio. Segundo o ministério, a medida é considerada ato administrativo, não sujeito a publicação de resoluções ou portarias. Isso irritou empresas que tentavam registrar a importação de papel.
A nova exigência passou a ser conhecida pelos importadores no momento do registro da operação no Siscomex (Sistema Integrado de Comércio Exterior), quando o código do produto é inserido.

PRAZO
Agora, os importadores ficarão submetidos ao tempo determinado pelas autoridades para a concessão da licença. O prazo legal é de dois meses. O ministério diz que, em média, esse prazo é inferior a 60 dias. O MDIC não revelou qual é o prazo médio.
Folha de S.Paulo

 

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