Infelizmente, não
são raras as práticas do querer levar vantagem em tudo, cada qual procurando
trazer as brasas para suas sardinhas, de modo egoísta e não sustentável.
Deixarei à reflexão
do leitor o aspecto egoísta, aprofundando a questão da não sustentabilidade
desse comportamento.
Vivemos num mundo
globalizado, onde inúmeras são as alternativas à disposição de cada um,
indivíduo ou empresa, de modo que, de um modo ou outro, a ganância não pode
prosperar por muito tempo.
Por exemplo, as
práticas de um depositário dificultar a retirada da carga, buscando artifícios
para que ela permaneça mais tempo depositada, para perceber maior receita de
armazenagem, onera o importador ou exportador, que pode passar a procurar
alternativas logísticas, o que acaba por prejudicar não só o próprio
depositário, como os demais provedores de serviço do local - transportadores,
despachantes etc.
Não resta
alternativa ao importador que faz isso, pois, se aumentar seus custos de
importação, terá dificuldades em revender a mercadoria, ao enfrentar a
concorrência de outros importadores que disponham de uma cadeia logística menos
onerosa. Até mesmo o cliente final pode comprar diretamente a mercadoria de um
fornecedor estrangeiro!
Também o
exportador, concorrendo com os demais vendedores espalhados pelo planeta, terá
maior dificuldade em vender, podendo até ser obrigado a reduzir sua margem,
talvez mesmo eliminando seu interesse em exportar, se não encontrar outra forma
de enviar as mercadorias.
Em ambos os casos
as chances do depositário perder no médio prazo são muitas.
Exemplifiquei com o
depositário, mas o mesmo raciocínio se aplica a qualquer prestador de serviço
conexo à operação de comércio exterior, inclusive órgãos públicos, que, ao
dificultar a operação comercial, poderão prejudicar a inserção competitiva do
Brasil no concerto das nações, dificultando o nosso crescimento e a oferta de
empregos para nossos conterrâneos.
Outra forma de
tentar levar vantagem (ou de procurar escapar da ganância dos outros) é não
partilhar os benefícios do comércio internacional com os demais operadores. As
verticalizações de atividades têm como consequência o maior esforço dedicado a
elas em detrimento do desenvolvimento do próprio objeto da empresa.
Por exemplo, um
importador que faz o próprio despacho deixa de procurar clientes durante todo o
tempo que gasta para se atualizar com a legislação e os procedimentos do
despacho. Acaba por não fazer bem nem uma coisa nem outra.
Um negócio é bom
quando todos ganham.
Autor(a): PAULO WERNECK Fiscal aduaneiro, escritor, professor Aduaneiras |
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