LEGISLAÇÃO

quarta-feira, 16 de março de 2011

JAPÃO

Catástrofe deve gerar consequências econômicas no Brasil
Marcelo Beledeli
TOSHIFUMI KITAMURA/AFP/JC
Reconstrução das áreas devastadas deve impulsionar consumo de ferro.O terremoto que ocorreu no Japão também pode gerar efeitos na economia brasileira. Enquanto empresas de seguros devem sofrer os impactos das perdas globais do setor, outros segmentos, como alimentos, aço e minérios, podem aumentar suas vendas para o mercado japonês a longo prazo, devido à necessidade de reconstrução do país.
Segundo pesquisa da empresa norte-americana AIR Worlwide, a catástrofe pode consumir até US$ 35 bilhões da indústria de seguros japonesa. No entanto, como o setor é muito interligado em nível global, com grande quantidade empresas multinacionais ou associadas com operações em outros países, os efeitos dessas perdas podem ser sentidos no Brasil também. "Já vimos a mesma situação quando o furacão Katrina atingiu Nova Orleans em 2005, causando US$ 21 bilhões de prejuízo e afetando o mercado de seguros em escala mundial", explica Marco Pontes, diretor da consultoria LG&P Advisory Services e membro da Academia Nacional de Seguros e Previdência (ANSP).

Atualmente, atuam no Brasil as seguradoras japonesas Yasuda, Mitsui e Tokio Marine, que em um primeiro momento podem ser as mais afetadas. No entanto, outras empresas multinacionais que possuem cotas de participação em coberturas de risco de companhias japonesas também podem sofrer consequências.
Para o Grupo Lloyds, uma das maiores seguradoras do mundo, ainda é cedo para comentar qualquer potencial impacto nos negócios. "O Lloyd's está comprometido em fornecer cobertura para o mercado japonês e nossa prioridade é o rápido atendimento e o suporte às seguradoras locais", afirmou Marco Antonio de Simas Castro, diretor-presidente do Escritório de Representação do grupo no Brasil. Segundo ele, o mercado da empresa poderá responder a qualquer solicitação de indenização no curso normal dos seus negócios.
Já outros setores econômicos esperam que a necessidade de investimentos na reconstrução do Japão resulte em maiores negócios. Um dos segmentos otimistas é de minério de ferro, principal produto importado pelos japoneses do Brasil. Em 2010, ele representou 35,47% dos US$ 7,14 bilhões das exportações brasileiras para o país asiático. "Não sabemos ainda a abrangência das perdas, mas com a destruição de boa parte da infraestrutura da região afetada pelo tremor, eles terão que realizar muitas obras que demandam minério", afirma Antonio Lannes, gerente de dados econômicos do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram).
Exportação de frango pode ser beneficiada

A carne de frango é outro produto brasileiro que pode ser beneficiado a longo prazo após a tragédia no Japão. "A destruição da infraestrutura também prejudica a produção interna de carnes, o que deve contribuir para a compra de produtos acabados", explica Aedson Pereira, analista da consultoria Informa Economics FNP. Segundo o especialista, como o Japão é um grande consumidor de alimentos, o mercado de commodities tem a tendência de sofrer quedas após catástrofes no país, como ocorreu com o terremoto de Kobe em 1995, No entanto, essa é uma situação passageira. "Eles precisam suprir as necessidades da população, o que garante uma demanda mais firme", destaca.
Atualmente, o Japão consome cerca de um quinto da carne de frango brasileira exportada. Em 2010, isso representou US$ 900 milhões, dos quais US$ 125 milhões foram adquiridos do Rio Grande do Sul, o que representa 56% das exportações gaúchas no ano.
Para Francisco Turra, presidente-eecutivo da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frangos (Ubabef) a catástrofe não ameaça as vendas do setor para o Japão. "Eles estão honrando os contratos, e nenhum carregamento recebeu avisos para ser atrasado ou mudar de rota", informa. O dirigente lembra que a carne de frango é uma fonte de proteína barata, o que é ideal para alimentar populações em tempo de crise. "Eles têm que garantir comida para o povo, e como não mantêm grandes estoques isso deve significar que as compras externas estão garantidas", lembra.

Paralisação atinge montadoras, fábricas de eletrônicos e varejo

Para poupar energia no Japão, uma lista crescente de companhias - de montadoras a fábricas de eletrônicos de consumo até siderúrgicas e lojas de varejo -, estão suspendendo parte de suas operações afetadas pelo terremoto e também para lidar com as interrupções previstas de energia.
As principais montadoras japonesas estenderam as paralisações pelo menos até amanhã. A Toyota manterá a suspensão da produção em todas as suas fábricas até amanhã, o que deve resultar na perda de produção de 40 mil veículos. A Honda ampliará a paralisação de todas as suas fábricas até o domingo, resultando na perda de produção de 16.600 veículos. A Nissan Motor parou as operações de duas fábricas nas províncias de Tochigi e Fukushima até sexta-feira e outras quatro unidades no sul do país até amanhã. Suzuki e Mitsubishi também pararam e avaliam a retomada das atividades.
A indústria de eletrônicos Hitachi suspendeu as operações de suas seis fábricas onde são produzidos vários tipos de produtos, incluindo aparelhos eletrodomésticos, autopeças, elevadores e sistemas de geração de energia.

As siderúrgicas JFE Holdings e Nippon Steel suspenderam a produção temporariamente para ajudar a reduzir o consumo de energia no país.
Outros setores, como turismo, podem enfrentar dificuldades para se ajustar. Na Tailândia, por exemplo, cerca de 70 mil pessoas já cancelaram reservas de viagens ao Japão por causa do medo de vazamentos radiativos. Alguns japoneses também devem cancelar seus planos de visita à Tailândia. A Associação de Agentes de Viagem da Tailândia pede que seus membros ofereçam reembolso de 100% aos turistas tailandeses que cancelaram os planos de viagens e pedirá que as aéreas devolvam 100% do dinheiro pago.
Problemas atingirão economias da Ásia no curto prazo

Os problemas que afetarão o Japão após o terremoto e o tsunami devem ter repercussões na Ásia nas próximas semanas, complicando mais o quadro econômico da região num momento em que os países já sofrem com os preços do petróleo e dos alimentos, afirma o The Wall Street Journal.
A Ásia ainda deve apresentar crescimento vigoroso neste ano, com estimativas de expansão de 7,5% a 8% do PIB excluindo o Japão. Os economistas preveem que o crescimento vai desacelerar em relação a 2010, quando o aumento do PIB regional superou 9%.
Os problemas do Japão "terão impacto na economia global, que, por sua vez, vão se voltar para nós", disse o ministro de assuntos externos de Cingapura, George Yeo. "Combinado com as incertezas no Oriente Médio, acho que o mundo está entrando numa nova fase, e temos de estar muito alertas e não tomar as coisas como certas, nem sermos confiantes", disse.

País tentará resfriar usina nuclear

O Japão solicitou o auxílio dos Estados Unidos para controlar a situação em suas usinas nucleares danificadas, após o terremoto e o subsequente tsunami ocorridos na sexta-feira passada, afirmou ontem a comissão regulatória nuclear dos EUA. O governo japonês pediu formalmente a assistência, no momento em que continua a responder às questões relativas ao resfriamento da usina nuclear geradas por um terremoto e um tsunami em 11 de março", afirma a agência, conhecida pela sigla NRC em inglês. "Como parte de uma resposta mais ampla do governo dos EUA, a NRC está considerando possíveis respostas ao pedido, que incluem o fornecimento de conselhos técnicos."
A NRC já enviou dois especialistas em reatores do mesmo tipo que apresentaram problemas no Japão, como parte de uma equipe da Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional (Usaid). "Eles estão atualmente em Tóquio oferecendo assistência técnica." Além disso, a NRC monitora a situação nos reatores japoneses de sua sede em Maryland 24 horas por dia, porém, "não irá comentar de hora em hora os acontecimentos dos reatores japoneses". A agência nota que essa questão é primariamente de responsabilidade do Japão.
Mais cedo, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) informou que Tóquio solicitou uma equipe de especialistas da AIEA para ajudar no caso. Logo após o violento terremoto da sexta-feira, foram detectados problemas na usina nuclear em Fukushima, 250 quilômetros a Nordeste de Tóquio.
A possibilidade de a crise na usina nuclear em Fukushima agravar-se a ponto de alcançar o nível atingido em Chernobyl é remota, disse ontem o secretário-geral da AIEA, Yukiya Amano. "Deixe-me dizer que a hipótese de que a evolução desse acidente passe para algo como Chernobyl é bastante improvável", garantiu Amano.

Já o chefe da agência de segurança da França, Andre-Claude Lacoste, disse que o acidente em Fukushima é "pior que o de Three Mile Island, mas não tão grande como Chernobyl". O episódio em Three Mile Island ocorreu em 1979, na Pensilvânia, e é considerado de grau 5, em uma escala que vai de 0 a 7. O de Chernobyl é classificado como de grau 7. Ocorrido em 1986, o acidente na cidade ucraniana é considerado o pior desastre nuclear da história. Segundo um relatório da ONU, 2,3 milhões de pessoas foram afetadas.
O alerta disparado pelo acidente nuclear no Japão irá paralisar e adiar novos projetos de energia nuclear na Europa. A catástrofe ampliou a percepção de risco desse tipo de matriz, pois atingiu um país considerado preparado para lidar com emergências.
As primeiras reações surgiram imediatamente em países como Alemanha e Suíça, que decidiram rever seus planos no setor. Os projetos nucleares já estavam imersos em controvérsias e sob forte pressão dos ambientalistas e da população. Agora, o acidente na usina em Fukushima chamou ainda mais atenção para o tema.

Número de mortos chega a 1,8 mil

A polícia japonesa elevou ontem para 1.886 o número de mortos pelo terremoto de magnitude 8,9 que atingiu o país na sexta-feira. Outras 2.329 pessoas ainda estão desaparecidas, enquanto as autoridades estimam que o saldo final de vítimas ultrapasse os dez mil. O primeiro-ministro Naoto Kan qualificou o terremoto e o tsunami como a pior crise no país desde o fim da Segunda Guerra. A agência Associated Press afirma que há mais de 2.800 mortes confirmadas oficialmente, com mais de 1.400 pessoas desaparecidas.

A Agência Meteorológica do Japão cancelou o alerta de tsunami emitido na noite de domingo (manhã de segunda na Ásia), após um terremoto de magnitude 6,2 na escala Richter, registrado a 150 quilômetros de Tóquio, na província de Ibaraki, e que fez balançar prédios altos na capital japonesa. Este tremor foi a mais recente das 280 réplicas que vêm ocorrendo desde sexta-feira.
Logo após o tremor, a agência Kyodo citou uma autoridade dizendo que ondas de até três metros poderiam atingir a costa, incluindo a província de Fukushima, o que causou pânico na população. Algum tempo depois, a agência meteorológica cancelou o alerta.
Um consulado brasileiro itinerante vai começar a funcionar a partir de hoje nas regiões mais afetadas pelo terremoto no Japão, segundo o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota. O objetivo é levar mantimentos e suprir outras necessidades básicas, completou o chanceler. Em Fukushima, residem cerca de 400 brasileiros, de acordo com o ministério.
http://jcrs.uol.com.br/site/noticia.php?codn=56965&fonte=news
 


Bolsa de Tóquio fecha com queda de mais de 6%; Xangai sobe

As sequências de terremotos e tsunamis no Japão desde a última sexta-feira, que arrasaram parte do país e deixaram milhares de vítimas, provocaram fortes perdas também na bolsa de Tóquio. Já antecipando os custos da tragédia, o índice Nikkei 225 encerrou o pregão desta segunda-feira em queda de 6,18%, aos 9.620,49 pontos.

O banco central do Japão agiu para minimizar os efeitos da catástrofe sobre o sistema financeiro, injetando 15 trilhões de ienes (US$ 183 bilhões) no mercado a fim de garantir sua sustentabilidade. Os investidores, entretanto, permanecem atentos aos acontecimentos no país, que se vê sob a ameaça de uma catástrofe nuclear diante das explosões em suas usinas.
As bolsas de Taipé e Sydney também fecharam a sessão de hoje no vermelho. O índice Taiwan Taiex recuou 0,56%, para 8.520,02 pontos, enquanto o S&P/ASX 200 baixou 0,40%, para 4.626,40 pontos.
O comportamento das bolsas na Ásia, porém, não foi uniforme. As bolsas de Xangai, Hong Kong e Seul apresentaram alta nesta segunda-feira.
Em Xangai, o Shanghai Composite subiu 0,13%, para 2.937,63 pontos, acompanhado pelo índice Hang Seng, da bolsa de Hong Kong, que teve valorização de 0,41%, aos 23.345,90 pontos. Em Seul, o índice Kospi ganhou 0,80%, avançando aos 1.971,23 pontos, com a expectativa de aumento nas vendas das empresas do país diante da destruição das fábricas de seus concorrentes japoneses.
Valor Online



Efeito Japão se Espalha na Economia
A paralisação de boa parte da máquina produtiva do Japão, a terceira economia mundial, espalha dificuldades para toda a rede integrada de fabricação regional asiática, em uma cadeia de consequências que atinge o Brasil.

Com a destruição assustadora do nordeste do país, o perigo de mais vazamentos radioativos na usina nuclear atingida pelo terremoto e sem perspectiva de regularização do fornecimento de energia por várias semanas, a Sony, maior exportadora japonesa de eletrônicos de consumo, suspendeu a operação de dez fábricas. A Toyota, maior montadora do mundo, fez o mesmo com suas 12 unidades.Automóveis, autopeças e material eletroeletrônico predominam na pauta de vendas do Japão para o Brasil. O país é o maior exportador de autopeças para o Brasil - US$ 1,84 bilhão, ou 14% de todas as importações de componentes automotivos. As subsidiárias de suas montadoras - Honda, Mitsubishi, Toyota e Nissan - são as mais dependentes de peças e podem sofrer interrupção em suas linhas de montagem. O efeito sobre a produção brasileira de eletroeletrônicos não deve ser grande, pois ela pode ser abastecida com insumos fabricados em outros locais da Ásia. Por outro lado, os japoneses são um dos principais compradores do minério de ferro do Brasil - em 2010, consumiram US$ 3,27 bilhões.
Todo o comércio será afetado de imediato, pois a infraestrutura japonesa sofreu abalos consideráveis e os portos do nordeste foram destruídos. E com fábricas paralisadas, o desembarque de encomendas tende a ser um problema a mais para as empresas japonesas. "Num primeiro momento deve acontecer a suspensão de contratos, depois o cancelamento de alguns", prevê José Augusto de Castro, vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil.
Não existem dúvidas de que o terremoto e o tsunami no Japão são tragédias gigantescas para a população japonesa e para o mundo. No entanto, o mercado vive de oportunidades e o que se vê é que essa catástrofe pode abrir algumas boas alternativas, pelo menos na Bovespa.
Os analistas acreditam que as principais beneficiadas devem ser as empresas que, de alguma forma, podem contribuir para a reconstrução do país. Nessa linha de raciocínio, as siderúrgicas devem ser as maiores ganhadoras. Isso explica, inclusive, a valorização desses papéis na sexta-feira e ontem.
As notícias dão conta de que as cinco principais siderúrgicas japonesas (Muroran e Kimitsu, da Nippon Steel; Chiba e Keihin, da JFE Holding; e Kashima, da Sumitomo Metal Industries) paralisaram ou reduziram significativamente a produção.
O chefe de análise da corretora SLW, Pedro Galdi, lembra que, além de ter que importar aço de outros países, o Japão provavelmente deixará de exportar, o que deve causar um equilíbrio entre oferta e demanda e contribuir para um aumento nos preços da commodity no mercado internacional.
"As siderúrgicas brasileiras devem ganhar mais com a melhora do cenário para o aço do que propriamente com a exportação para o Japão, já que, por uma questão de logística, o país deve importar muito mais de outras siderúrgicas asiáticas", explica.
Produtoras de commodities serão as mais beneficiadas
Já sobre a Vale, existe uma discussão de como ela deve ficar com a tragédia. Galdi lembra que, num primeiro momento, a mineradora perderia, já que 11% do seu faturamento vem das exportações para as siderúrgicas japonesas, sendo que algumas estão parando suas operações. Ele acredita, no entanto, que a Vale deve ganhar vendendo minério de ferro para as outras siderúrgicas que precisarão produzir mais do que nunca para bancar a reconstrução do país.
Na visão economista-chefe da Way Investimentos, professor de finanças da ESPM-RJ e do Ibmec-RJ, Alexandre Espírito Santo, esse possível crescimento nas vendas pode deixar em segundo plano problemas que pairam hoje sobre as ações da Vale. "Existe uma nuvem negra em cima da companhia, por causa das questões dos royalties e pelas incertezas sobre a possível saída de Roger Agnelli", lembra o professor.
A outra gigante do mercado brasileiro, a Petrobras, também pode ganhar com a tragédia chinesa, acredita Espírito Santo. Os problemas nas usinas nucleares, com a possibilidade de vazamentos, deve provocar falta de energia, se refletindo sobre o preço do petróleo. Junte-se a isso os conflitos no Oriente Médio e no norte da África, que já estão pressionando o preço da commodity.
Galdi, da SLW, também acredita que empresas de alimentos, como Brasil Foods, Marfrig e JBS, também devem ganhar com a exportação para a China. "O país precisará de tudo um pouco para se reerguer, de comida à matéria-prima para construir casas, ruas, estradas etc." Ele cita as produtoras de madeira, como a Duratex.
Valor Econômico



Produção de carros depende de importação
O Japão é o maior exportador de autopeças para o Brasil. No ano passado, as encomendas somaram US$ 1,84 bilhão, o que representou 14% de todas as importações de componentes automotivos. A maior parte foi usada na fabricação de veículos de marcas japonesas, ainda dependentes de itens produzidos no país de origem. Embora nenhuma empresa comente o assunto, por enquanto, a desaceleração da atividade produtiva no país castigado por uma catástrofe pode levar a uma interrupção nas linhas de montagem também no Brasil.
As subsidiárias de montadoras japonesas são as que mais dependem de componentes fabricados nas matrizes. Isso acontece, em grande parte, como resultado do alto grau de exigência de qualidade que essa indústria criou antes de ser afetada pela onda mundial de recalls. Como consequência, o ritmo de investimentos nas equipes de desenvolvimento de produto e de engenharia fora do Japão é muito mais lento do que em empresas de outras origens, como as europeias e americanas.
Quando começou a fabricar o modelo Corolla no Brasil, em 1998, a Toyota passou um bom tempo trazendo do Japão o macaco, equipamento usado para a troca de pneu. Foram necessários meses de testes, segundo informações de fontes da empresa, para encontrar fornecedores locais que atendessem às exigências de qualidade da companhia.
Em razão desse grau de exigência de qualidade uma grande parte de componentes do equipamentos importantes no automóvel, como o motor, considerado o coração do veículo, ainda depende de importação da matriz.
Além da Toyota, Honda, Nissan e Mitsubishi têm linhas de produção no Brasil. Juntas, essas marcas venderam, em 2010, pouco mais de 300 mil veículos, o que representou quase 9% do mercado brasileiro. A maior parte desse volume foi produzido no Brasil. Os automóveis mais luxuosos são importados do Japão. No caso da Nissan, porém, as importações de veículos vêm da fábrica no México.

A Mitsubishi é uma das empresas mais dependentes do produto japonês. A fábrica instalada em Catalão (GO) é uma operação que pertence a um grupo brasileiro que tem licença da marca asiática para produzir no país. Além dessas quatro empresas com fábricas no país, os carros das marcas Subaru e Suzuki chegam ao país por meio da importação direta do Japão.

Concentrada em duas marcas japonesas - Honda e Yamaha - a indústria de motocicletas depende menos da importação. Mas a catástrofe da semana passada poderá comprometer a venda de modelos de competição, todos vindos do Japão.
Os prejuízos no país asiático poderão comprometer também o ritmo do investimento da Toyota na nova fábrica em Sorocaba (SP), onde será produzido um novo carro compacto. A previsão inicial do projeto é iniciar a produção de carros em Sorocaba no próximo ano. Os japoneses também estão na fase de testes dos carros elétricos fora do Japão e o Brasil integra o roteiro.

Procuradas, nenhuma das montadoras forneceu detalhes sobre os riscos para as operações no Brasil. A maioria ainda aguarda definições das direções mundiais, que têm passado as últimas horas em reuniões, discutindo, antes de mais nada, como fornecer ajuda para as vítimas da tragédia.
Valor Econômico



Montadoras japonesas interrompem produção
As empresa japonesas devem demorar mais alguns dias para terminar a conta dos prejuízos do terremoto. Enquanto terminam o cálculo, executivos anunciam paralisação de unidades e incertezas sobre a recuperação dos negócios.
A Toyota interrompeu a operação de suas 12 unidades no país até amanhã. No período, a fabricante deixará de produzir 40 mil veículos.
As unidades do Japão responderam por 43% da produção total da montadora no ano passado.
A Honda interrompeu toda a produção no país. As fábricas japonesas, que correspondem a cerca de 20% da operação da empresa, devem permanecer inoperantes até o próximo dia 20.
A Nissan também suspendeu a fabricação no país. Analistas temem que o impacto do desastre também afete a oferta e os preços de componentes eletrônicos. Produtores de chip no Japão faturaram US$ 63,8 bilhões em 2010 e responderam por 25% do mercado mundial de semicondutores.
A Toshiba fechou suas fábricas após o terremoto e o tsunami da última semana e a companhia ainda conta os impactos econômicos. Executivos e analistas dizem que ainda é muito cedo para precisar o prejuízo.

Mesmo as empresas que não tiveram fábricas danificadas devem sofrer com falhas no fornecimento de energia e dificuldades logísticas para distribuição.

"As consequências econômicas parecem ser maiores do que a gente esperava no início", afirma o vice-presidente de investimento da Moody's, Tom Byrne.
Folha de São Paulo



Tsunami afeta armadores japoneses
NYK Line, MOL e "K" Line foram afetadas pelo terremoto e tsunami que atingiram o Japão na última sexta-feira, dia 11. Embora os armadores tenham informado que ainda não estão certos sobre o impacto total que o desastre terá sobre seus negócios, as empresas contabilizaram danos em cinco embarcações.

Três navios graneleiros operados pela NYK - Shiramizu, Shirouma e Coral Ring - encalharam em portos da província de Fukushima, tendo seus tanques de lastro e combustível inundados pela água do mar. O graneleiro CS Victory, fretado pela MOL, foi levado para um quebra-mar pelo tsunami e encontra-se nas águas rasas de um porto na província de Miyagi. O China Steel Integrity, graneleiro operado pela "K" Line encalhou no Porto de Kashima, em Ibaraki. As três companhias confirmaram que todos os membros da tripulação das cinco embarcações sobreviveram ao desastre.
De acordo com a NYK, as operações do armador nos portos internacionais permanecem inalteradas. As operações da MOL em Tóquio e Yokohama também não foram afetadas. "Mas não sabemos qual impacto que o desastre terá sobre as nossas operações no futuro", afirmou uma porta-voz da empresa.

A MOL informou que vai doar 50 milhões de iens (cerca de US$ 610 mil) para apoiar e resgatar as vítimas do terremoto. Além disso, a companhia disse que, a pedido do governo, a MOL Ferry - empresa do mesmo grupo - participará do transporte de membros das Forças de Auto-Defesa do Japão que foram designados para operações de resgate no país.

No domingo à tarde, os navios Sunflower Sapporo, Sunflower Furano, Sunflower Shiretoko e Sunflower Daisetsu, começaram a transportar os veículos e os oficiais de Tomakomai, em Hokkaido, para Aomori, uma área próxima ao terremoto.

Os portos e aeroportos japoneses sofreram pequenas avarias com os desastres naturais. Apesar dos dois maiores portos de contêiner do país, Tóquio e Yokohama, não terem sofrido danos graves, a catástrofe deve ter um profundo impacto sobre a economia japonesa - a terceira maior do mundo após os Estados Unidos e China. Fábricas de empresas como Toyota, Nissan e Sony interromperam suas produções.
Guia Marítimo



Exportações de minério para Japão podem ser afetadas
O tsunami no Japão pode afetar as exportações brasileiras de minério de ferro para o país. Segundo o vice-presidente da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil), José Augusto de Castro, o Japão é o terceiro maior comprador de minério de ferro do mundo e este é um dos principais produtos exportados pelo Brasil para o país asiático.

"O Brasil, como um todo, num primeiro momento, vai sentir o impacto negativo pela queda de preços, principalmente do minério de ferro. Isso porque o Japão tem uma economia industrial muito forte", afirmou.

Castro disse que o Japão exporta 50% do minério de ferro que consome, e o país é a terceira maior economia do mundo. "A terceira economia do mundo, reduzindo as suas importações, pode prejudicar toda a economia mundial", afirmou. Só no ano passado, o Brasil exportou para os japoneses mais de US$ 3 bilhões em minério de ferro.

Quanto aos produtos que o Brasil importa do Japão, Castro acredita que possam ser substituídos pelos fabricados em outros países, como a China. "O que importamos do Japão pode ser substituído por produtos de outros países da Ásia." É, por exemplo, o caso de automóveis, equipamentos para veículos e equipamentos eletrônicos.

"O principal problema são as exportações, e não as importações, porque não é possível substituir comprador, mas fornecedor, sim", enfatizou Castro.

Na madrugada de sexta-feira (horário brasileiro), um terremoto de 8,8 graus na escala Richter atingiu o país e provocou tsunamis na costa do país.
Guia Marítimo

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