Venda de petróleo supera expectativas e infla balança
As exportações de dezembro foram surpreendentes e estão provocando dúvidas entre os analistas. No último mês do governo Lula, o Brasil embarcou US$ 20,919 bilhões para o exterior - as maiores exportações em um único mês em todos os tempos.
O recorde anterior era de julho de 2006, quando o País exportou US$ 20,451 bilhões. Os analistas ontem tentavam entender como o recorde tinha sido batido em um mês de dezembro, quando as exportações são sazonalmente um pouco mais fracas. O auge da safra de soja ocorre em meados do ano, período que costuma concentrar os maiores volumes de exportação.
José Augusto de Castro, vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), recomenda uma análise detalhada dos embarques de petróleo.
Em dezembro, o País exportou US$ 2,81 bilhões em petróleo bruto, 191,5% a mais que no mesmo mês de 2009. Detalhe: a alta dos preços foi de apenas 4,3%, enquanto as quantidades cresceram impressionantes 179,5%.
O minério de ferro também contribuiu para o excelente resultado de dezembro, com uma alta de 208,2% nas exportações, mas o perfil foi diferente. Os preços do minério exportado subiram 142%, enquanto as quantidades cresceram 27%.
A Petrobrás possui um sistema diferente de registro dos seus embarques para o exterior. Enquanto a maior parte das empresas preenche um registro de exportação a cada venda, a estatal envia de tempos em tempos um pacote ao governo com um volume concentrado de exportações. Por isso, muitas vezes, os dados dos embarques de petróleo confundem e geram dúvidas.
O País registrou em dezembro um superávit de US$ 5,37 bilhões na balança comercial, o que significa que obteve em apenas um mês, 26,5% do saldo do ano. Foi o segundo melhor superávit mensal da história, superado apenas pelos US$ 5,62 bilhões de julho de 2006 (novamente um mês forte de embarque de soja).
Os robustos embarques de petróleo pegaram o mercado de surpresa. "Foi muito atípico e ficou totalmente fora da projeção", comentou Rafael Bistasa, da Rosenberg Associados. O economista previa um saldo de US$ 4,5 bilhões em dezembro, que "já estava muito otimista".
Graças ao bônus do petróleo, o Brasil superou a marca histórica de US$ 200 milhões em exportações em 2010. No ano passado, apesar da recuperação lenta dos países ricos da crise global, as exportações brasileiras atingiram US$ 201,9 bilhões. O superávit da balança comercial ficou em US$ 20,3 bilhões no ano passado - o pior resultado da era Lula, mas, sem dúvida, bem melhor do que o próprio governo esperava.
O Estado de São Paulo
Commodities caminham para mais um ano de ganhos em 2011
As commodities caminham para novas altas em 2011 após dois anos de fortes ganhos que elevaram recentemente o petróleo e os grãos para os maiores valores desde a crise financeira global.
E os analistas, em meio a preços recordes de outras commodities como o cobre, afirmam que o movimento de alta de 2010 ainda não foi concluído.
O setor de commodities em geral subiu 17 por cento em 2010, ampliando o ganho de 23 por cento do ano anterior, de acordo com o índice Reuters-Jefferies CRB.
Tal trajetória superou os 13 por cento do índice de ações S&P500 e os 5 por cento de retorno dos títulos do governo norte-americano .
O paládio liderou os ganhos, enquanto apenas duas das 19 commodities do índice CRB declinaram no ano. O gás natural teve a maior perda, com queda de 21 por cento no ano.
Ganhos de dois dígitos foram a regra, uma vez que os investidores usaram os metais preciosos como hedge contra incertezas. O café e o algodão quase dobraram de preço com a busca de investidores por outros nichos de mercado.
A queda do dólar na sexta-feira ajudou o setor de commodities a encerrar o ano de 2010 com amplos ganhos, com a alta nos momentos finais do cobre --para um recorde--, da prata, para nova máxima de 30 anos, e o petróleo, milho e soja fechando nos maiores valores desde o meados de 2008.
Mas as acelerações dos ganhos nas últimas semanas do ano passado são notáveis por quebrar um correlação há muito tempo intacta com o dólar. Em vez de cair, quando o dólar recuperou-se em novembro e dezembro, as commodities escalaram para novas altas.
Para muitos, isso sugere que o equilíbrio entre oferta e demanda predominando nos mercados sobre os fluxos financeiros, pavimentando o caminho para novas máximas neste ano-- a despeito do dólar que deve se manter, segundo pesquisa da Reuters.
"Eu acredito que os fundamentos das commodities vão superar qualquer jogo de câmbio em 2011. A situação de oferta, do cobre ao café, é realmente apertada", disse Sean McGillivray, vice-presidente da Great Pacific Wealth Management, de Oregon.
O Goldman Sachs, grande investidor e operador de commodities, projetou que o cobre vai testar o recorde de 11 mil dólares por tonelada em 2011.
O algodão foi outro grande vencedor, terminando 2010 com alta de 92 por cento. O ouro subiu 30 por cento no ano, o melhor desempenho desde 2007, puxado pelo temor quanto à recuperação da economia global e pelo enfraquecimento do dólar no terceiro trimestre.
O milho subiu quase 52 por cento, para cerca de 6,30 dólares, acima dos 47 por cento de ganhos do trigo e 35 por cento da soja, que avançou para mais de 13,90 dólares por bushel, puxada pelos efeitos climáticos nas lavouras e pelas compras da China.
O trigo teve seu melhor ano desde 2007 depois da seca que afetou as lavouras Rússia e os produtores da região do Mar Negro e reduziu suas exportações. Chuvas recentes na Austrália também levantam temor sobre a qualidade do cereal.
O petróleo subiu 15 por cento sobre 2009, terminando o ano de 2010 em 91 dólares por barril com a retomada da demanda global, o clima frio e queda dos estoques.
O gás natural teve a maior perda, recuando 21 por cento no ano, por oferta maior do produto.
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