LEGISLAÇÃO

quinta-feira, 5 de maio de 2011

ECONOMIA

FMI vê sinais de superaquecimento em economias da América Latina
Pressões de superaquecimento estão emergindo na América Latina, o que torna imperativo o aperto das políticas monetária e fiscal, afirmou o Fundo Monetário Internacional (FMI) no Relatório de Perspectiva Econômica Regional divulgado hoje. Segundo o FMI, os fortes fluxos de entrada de capital, a expansão da demanda doméstica e a receita das exportações de commodities (matérias-primas) têm puxado o robusto crescimento da região, mas também têm gerado preocupações com a inflação.
"Os altos preços das commodities e as condições de financiamento externo fáceis, somadas às políticas macroeconômicas ainda acomodatícias, estão elevando a atividade econômica acima do seu nível potencial", disse o FMI no relatório. O FMI prevê uma expansão do Produto Interno Bruto (PIB) da região de 4,75% em 2011 e de 4% em cada um dos dois anos seguintes. Na América do Sul o crescimento deverá se moderar em comparação com a média de 6,5% em 2010
A demanda doméstica vai guiar boa parte desse crescimento, de acordo com o FMI, liderada pelos exportadores de commodities da América do Sul, embora isso será levemente moderado pela esperada retirada dos estímulos que essas economias implementaram para combater o impacto da crise global de 2008-2009. Se as economias da América Latina não apertarem as políticas monetária e fiscal o suficiente para desacelerar a demanda doméstica, a inflação e os atuais déficits em conta corrente podem aumentar, levando a uma dinâmica de bolhas, alertou o FMI
A América Latina recebeu grandes fluxos de investimento estrangeiro desde o fim da crise financeira global. O FMI prevê que essa tendência continuará se as baixas taxas de juros globais, a baixa aversão ao risco e a perspectiva relativamente fraca para as economias avançadas persistirem. Mas esses capitais poderão se reverter, especialmente se os EUA apertarem a política monetária, afirmou o FMI, acrescentando que a exposição financeira da América Latina aos EUA é de 25% em média, contra 17% de outras economias emergentes
Riscos adicionais para a economia global incluem as grandes dívidas europeias, as incertezas sobre as ofertas de petróleo e a fraca disciplina fiscal nos EUA. "Os riscos negativos para a perspectiva global destacam a necessidade de formar colchões de política e se proteger contra uma eventual reversão dos fluxos de capital", afirmou o FMI
Câmbio
Os fluxos de capital estrangeiro têm provocado valorização nas moedas de vários países da América Latina, à medida que os investidores buscam yield (retorno) em um ambiente de taxas de juros baixas entre as economias mais desenvolvidas. O FMI, no entanto, atribuiu o fortalecimento das moedas em boa parte aos fundamentos econômicos e comerciais mais fortes na região.

A desaceleração mundial nos fluxos para mercados emergentes iniciada em outubro do ano passado ajudou a estancar os grandes volumes de entrada de capital, observou o FMI, à medida que a economia dos EUA mostrou sinais de recuperação
O FMI comentou também que países como Brasil e Peru têm tomado medidas para limitar o crédito. O fundo notou que o crescimento real do crédito na América Latina está se acelerando, excedendo os 20% em alguns países, o que aumenta as preocupações sobre uma dinâmica de bolhas.
Agência Estado



Balança comercial poderia melhorar muito ainda
Segundo a pesquisa Focus, o mercado parece não acreditar que a balança comercial do ano ultrapasse US$ 18,05 bilhões, embora nos quatro primeiros meses se apresente com US$ 5,03 bilhões, ante US$ 2,16 bilhões no mesmo período do ano passado. Essa previsão considera que o preço das commodities não continuará a crescer, mesmo tendo contribuído para uma elevação de 31,3% das vendas ao exterior - 47,3% de bens básicos - no quadrimestre.
Outros observadores acham que a balança comercial poderá ultrapassar o resultado de 2010, de US$ 20,7 bilhões. Pensam que a alta das commodities continuará, enquanto as importações - numa economia que crescerá menos do que no ano passado - poderão diminuir. Comparando o resultado de abril com o do mesmo mês do ano passado, constatamos um aumento de 40,1% das exportações, ante 23% no ano precedente; enquanto, para as importações, as variações foram, respectivamente, de 38,9% e de 60,8%.
Se tomarmos os 13 principais produtos exportados, verificaremos que, enquanto em volume, no mês de abril, apresentam uma elevação de 19,7%, em preços o aumento foi de 37,3% em relação ao mesmo mês do ano passado. Nas commodities, o aumento de preços em abril deste ano, em relação ao mesmo mês do ano passado, variou de um mínimo de 3,7% (celulose) a um máximo de 88,3% (minério de ferro), e para cerca de 11 produtos o aumento registrado foi superior a 30%.
Falou-se de um recuo da economia chinesa, mas verificamos que em abril, relativamente a março, nossas exportações para esse país cresceram 62,5%; para a União Europeia cresceram 41,8%; para a Argentina, 41,7%; mas para os EUA, apenas 22,3%.
Na mesma comparação, pode-se verificar que nossas importações de bens de capital aumentaram 6,2%; as de matérias-primas e intermediários, 13,1%; as de bens de consumo duráveis, 20,1% (e 31,4% para automóveis); e as de petróleo bruto, 34,8%, em razão da alta do preço internacional dessa commodity.
Não se pode negar que a indústria nacional poderia melhorar sua oferta, desde que o governo reduzisse a carga tributária e social que pesa sobre a economia. Caberia, principalmente, aumentar a produção de bens intermediários por meio de um esforço tecnológico maior. E é possível esperar que, com o desenvolvimento da produção no pré-sal, nossa pauta de importações poderá ser significativamente reduzida. Como se verifica, existem muitas oportunidades para melhorar a balança comercial.
O Estado de São Paulo



Dólar 'ótimo' é de R$ 2,90, diz estudo
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, mudou o tom ao comentar o cenário cambial brasileiro e mostrou tranquilidade em relação ao atual nível do real frente ao dólar. Durante audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, Mantega também fez elogios à política monetária conduzida pelo Banco Central, dizendo que a avaliação apresentada pelo Copom de que o ajuste da taxa de juros será mais prolongado "está mais colada ao que está acontecendo (no campo da inflação) em período mais recente".

A frase de Mantega foi uma resposta ao senador Lindberg Farias (PT-RJ), que quis saber qual a orientação que valia, aquela feita pelo Copom na ata de sua última reunião ou a feita pelo BC no relatório trimestral de inflação no fim de março, no qual sugeriu que o ajuste seria mais curto. No relatório, explicou o ministro, a avaliação do BC é feita tendo em vista uma série de indicadores e a ata é redigida com o BC "mais colado" na conjuntura. "Na ata, ele pode mudar a ênfase", disse, ressaltando que não costuma interpretar as atas do Copom.

Pela primeira vez em anos, Mantega elogiou a política monetária executada pelo presidente do Banco Central. "A política de juros está sendo consistente, na medida certa", afirmou. "Ela (a elevação da taxa) é necessária, mas não suficiente. O BC também adotou medidas macroprudenciais, com elevação dos compulsórios dos bancos e nós elevamos o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) para encarecer o crédito e reduzir o seu crescimento", acrescentou.
O ministro afirmou que há um surto inflacionário mundial, mas que a inflação está sendo menor no Brasil do que em outros países. "O Brasil está bem na foto", afirmou. Para ele, a causa básica desse surto inflacionário é a elevação dos preços internacionais das commodities. Mantega procurou passar um visão otimista aos senadores. "Os preços começarão a cair a partir de maio", projetou. "O governo não deixará que a inflação saia do controle e usará todos os instrumentos contra ela", disse. Segundo ele, a inflação ficará dentro dos parâmetros da meta de inflação.

Mantega alertou para a elevação dos preços do petróleo no mercado internacional e admitiu que a Petrobras, "em algum momento", poderá ser obrigada a elevar os preços dos combustíveis. "Se isso acontecer, nós iremos reduzir a Cide dos combustíveis para que não ha repercussão sobre os preços", informou. Mas o ministro disse que essa questão ainda não está colocada.

Na audiência da CAE, Mantega deixou de lado as críticas que vinha fazendo à valorização do real. Depois de garantir que o governo Dilma não permitirá uma sobrevalorização do real, "pois isso provocaria a doença holandesa", o ministro procurou minimizar esse problema. Se comparado com uma cesta de moedas, Mantega disse que houve uma valorização de 35% do real frente a uma cesta de moedas nos últimos cinco anos. Em relação ao dólar o ganho foi de 47%. "Não é uma valorização tão excepcional, tendo em vista que os fundamentos da economia brasileira estão hoje muito mais sólidos".
"Em relação ao dólar, o real está menos valorizado do que em 1997 e 1998", afirmou. "Não se deve falar apenas em valorização do real frente ao dólar, pois o dólar está caindo no mundo inteiro." Segundo Mantega, se a comparação for feita em relação ao euro, a valorização do real será de apenas 15%, o que, na sua avaliação, é compatível com a melhoria dos fundamentos econômicos do Brasil. O ministro destacou ainda que a valorização do real resulta do grande fluxo de divisas, em decorrência das política monetárias expansionistas dos Estados Unidos e demais países desenvolvidos.
O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) quis saber quais as medidas de desindexação da economia que o governo vai adotar. Inicialmente, Mantega disse que a economia brasileira tem um nível de indexação "desconfortável". Ele afirmou que o governo deseja dar "novos passos" no sentido da desindexação, pois considera que o Brasil tem uma inflação basal de 3%.
Valor Econômico

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