LEGISLAÇÃO

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

COMÉRCIO EXTERIOR - 04/11/2010


Indústria importa mais e desarticula cadeia produtiva
Nos primeiros nove meses deste ano, a importação de produtos industriais aumentou 42% em relação ao mesmo período de 2009.

Embora reclame desse aumento de concorrência externa, é a própria indústria a principal responsável por essas compras, revela um estudo do professor Nelson Marconi, da Fundação Getulio Vargas (FGV). Mais do que isso, as compras ocorrem dentro de uma mesma cadeia produtiva, o que torna o aumento das importações uma espécie de "autofagia" industrial que desarticula toda uma rede de fornecedores.

Marconi separou a produção industrial por grau de agregação tecnológica (commodities, derivados de commodities, baixa e média baixa tecnologia e média-alta e alta tecnologia) e procurou identificar, em cada categoria, onde o segmento compra seus insumos. Ele constatou, por exemplo, que quase metade das peças, máquinas e insumos adquiridos pelas fábricas de manufaturados de média-alta e alta tecnologia vem do próprio segmento, isto é, dos fabricantes de bens de média-alta e alta tecnologia.

Situação semelhante ocorre entre os produtores de bens de baixa e média-baixa tecnologia, onde o equivalente a 31,6% dos insumos adquiridos vêm do próprio setor. Essa participação é três vezes superior a do segundo setor que mais fornece insumos para esse grupo, o de derivados de commodities agrícolas e minerais, que fornece o equivalente a 11,9% das matérias-primas. No segmento mais avançado, que produz bens manufaturados de média-alta e alta tecnologia, a maior parte dos insumos, o equivalente a 46%, sai do próprio setor - mais que o dobro dos 20,6% fornecidos pela indústria de média-baixa e baixa tecnologia.

"A indústria calçadista adquire couro como insumo, e ambos estão inseridos no segmento de média-baixa e baixa tecnologia, tal qual as fábricas de vestuário, que compram tecidos das têxteis", afirma Marconi, que trabalhou com os dados mais recentes das contas nacionais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), referentes a 2007.

A situação é semelhante ao que ocorre nos segmentos de menor valor agregado do parque industrial brasileiro - fabricantes de derivados de commodities agrícolas e minerais, como os produtores de alimentos processados, refino de petróleo e o processamento de grãos, como café e açúcar. Nesse segmento, o equivalente a 31,3% dos insumos saem do próprio setor, e outros 43,9% diretamente do campo e das minas - as fazendas produtoras de commodities agrícolas e as minas que fornecem os metais.

A crescente competição com importados tem alterado o modo como as coisas funcionam. No segmento de alta tecnologia, os insumos adquiridos do exterior já representam, no mínimo, 22,5% do total consumido pelo setor para produzir seus bens. "No mínimo", porque esse grau da participação de importados no setor refere-se a 2007, quando o saldo comercial brasileiro fechou o ano em US$ 40 bilhões - em 2010, o saldo deve ficar em torno de US$ 15 bilhões. Entre todos os segmentos da indústria, foi entre os produtores de bens de média-alta e alta tecnologia que os insumos importados passaram por seu maior salto - 60,9% nos dez anos entre 1997 e 2007.

"O salto das importações está desarticulando as cadeias produtivas, uma vez que os setores estão se autodesmontando", diz Marconi, para quem a valorização cambial tem sido "decisiva" para acelerar e amplificar esse processo. Ao longo de 2007, ano que serviu de base para o estudo, o dólar foi de R$ 2,13 para R$ 1,77, valorização que culminou em R$ 1,56, em agosto de 2008, antes da explosão da crise mundial, que levou o dólar a atingir R$ 2,33, três meses depois.
Valor Econômico

 
No Brasil, produtor perde e consumidor ganha com Doha, aponta estudo

Os produtores brasileiros terão mais a perder do que a ganhar, enquanto os consumidores podem ter uma boa economia com mais importações baratas se a Rodada Doha de liberalização global for concluída com as propostas que estão atualmente na mesa.

As conclusões são de estudos apresentados ontem na Organização Mundial do Comércio (OMC), em seminário destinado a medir ganhos que uma abertura agrícola, industrial e serviços poderiam gerar para a economia mundial.

Pelas estimativas do Peterson Institute, de Washington, o Brasil importaria US$ 6,2 bilhões a mais do que exportaria adicionalmente, levando em conta os compromissos de cortes tarifários e reformas (como na área de serviços) que reduziriam barreiras. O país só aumentaria em US$ 2,7 bilhões as exportações de produtos agrícolas e industriais, e poderia exportar outros US$ 6 bilhões com iniciativas de mais abertura em certos setores, venda de serviços etc. O pouco volume de exportações agrícolas reflete o tamanho das barreiras tarifárias que persistirão, além da concorrência desleal em função dos subsídios bilionários que os Estados Unidos e a União Europeia querem manter.

Em contrapartida, as propostas atuais permitiriam importações adicionais de US$ 14,9 bilhões, basicamente pela melhora nas alfândegas, iniciativas de abertura mais rápida e, certos setores e também com peso nas compras de serviços.

Economistas do Banco Mundial apresentaram resultados em termos de "bem estar econômico". Concluem que, mesmo se o Brasil mantiver altas tarifas para proteger setores industriais mais sensíveis a concorrência externa, os ganhos pelo acordo para o consumidores brasileiros seriam de US$ 4,7 bilhões, com importações mais baratas. Se o país aplicar apenas os cortes definidos por uma formula, portanto abrindo mais o mercado, o ganho para o consumidor dobraria para US$ 9,8 bilhões.

Globalmente, o pacote de liberalização poderia render até US$ 280 bilhões em produção adicional. Mais da metade do ganho em aumento do PIB ficaria com UE, China e Estados Unidos. Doha poderia reduzir também os custos em 9% nas transações comerciais internacionais.

Apresentados os números, embaixadores dos principais países debateram duas horas, mostrando que as diferenças de interesse para alcançar um acordo ainda são enormes. O embaixador brasileiro Roberto Azevedo reclamou que o Brasil não tem certeza ainda de quanto ganhará com mais exportação agrícola, mas sabe que não ganhará nada em exportações adicionais nas áreas industriais e de serviços.

Os EUA cobraram mais abertura por parte dos emergentes, o que o Brasil rejeitou duramente. Alem dos cortes normais, Washington quer a abertura adicional no setor químico brasileiro, onde pede forte redução sobre 1.700 linhas tarifárias para que Doha possa ser retomada. Os EUA reivindicam também amplos cortes de tarifas de importação de máquinas industriais, equipamentos elétricos e eletrônicos. Azevedo exemplificou que atender "uma fração" do que os americanos pedem em certos setores industriais implicaria quase dobrar o tamanho do corte tarifário.

Na cúpula do G-20, em Seul, no mês que vem, sairá um novo comunicado dos chefes de Estado dando "impulso político" para a negociação ser concluída, mensagem que já perdeu credibilidade de tanto ser repetida.
Valor Econômico

 
Brasil e Argentina avançam na criação de fundo para integração produtiva

Brasil e Argentina vão criar um fundo para estimular projetos industriais de integração produtiva. O fundo está em fase final de formatação e, segundo o governo argentino, contará com US$ 200 milhões. A meta é financiar projetos de "complementariedade" e "associação", principalmente, entre pequenas e médias empresas de oito setores definidos como prioritários.

Conforme explicou o Ministério da Indústria, na Argentina, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aportará US$ 100 milhões ao novo fundo. A outra metade viria do lado argentino, com recursos do Banco de la Nación e o Banco de Investimento e Comércio Exterior (BICE). Em uma primeira etapa, serão concedidos empréstimos e realizados aportes de capital em dólares. Depois, a ideia é aplicar metade do fundo em projetos de investimentos bilaterais, liberando dinheiro em pesos e em reais.

"Temos o desafio de aproveitar os profundos benefícios que propiciará o fato de nossos aparatos produtivos se transformarem em verdadeiras cadeias de valor regionais, com projeção global", afirmou a ministra Débora Giorgi, por meio de comunicado. Ela negociou detalhes do fundo, cujos desembolsos só ocorrerão a partir do ano que vem, com o vice-presidente do BNDES, Armando Mariante.

Os dois países classificaram recentemente oito setores como prioritários para a integração produtiva. Eles foram divididos em dois grupos. Os setores "estratégicos" englobam petróleo e gás, autopeças, aeronáutica e maquinária agrícola. O grupo de "sensíveis" abrange madeira e móveis, lácteos, vinhos e eletrodomésticos de linha branca (geladeiras, fogões e lava-roupas).

A ordem, nos dois governos, foi buscar maior integração e complementariedade de suas indústrias como forma de atenuar os conflitos comerciais. Após a chamada "guerra das geladeiras", os conflitos subiram de tom no ano passado, com a aplicação mútua de licenças não automáticas de importação. Depois, já neste ano, a Argentina chegou a dificultar a entrada de alimentos processados - não só do Brasil - que concorriam com a indústria local.

O déficit na balança comercial com o Brasil preocupa o governo argentino. Nos nove primeiros meses do ano, a Argentina teve déficit de US$ 2,4 bilhões no comércio bilateral, três vezes e meia maior que o saldo negativo de todo o ano de 2009. A expectativa da consultoria Abeceb é que o resultado alcance US$ 3 bilhões em 2010.

Neste ano, o Brasil elevou suas vendas à Argentina em 57%, concentrando a pauta de exportações em produtos industrializados. Já a Argentina vendeu 34% mais que o Brasil. O principal destaque é o setor automotivo, no qual quase 60 de cada cem carros fabricados no país vizinho são vendidos no mercado brasileiro, mas também cresceu o envio de produtos argentinos como borracha, cobre e trigo.
Valor Econômico


Outubro registra superávit de US$ 1,854 bilhão

Nos vinte dias úteis de outubro de 2010, as exportações brasileiras chegaram a US$ 18,381 bilhões (média diária de US$ 919,1 milhões) e as importações a US$ 16,527 bilhões (média diária de US$ 826,4 milhões). A corrente de comércio (soma das operações) alcançou US$ 34,908 bilhões (média diária de US$ 1,745 bilhão) e houve um superávit (diferença entre exportações e importações) de US$ 1,854 bilhão (média diária de US$ 92,7 milhões).

Na comparação pela média diária, em relação a outubro do ano passado, as exportações (média diária de US$ 670,6 milhões) aumentaram 37,1% e as importações (média diária de USS 607,9 milhões), 35,9%. A média, por dia útil, do saldo comercial cresceu 47,9% frente ao mesmo período do ano passado (média diária de US$ 62,7 milhões).

No comparativo com a média diária das exportações registrada em setembro deste ano (US$ 896,8 milhões), houve aumento de 2,5%. Já a média das importações diminuiu 2,2% sobre a de setembro (US$ 844,8 milhões) e o saldo comercial teve crescimento de 78,1%, na comparação com a média do mesmo mês (US$ 52 milhões).

A quinta semana do mês de outubro, com cinco dias úteis (25 a 31), teve superávit de US$ 168 milhões (média diária de US$ 33,6 milhões). No período, as exportações foram de US$ 4,531 bilhões (média diária de US$ 906,2 milhões) e as importações, de US$ 4,363 bilhões (média diária de US$ 872,6 milhões). A corrente de comércio alcançou US$ 8,894 bilhões (média diária de US$ 1,778 bilhão).

Ano

No acumulado do ano (208 dias úteis), o saldo comercial foi positivo em US$ 14,627 bilhões (média diária de US$ 70,3 milhões). O valor é 35% menor que o registrado no mesmo período do ano passado (média diária de US$ 108,1 milhões).

As exportações e importações aumentaram, na mesma comparação. Nos primeiros dez meses de 2010, foram exportados US$ 163,310 bilhões (média diária de US$ 785,1 milhões), frente aos US$ 125,879 bilhões (média diária de US$ 605,2 milhões) do mesmo período de 2009, com crescimento de 29,7% na média diária. Nas importações, houve aumento de 43,8% na média em comparação com os dez primeiros meses do ano passado, passando de US$ 103,384 bilhões (média diária de US$ 497 milhões) para US$ 148,683 bilhões (média diária de US$ 714,8 milhões), este ano.

Em consequencia, a corrente de comércio cresceu 36,1%, passando de US$ 229,263 bilhões (média diária de US$ 1,102 bilhão) para US$ 311,993 bilhões (média diária de US$ 1,5 bilhão), em 2010.

Doze meses

No acumulado dos últimos doze meses (novembro de 2009 a outubro de 2010), as exportações já somam US$ 190,426 bilhões (média diária de US$ 761,7 milhões) e as importações, US$ 173,018 bilhões (média diária de US$ 692,1 milhões). Neste mesmo período, o saldo da balança comercial registrou saldo positivo de US$ 17,408 bilhões (média diária de US$ 69,6 milhões).

Às 15h30, o secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Welber Barral, concede entrevista coletiva no auditório do MDIC para comentar os dados da balança comercial mensal.
Assessoria de Comunicação Social do MDIC

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