Setor ferroviário cresce e já disputa espaço com transporte rodoviário de cargas
Relegado a segundo plano por várias décadas, o setor ferroviário está reconquistando espaço a reboque do crescimento da economia brasileira. O transporte ferroviário de cargas, por exemplo, voltou a competir com o modal rodoviário e a expectativa é que tenha resultados expressivos ao longo dos próximos dez anos.
"A próxima década promete ser extremamente promissora para o setor ferroviário, tanto para o transportes de cargas quanto para o de passageiros", disse o presidente da Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (Abifer), Vicente Abate.
De acordo com dados da Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF), entre 1997 e 2009 o transporte ferroviário de cargas cresceu 77,4%, quase o dobro dos 39,5% de aumento do Produto Interno Bruto (PIB). Na "nova era do transporte ferroviário", conforme a entidade classifica o período, a produção ferroviária nacional cresceu 77,4%, saltando de 137,2 bilhões de TKU (toneladas por quilômetro útil) para 243,4 bilhões de TKU.
Além disso, enquanto o modal rodoviário até o final dos anos 1990 respondia por cerca de 62% do transporte de cargas, o ferroviário era responsável por apenas 18% dos deslocamentos. Hoje, os trens já respondem por 26% do transporte de cargas.
Segundo Abate, o Plano Nacional de Logística e Transportes (PNLT), lançado em 2007 e revisado anualmente com o acréscimo de previsão de novas futuras obras, contribuiu para o crescimento do setor, permitindo que as empresas planejem investimentos de forma estratégica. A última edição do plano prevê a expansão da malha ferroviária dos atuais 29 mil quilômetros para cerca de 44 mil quilômetros em dez anos.
A intenção do governo federal é que, até 2025, os trens respondam pelo transporte de pelo menos 35% de todas as matérias-primas e produtos. De acordo com Abate, estão previstos investimentos da ordem de R$ 100 bilhões para os próximos seis anos. Pelo menos metade desse dinheiro, assinalou, deverá ser gasto na expansão do transporte ferroviário de cargas.
Ao participar da abertura de uma feira de negócios do setor, na capital paulista, o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, destacou o bom momento porque passa o transporte ferroviário. Segundo ele, a expansão da malha e o crescimento da atividade econômica vão exigir a compra de pelo menos 40 mil vagões de cargas, 4 mil carros de passageiros e de 2,1 mil locomotivas nos próximos dez anos.
Agência Brasil
Rio Grande está pronto para se tornar o porto do Mercosul
O porto do Rio Grande tem motivos de sobra para comemorar seu 95º aniversário, no dia 15 de novembro, em alto estilo. O ano de 2010, para o porto, foi marcado por grandes realizações. Entre elas o aprofundamento do calado dos canais de acesso do terminal - uma das obras mais importantes para as operações dos navios e que era aguardada há vários anos.
Com a obra, iniciada em setembro de 2009 e concluída em agosto deste ano, o porto passou a contar com 18 metros de profundidade no canal externo localizado fora dos molhes da barra - com 12.974 metros de comprimento -, que antes era de 14 metros. Já no canal interno entre os molhes da barra e o píer petroleiro, que conta com 11.700 metros de extensão, a profundidade passou dos 14 para 16 metros. Os serviços de dragagem de aprofundamento foram executados pelo consórcio formado pelas empresas Odebrecht (brasileira) e Jan de Nul (holandesa). A obra contou com investimento de R$ 196 milhões, sendo R$ 147, 5 milhões por parte da Secretaria de Portos (SEP), através do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e R$ 48,5 milhões por parte do governo do Estado do RS..
Mas a homologação do novo calado, que aumentará de 40 para 52 pés, depende ainda da implantação de um sistema de sinalização e balizamento dos canais de acesso. O sistema escolhido pela Superintendência do Porto do Rio Grande (Suprg) foi submetido à Marinha Mercante e à Praticagem do porto que sugeriram mudanças. Agora o projeto está em fase de adequações para a abertura da licitação.
O sistema proposto inicialmente, o VTMS (Vessel Traffic Management System, ou sistema de monitoramento e gerenciamento do tráfego das embarcações) é composto por 18 bóias de sinalização náutica inteligentes, que reforçariam o sistema de sinalização náutica já existente. A diferença é que as novas bóias possuem sensores inteligentes e são monitoradas por radar, integradas por radiofrequência GSM e interligadas a diversas estações estrategicamente posicionadas ao longo dos canais e bacias de evolução a serem monitorados.
Mas, mesmo antes do término da obra na sua totalidade, assim que o canal interno do porto rio-grandino já se encontrava com 16 metros de profundidade, o calado do porto foi ampliado de 40 para 42 pés. Com a alteração, o porto passou a ter um calado parcial até que fosse concluído o canal externo. Segundo o superintendente do porto do Rio Grande, Jayme Ramis, a aumento de dois pés foi estratégico para atender ao escoamento da safra de grãos do Estado.
O superintendente explica que a obra de aprofundamento do canal de acesso só foi possível graças à ampliação dos molhes da barra. "Estas duas obras não são isoladas, uma é dependente da outra. Isso porque de nada adiantaria dragar o canal sem a contenção dos molhes, pois com a movimentação e força das marés, em pouco tempo o canal estaria assoreado novamente", justifica Ramis. Ainda falta a construção de 34 metros do molhe Leste para que a estrutura atinja os 370 metros previstos na obra de prolongamento. A modernização do cais do Porto Novo também estava no rol de obras previstas para o início este ano. Mas, segundo Ramis, a licitação foi aberta em abril e cancelada em agosto pelo Tribunal de Contas da União (TCU) por irregularidades no processo de licitação. O projeto previsto para a nova obra seguiria o mesmo padrão dos 450 metros do cais já revitalizados pelo governo do Estado. A obra seria realizada com recursos do PAC, previstos no Orçamento Geral da União para 2010 e foi orçada em R$ 113 milhões.
O projeto de modernização do cais do Porto Novo, contratado pela Suprg e elaborado pelo consórcio JD & EVB (JD Engenharia e Arquitetura Ltda e EVB Projetos Estruturais Ltda), previa a reconstrução de 1.125 metros do cais, com a execução de uma nova plataforma portuária em concreto armado pré-moldado. A estrutura avançaria 11,2 metros para dentro do canal o que permitiria o aprofundamento do calado de 31 para 40 pés, possibilitando a atracação de navios de até 75 mil toneladas de porte bruto (TPB) e a utilização de equipamentos portuários modernos e de grandes capacidades. Ao todo a previsão de pavimentação com concreto armado seria de uma área de aproximad amente 13.300 m2. Somando-se a parte já revitalizada, com a conclusão da obra, o Porto Novo passaria a contar com 1.575 metros de cais modernizados.
Jornal do Comércio
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