LEGISLAÇÃO

quinta-feira, 24 de março de 2011

JAPÃO

Toyota ainda sofre com a concentração da matriz
"Com a força da mídia, eu espero que vocês convençam a matriz a permitir a volta das vendas do Fielder no Brasil". O apelo, praticamente inútil, veio do presidente da Toyota do Mercosul, Shunichi Nakanishi, ao ser questionado, ontem, sobre o fim da produção de um modelo bem aceito pelo mercado brasileiro, mas que não se enquadrava no programa de lançamentos da montadora.

O desabafo serve para expor que a excessiva concentração do desenvolvimento dos veículos na matriz continua a retardar os planos de expansão da montadora japonesa nos países emergentes.

O modelo Fielder, uma perua criada em 2004 como uma derivação do Corolla, deixou de ser produzido há dois anos, quando na renovação mundial da linha, não havia espaço para um veículo feito para brasileiros.

A indústria automobilística podia se dar ao luxo de desenvolver modelos mundiais únicos no passado. Mas o cenário mudou desde que as regiões emergentes começaram a despontar como as únicas que podem absorver a produção mundial de veículos.

Os fabricantes já se deram conta disso. Alguns que produzem no Brasil há mais tempo e conseguiram nesse mercado volumes que fazem diferença nas vendas globais já produzem modelos locais há mais tempo. É o caso clássico do Gol, da Volkswagen.

Engessada, a filial brasileira tem que se contentar com a produção de um único modelo, o próprio Corolla, na fábrica de Indaiatuba (SP). O que agora consola Nakanishi é o fato de a montadora ter notado que as vendas em mercados emergentes já chegam aos 40% e de o presidente mundial, Akio Toyoda, ter declarado recentemente o objetivo de conseguir elevar a participação das nações emergentes em pelo menos 50% até 2015.
O executivo que assumiu a direção da operação Mercosul no início do ano sabe que de nada adiantará a construção de mais fábricas, como a que está sendo erguida em Sorocaba (SP), se a equipe brasileira não começar a interferir na elaboração dos próximos projetos de automóveis.
Nakanishi apareceu ontem para o lançamento de uma nova versão do Corolla nitidamente triste não apenas pelo efeito geral do terremoto e tsunami, no dia 11, no Japão, mas por ter laços de família e amigos em duas cidades localizadas na região que mais sofreu com a tragédia - Iwate e Sendai.
O economista Nakanishi nasceu em Iwate, em Hokaido. Morou durante quatro anos em Sendai, município praticamente devastado pela catástrofe, para cursar a universidade local, a Tohoku Daigaku, uma das mais antigas e conceituadas do país. Segundo o executivo, amigos e parentes só sofreram danos materiais.
O trabalho na filial brasileira e argentina da Toyota, espera Nakanishi, deverá prosseguir normalmente nos próximos dias, sem prejuízos, apesar da dependência de peças e veículos importados. A maior parte dos componentes de motor e transmissão do Corolla lançado ontem vem do Japão. A direção local conta com a normalização da atividade nas fábricas da matriz, prevista para sábado. Segundo o vice-presidente da Toyota Mercosul, Luiz Carlos Andrade Jr., o estoque de veículos trazidos do Japão é de três meses.

Os executivos não escondem no entanto, a preocupação com o abastecimento das linhas de produção da Toyota no Japão porque nas regiões mais atingidas pela catástrofe há fábricas de subfornecedores. Essas empresas produzem componentes que os maiores fornecedores da companhia usam para fazer as peças que seguem para a linha de montagem dos veículos.

Nakanishi conta, no entanto, com um costume da indústria japonesa de trabalhar com dois fornecedores para cada peça. Dessa maneira, consegue, em situações de emergência, concentrar o suprimento no fornecedor que com condições de trabalhar.

A empresa garante, ainda, que a construção da fábrica em Sorocaba não será interrompida. Segundo Andrade, a maior parte do investimento, de US$ 600 milhões, está sendo feita com recursos obtidos no Brasil. A parte menor do dinheiro virá da matriz. A obra está na fase de construção dos prédios, sendo que a unidade de pintura já está pronta. A inauguração está prevista para o segundo semestre de 2012.

Na nova fábrica será produzido um novo automóvel pequeno, concebido com base na plataforma de modelo semelhante já fabricado na Índia. Assim que começar a funcionar, a linha de Sorocaba adicionará 70 mil veículos por ano ao total das vendas da Toyota no país, em torno de 100 mil hoje.
Nove grandes fornecedores se instalarão em terreno ao lado da montadora e garantirão cerca de 2,5 mil empregos, praticamente a mesma quantidade de vagas que serão abertas na Toyota. O treinamento de pessoal já começou.
Valor Econômico




Montadoras dos EUA podem parar produção por falta de peças, diz WSJ
A indústria automotiva dos EUA deverá enfrentar interrupções inesperadas e esporádicas de produção por vários meses por causa da escassez de oferta de chips e outras peças - que já eram insuficientes antes do terremoto e do tsunami que atingiram o Japão no dia 11 de março -, afirmou o Wall Street Journal, citando analistas.

As ofertas apertadas de microchips e outros componentes eletrônicos, sensores, e peças de borracha e metal forjado já tinham levado as montadoras a reduzirem ou mesmo interromperem temporariamente as linhas de produção antes do terremoto.

"Você vai ver um número um pouco maior de fábricas paradas, mas eu não acho que isso vai ser disseminado", disse Craig Fitzgerald, um analista da consultoria Plante & Moran LLP. Segundo ele, as interrupções serão esporádicas e intermitentes.

As paralisações das fábricas e a escassez de oferta não deverão afetar o volume de produção global, mas poderia prejudicar as margens de lucro das montadoras e fornecedores, disse Fitzgerald.
O colapso das vendas de automóveis em 2008 e 2009 devastou a indústria de peças, fazendo com que centenas de pequenas empresas fechassem e forçando cortes profundos da capacidade de produção e dos empregos em grandes fornecedores.

À medida que as vendas de automóveis começaram a se recuperar, alguns fabricantes de autopeças têm encontrado dificuldades para obter o crédito bancário necessário para produzir novas peças e, no caso dos microchips que podem ser usados em outras indústrias, os fabricantes transferiram sua produção para outros clientes.

O terremoto no Japão só torna ainda mais difícil o acesso a algumas dessas peças, ressaltou Fitzgerald.

A Ford tem enfrentado dificuldades na sua base de fornecimento de peças forjadas e chips eletrônicos por meses, disse o porta-voz da empresa, Todd Nissen. A falta de peças de motores provocou duas suspensões temporárias das operações de produção da picape Ford F-150 desde dezembro.

A Chrysler também parou a produção na sua fábrica de minivans em Windsor, Ontário, por uma semana no início deste ano devido a uma escassez de peças eletrônicas. A montadora não prevê, contudo, outras paralisações adicionais.

A General Motors interrompeu a produção na sua fábrica de Shreveport, Louisiana, que produz caminhões pequenos, num esforço para garantir que haja peças suficientes para outras linhas de veículos.

"Você tem que esperar que ocorrerá um aumento, intermitente e imprevisto das paralisações da produção", disse Lars Luedeman, diretor dos Serviços de Consultoria Automotiva da Grant Thornton LLP. As interrupções provavelmente começarão nas próximas semanas.

Segundo Luedeman, a indústria automotiva não é prioridade para os produtores de microchips e as demandas das empresas de produtos eletrônicos provavelmente serão atendidas em primeiro lugar, se houver uma escolha.
Agência Estado

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