LEGISLAÇÃO

segunda-feira, 30 de maio de 2011

COMÉRCIO EXTERIOR - 30/05/2011

Greve e entrave à importação atrapalham setor automotivo

A greve na fábrica da Volkswagen no Paraná se aproxima de 1 mês e, somada à produção perdida em outras montadoras e entraves à importação de automóveis, pode acabar obrigando a indústria de veículos a rever para baixo os números de vendas previstos para 2011.

O impasse na unidade da Volks de São José dos Pinhais, uma das mais modernas da companhia alemã no mundo, em torno de distribuição de parte do lucro aos empregados já causou a perda de produção de 12.150 automóveis da marca, de acordo com o sindicato que representa os trabalhadores. A Volkswagen ocupa a segunda posição de vendas nacionais, atrás apenas da Fiat.

Segundo analistas, o vigor do mercado de veículos do Brasil está ampliando o poder dos metalúrgicos nas negociações com as empresas desde o ano passado. Em 2010, os trabalhadores conseguiram reajustes bastante acima da inflação, com as montadores concedendo aumentos salariais acima de 10 por cento.

'Quando o mercado está quente, os trabalhadores começam a radicalizar, é preciso ter bom senso', afirma a diretora da consultoria MB Associados, Tereza Maria Fernandez. Segundo ela, até agora o mercado não sentiu efeitos da queda de produção, por causa de um nível de estoque mais alto que a média.

'O mercado vem crescendo a uma velocidade menor que no ano passado, mas as montadoras não diminuíram produção. Até o momento, acho que as paralisações não atrapalham (as vendas) por causa do nível de estoque.'

'Mas há um limite. Se isso (greve na Volkswagen) se estender até o início de junho, a gente vai ter de rever os números', acrescenta ela, referindo-se às projeções de produção e vendas da indústria em 2011.

A associação que representa as montadoras, Anfavea, prevê para 2011 uma alta de 5 por cento nas vendas de veículos no país, para novo recorde de 3,69 milhões de unidades. A produção de veículos montados deve subir 1,1 por cento, atingindo 3,42 milhões.

Na avaliação do economista do setor automotivo na consultoria Tendências, Alexandre Andrade, com exceção da Volks, as montadoras vêm aceitando as exigências dos trabalhadores 'para não terem implicações mais sérias, de se verem com uma linha de produção interrompida por muito tempo'.

Ele concorda com a avaliação da diretora da MB Associados sobre um prolongamento da greve na Volks no Paraná, que produz entre outros modelos o Fox --o quinto automóvel mais vendido do Brasil na primeira quinzena de maio.

'Acho que agora os estoques estão sendo suficientes para atender a demanda, mas se a interrupção da produção se estender por mais tempo, aí sim pode afetar as estimativas do setor', diz Andrade.

Procuradas, Anfavea e Volkswagen preferiram não comentar o assunto. No início do mês, a entidade divulgou que o estoque de veículos novos entre patios de montadoras e concessionários do país era de 315.754 unidades, suficiente para 33 dias de vendas.

LUCRO REPARTIDO
Neste ano, negociações em torno de participação nos lucros concederam valores de até 15 mil reais para trabalhadores da fábrica de caminhões da Volvo, no Paraná. Na terça-feira, metalúrgicos da General Motors em São José dos Campos e São Caetano, no Estado de São Paulo, encerraram movimento grevista após obterem da empresa valores 30 por cento maiores que em 2010, de até 13,7 mil reais.

A greve na Volks começou em 5 de maio e já é a maior promovida pela categoria desde o segundo semestre de 2009, quando a fábrica paranaense parou por 21 dias em meio à campanha salarial daquele ano.

Os trabalhadores cobram 12 mil reais de participação nos resultados da montadora, com uma primeira parcela de 6 mil reais. A montadora oferece um primeiro pagamento de 4.600 reais, com o restante ficando para ser discutido no segundo semestre.

FALTAM PEÇAS
Enquanto isso, na Honda em Sumaré (SP) a produção parou desde o dia 12. A falta de peças causada pelo terremoto de março no Japão obrigou a empresa a anunciar corte de metade da produção e demissões. A escassez de componentes também atingiu a Toyota em Indaiatuba (SP), que parou por três dias entre o final de abril e a semana passada.

Além das greves e da falta de componentes que prejudica especificamente a produção das japonesas, o governo adotou há quase duas semanas barreiras à importação de veículos prontos --em uma ação que pode atrapalhar as vendas das marcas que não produzem no Brasil. Licenças de importação que antes eram automáticas levarão agora até dois meses.

O real valorizado impulsionou a comercialização de veículos importados no Brasil, que atualmente respondem por mais de 20 por cento das vendas de carros novos.
Reuters



Governo estuda licença não automática em outras áreas

O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, disse ontem que o governo estuda impor licenças não automáticas para importações em outros setores. De acordo com ele, a adoção de práticas mais ativas de defesa comercial será uma das estratégias do governo para proteger a indústria nacional no curto prazo.

"Nós vamos agregar outras medidas, como o licenciamento não automático para importações, que é permitido pelas regras da Organização Mundial do Comércio (OMC), para aqueles setores em que há claramente uma ameaça na balança comercial", afirmou, durante palestra no seminário Brasil do Diálogo, da Produção e do Emprego, na capital paulista. "Vamos usar tudo o que for possível, dentro das regras da OMC, para defender a competitividade da produção nacional."

No dia 12, o governo brasileiro impôs licenças não automáticas (que demoram um prazo máximo de 60 dias para liberar produtos) à importação de carros. A medida atinge, principalmente, o mercado argentino.

Pimentel não quis adiantar quais setores poderão ser alvo de licenças não automáticas. "Estamos trabalhando com os dados da balança comercial. Onde houver ameaça séria ao nosso saldo, vamos utilizar medidas adequadas de defesa comercial."

Na avaliação dele, não se trata de medidas protecionistas, pois as medidas estarão dentro das regras da OMC. "Esse instrumento ficou um pouco relegado nos últimos anos, talvez o câmbio exageradamente valorizado tenha nos deixado um pouco preguiçosos nessa história, mas hoje não é mais assim. Estamos atentos a isso e vamos continuar praticando a boa política de defesa comercial."

Argentina. Em Buenos Aires, as montadoras de automóveis estão preocupadas pelo fracasso das negociações bilaterais, realizadas em Buenos Aires, na segunda e terça-feira, para tentar desativar a crise. Ontem, o presidente da Associação de Fabricantes de Automóveis, Aníbal Borderes, declarou que "na medida que o impasse se prolongue, a preocupação é cada vez maior".

Fontes do setor indicam que, caso o Brasil continue aplicando a medida, as vendas argentinas de automóveis para o mercado brasileiro poderiam despencar 20% este ano, já que acumulariam problemas de logística graves, entre elas, a falta de espaço para colocar os veículos produzidos.

Câmbio. Pimentel disse ainda que a valorização do real em relação ao dólar é um problema que não tem solução no curto prazo. Ele afirmou que a valorização da moeda nacional é uma consequência da política monetária expansionista dos EUA, que tem atingido o câmbio e as relações de troca em todo o mundo.
"É um problema que não tem solução no quadro da nossa governabilidade interna. Nós vamos ter de conviver durante um tempo não previsível com um câmbio em que o real vai estar muito valorizado", disse.
Pimentel também reconheceu que a taxa básica de juros (Selic) está elevada, mas disse que são os juros altos que contribuíram para a estabilidade econômica do País. "Superamos o período inflacionário dos anos 80 e 90, construímos fundamentos fiscais e monetários muito sólidos, uma política muito séria, ainda que isso nos custe uma taxa de juros extremamente elevada, a mais alta do mundo."

Barreiras aos carros

Associação de Fabricantes de Automóveis da Argentina manifestou ontem preocupação com o fracasso das negociações bilaterais realizadas em Buenos Aires na segunda e terça-feira.
O Estado de São Paulo



Brasil prepara câmara de comércio na China

Empresas nacionais com atuação no país asiático se articulam para criar entidade.

Atrasadas em relação a multinacionais de países como Alemanha e Espanha, empresas brasileiras instaladas na China estudam a criação de uma entidade formal para representar interesses coletivos no país.
O assunto tem sido um tema recorrente do Fórum Brasil, grupo informal que reúne empresas instaladas na China, como Vale, Embraer, Brasil Foods e escritórios de advocacia. São cerca de 60 empresas, o dobro de quando o grupo foi criado, em 2004.

"A formalização dará mais visibilidade às empresas que atuam na China, inclusive perante o governo", diz o atual coordenador do fórum, Sérgio de Quadros, representante do Banco do Brasil no país. Mas ele ressalvou que não há decisão tomada e que as matrizes ainda não foram consultadas.

A ideia de uma câmara comercial brasileira na China é incentivada pelo consulado em Xangai, que fez um levantamento sobre o assunto.

"A criação de uma câmara é uma evolução natural das nossas relações", afirma o cônsul em Xangai, Marcos Caramuru. "É claro que, na maioria dos casos, o governo defende o seu setor privado. Mas há vários temas que são típicos do setor privado."

Responsável pela área comercial do consulado, Gláucio Veloso ressalta que todos os países com presença empresarial importante na China têm câmaras formais, responsáveis por relatórios sobre ambiente de negócios e pesquisas de mercado, além de assessorar empresas que querem se instalar na China.
Mas a criação de uma câmara é trabalhosa, diz Veloso. A legislação chinesa exige relatório anual, estrutura organizacional dos membros e prestação de contas.

A demora do Fórum Brasil em se formalizar incentivou a criação de outro grupo, Profissionais Brasileiros na China (PBC).
Portos e Navios



Projeto capacita empresa para exportar

A terceira edição do Projeto de Extensão Industrial Exportadora continua com a capacitação de micros, pequenas e médias empresas, com foco na exportação.

Competitividade é a palavra-chave. Tornar as empresas aptas a conquistar novos mercados e enfrentar desafios, como a exportação. São 824 indústrias e empresas comerciais exportadoras da Região Metropolitana de Fortaleza atendidas gratuitamente pelo Projeto de Extensão Industrial Exportadora (Peiex). Com 93% de satisfação dos participantes, o projeto chega à terceira edição para capacitar 280 micros, pequenas e médias empresas. R$ 790 mil foram investidos pelo Governo do Estado, Fundação Núcleo de Tecnologia Industrial do Ceará, (Nutec) e Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex Brasil).

A atenção especial para a micro e pequena indústria que ainda não exporta é o diferencial do projeto, que pretende ampliar os canais para as indústrias que querem começar a exportar ou que buscam novos mercados internacionais para seus produtos. O professor Lindberg Lima, presidente da Nutec, falou sobre a importância da extensão tecnológica. Para atender um maior público, o núcleo lança novo programa no próximo mês para complementar a parceria.
Eduardo Bezerra, superintendente do Centro Internacional de Negócios (CIN), diz que a dimensão atual da empresa não deve ser impedimento para o primeiro passo. Goretti Serpa Braga, coordenadora local do Peiex, diz que o setor mais contemplado é a confecção, com 74% da representação das empresas participantes. O setor de alimentos e bebidas é o segundo, seguido dos produtos químicos. Goretti garante que todos os municípios da Região Metropolitana e setores industriais são atendidos.
Micro, pequena e média empresas são assistidas, mas com maior enforque na primeira. Goreti diz que as empresas precisam de atuação em todas as áreas. A novidade deste ano é o crescimento do setor de comércio exterior.
Com o aumento da demanda em 10% (comparado aos 4% do ano passado). Goretti também diz que o processo de crescimento é lento, pois precisa de mudança na estrutura da empresa e na mentalidade do empresário. “É preciso ver o mercado externo como novo cliente”, diz.

O secretário da Comissão de Comércio Exterior do Ceará (CCE), Ernesto Leite, disse que espera alcançar uma meta de U$ 5 bilhões em exportações do Estado até 2015. Hoje, o Ceará exporta U$ 1 bilhão por ano.

O quê

ENTENDA A NOTÍCIA
Com a terceira edição do Projeto de Extensão Industrial Exportadora, PEIEx, 280 empresas poderão ser capacitadas para conquistar novosmercados. Nacionais e internacionais. O projeto é gratuito.

SAIBA MAIS
Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) promove exportações de produtos e serviços do País, contribui para a internacionalização das empresas brasileiras e atrai investimentos estrangeiros diretos para o Brasil. A agência atua em parceria com a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e com a Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec) por meio do Centro Internacional de Negócios (CIN).

Tiago Terra, coordenador da Apex-Brasil, explica que a agência que representa o Brasil e “vende a imagem” do País no Exterior. As empresas e indústrias interessadas podem procurar a unidade de atendimento da Apex-Brasil no CNI do Ceará localizado na sede da Fiec em Fortaleza. A Apex-Brasil atende a oito mil empresas no País e já investiu mais de U$ 20 bilhões. Em 2010, recebeu o prêmio de melhor projeto de qualificação do mundo. O prêmio International Trade Center) da ONU.
Portos e Navios



Frigoríficos brasileiros irão exportar carne suína para China
Nomes das três primeiras indústrias que poderão vender ao país asiático foram publicados.

A Administração-Geral de Qualidade, Inspeção e Quarentena da China publicou hoje a lista dos primeiros frigoríficos brasileiros autorizados a exportar carne suína para o país asiático. São três indústrias localizadas nos estados de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Goiás. O governo chinês anunciou, em abril, a abertura do mercado para o produto do Brasil durante visita da presidenta Dilma Rousseff a Pequim.

Nos próximos dias, os governos do Brasil e da China devem fechar os termos do certificado sanitário que contém os requisitos para o início dos embarques da carne suína nacional.

— Enquanto isso, o setor privado já está programando a produção de acordo com as exigências chinesas _ informa o diretor do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal, Luiz Carlos Oliveira, que também participou da missão a Pequim em abril.

Nesta semana, Oliveira se reuniu com representantes da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs). No encontro, foram acertados os requisitos específicos do mercado chinês, que envolvem determinado tipo de animal e ração e o modo de criação do rebanho, por exemplo, a serem utilizados para atender o país asiático.
Durante a visita da presidenta Dilma Rousseff a Pequim, os chineses também anunciaram a aprovação de mais 25 frigoríficos brasileiros habilitados a vender carne de frango e outros cinco de carne bovina.
Portos e Navios


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