Disputa entre EUA e China atrasa revisão de cesta de moedas
Um confronto entre os EUA e a China deve retardar mais do que previsto a integração do yuan chinês e também do real brasileiro na cesta de moedas do FMI, na tentativa de reduzir a dependência dos países em relação ao dólar.
A França, que preside o G-20 este ano, enfrenta sérias dificuldades para dar passos concretos na reforma do que considera como um "não-sistema monetário internacional" dominada por um dólar desvalorizado. O plano francês incluía gerir a transição para um sistema multipolar de moedas e reservas, aumentando a composição das moedas na cesta dos Direitos Especiais de Saque (DES), do FMI.
Hoje essa cesta é composta pelo dólar, libra esterlina, euro e yen. A inclusão de moedas de novas potências econômicas tem a vantagem da diversificação, com o sistema ficando menos exposto a choques em seus membros, e permite melhor gestão da liquidez global.
O yuan lidera a lista, na expectativa de que sua utilização aumentará no comércio internacional. Mas o real também está na parada. Até agora, para integrar a cesta do FMI, as exigências básicas eram conversibilidade da moeda e uso no comércio e transações internacionais. Mas em recente encontro de ministros de Finanças do G-20, o secretário do Tesouro dos EUA, Tim Geithner, cobrou que um país para ter sua moeda no DES precisa ter também cambio flutuante e livre movimento de capital, requisitos que a China não preenche.
Os EUA reclamam que a China, segunda maior economia mundial, mantém sua moeda artificialmente baixa para favorecer seus exportadores em detrimento do resto do mundo. O yuan não flutua conforme oferta e demanda, e sim numa faixa limitada fixada cada dia pelo banco central chinês.
Pequim mostra no G-20 que não está com pressa para internacionalizar sua moeda. Mesmo assim, rejeita exigências adicionais impostas pelos EUA, que é ainda o único país com direito de veto no FMI.
Técnicos do G-20 voltam a se reunir em junho para negociar critérios para ampliar a cesta de moedas. Mas, mesmo se o grupo recomendar até o fim do ano a inclusão do yuan e outras moedas, isso não ocorrerá na prática antes de 2013.
De maneira geral, a França sofre sérias resistências para apresentar resultados concretos, no fim de ano, sobre a reforma do sistema monetário internacional. "A crise financeira global foi deflagrada por deficiências graves nos sistemas financeiros americano e europeu", diz Paulo Nogueira Batista Júnior, diretor-executivo do FMI pelo Brasil e oito países. "Mas as reformas avançam muito lentamente, insuficientes, inclusive em termos de coordenação internacional. Isso porque os lobbies financeiros são muito poderosos nos EUA e na Europa. Como a crise amainou, a tentação dos governos é não enfrentar os problemas."
Os EUA resistem a examinar o desequilíbrio entre o peso do dólar, fazendo dois terços das transações internacionais, e a economia americana que representa 25% da produção global.
Emergentes liderados pelo Brasil recusam código de conduta para imposição de controle de capital. Um seminário do FMI e governo brasileiro no Rio nos dias 26 e 27 discutirá o tema. A projeção é de que os fluxos continuem altos, e voláteis, para os emergentes nos próximos anos. Também a criação de "Global Financial Safety Nets" tem "rendimentos decrescentes", e países não veem muito como ampliar recursos do FMI em crises.
Enquanto os desequilíbrios da economia global tendem a aumentar, a ministra de Finanças da França, Cristine Lagarde, resignou-se na semana passada, em Zurique, a citar o escritor suíço Henri-Fréderic Amiel, de que o progresso são "mil coisas que avançam e 999 que recuam".
Valor Econômico
Um confronto entre os EUA e a China deve retardar mais do que previsto a integração do yuan chinês e também do real brasileiro na cesta de moedas do FMI, na tentativa de reduzir a dependência dos países em relação ao dólar.
A França, que preside o G-20 este ano, enfrenta sérias dificuldades para dar passos concretos na reforma do que considera como um "não-sistema monetário internacional" dominada por um dólar desvalorizado. O plano francês incluía gerir a transição para um sistema multipolar de moedas e reservas, aumentando a composição das moedas na cesta dos Direitos Especiais de Saque (DES), do FMI.
Hoje essa cesta é composta pelo dólar, libra esterlina, euro e yen. A inclusão de moedas de novas potências econômicas tem a vantagem da diversificação, com o sistema ficando menos exposto a choques em seus membros, e permite melhor gestão da liquidez global.
O yuan lidera a lista, na expectativa de que sua utilização aumentará no comércio internacional. Mas o real também está na parada. Até agora, para integrar a cesta do FMI, as exigências básicas eram conversibilidade da moeda e uso no comércio e transações internacionais. Mas em recente encontro de ministros de Finanças do G-20, o secretário do Tesouro dos EUA, Tim Geithner, cobrou que um país para ter sua moeda no DES precisa ter também cambio flutuante e livre movimento de capital, requisitos que a China não preenche.
Os EUA reclamam que a China, segunda maior economia mundial, mantém sua moeda artificialmente baixa para favorecer seus exportadores em detrimento do resto do mundo. O yuan não flutua conforme oferta e demanda, e sim numa faixa limitada fixada cada dia pelo banco central chinês.
Pequim mostra no G-20 que não está com pressa para internacionalizar sua moeda. Mesmo assim, rejeita exigências adicionais impostas pelos EUA, que é ainda o único país com direito de veto no FMI.
Técnicos do G-20 voltam a se reunir em junho para negociar critérios para ampliar a cesta de moedas. Mas, mesmo se o grupo recomendar até o fim do ano a inclusão do yuan e outras moedas, isso não ocorrerá na prática antes de 2013.
De maneira geral, a França sofre sérias resistências para apresentar resultados concretos, no fim de ano, sobre a reforma do sistema monetário internacional. "A crise financeira global foi deflagrada por deficiências graves nos sistemas financeiros americano e europeu", diz Paulo Nogueira Batista Júnior, diretor-executivo do FMI pelo Brasil e oito países. "Mas as reformas avançam muito lentamente, insuficientes, inclusive em termos de coordenação internacional. Isso porque os lobbies financeiros são muito poderosos nos EUA e na Europa. Como a crise amainou, a tentação dos governos é não enfrentar os problemas."
Os EUA resistem a examinar o desequilíbrio entre o peso do dólar, fazendo dois terços das transações internacionais, e a economia americana que representa 25% da produção global.
Emergentes liderados pelo Brasil recusam código de conduta para imposição de controle de capital. Um seminário do FMI e governo brasileiro no Rio nos dias 26 e 27 discutirá o tema. A projeção é de que os fluxos continuem altos, e voláteis, para os emergentes nos próximos anos. Também a criação de "Global Financial Safety Nets" tem "rendimentos decrescentes", e países não veem muito como ampliar recursos do FMI em crises.
Enquanto os desequilíbrios da economia global tendem a aumentar, a ministra de Finanças da França, Cristine Lagarde, resignou-se na semana passada, em Zurique, a citar o escritor suíço Henri-Fréderic Amiel, de que o progresso são "mil coisas que avançam e 999 que recuam".
Valor Econômico
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