LEGISLAÇÃO

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

COMÉRCIO EXTERIOR - 31/01/2011

Produto importado ficou 8% mais barato
Comércio exterior: Volume de bens adquiridos pelo Brasil no exterior em 2010 foi 13,9% superior ao de 2008

A combinação de um mercado aquecido com uma superoferta mundial de produtos fez o Brasil aumentar o volume de importações pagando menos pelos produtos desembarcados. No ano passado o país importou um volume total 13,9% maior que o de 2008, mas o preço médio dos desembarques caiu 8% no mesmo período. Os dados são da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex). Em 2010 as importações somaram US$ 181,6 bilhões, o que significa elevação de 5% em relação a 2008
Com participação de 46,2% na pauta de importação, os bens intermediários puxaram para baixo a queda de preço. O volume dos desembarques dessa categoria aumentou em 6,8%, enquanto os preços ficaram 5,9% mais baixos. Em razão da demanda aquecida no mercado doméstico, algumas categorias chegaram a apresentar aumento de preço médio de importação no período. Essas elevações, porém, foram muito pequenas na comparação com o aumento de volume.
As importações de bens de consumo duráveis, por exemplo, cresceram 46,9% em volume. O avanço do preço médio do desembarque, porém, foi de apenas 3,1%. “O aumento não chegou nem a repor a inflação. O mais natural seria que os preços das importações subissem mais em função da demanda do mercado interno. Isso só não aconteceu porque o Brasil surgiu como um dos mercados para os quais todo o mundo quer vender”, diz José Augusto de Castro, vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB).
“Com superoferta de produtos, os importadores brasileiros puderam comprar volumes maiores e negociar preços melhores”, acrescenta Castro. Segundo ele, a evolução de volume e preço indica que até fornecedores mais tradicionais, incluindo os chineses, provavelmente reduziram seus preços para não perder mercado. Mesmo para o exportador chinês, que contou com a valorização do yuan frente ao dólar, isso pode ter significado abrir mão de um pedaço do lucro.
“Até 2008, a evolução dos preços das importações refletiu a expansão do mercado internacional”, acredita Lia Valls, professora da Fundação Getulio Vargas (FGV). Em 2009, lembra, o efeito da crise financeira quebrou o ritmo de crescimento. No ano passado, criou-se uma pressão pela compra de bens pelos países emergentes, que apresentaram crescimento forte ao mesmo tempo em que havia recuperação mais lenta dos países desenvolvidos. Essa pressão, diz Lia, ajuda a explicar o contraste no comportamento de volumes e preços dos desembarques.
Fernando Ribeiro, economista-chefe da Funcex, lembra que o ritmo de crescimento do volume das importações seguiu a tendência que já havia surgido no período pré-crise. “Houve uma interrupção temporária em 2009, mas existia uma evolução forte na quantidade importada em todas as categorias, sendo mais acentuada em bens de consumo duráveis e em bens de capital.”
Segundo os dados da Funcex, no ano passado o Brasil importou mais que o triplo do que havia desembarcado em quantidade de bens de consumo não duráveis em 2006. Ribeiro explica que o crescimento nos desembarques desses bens pode ser explicado em parte pela baixa base de comparação, principalmente em 2002 e 2003. “Essa importação é muito sensível ao câmbio e à demanda doméstica, que tem crescido mais rapidamente que a capacidade produtiva e transbordado para as importações.” Com os bens de capital, avalia Ribeiro, o fenômeno é parecido. “Os investimentos estão altos e parte disso está sendo direcionada para fora, com importação de bens de capital”, acrescenta. Em 2010 a quantidade desembarcada de bens de capital aumentou 23,4% enquanto os preços médios de categoria tiveram queda de 3%, sempre em relação a 2008 (porque a crise transformou 2009 em um ano atípico).
Para Flávio Castelo Branco, gerente-executivo de política econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI), os dados mostram a forte penetração dos importados no consumo interno, com perda da indústria nacional. Segundo ele, o cenário deve permanecer em 2011 caso não haja mudanças. “O câmbio continua com valorização do real, apesar das tentativas de contenção do governo e do Banco Central, e temos muitas distorções competitivas.” Além do câmbio favorável, o excesso de oferta de produtos industrializados no mercado internacional propicia estabilidade ou queda de preços na importação desse produto, diz Ribeiro. É o contrário do que vem acontecendo com as commodities que, com demanda forte, têm os preços pressionados para cima. “É isso que tem permitido ao Brasil comprar mais barato e vender mais caro”, analisa Ribeiro.
Ao contrário das importações, as exportações brasileiras totais caíram em termos de volume e apresentaram aumento de preço. A queda na quantidade exportada foi de 2,2% em 2010 na comparação com 2008. No mesmo período houve aumento de 4,4% no preço médio das vendas ao exterior. No ano passado, as exportações somaram US$ 201,9 bilhões, com aumento de 2% em relação a 2008. Os básicos, que incluem as commodities, foram os que tiveram o melhor desempenho, com crescimento de 14,5% em volume e 7,5% de elevação no preço médio. As vendas de manufaturados ao exterior, ao contrário, perderam 16% em volume e tiveram aumento de preços de apenas 2,1%.
Ribeiro não acredita que o cenário do comércio exterior mude num período curto. Para ele, a grande diferença acontecerá em função do mercado interno. Ele lembra que até mesmo medidas para aumento de competitividade têm efeito relativo com crescimento interno elevado. Hoje, a indústria nacional está com sua produção voltada ao consumo doméstico, sem estímulos à exportação. Ele exemplifica com o setor automobilístico. Em 2003 e 2004, lembra, o setor procurava exportar porque tinha 50% de capacidade ociosa. Hoje, as indústrias voltaram a ter sua produção sustentada por um mercado doméstico com demanda tão grande que tem propiciado uma importação maior de veículos. Para ele, é necessário um controle da demanda interna.
Valor Econômico




Aumenta o movimento de exportação de trigo no RS
Safra 2010/2011 promete ter a melhor movimentação desde 2003/2004, quando o Estado passou a exportar o grão

Com 64 mil toneladas de trigo, o navio grego Zagora parte entre esta quinta, dia 27, e sexta do Porto de Rio Grande. Leva até Alexandria, no Egito, o maior carregamento da safra 2010/2011, que promete ter a melhor movimentação desde 2003/2004, quando o Estado passou a exportar o grão.

Entre remessas para o norte da África e cabotagens (translado dentro do país) para o Nordeste, a fim de escoar a produção gaúcha do ano passado, o porto prevê em 2011 romper a marca de 1,2 milhão de toneladas movimentadas, alcançando um crescimento de 25% ante o ano anterior.

– Escoamos em 2011 a maior parte da safra plantada no ano passado. Temos condições de quase dobrar o volume no cais – anima-se Guillermo Dawson, diretor do complexo Termasa-Tergrasa, que, neste ano, projeta saltar de 630 mil para 1 milhão de toneladas embarcadas.

Números que refletem na chegada de caminhões. De 70 ao dia em 2010, em média, para 160 em janeiro deste ano.

Tal otimismo é fruto de uma equação que envolve clima, cultivo, subsídios federais e mercado internacional. A chuva na época da semeadura, entre maio e junho, mais a combinação de um inverno úmido com uma primavera seca e fria garantiram maior produtividade – de 2,1 para 2,49 toneladas por hectare. A melhor produtividade desde a década de 1980, destaca Ernesto Irgang, da Companhia Nacional de Abastecimento no Estado.
Além de escala, o trigo gaúcho nasceu com qualidade – tanto o tipo pão, quanto o brando, usado na mistura de biscoitos. A combinação facilitou a entrada em mercados pouco acessados, como o próprio Egito, destino do Zagora, que também evidencia a boa safra no volume.
– Um navio de trigo sai com 35 mil toneladas. Esse de 64 mil tem volume de soja, algo raro. Estamos em uma safra especial, conquistando novos mercados – frisa Dawson.
Por meio do Prêmio de Escoamento de Produto (PEP), o governo federal faz sua parte na cadeia do trigo. Assegura o movimento no porto sem derrubar o ganho do produtor. Por meio de leilões, negocia um subsídio para cada tonelada embarcada, que garante um preço mínimo ao grão.
– Se a tonelada do trigo está R$ 477, o governo abate o subsídio. Houve leilão com R$ 85 de ajuda, por exemplo. Assim, a indústria paga R$ 392, mas o produtor recebe os mesmos R$ 477 – explica o analista Elcio Bento, da Safras e Mercados.
Ao reduzir os gastos do comprador, o PEP dá um empurrãozinho nas exportações, diminuindo o preço no mercado internacional. A cotação da tonelada gaúcha de trigo (US$ 310) tem ficado abaixo dos vizinhos Argentina (US$ 317) e Uruguai (US$ 313).
ZERO HORA




MDIC irá participar de Fórum Global sobre Estatísticas do Comércio Exterior em Genebra
A Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) irá participar do Fórum Global sobre Estatísticas do Comércio Exterior, com o tema “Medindo o Comércio Global – Temos os números certos? (Measuring Global Trade – Do we have the right numbers?)”.

O evento acontece em Genebra, na Suíça, entre os dias 2 e 4 de fevereiro, e é promovido pela Divisão de Estatística das Nações Unidas e pelo Escritório de Estatística da União Européia, em colaboração com a Organização Mundial do Comércio (OMC) e a Conferência das Nações Unidas sobre o Comércio e Desenvolvimento (Unctad).

Segundo informações da OMC, a iniciativa do fórum surgiu na última reunião dos países do G-20 em Seul, na Coréia do Sul, em novembro do ano passado, diante da preocupação em aperfeiçoar o monitoramento estatístico com o objetivo de reduzir os desequilíbrios no comércio exterior.

O coordenador-geral de produção estatística da Secex, Paulo Roberto Pavão, irá palestrar em um dos painéis do fórum, com o tema “Em direção a uma abordagem integrada entre o comércio de mercadorias e serviços e as estatísticas de negócios”, que acontece na manhã do dia 4 de fevereiro.

Acesse a programação do evento no site da OMC (em inglês): http://unstats.un.org/unsd/trade/s_geneva2011/geneva2011.htm
Assessoria de Comunicação Social do MDIC

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