LEGISLAÇÃO

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

ECONOMIA - 05/11/2010


OMC alerta G20 para riscos de protecionismo
As turbulências no mercado cambial aumentam os riscos já crescentes do protecionismo, que poderá afetar a estabilidade dos intercâmbios mundiais e a reativação econômica, alertou nesta quinta-feira a OMC em um relatório destinado ao G20.

"Vimos nos últimos meses um aumento perigoso das pressões protecionistas geradas pelos desequilíbrios mundiais, num momento em que o consenso político a favor de uma abertura do comércio e os investimentos já estão sob tensão" em função do alto desemprego nos países do G20, indicou a OMC (Organização Mundial do Comércio) nesse informe.

"Os riscos mais elevados para a economia mundial são gerados pelas turbulências sobre os mercados cambiais e as decisões dos governos que alguns puderam perceber como uma continuação deliberada de uma vantagem comparativa surgidas das taxas cambiárias", segundo a OMC.

A OMC divulgou este informe visando à cúpula do G20 que ocorre nos próximos dias 11 e 12 em Seul.
Folha de São Paulo



Mantega critica plano de US$ 600 bilhões dos EUA e alerta sobre orçamento brasileiro
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, criticou nesta quinta-feira a decisão do Federal Reserve de injetar mais dólares na economia norte-americana e mostrou preocupação com as discussões do Orçamento brasileiro para 2011.

Segundo ele, a medida do Fed de comprar mais US$ 600 bilhões em títulos do governo tem "resultado duvidoso" se o objetivo é incentivar a recuperação econômica.

"Esse crédito não está indo para a produção, o consumidor americano não está tomando crédito, o investidor não está tomando crédito para investir. Esse excesso de crédito acaba desvalorizando a moeda americana", disse a jornalistas.

"O único resultado é desvalorizar o dólar para que tenha uma competitividade maior no comércio internacional. Tanto é verdade que hoje temos um déficit comercial com os EUA", acrescentou Mantega, reiterando que levará o tema para discussão na reunião de líderes do G20 (o grupo das 20 maiores economias do mundo), na próxima semana.

Ele afirmou que, embora todos desejem a recuperação da economia norte-americana, "não adianta ficar jogando dólar de helicóptero".

"Tem que combinar isso com uma política fiscal. Tem que estimular o consumo, o mercado, dar condições para o consumidor."

ORÇAMENTO PREOCUPANTE
Mantega disse ainda que vê com preocupação o aumento das estimativas de receita no Orçamento brasileiro de 2011 pelo Congresso. De acordo com ele, a revisão não está baseada em fatos concretos.

"A Comissão [Mista] de Orçamento aumentou a projeção de receita... Aumentar a receita quer dizer aumentar despesa. Nós não temos condição de aumentar despesa, agora temos que fazer esforço para reduzir despesa", afirmou.

A comissão apontou uma arrecadação extra de R$ 17,7 bilhões, segundo informações da Agência Câmara.
Folha de São Paulo



Real se valoriza menos após alta do IOF
Elevação das alíquotas neutraliza efeitos da enxurrada de dólares dos Estados Unidos

Graças à elevação do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), o governo federal conseguiu neutralizar, por enquanto, os efeitos sobre a taxa de câmbio da enxurrada de dólares jogada pelos Estados Unidos na economia mundial. O real se valorizou bem menos que outras moedas e descolou dos preços das commodities.

Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) anunciou que vai comprar US$ 600 bilhões em títulos de longo prazo do governo americano para reativar a economia. Como a medida já era esperada desde o dia 21 de setembro, quando ocorreu a reunião anterior do Fed, os mercados reagiram com calma.

O dólar fechou ontem a R$ 1,699 no mercado de balcão, queda de 0,47% em relação ao dia anterior, testando o nível de R$ 1,70 pela primeira vez em sete sessões. No entanto, desde que começaram as especulações sobre as medidas do Fed há seis semanas, o real acumula apenas 1% em relação à moeda americana.

A perspectiva de novas medidas do Fed desvalorizou o dólar e elevou os preços das commodities nesse período. Em relação ao dia 21 de setembro, o dólar caiu 6,5% em relação ao euro. O CRB (Commodity Research Bureau, principal índice de preços de commodities) subiu 9,7%. Uma cesta formada pelas commodities exportadas pelo Brasil avançou ainda mais: 10,5%.

"A valorização do real foi menos significativa por causa da eficácia das medidas do governo. Países que não adotaram nenhum controle de capitais sofreram mais", disse Eduardo Velho, economista-chefe da Prosper Corretora. O dólar australiano, por exemplo, avançou 5,8% desde 21 de setembro e testou a máxima em relação ao dólar ontem.

As moedas de Brasil, Austrália, Nova Zelândia, Chile, Noruega e Canadá estão entre as mais afetadas pela queda do dólar, porque esses países são grandes exportadores de commodities.

Nathan Blanche, especialista em câmbio e sócio da Tendências Consultoria, atribui o descolamento do real à reversão de expectativas dos investidores, que ficaram assustados com as medidas do governo. O Brasil foi considerado um dos mais agressivos entre os países que adotaram medidas de controle de capitais.

IOF. O Brasil elevou por duas vezes consecutivas o IOF, sua principal arma até agora na "guerra cambial". Em 4 de outubro, o imposto para o investimento em renda fixa subiu de 2% para 4%. O governo estava assustado com a queda do dólar, que bateu R$ 1,66 naquele dia.O mercado achou a dose do remédio fraca e insistiu. O dólar chegou a R$ 1,65 já no dia seguinte (5 de outubro), nível mínimo atingido no período mais recente. Com o início das especulações de que o governo brasileiro adotaria medidas mais duras, a tendência começou a virar.

No dia 18 de outubro, o IOF para renda fixa subiu de novo, para 6%. O governo elevou ainda o IOF pago nas garantias para operar no mercado futuro de 0,38% para 6%. A pancada assustou os investidores e o real passou a oscilar perto de R$ 1,70.

Segundo o economista do JP Morgan Júlio Callegari, as medidas praticamente secaram o fluxo de capitais de curto prazo, cuja rentabilidade ficou prejudicada. Ele alerta, porém, que esses recursos representam apenas 15% dos dólares que vêm ao País. O restante está em ações e investimentos produtivos.
"Se a tendência de desvalorização do dólar segue, o mercado vai testar novamente os limites do governo no câmbio", disse Callegari. A aposta da maioria dos analistas é de que o dólar vai seguir se desvalorizando.

Callegari alerta que, da próxima vez, não bastará elevar o IOF na renda fixa, porque o efeito já se esgotou. Se quiser continuar segurando o real, o governo terá de usar remédios mais amargos, que atinjam outros fluxos de recursos. É o caso do IOF em ações e de retomar o Imposto de Renda no investimento estrangeiro.

Sobe e desce
1% é a valorização do real em relação ao dólar desde 21 de setembro, quando começaram as especulações no mercado a respeito do pacote que o Federal Reserve anunciou ontem.

5,8% é a valorização do dólar australiano em relação ao dólar americano no mesmo período. A Austrália não adotou medidas de controle do fluxo de capitais.

-6,5% é a desvalorização do dólar em relação ao euro no período.
Raquel Landim - O Estado de S.Paulo



Entrada de dólares em outubro é a segunda maior do ano, segundo BC
A entrada de dólares no país alcançou em outubro o segundo maior resultado do ano, apesar das medidas anunciadas pelo governo para taxar investimentos estrangeiros no país. Dados do Banco Central mostram uma entrada de US$ 6,9 bilhões no mês passado. Somente em operações financeiras, foram US$ 5,1 bilhões.

Esses dois resultados estão atrás apenas dos registrados em setembro, quando o fluxo de moeda estrangeira para o país foi influenciado pela capitalização da Petrobras. Na época entraram US$ 16,7 bilhões no país em operações financeiras.

O BC reduziu as compras de dólares, mas não na mesma proporção da queda no fluxo em relação ao mês anterior. As intervenções da instituição no mercado somaram US$ 7,6 bilhões, também o segundo maior resultado do ano, atrás apenas do registrado no mês anterior (US$ 10,7 bilhões).

Há cerca de duas semanas, o governo anunciou o aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) para investimento estrangeiro em renda fixa para 6%. O tributo já havia subido de 2% para 4% no começo do mês. O governo também aumentou o IOF (de 0,38% para 6%) sobre a margem de garantia para investimentos no mercado futuro para estrangeiros.

A ideia é desestimular esse tipo de investimento --que oferece alta rentabilidade devido às altas taxas de juros praticadas no Brasil-- para tentar conter a forte entrada de dólares no país.

O ingresso de capital externo leva à valorização do real, o que, entre outras consequências, reduz a competitividade das exportações brasileiras. Nos últimos meses, o Brasil tem registrado entradas recordes de recursos externos, puxando a cotação da moeda dos EUA para baixo.

Nas operações de comércio exterior, segundo o BC, houve uma entrada de US$ 1,78 bilhão em outubro. Desde maio, as operações ligadas a exportações não superavam as importações.
Folha de São Paulo 


BC dos EUA impõe derrota ao Brasil na "guerra cambial", dizem analistas
A injeção de US$ 600 bilhões pode não levar o consumidor americano de volta ao shopping no final do ano, mas com certeza estimulará os maiores fundos de hedge do mundo a trazer ainda mais dinheiro para o Brasil, segundo analistas.

Para o país, a medida terá como efeito nova rodada de apreciação do real, impondo mais uma derrota às tentativas do país de controlar o fluxo de capitais do exterior.

"Certamente, uma parte desse dinheiro todo virá para cá. Vai também para a China, a África do Sul e demais países emergentes onde ainda há oportunidade de ganho", disse Alkimar Moura, ex-diretor do BC brasileiro.

De natureza inflacionária, a injeção de dólares no mundo tem potencial para estimular alta da Bolsa e das moedas globais, além de valorização de commodities e de demais "ativos reais".

Todos esses mercados vêm subindo desde meados da semana passada por conta da expectativa da medida.

A própria China será impelida a estocar dinheiro em insumos e em produtos para se "proteger" da desvalorização do dólar americano.
Folha de São Paulo


Emergentes prometem se defender de medida do Fed
Os formuladores de política das maiores economias da América Latina e da Ásia prometeram nesta quinta-feira desenvolver novas medidas para conter os fluxos de capital depois de, na véspera, o Federal Reserve anunciar que colocará bilhões de dólares no sistema para estimular a economia.

As economias emergentes expressaram desagrado com a medida, tornando improvável um acordo sobre desequilíbrios globais e moedas na reunião do G20 na semana que vem.

"Enquanto o mundo não exercer restrição à emissão de moedas de reserva como o dólar --e isso não é fácil--, a ocorrência de outra crise é inevitável", escreveu Xia Bin, assessor do banco central da China, em um jornal administrado pela autoridade monetária.

O Ministério das Finanças da Coreia do Sul disse ter enviado "uma mensagem aos mercados" na quinta-feira e que irá "agressivamente" considerar controles de capital, enquanto o secretário de Comércio Exterior do Brasil, Welber Barral, disse que o movimento do Fed pode gerar "medidas de retaliação".

A Tailândia levantou a possibilidade de uma ação conjunta para combater a enxurrada de dólares que deve entrar nos emergentes.

"O presidente do banco central tailandês confirmou discussões com bancos centrais de países vizinhos, que estão prontos para impor medidas juntos se for necessário para conter o possível fluxo de capital especulativo na região", afirmou o ministro das Finanças, Korn Chatikavanij.

Uma autoridade sênior de Finanças da Índia, que preferiu não ser identificada, disse que, embora os Estados Unidos tenham o direito de estimular sua economia, outras nações também devem proteger seus interesses.

O chinês Xia acrescentou no jornal "Financial News" que Pequim irá perseguir seus próprios interesses, dizendo que "precisamos pensar" o que é bom para nós''.

O estretategista cambial do Credit Suisse, Olivier Desbarres, disse: "Esse não me parece o tipo de ambiente no qual qualquer país se comprometerá com metas".

Na quarta-feira (3), o Fed anunciou a compra de US$ 600 bilhões de dólares em bônus. Nesta quinta-feira, o banco central foi visto vendendo sua moeda para conter os ganhos após ela atingir pico em seis meses com o anúncio do Fed.
Folha de São Paulo



Após medida do Fed, euro supera US$ 1,42 pela primeira vez desde janeiro
O euro era negociado nesta quinta-feira acima de US$ 1,42, em Londres, pela primeira vez desde janeiro, um dia depois do Fed (Federal Reserve, o banco central norte-americano) ter anunciado novas medidas para tentar estimular a recuperação nos Estados Unidos.

Às 10h30 (8h30 de Brasília), a moeda europeia tinha cotação de US$ 1,4237, ante US$ 1,4130 na quarta-feira à noite, depois de ter alcançado US$ 1,4263, 45 minutos antes -- o valor máximo desde 20 de janeiro.

O Fed anunciou nesta quarta-feira que pretende adquirir US$ 600 bilhões em títulos do Tesouro até meados de 2011, com o objetivo de estimular o crédito e gerar empregos.
Folha de São Paulo


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