LEGISLAÇÃO

terça-feira, 5 de julho de 2011

COMÉRCIO EXTERIOR - 05/07/2011

Exportações podem ser beneficiadas no CE
Exportações de frutas, calçados e de toda indústria têxtil cearense devem ser beneficiadas com a crise europeia. A afirmação é do superintendente do Centro Internacional de Negócios (CIN), Eduardo Bezerra Neto.

No entanto, falar em estatísticas ou números é arriscado, conforme Bezerra. “Uma crise econômica ocorre por etapas, as pessoas começam a restringir o consumo daquilo que consideram mais supérfluo e os últimos elementos que as pessoas deixam de comprar são medicamentos, alimentos e material de vestuário”, explica Bezerra.

Ele avalia que na crise esses setores serão os menos afetados no Ceará, apesar do volume não se comparar com as exportações de outros estados do Brasil.

De acordo com Eduardo Bezerra, existem 300 empresas cearenses exportadoras e importadoras. Em discurso otimista ele diz que as relações internacionais devem ser fortalecidas principalmente com a Espanha, e anuncia a visita na próxima semana ao Ceará de dez empresários estrangeiros que desejam investir.

“Os espanhóis estão vindo com muita força, e todo mundo sabe que o Brasil é um mercado em expansão. E com crise ou sem, o Ceará é um ponto de apoio para os países, é um estado que pode mudar o seu perfil. Segundo o superintendente, a Copa do Mundo também é o grande impulsor de investimento no Ceará de infraestrutura básica e social.

Oportunidades - Em uma crise algumas portas fecham e outras abrem. Para Roberto Marinho, diretor do Ceará Trade Brasil e vice presidente da Câmara Brasil Portugal no Ceará, é preciso observar as oportunidades para o Ceará e agir com muita cautela. “É prematuro ainda dizer quais são os projetos que vão ficar parados. A crise vem desde 2008, causando alguns efeitos pontuais. Mas é um momento também de muita atenção para empresas que estão começando a buscar novas oportunidades lá fora. Com a crise estamos recebendo inúmeros empresários da Europa que podem nos ser benéficos para trabalhar”, analisa Roberto Marinho.

E ainda afirma que pode haver necessidade de uma atuação mais agressiva das pequenas e médias empresas.

O turismo e as energias renováveis estão bem encaminhadas com a Espanha e Portugal, segundo o vice presidente da Câmara Brasil Portugal no Ceará. “Eu vejo como um momento de investir. Buscar outros mercados, para ver seu capital. Nós estamos com uma oportunidade, podemos ser um ponto de extrema importância e apoio para os países. Mas temos que ter muita atenção, nem avançar, nem recuar. Várias empresas de Portugal e Espanha já estão querendo se estabelecer aqui, querendo vender máquinas de equipamentos”, comenta Marinho.

Na conclusão dele, o Ceará pode “tirar vantagem do mercado” e que há a possibilidade do Estado ter produtos mais baratos e adquirir mais tecnologia dos países europeus, além de baixa inflação. Com uma ressalva: saber interferir de forma saudável e sustentável.

Entenda a notícia - A crise europeia pode contribuir na vinda de novos negócios dos países como Portugal e Espanha para o Ceará. Os impactos negativos estariam ligados caso haja uma redução de linhas de créditos para importação e exportação, na avaliação do IBEF.

A crise - Na última década, a Grécia gastou bem mais do que podia, pedindo empréstimos pesados e deixando sua economia refém da crescente dívida. Nesse período, os gastos públicos foram às alturas, e os salários do funcionalismo praticamente dobraram. Enquanto os cofres públicos eram esvaziados pelos gastos, a receita era afetada pela evasão de impostos - deixando o país totalmente vulnerável quando o mundo foi afetado pela crise de 2008, que “enxugou” o crédito mundial e deixou a Grécia em dificuldades para rolar essa dívida.

O montante da dívida deixou investidores relutantes em emprestar mais dinheiro ao país. Hoje, eles exigem juros bem mais altos para novos empréstimos que refinanciem sua dívida, que supera os 355 bilhões de euros. No início de 2010, o país recorreu a um pacote de ajuda do Fundo Monetário Internacional (FMI) e da União Europeia. A ideia era dar à Grécia tempo para sanear sua economia, o que reduziria os custos para que o país obtivesse dinheiro no mercado, o que ainda não ocorreu. A previsão é que o país só tenha acesso aos mercados financeiros no próximo ano.

Possíveis impactos negativos para o CE - Uma hipótese para uma interpretação negativa dos impactos da crise europeia ao Ceará é a redução das linhas de créditos para importação e exportação, pelo olhar do presidente nacional do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (Ibef), Sérgio Melo. “A crise na Europa, afeta o mundo inteiro por conta de uma insegurança do que poderá ocorrer no futuro caso a Grécia não consiga se livrar do enorme problema que ela se encontra. Os problemas para o Ceará serão em tese pequenos porque o Estado não tem no comércio internacional a base do seu produto interno. A princípio, se o fornecimento de linhas de crédito específicas de comércio internacional forem reduzidas em 2011, é que poderão ser agravados os impactos”, diz Sérgio Melo.

Conforme informações do presidente do Ibef, o Ceará não tem grande expressividade de exportação se comparado aos outros estados brasileiros e a corrente de comércio (exportação e importação) não chega a 1%.

Já na avaliação do presidente do Ibef-Ce, Luis Eduardo Barros, a crise está focada na solução do problema na Grécia e não há reflexos diretos para o Ceará. “Nosso grau de envolvimento não é grande com nessa parte da Europa, não afetando de forma substancial. E o mercado financeiro adora crises, porque na crise as coisas mudam de valor rapidamente e o especialistas em mercado de capitais conseguem ganhar com isso”, acredita Barros.

Outra pontuação é feita sobre a possibilidade de haver complicações com os mercados da China e Alemanha. “A dinâmica da economia no Ceará está ancorada no mercado interno do Brasil e as exportações de commodities são mais com a China. Então isso é que pode nos afetar. Se os clientes da nossa soja e ferro tiverem dificuldade, isso sim nos afetará”, afirma Luis Barros.
O Povo - CE




Brasil quer rever pauta comercial com a China
O comércio bilateral com a China, que cresceu mais de 1.600% em dez anos, tem problemas que não podem ser ignorados, sinalizou o embaixador brasileiro junto à Organização Mundial do Comércio (OMC), Roberto Azevedo em evento comemorando os dez anos da entrada da China na entidade.

Azevedo listou preocupações que se refletem no debate interno sobre a China, sobretudo pelos setores mais diretamente afetados pela competitividade chinesa. Já o embaixador chinês na OMC, Yi Xaozhun,acenou com a duplicação das importações globais em cinco anos e com a multiplicação dos investimentos no exterior.
A inquietação brasileira é com a veloz taxa de crescimento das exportações chinesas, a penetração de seus produtos em segmentos tradicionalmente ocupados pela indústria nacional, concentração de exportações de commodities para a China e importações de produtos com valor agregado, além de investimentos chineses na agricultura e mineração no Brasil, com modelo de negócio orientado para a exportação para a China. A natureza legal das companhias chinesas que competem no mercado brasileiro também preocupa, já que são estatais e têm menores custos, o que é percebido como promoção de competição desleal.

Azevedo minimizou diplomaticamente as dificuldades. Segundo ele, quando há crescimento da magnitude da registrada no comércio bilateral - de US$ 3,3 bilhões para US$ 56,4 bilhões -, é natural que haja impacto em determinados setores e reclamações de lado a lado. Os chineses também reclamam das medidas antidumping sobre seus produtos.

O importante, na visão brasileira, é que os problemas não devem desencorajar, mas incentivar a busca mais rápida de soluções no comércio bilateral. Azevedo reiterou que o Brasil quer, junto com Pequim, encontrar maneiras de melhorar a composição da pauta de exportação para o mercado chinês, para evitar desequilíbrios e pressões em segmentos da indústria nacional.

A China é hoje o maior parceiro comercial do Brasil, representando 15,2% das exportações do país e 14,1% das importações. De janeiro a maio, o saldo a favor do país alcançou US$ 3,6 bilhões, numa alta de 93% em relação ao mesmo período do ano passado. O saldo comercial em todo o ano de 2010 atingiu US$ 5,2 bilhões.

Essa desempenho ocorre sobretudo pelos preços elevados para soja, minério de ferro e petróleo. Esses produtos representaram 86% das exportacoes totais brasileiras para a China nos cinco primeiros meses do ano. Já as importações brasileiras continuam carregadas de equipamentos industriais, incluindo reatores nucleares.

Para Azevedo, essa situação se explica, de um lado, pela enorme competitividade brasileira nas exportação de commodities, aliada com a crescente necessidade chinesa. E de outro, com a competitividade chinesa na área industrial apoiada em custo barato e pesado investimento em infraestrutura para exportação. Além disso, tem a apreciação do real em relação ao yuan e seu impacto negativo para a indústria brasileira.

No encontro, promovido com apoio da China, vários participantes previram crescente influência chinesa na OMC e aumento de disputas comerciais com Pequim. O analista americano Gary Hofbauer estima que medidas chinesas que poderão ser questionadas na OMC, como desoneração de impostos nas exportações, afetam volume de comércio de US$ 236 bilhões, comparado a apenas US$ 5,5 bilhões do fluxo comercial já contestado pelos EUA e outros parceiros.

Segundo o embaixador chinês, os investimentos diretos chineses no exterior deverão alcançar, até 2017, o mesmo volume dos investimentos que entram na China. Para se ter uma ideia, o estoque de investimentos externos no país atinge US$ 1 trilhão atualmente, enquanto o montante acumulado investido por Pequim em outros países está em US$ 300 bilhões.

Em dez anos, o PIB chinês cresceu 10,5%, em média, por ano, quase quadruplicando a economia de US$ 1,3 trilhão para US$ 4,98 trilhões, passando de sexta para segunda maior do mundo. A renda per capita subiu de US$ 800 para US$ 3.300.
Em 2010, a China se tornou o maior mercado para as exportações do Japão, Austrália, Brasil e Africa do Sul, o segundo para a União Europeia e o terceiro para os EUA. Atualmente, 34.700 empresas estrangeiras estão instaladas no país, gerando quase metade das exportações chinesas. "A China vai aumentar seu comércio com outros países em desenvolvimento, para construir uma rota da seda para o sul’, disse o embaixador chinês.
Portos e Navios


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