LEGISLAÇÃO

quinta-feira, 10 de março de 2011

CHINA

A China se volta para os chineses
O novo plano quinquenal de desenvolvimento da China, que foi referendado em outubro pelo Comitê Central do Partido Comunista e deve ser aprovado pelo Congresso Nacional do Povo no encontro anual que começou no sábado, dia 5, em Pequim, imporá uma profunda mudança de rumo na evolução da economia do país, com impactos importantes sobre o resto do mundo.

Este é o 12.º plano quinquenal chinês. Embora as projeções de crescimento neles contidas sejam geralmente subavaliadas e, por isso, desmentidas na prática, esses planos têm tido papel importante na determinação dos caminhos seguidos pela China.
O quinto plano quinquenal resultou nas reformas e na abertura da economia no fim da década de 1970. Em meados da década de 1990, o nono plano transformou as estatais em empresas voltadas para a conquista de clientes ao redor do mundo, o que permitiu à China abocanhar fatias cada vez maiores do mercado internacional

O que está sendo aprovado nestes dias "provavelmente entrará para a história como uma das iniciativas mais ousadas da China", previu o economista Stephen S. Roach, membro do corpo docente da Universidade Yale e atualmente ocupando cargo de direção do Morgan Stanley na Ásia, em artigo reproduzido pelo Estado na quarta-feira.
Serão profundas as mudanças no modelo econômico chinês, que hoje prioriza investimentos em grandes unidades industriais e em exportações. Nos próximos cinco anos, o crescimento chinês se baseará no mercado interno, no consumo e na melhoria da qualidade de vida e da renda dos chineses.
As mudanças começaram a ser pensadas há quatro anos, quando o primeiro-ministro Wen Jiabao apontou o paradoxo que vivia a economia chinesa, cujo crescimento vertiginoso encobria inconsistências graves, como a instabilidade do processo, vários desequilíbrios e a sua insustentabilidade.
A recessão no mundo industrializado iniciada em 2008, que reduziu a demanda de produtos da China e afetou sua economia, mostrou o lado frágil do modelo vigente. Para reduzir sua dependência do mercado externo, a China agora se volta para os chineses.
Essa será a principal característica do 12.º Plano Quinquenal, que começou a ser elaborado no segundo semestre de 2008, quando os dirigentes chineses fizeram a avaliação dos resultados do plano anterior até aquele momento. Desde então, o governo e o partido ouviram acadêmicos, políticos e um grande número de profissionais.
Daí surgiram as grandes linhas, que foram novamente discutidas com diversos colaboradores e por fim submetidas às instâncias decisórias do Partido Comunista e, agora, do Estado chinês.
Para fortalecer o mercado interno, o novo plano prevê a redução da ênfase no setor industrial, que sustentou o crescimento chinês nos últimos 30 anos. Será dada prioridade para outros setores da economia, como comércio varejista e atacadista, logística e serviços de saúde.
São setores menos eficientes do que a indústria, com menor produtividade, que por isso não garantirão o ritmo de crescimento que o país mostrou nos últimos anos. Mas, por proporcionarem maior numero de empregos, permitirão que as cidades recebam mais trabalhadores originários das áreas rurais, assegurando-lhes renda mais alta.

Desse modo o governo chinês pretende compensar a redução do ritmo de crescimento, com o aumento mais rápido do emprego e da renda dos trabalhadores - o que terá como resultado adicional a redução da tensão social e política.
Para conseguir um rápido aumento do consumo doméstico, o governo terá de mudar o arraigado hábito de poupança dos chineses, que, sem dispor de um sistema previdenciário confiável, poupam tudo o que podem para garantir a sobrevivência na velhice. Mudar isso exigirá a construção de um novo sistema previdenciário, público e privado, o que representará um enorme desafio político para o governo.
Se o 12.º plano quinquenal corresponder à expectativa do governo, a China dará um forte impulso nas economias de seus parceiros comerciais. Mas reduzirá seu papel de financiador dos déficits de países como os EUA. Será outra grande mudança.
O Estado de São Paulo




Ministro diz que Brasil quer relação comercial mais estratégica com a China
O Brasil quer uma relação comercial mais estratégica com a China, informou o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Fernando Pimentel, durante visita ao país. O ministro foi a Pequim onde se reuniu com primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao. A visita de Pimentel à China antecede a da presidenta Dilma Rousseff ao país, em abril.

O ministro brasileiro também se reuniu com o presidente do Banco do Desenvolvimento da República Popular da China, que pretende abrir no Rio de Janeiro um escritório do banco. Outro assunto tratado no encontro foi a possibilidade de o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Banco da China financiarem acordos de joint ventures [união entre duas empresas] para estimular a parceria comercial.
O presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), Maurício Borges, o presidente do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro), João Jornada, e o secretário executivo da Câmara de Comércio Exterior (Camex), Emilio Garófalo, participaram da missão brasileira à China na semana passada.

O MDIC informou também que o ministro de Relações Exteriores, Antonio Patriota, esteve na China no mesmo período para tratar da participação de Dilma Rousseff na 3ª Cúpula dos Bric (Brasil, Rússia, Índia e China) que será realizada na província chinesa de Hainan. Além da visita de autoridades brasileiras à China, uma missão empresarial se prepara para ir ao país entre os dias 5 e 13 de abril.
O Estado de Minas



Na China, Patriota reconhece que moeda subvalorizada atrapalha relações comerciais
O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, reconheceu nesta sexta-feira que há dificuldades nas relações entre Brasil e China em decorrência da baixa cotação da moeda que afeta as negociações comerciais entre os dois países. No entanto, o chanceler disse que há “mecanismos apropriados para as discutir”. Patriota está em Pequim onde organiza a visita da presidenta Dilma Rousseff que irá à China em abril.
“Reconhecemos que possa haver algumas dificuldades devido à taxa de câmbio [do yuan], mas os dois países têm os mecanismos apropriados para as discutir e não querem perder de vista o conjunto das relações”, afirmou Patriota. As informações são da agência pública de Portugal, Lusa.
Para empresários brasileiros, o yuan está “artificialmente subavaliado” para favorecer as exportações chinesas. “O Brasil deseja diversificar as exportações para a China e atrair investimento chinês para áreas produtivas e importantes infraestruturas”, disse Patriota.
A China é o maior parceiro comercial do Brasil, com intercâmbio de US$ 56 bilhões em 2010, representando um crescimento de 55,1% em relação a 2009. O saldo comercial é favorável ao Brasil, tendo alcançado mais de US$ 5 bilhões no ano passado. Em 2010, a China foi o maior investidor estrangeiro no Brasil.
Em entrevista coletiva concedida hoje, Patriota afirmou que Brasil e China “têm uma verdadeira parceria estratégica” e que “ambos os governos desejam promover as relações em um nível mais alto”. Por dois dias, o chanceler se reuniu com o ministros das Relações Exteriores da China, Yang Jiechi, e do Comércio, Chen Deming, além do primeiro-ministro, Wen Jiabao. Segundo Patriota, tanto o governo da China quanto do Brasil “querem ampliar as relações bilaterais”.
A visita de Dilma à China está marcada para os dias 13, 14 e 15 de abril. Há previsão de reuniões com o presidente da China, Hu Jintao, ministros e executivos chineses. A principal questão a ser abordada deve ser a queixa dos empresários brasileiros, que reclamam do baixo preço dos produtos chineses que chegam ao Brasil.
Também há negociações para mais parcerias nas áreas de minério de ferro e aço do Brasil para a China. Nos três dias em que estiver no país asiático, Dilma participará também de uma reunião com os líderes da Índia, Rússia, além da África do Sul, que passará a integrar oficialmente o bloco do Bric.
O Estado de Minas

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