LEGISLAÇÃO

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Mercadante: câmbio é problema central para exportações
RIO – O senador Aloizio Mercadante (PT-SP), cotado para o Ministério de Ciência e Tecnologia no governo de Dilma Rousseff, considera o câmbio o principal problema atual para as exportações brasileiras, mas acredita que esse é um problema de gestão complicada porque envolve “razões estruturais, já que a economia brasileira está indo bem melhor do que a de outros países”. Para ele, o câmbio tem refletido, ainda, as taxas elevadas de juros, uma questão de solução delicada.
“O problema das taxas de juros não é apenas cultural, há um choque de demanda pressionando a inflação e a margem da política monetária é pequena”, afirmou. Mercadante acredita que a esperada melhora nos indicadores fiscais e no superávit primário vai abrir “mais espaço para a redução dos juros”.
Segundo ele, “estamos com um problema de pressão inflacionária e o governo esta tomando medidas”, mas o problema do câmbio vai além dos juros e reflete “uma guerra cambial” em curso no mundo. “O problema central para avançar as exportações hoje é o cambio”, disse em seminário realizado pela revista Carta Capital no Rio.
O senador ressaltou o crescimento das exportações brasileiras nos últimos oito anos, mas salientou a perda da contribuição das vendas externas na expansão da economia. Segundo ele, de 2003 a 2005 o PIB cresceu 10,5% e, para esse aumento, as exportações contribuíram com 5,4 pontos porcentuais. Já de 2006 a 2008 a economia, de acordo com ele, cresceu 15,6%, com contribuição de apenas 1,6 ponto porcentual das exportações.

Ipea
O diretor de Estudos Macroeconômicos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), João Sicsú, acredita que exista uma “cultura de juros elevados” no Brasil, que contribui para a manutenção do câmbio valorizado, com consequências negativas sobre as exportações. Para ele, o câmbio atual compromete a expansão das vendas externas de produtos com maior valor agregado.

Para Sicsú, é preciso enfrentar a cultura de juros no Brasil, que está na atuação do Banco Central e também nos hábitos dos consumidores, que aceitam qualquer prestação que caiba no orçamento. “Precisamos enfrentar esse debate e não limitar as discussões às reuniões do Copom, existe uma cultura de juros que joga o câmbio para baixo”, afirmou o economista do Ipea.

“Nossas exportações tendem cada vez mais para uma pauta primarizada, que expõe o País ao risco da demanda mundial. O Brasil precisa continuar valorizando o agronegócio e o extrativismo, mas é preciso associar tecnologia e valor agregado às nossas exportações”, disse em palestra no mesmo seminário no Rio.
Ele defende “um preço” para a entrada de capitais no Brasil como forma de evitar sobrevalorizações excessivas do real. “O câmbio é estratégico para uma economia e não devia ser definido pelo mercado, porque o mundo real, do emprego e da exportação tem que conviver com ele”, afirmou. Sicsú disse que defende “uma política cambial amigável ao mercado, mas que estabeleça preço para a entrada de capitais, senão teremos cada vez mais um câmbio valorizado”.
O Estado de São Paulo



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