País ganhará US$ 38 bi com minério
Reajuste do preço do minério, principal produto brasileiro de exportação, deve garantir mais US$ 9 bilhões ao saldo comercial em 2011.
Apenas o minério de ferro promete contribuir com US$ 9,36 bilhões a mais do que em 2010 para o saldo da balança comercial no próximo ano. A Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) projeta um aumento de 32,7% das exportações do produto, para US$ 37,95 bilhões.
Pelo cálculo, o preço médio do minério de ferro exportado subiria de US$ 90 por tonelada este ano para US$ 115 por tonelada em 2011. O minério é hoje o principal produto da pauta de exportação brasileira.
A projeção considera um aumento de apenas 4% nos preços em relação ao praticado no quarto trimestre deste ano. A Vale já sinalizou que a alta pode chegar a 8% apenas no primeiro trimestre. Se seguir neste ritmo, a contribuição pode ser ainda maior.
O bônus das commodities para a balança comercial brasileira não vai se restringir a esse produto. Soja, petróleo e carnes também prometem contribuir. O País deve exportar US$ 13,34 bilhões em soja em grão, US$ 2,3 bilhões a mais que em 2010.
"As exportações de commodities refletem o que ocorre no cenário internacional. Qualquer mudança pode tornar o Brasil vulnerável", diz José Augusto de Castro, vice-presidente da Associação de Comércio exterior do Brasil (AEB). Ele não prevê uma recuperação significativa nas exportações de manufaturados.
China. O forte aumento do preço das matérias-primas está sendo provocado pela demanda asiática, principalmente da China. De acordo com o departamento econômico do Bradesco, as perspectivas para a economia chinesa se tornaram ainda mais favoráveis nos últimos meses.
O governo chinês está adotando medidas para evitar o superaquecimento da economia, mas preferiu elevar o compulsório dos bancos em vez de subir os juros. A movimentação fez com os analistas revisassem para cima suas expectativas para o avanço da economia da China em 2011. A maioria aponta um aumento de 9% do PIB.
Graças ao apetite chinês, os termos de troca, que é a diferença entre os preços dos produtos exportados e das mercadorias importadas, estão em níveis recordes no Brasil. Entre janeiro de 2009 e novembro de 2010, os termos de troca subiram 30%. "É um resultado espetacular em qualquer cenário", disse Fernando Ribeiro, economista-chefe da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex).
Ele ressalta que, se não fosse esse resultado, a balança comercial brasileira teria déficit este ano. Os preços de importação, em contrapartida, estão estagnados, em razão da capacidade ociosa nos países ricos, que vendem manufaturados para o Brasil.
Conta corrente. Os analistas ponderam que um dos efeitos positivos do saldo comercial mais forte é aliviar a pressão sobre a conta corrente, que começa a registrar déficits expressivos. Em contrapartida, o aumento dos preços das commodities provoca alta da inflação.
As projeções apontam déficit em conta corrente entre US$ 60 bilhões e US$ 80 bilhões em 2011 - entre 3% e 3,5% do PIB. A conta inclui serviços, viagens e remessas de lucros e dividendos, itens com saldo negativo forte.
O Estado de São Paulo
Projetos terão desoneração de IR
O governo federal concederá a desoneração de Imposto de Renda para títulos relativos ao financiamento de projetos de infraestrutura, como parte de uma série de medidas para estimular financiamentos privados a longo prazo. O anúncio foi feito na quarta-feira pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, e pelo presidente do BNDES, Luciano Coutinho.
"Os grandes projetos voltaram. Foi necessário tomar medidas de crédito de longo prazo. Queremos que o setor privado entre [nessa área] para repartir a responsabilidade com o BNDES. Se não, o Luciano vai ficar muito cheio de dinheiro, mais que o Tesouro", afirmou o ministro. A desoneração vale tanto para empresas e pessoas físicas interessadas na compra direta dos títulos quanto para fundos de investimentos.
No caso de empresas criadas para administrar projetos de infraestrutura - denominadas Sociedades de Propósito Específico -, estas poderão emitir debêntures, que implicarão na desobrigação do Imposto de Renda sobre o rendimento. Por sua vez, pessoas físicas e estrangeiros que comprarem os títulos serão beneficiados com a isenção do IR.
"As principais linhas de atuação têm por objetivo a desoneração do financiamento privado a projetos de infraestrutura, o desenvolvimento do mercado de títulos privados de longo prazo, o estímulo à recuperação de crédito rural e crédito pessoal e o incentivo à securitização de créditos imobiliários", informou o Ministério da Fazenda.
Guia Marítimo
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