Somalis aterrorizam costa africana
Os piratas já não são os mesmos. Não buscam tesouros, nem navegam por meses para saquear embarcações e povoados indefesos. Hoje, os alvos são os navios mercantes e os gordos resgates pagos para libertação de tripulações e cargas apresadas. O raio de ação da maior parte dos roubos no mar é a costa da Somália, na região Leste da África. No ano passado, foram 445 ataques a cargueiros e navios pesqueiros, sendo 330 (75%) somente naquela região. Um dos casos mais emblemáticos dos últimos anos foi o do super petroleiro saudita Sirius Star, libertado no início de 2009 após o pagamento de US$ 3 milhões. Por quase três meses, 25 homens ficaram em poder dos bandidos do mar. Os números são considerados preocupantes e o ímpeto dos somalis não diminuiu do ano passado para cá. No primeiro trimestre deste ano, 142 embarcações foram abordadas somente naquele trecho de mar. Navios de guerra foram deslocados para tornar as rotas marítimas mais seguras na região e alguns ataques chegaram a ser evitados. O fato é que a convulsão social por que passa a Somália tornou a pirataria uma das únicas formas de se ganhar dinheiro naquele que é um dos cinco países mais pobres do mundo.
Não há governo central desde 1991 e, por isso, é praticamente impossível julgar os piratas capturados. A expectativa de vida, segundo a ONU, é de 49 anos, enquantonoBrasiléde72. "É um tipo de criminalidade que tem origem socioeconômica. Muitos desses piratas talvez não tivessem outra opção. Não se vê piratas alemães, americanos e suecos, mas africanos sim", explica o professor de Direito Internacional da UniSantos, Gilberto Rodrigues. Neste contexto, a pirataria surge como uma escapatória para a pobreza.
Enquanto no Brasil adolescentes são arregimentados por traficantes de drogas com a promessa de dinheiro fácil, na Somália as gangues de piratas são formadas por jovens que querem deixar a miséria para trás. Eles gozam até de um certo prestígio entre os habitantes locais. A abordagem aos navios mercantes é quase sempre igual. Aproximam-se em pequenas lanchas, atiram para chamar a atenção e sobem com a ajuda de cordas. Portam fuzis, facões e granadas, e não somente para intimidar: mataram oito pessoas no ano passado e feriram outras 37.
Outras 1.181 foram feitas reféns. Para Gilberto Rodrigues, entre os piratas de hoje há os que agem isoladamente, mas muitos podem estar ligados a redes internacionais de tráfico, que contam, inclusive, com receptadores para as cargas que roubam. RIQUEZAS No transcorrer dos séculos, os avanços tecnológicos foram permitindo ao homem enxergar e chegar bem mais longe. Lunetas, bússolas e outros aparelhos contribuíram de forma decisiva para que os mares fossem vencidos. E as riquezas eram transportadas de um lado ao outro, pelo oceano, quase sempre das colônias para 6os grandes impérios, no Velho Continente. O Brasil, com suas riquezas minerais, vegetais e até animais, foi vilipendiado por piratas de várias origens ao longo dos anos. O pesquisador J. Muniz Jr. recorda do contrabando de pau-brasil, do qual se tirava uma tinta valiosa, e de papagaios, que eram vendidos na França assim que aprendessem a repetir as palavras, além de ouro e prata. "As guarnições piratas eram formadas por bandidos e fugitivos da Justiça. Eram peritos artilheiros, que atacavam empunhando bacamartes e pistolas em bandoleiras em busca de fortunas", explica. As armas se espalhavam pelo corpo, nas bandoleiras citadas por Muniz, uma vez que cada uma podia disparar uma única vez. Ele conta que, sem ter onde guardar os facões, muitas vezes os bandidos os traziam nos dentes para a luta, o que originou a expressão" armado até os dentes". Ele ressalta que não se pode confundir os piratas com os corsários que eram, quase sempre, nobres enviados pelos governos para roubar riquezas e as levar de volta a sua terra. "Havia os capitães elegantes de chapéu emplumado. Muitos tinham sido da marinha e perderam a patente. Já os piratas tinham aspecto horrível".
Porto de Santos
Os piratas já não são os mesmos. Não buscam tesouros, nem navegam por meses para saquear embarcações e povoados indefesos. Hoje, os alvos são os navios mercantes e os gordos resgates pagos para libertação de tripulações e cargas apresadas. O raio de ação da maior parte dos roubos no mar é a costa da Somália, na região Leste da África. No ano passado, foram 445 ataques a cargueiros e navios pesqueiros, sendo 330 (75%) somente naquela região. Um dos casos mais emblemáticos dos últimos anos foi o do super petroleiro saudita Sirius Star, libertado no início de 2009 após o pagamento de US$ 3 milhões. Por quase três meses, 25 homens ficaram em poder dos bandidos do mar. Os números são considerados preocupantes e o ímpeto dos somalis não diminuiu do ano passado para cá. No primeiro trimestre deste ano, 142 embarcações foram abordadas somente naquele trecho de mar. Navios de guerra foram deslocados para tornar as rotas marítimas mais seguras na região e alguns ataques chegaram a ser evitados. O fato é que a convulsão social por que passa a Somália tornou a pirataria uma das únicas formas de se ganhar dinheiro naquele que é um dos cinco países mais pobres do mundo.
Não há governo central desde 1991 e, por isso, é praticamente impossível julgar os piratas capturados. A expectativa de vida, segundo a ONU, é de 49 anos, enquantonoBrasiléde72. "É um tipo de criminalidade que tem origem socioeconômica. Muitos desses piratas talvez não tivessem outra opção. Não se vê piratas alemães, americanos e suecos, mas africanos sim", explica o professor de Direito Internacional da UniSantos, Gilberto Rodrigues. Neste contexto, a pirataria surge como uma escapatória para a pobreza.
Enquanto no Brasil adolescentes são arregimentados por traficantes de drogas com a promessa de dinheiro fácil, na Somália as gangues de piratas são formadas por jovens que querem deixar a miséria para trás. Eles gozam até de um certo prestígio entre os habitantes locais. A abordagem aos navios mercantes é quase sempre igual. Aproximam-se em pequenas lanchas, atiram para chamar a atenção e sobem com a ajuda de cordas. Portam fuzis, facões e granadas, e não somente para intimidar: mataram oito pessoas no ano passado e feriram outras 37.
Outras 1.181 foram feitas reféns. Para Gilberto Rodrigues, entre os piratas de hoje há os que agem isoladamente, mas muitos podem estar ligados a redes internacionais de tráfico, que contam, inclusive, com receptadores para as cargas que roubam. RIQUEZAS No transcorrer dos séculos, os avanços tecnológicos foram permitindo ao homem enxergar e chegar bem mais longe. Lunetas, bússolas e outros aparelhos contribuíram de forma decisiva para que os mares fossem vencidos. E as riquezas eram transportadas de um lado ao outro, pelo oceano, quase sempre das colônias para 6os grandes impérios, no Velho Continente. O Brasil, com suas riquezas minerais, vegetais e até animais, foi vilipendiado por piratas de várias origens ao longo dos anos. O pesquisador J. Muniz Jr. recorda do contrabando de pau-brasil, do qual se tirava uma tinta valiosa, e de papagaios, que eram vendidos na França assim que aprendessem a repetir as palavras, além de ouro e prata. "As guarnições piratas eram formadas por bandidos e fugitivos da Justiça. Eram peritos artilheiros, que atacavam empunhando bacamartes e pistolas em bandoleiras em busca de fortunas", explica. As armas se espalhavam pelo corpo, nas bandoleiras citadas por Muniz, uma vez que cada uma podia disparar uma única vez. Ele conta que, sem ter onde guardar os facões, muitas vezes os bandidos os traziam nos dentes para a luta, o que originou a expressão" armado até os dentes". Ele ressalta que não se pode confundir os piratas com os corsários que eram, quase sempre, nobres enviados pelos governos para roubar riquezas e as levar de volta a sua terra. "Havia os capitães elegantes de chapéu emplumado. Muitos tinham sido da marinha e perderam a patente. Já os piratas tinham aspecto horrível".
Porto de Santos
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