LEGISLAÇÃO

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Abertura de capital vira realidade no comércio exterior
A abertura de capital em bolsa por empresas do setor de transporte e logística é um caminho sem volta, afirmam analistas do mercado financeiro.

Para eles, as companhias que atuam em vertentes do comércio exterior, como terminais portuários e firmas de navegação, são as mais atraentes para os negócios e vão, cada vez mais, se capitalizar no mercado de ações para ampliar a capacidade de atendimento. O fenômeno acontece há pelo menos quatro anos comas grandes operadoras do País. É o caso da Santos Brasil, arrendatária do Terminal de Contêineres do Porto de Santos (Tecon), que vendeu ações para obter recursos externos e empregá-los na ampliação das suas instalações. Agora,o mercado se abre também para as empresas de médio porte. Na Baixada Santista, região vocacionada ao setor de transporte e logística, devido à atividade portuária, 10 empresas do segmento têm potencial para abrir seus capitais, conforme levantamento da consultoria Valor Invest. Essas companhias tiveram receitas líquidas de R$ 62,3 milhões a R$ 232,1 milhões no ano passado.
Tecondi, Rodrimar, Deicmar, Localfrio, Columbia, Fertimport e Vopak Brasil, todas com atividades no cais santista, apareceram no ranking.

Mesquita, Teaçu e TGG também foram listadas, mas já integram grupos com ações em bolsa, respectivamente Santos Brasil, Cosan e Bunge/ALL. O potencial dessas empresas é grande, segundo Edigimar Maximiliano, analista da Bradesco BBI. Especialista de IPO (abertura de capital) para o setor de transporte e logística, ele disse que o direcionamento dessas operadoras ao mercado de capital é quase que inevitável. "Estão todas crescendo muito nas suas atividades, naturalmente pelo aquecimento do Brasil no comércio internacional. E as empresas têm necessidade de capitalização para atender os seus clientes". Maximiliano explicou que a infraestrutura está sempre defasada em relação à demanda por serviços e, por isso, as companhias do segmento precisam de recursos extras para investir em modernização e ampliação das suas instalações. "Esse é o caminho e vai continuar.

Cada vez mais as empresas precisam ampliar os investimentos, muito em infraestrutura para o comércio exterior, e vão ao mercado buscar esse dinheiro". Para o analista financeiro, a tendência se confirmará a cada ano. "Não há expectativa de retrocesso. A situação econômica é muito confortável para as empresas brasileiras". BOLSA X EMPRÉSTIMO O analista financeiro sênior do grupo Brookers, José Inácio Loela, ressaltou que a abertura de capital é vantajosa para as empresas de transporte e logística porque, para o porte delas em geral, o empréstimo bancário costuma ser mais caro. "Como os créditos das instituições financeiras credenciadas ficam na taxa de 4% a 6% ao ano, a capitalização em bolsa é o melhor negócio, porque elas não são tão grandes a ponto de obter facilidades de crédito junto ao BNDES, nem têm um rendimento exorbitante para os juros do empréstimo serem reduzidos nos bancos privados", explicou Loela. O agente financeiro destacou, ainda, que a capitalização é melhor para o setor porque não há necessidade de pagamento do recurso obtido. "Mas só em um primeiro momento", advertiu. "A companhia pega no mercado, investe na sua operação, lucra mais ainda, e divide com quem emprestou. No fim, ela ganhou muito mais. No empréstimo, o que ela ganharia iria para amortização".

Levantamento do Brooker feito no primeiro semestre deste ano apontou que as firmas de transporte e de logística são as mais sólidas do momento. Para o analista, de 50 empresas que passaram pelo IPO recentemente, 46 tiveram mais de 20% de absorção de capital sobre o previsto. Duas não atingiram ágio de 10% e duas não atingiram a cota de vendas das ações. "Na construção civil, de 50, 37 captaram mais de 20%, oito ficaram abaixo de 10% e cinco não capitalizaram".
Porto de Santos

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