Centronave muda comando e atitude
Novo diretor-executivo do Centro Nacional de Navegação (Centronave), Claudio Loureiro defende uma mudança de atitude para encarar o principal problema do setor: a falta de infraestrutura. Na primeira entrevista desde que tomou posse, ele forja o conceito 5S (nomenclatura que estipula a qualidade total em uma empresa) para lidar imediatamente com os gargalos. "O setor hoje está muito refém da infraestrutura. Seja em conexão rodoviária ou ferroviária, infraestrutura portuária, capacidade dos portos, tamanho de berços, profundidade, equipamentos, tempo e custos de operação", lista. "Mas não adianta mudar a lei ou criar novas ferramentas se não houver boas atitudes".
O "5S da infraestrutura", diz, é composto pelo senso de urgência; sentimento de dono; senso de colaboração; senso de interação; e, finalmente, bom senso. Não se trata de dispensar a agenda combativa que o Centronave sempre teve. Mas de começar a destravá-la pelos gargalos mais óbvios, alguns deles dependentes apenas de mudança de padrão de órgãos públicos.
Recentemente, uma embarcação esperou três dias no porto do Recife pela chegada de um fiscal que precisava colher amostra de malte, carga importada que seria descarregada tão logo o órgão desse a anuência. "Existem hoje mais de 20 entidades governamentais que de alguma forma intervêm no processo nos portos. Cadê o senso de interação, de urgência, o sentimento de dono?", questiona, evocando este último conceito da época em que atuou na antiga Docenave, armador da então Vale do Rio Doce. "É preciso nos darmos conta de que não estamos cuidando só do nosso pedacinho, mas do comércio exterior brasileiro. Isso vai refletir em custos mais baixos".
Loureiro é graduado em Administração de Empresas, com mestrado pela FGV. Frequentou cursos na Fundação Dom Cabral, International Institute for Management Development e Massachusetts Institute of Technology. Tem 60 anos, 35 dedicados ao transporte marítimo, logística e gestão de portos. Iniciou a carreira na Companhia de Navegação Lloyd Brasileiro, onde foi vice-presidente. O último cargo na iniciativa privada foi na Log-In. Deixou a empresa no fim de 2010. Também foi vice-presidente do Sindicato Nacional das Empresas de Navegação Marítima (Syndarma), formado por armadores dedicados principalmente ao transporte doméstico.
Ao fim do mandato, em julho, foi convidado para ser diretor do Centronave. A associação congrega 28 armadores em operação no pais que respondem por 70% do comércio exterior brasileiro. Loureiro substitui Elias Gedeon, cuja gestão ficou marcada pelos embates na Justiça com as associações de praticagem - responsáveis pelo serviço de manobra dos navios nos portos e cuja contratação pelo armador é obrigatória por lei. Com os práticos, quer construir uma "agenda positiva".
O executivo assume num dos momentos mais críticos da navegação devido à crise mundial. No Brasil, os volumes estão altos por conta das importações, mas os fretes estão em queda, uma tendência mundial. Paralelamente, os custos não caíram na mesma proporção. Somado a isso, há mais capacidade entrando nos tráfegos, o que torna mais lenta a recuperação dos fretes.
Segundo a consultoria Alphaliner, os navios empregados até outubro adicionaram capacidade equivalente a 1 milhão de Teus (contêineres de 20 pés) nos tráfegos mundiais. As rotas relativas à América Latina (lideradas pelo Brasil) absorveram 17% da nova oferta. E grande parte dessas embarcações tem capacidade para mais de 7 mil Teus - que poucos terminais no Brasil têm hoje condições de operar, seja pela falta de profundidade nos portos, seja pela falta de equipamentos.
Entre as medidas que dariam ganho de produtividade aos portos e não dependem de mudança legal, Loureiro cita a terceirização dos leilões da Receita Federal para as cargas em perdimento. Ficam nessa situação as cargas que não são desembaraçadas e retiradas dos portos no prazo de 90 dias. Nesse caso, a Receita pode promover leilão para vendê-las. "Existe terminal com 40% de sua capacidade comprometida com cargas abandonadas", cita. "A velocidade dos leilões tinha de ser maior. Estamos conversando com a Receita."
Portos e Navios
Produto logístico da Kuehne + Nagel, reflete potencial da importação
O Brasil é a sétima economia do mundo, porém ainda é apenas o vigésimo em volume de importações. Uma comparação com o principal parceiro comercial asiático, a China, revela a relação entre crescimento e importações: o PIB brasileiro é aproximadamente 1/3 do chinês, porém o volume de importações da China é sete vezes o do Brasil, tendo uma economia aproximadamente três vezes maior. De outro lado, Taiwan, Cingapura, Índia, Coréia e Rússia, por exemplo, importam volumes absolutos bem maiores do que os brasileiros, embora tenham crescimento em patamares similares ao do Brasil.
Este cenário é um dos principais fatores para a impulsão da estratégia da Kuehne + Nagel com o Translat, um conceito de produto desenvolvido para atender o mercado de importação da Ásia para a America Latina. O produto da empresa funciona a partir do estabelecimento de parcerias exclusivas com companhias aéreas, de bloqueios e alocações de espaços, de uma equipe dedicada de gateway, entre outros diferenciais operacionais que proporcionam vantagens e benefícios exclusivos como: redução de custos, , melhor tempo de trânsito, menor manuseio da carga, e, consequentemente, mais segurança, transparência e tranqüilidade aos importadores brasileiros.
“O mercado asiático tem grande potencial de crescimento para os importadores brasileiros e dentro do mercado aéreo trata-se de uma das áreas mais importantes em âmbito global”, explica Helena Homem de Melo, National Airfreight Import Manager da Kuehne + Nagel. No momento, o Translat tem parcerias com as companhias aéreas de primeira linha e atua no Brasil nos aeroportos de Cumbica (GRU) e Viracopos (VCP).
Importação da China tem perfil equilibrado
O peso da Ásia para o mercado nacional, com destaque natural para a China, que defende mais de 30% das importações brasileiras oriundas da Ásia (14% do total de importações brasileiras), indica que os bens de consumo não correspondem a volumes avassaladores para o mercado interno. Apenas 23% do que se importa da Ásia são produtos de consumo (representação de 0,7% de PIB). O restante das importações deste continente são máquinas e equipamentos usados na indústria brasileira ou matérias-primas, também usadas na fabricação de produtos aqui no Brasil.
Guia Marítimo
Portos cearenses têm desafio de vencer gargalos estruturais
Terminais do Estado comemoram alta na movimentação, mas cenário poderia ser melhor sem as barreiras
O crescimento da economia brasileira tem animado o setor portuário nos últimos anos. Entram na comemoração também os portos cearenses que anunciam ter superado até agora as expectativas de volume de carga movimentada no ano. No Pecém, já foram movimentadas, até outubro, 2,7 milhões de toneladas e, por lá, espera-se atingir, ainda em novembro, o total de três milhões de toneladas. No mesmo caminho segue o Porto do Mucuripe, que já movimentou 3,4 milhões de toneladas de carga. Contudo, o cenário poderia ser ainda melhor não fossem as barreiras estruturais que os portos ainda enfrentam.
A área do pátio do Mucuripe está "estrangulada", segundo o presidente da Companhia Docas do Ceará, Paulo André Holanda. Ele explica que 40% do espaço está tomado por aerogeradores, carga que impede o trânsito de outras mercadorias e, portanto, gera prejuízo. "Estamos deixando de receber outras cargas por isso. Muitos estão parados por embargos junto à Semace, outros por problemas com a Receita. Uma solução é o desembaraço antecipado, mas ainda não funciona como deveria", lamenta.
Novo terminal
Uma solução momentânea em vista será a construção do novo terminal de passageiros, que agregará uma
área de 40 mil metros quadrados - entre a estação de passageiros, retroarea e um cais - e deve ficar pronto em dez 2013. Somente o novo cais, com 350 metros de comprimento e 14 metros de profundidade, permitirá que um navio grande porte, ou dois médios ou pequenos, atraque também no Mucuripe. "É um alívio, mas ainda não resolve o problema, porque esperamos que a economia continue aquecida e que, por isso, os portos também", avalia.
Pátio lotado
O gargalo no Pecém é parecido, mas não chega a ser exatamente o mesmo. O pátio de lá está lotado, mas o problema é a grande quantidade de contêineres vazios, ou seja, não há espaço, porque há falhas na logística de importações e exportações. O gerente operacional do Porto do Pecém, José Alcântara, detalha que, atualmente, a maior parte da carga que sai por lá é de frutas, mercadoria que exige container refrigerado. Contudo, não há muito volume de importação do mesmo segmento, o que significa que esses tipos de contêineres chegam vazios aqui.
"De janeiro a outubro deste ano, 42% de todas as frutas que saíram do País foram via Pecém. Assim dá pra imaginar a quantidade de contêineres vazios que chegam pra ficarem parados aqui: cerca de 9 mil só neste ano", afirma Alcântara. E, se nada for feito, o entrave tende a aumentar. Só do ano passado para hoje, a exportação dessa mercadoria cresceu 16% no Porto do Pecém.
"O ideal seria ocupar de qualquer forma esses contêineres que vão e vem, ainda que com cargas de baixo valor agregado", diagnostica.
Seminário aborda temas
Os gestores dos portos devem discutir essas e outras questões a partir do próximo dia 22, durante o VI Seminário SEP de Logística e a III Feira de Tendências de Logística do Norte e Nordeste, que acontecerá no hotel Gran Marquise, até o dia 25 deste mês. O objetivo de mobilizar a cadeia produtiva para questões como Porto sem Papel, Inteligência Portuária e Modernização dos Portos Brasileiros para Copa de 2014.
Segundo a Secretaria dos Portos da Presidência da República, apesar da crise mundial afetar o comércio exterior de vários países, o Brasil experimenta um crescimento de 11,07% no volume total de carga movimentada, somente no período de janeiro a setembro de 2011, em comparação a todo o ano de 2010. Esse volume representa 683,2 milhões de toneladas e revela que o País já vinha numa recuperação forte da crise anterior, de 2008/2009, quando a movimentação de carga nos portos brasileiros caiu 4,61% entre os dois anos. Em relação aos esforços da Secretaria, tanto a direção do Porto do Pecém, quanto a do Mucuripe, são enfáticas em afirmar que isso se deve pela "autonomia" em relação ao Ministério dos Transportes.
"Os portos do País, nos últimos 20, 25 anos ficaram sem nenhum investimento. Agora, tem um lobby de alguns deputados querendo que a Secretaria dos Portos volte à esse patamar. Isso pode ser um retrocesso para o setor, que só está crescendo. Até março de 2012, cerca de 15 portos estarão com a dragagem completa, pelo Plano Nacional de Dragagem", defende Paulo André Holanda.
Mais informações
O VI Seminário SEP de Logística e a III Feira de Tendências de Logística acontecem de 22 a 25 deste mês, no Gran Marquise, em Fortaleza
Diário do Nordeste (CE)/ANA CAROLINA QUINTELA
Novo diretor-executivo do Centro Nacional de Navegação (Centronave), Claudio Loureiro defende uma mudança de atitude para encarar o principal problema do setor: a falta de infraestrutura. Na primeira entrevista desde que tomou posse, ele forja o conceito 5S (nomenclatura que estipula a qualidade total em uma empresa) para lidar imediatamente com os gargalos. "O setor hoje está muito refém da infraestrutura. Seja em conexão rodoviária ou ferroviária, infraestrutura portuária, capacidade dos portos, tamanho de berços, profundidade, equipamentos, tempo e custos de operação", lista. "Mas não adianta mudar a lei ou criar novas ferramentas se não houver boas atitudes".
O "5S da infraestrutura", diz, é composto pelo senso de urgência; sentimento de dono; senso de colaboração; senso de interação; e, finalmente, bom senso. Não se trata de dispensar a agenda combativa que o Centronave sempre teve. Mas de começar a destravá-la pelos gargalos mais óbvios, alguns deles dependentes apenas de mudança de padrão de órgãos públicos.
Recentemente, uma embarcação esperou três dias no porto do Recife pela chegada de um fiscal que precisava colher amostra de malte, carga importada que seria descarregada tão logo o órgão desse a anuência. "Existem hoje mais de 20 entidades governamentais que de alguma forma intervêm no processo nos portos. Cadê o senso de interação, de urgência, o sentimento de dono?", questiona, evocando este último conceito da época em que atuou na antiga Docenave, armador da então Vale do Rio Doce. "É preciso nos darmos conta de que não estamos cuidando só do nosso pedacinho, mas do comércio exterior brasileiro. Isso vai refletir em custos mais baixos".
Loureiro é graduado em Administração de Empresas, com mestrado pela FGV. Frequentou cursos na Fundação Dom Cabral, International Institute for Management Development e Massachusetts Institute of Technology. Tem 60 anos, 35 dedicados ao transporte marítimo, logística e gestão de portos. Iniciou a carreira na Companhia de Navegação Lloyd Brasileiro, onde foi vice-presidente. O último cargo na iniciativa privada foi na Log-In. Deixou a empresa no fim de 2010. Também foi vice-presidente do Sindicato Nacional das Empresas de Navegação Marítima (Syndarma), formado por armadores dedicados principalmente ao transporte doméstico.
Ao fim do mandato, em julho, foi convidado para ser diretor do Centronave. A associação congrega 28 armadores em operação no pais que respondem por 70% do comércio exterior brasileiro. Loureiro substitui Elias Gedeon, cuja gestão ficou marcada pelos embates na Justiça com as associações de praticagem - responsáveis pelo serviço de manobra dos navios nos portos e cuja contratação pelo armador é obrigatória por lei. Com os práticos, quer construir uma "agenda positiva".
O executivo assume num dos momentos mais críticos da navegação devido à crise mundial. No Brasil, os volumes estão altos por conta das importações, mas os fretes estão em queda, uma tendência mundial. Paralelamente, os custos não caíram na mesma proporção. Somado a isso, há mais capacidade entrando nos tráfegos, o que torna mais lenta a recuperação dos fretes.
Segundo a consultoria Alphaliner, os navios empregados até outubro adicionaram capacidade equivalente a 1 milhão de Teus (contêineres de 20 pés) nos tráfegos mundiais. As rotas relativas à América Latina (lideradas pelo Brasil) absorveram 17% da nova oferta. E grande parte dessas embarcações tem capacidade para mais de 7 mil Teus - que poucos terminais no Brasil têm hoje condições de operar, seja pela falta de profundidade nos portos, seja pela falta de equipamentos.
Entre as medidas que dariam ganho de produtividade aos portos e não dependem de mudança legal, Loureiro cita a terceirização dos leilões da Receita Federal para as cargas em perdimento. Ficam nessa situação as cargas que não são desembaraçadas e retiradas dos portos no prazo de 90 dias. Nesse caso, a Receita pode promover leilão para vendê-las. "Existe terminal com 40% de sua capacidade comprometida com cargas abandonadas", cita. "A velocidade dos leilões tinha de ser maior. Estamos conversando com a Receita."
Portos e Navios
Produto logístico da Kuehne + Nagel, reflete potencial da importação
O Brasil é a sétima economia do mundo, porém ainda é apenas o vigésimo em volume de importações. Uma comparação com o principal parceiro comercial asiático, a China, revela a relação entre crescimento e importações: o PIB brasileiro é aproximadamente 1/3 do chinês, porém o volume de importações da China é sete vezes o do Brasil, tendo uma economia aproximadamente três vezes maior. De outro lado, Taiwan, Cingapura, Índia, Coréia e Rússia, por exemplo, importam volumes absolutos bem maiores do que os brasileiros, embora tenham crescimento em patamares similares ao do Brasil.
Este cenário é um dos principais fatores para a impulsão da estratégia da Kuehne + Nagel com o Translat, um conceito de produto desenvolvido para atender o mercado de importação da Ásia para a America Latina. O produto da empresa funciona a partir do estabelecimento de parcerias exclusivas com companhias aéreas, de bloqueios e alocações de espaços, de uma equipe dedicada de gateway, entre outros diferenciais operacionais que proporcionam vantagens e benefícios exclusivos como: redução de custos, , melhor tempo de trânsito, menor manuseio da carga, e, consequentemente, mais segurança, transparência e tranqüilidade aos importadores brasileiros.
“O mercado asiático tem grande potencial de crescimento para os importadores brasileiros e dentro do mercado aéreo trata-se de uma das áreas mais importantes em âmbito global”, explica Helena Homem de Melo, National Airfreight Import Manager da Kuehne + Nagel. No momento, o Translat tem parcerias com as companhias aéreas de primeira linha e atua no Brasil nos aeroportos de Cumbica (GRU) e Viracopos (VCP).
Importação da China tem perfil equilibrado
O peso da Ásia para o mercado nacional, com destaque natural para a China, que defende mais de 30% das importações brasileiras oriundas da Ásia (14% do total de importações brasileiras), indica que os bens de consumo não correspondem a volumes avassaladores para o mercado interno. Apenas 23% do que se importa da Ásia são produtos de consumo (representação de 0,7% de PIB). O restante das importações deste continente são máquinas e equipamentos usados na indústria brasileira ou matérias-primas, também usadas na fabricação de produtos aqui no Brasil.
Guia Marítimo
Portos cearenses têm desafio de vencer gargalos estruturais
Terminais do Estado comemoram alta na movimentação, mas cenário poderia ser melhor sem as barreiras
O crescimento da economia brasileira tem animado o setor portuário nos últimos anos. Entram na comemoração também os portos cearenses que anunciam ter superado até agora as expectativas de volume de carga movimentada no ano. No Pecém, já foram movimentadas, até outubro, 2,7 milhões de toneladas e, por lá, espera-se atingir, ainda em novembro, o total de três milhões de toneladas. No mesmo caminho segue o Porto do Mucuripe, que já movimentou 3,4 milhões de toneladas de carga. Contudo, o cenário poderia ser ainda melhor não fossem as barreiras estruturais que os portos ainda enfrentam.
A área do pátio do Mucuripe está "estrangulada", segundo o presidente da Companhia Docas do Ceará, Paulo André Holanda. Ele explica que 40% do espaço está tomado por aerogeradores, carga que impede o trânsito de outras mercadorias e, portanto, gera prejuízo. "Estamos deixando de receber outras cargas por isso. Muitos estão parados por embargos junto à Semace, outros por problemas com a Receita. Uma solução é o desembaraço antecipado, mas ainda não funciona como deveria", lamenta.
Novo terminal
Uma solução momentânea em vista será a construção do novo terminal de passageiros, que agregará uma
área de 40 mil metros quadrados - entre a estação de passageiros, retroarea e um cais - e deve ficar pronto em dez 2013. Somente o novo cais, com 350 metros de comprimento e 14 metros de profundidade, permitirá que um navio grande porte, ou dois médios ou pequenos, atraque também no Mucuripe. "É um alívio, mas ainda não resolve o problema, porque esperamos que a economia continue aquecida e que, por isso, os portos também", avalia.
Pátio lotado
O gargalo no Pecém é parecido, mas não chega a ser exatamente o mesmo. O pátio de lá está lotado, mas o problema é a grande quantidade de contêineres vazios, ou seja, não há espaço, porque há falhas na logística de importações e exportações. O gerente operacional do Porto do Pecém, José Alcântara, detalha que, atualmente, a maior parte da carga que sai por lá é de frutas, mercadoria que exige container refrigerado. Contudo, não há muito volume de importação do mesmo segmento, o que significa que esses tipos de contêineres chegam vazios aqui.
"De janeiro a outubro deste ano, 42% de todas as frutas que saíram do País foram via Pecém. Assim dá pra imaginar a quantidade de contêineres vazios que chegam pra ficarem parados aqui: cerca de 9 mil só neste ano", afirma Alcântara. E, se nada for feito, o entrave tende a aumentar. Só do ano passado para hoje, a exportação dessa mercadoria cresceu 16% no Porto do Pecém.
"O ideal seria ocupar de qualquer forma esses contêineres que vão e vem, ainda que com cargas de baixo valor agregado", diagnostica.
Seminário aborda temas
Os gestores dos portos devem discutir essas e outras questões a partir do próximo dia 22, durante o VI Seminário SEP de Logística e a III Feira de Tendências de Logística do Norte e Nordeste, que acontecerá no hotel Gran Marquise, até o dia 25 deste mês. O objetivo de mobilizar a cadeia produtiva para questões como Porto sem Papel, Inteligência Portuária e Modernização dos Portos Brasileiros para Copa de 2014.
Segundo a Secretaria dos Portos da Presidência da República, apesar da crise mundial afetar o comércio exterior de vários países, o Brasil experimenta um crescimento de 11,07% no volume total de carga movimentada, somente no período de janeiro a setembro de 2011, em comparação a todo o ano de 2010. Esse volume representa 683,2 milhões de toneladas e revela que o País já vinha numa recuperação forte da crise anterior, de 2008/2009, quando a movimentação de carga nos portos brasileiros caiu 4,61% entre os dois anos. Em relação aos esforços da Secretaria, tanto a direção do Porto do Pecém, quanto a do Mucuripe, são enfáticas em afirmar que isso se deve pela "autonomia" em relação ao Ministério dos Transportes.
"Os portos do País, nos últimos 20, 25 anos ficaram sem nenhum investimento. Agora, tem um lobby de alguns deputados querendo que a Secretaria dos Portos volte à esse patamar. Isso pode ser um retrocesso para o setor, que só está crescendo. Até março de 2012, cerca de 15 portos estarão com a dragagem completa, pelo Plano Nacional de Dragagem", defende Paulo André Holanda.
Mais informações
O VI Seminário SEP de Logística e a III Feira de Tendências de Logística acontecem de 22 a 25 deste mês, no Gran Marquise, em Fortaleza
Diário do Nordeste (CE)/ANA CAROLINA QUINTELA
Nenhum comentário:
Postar um comentário