Empresário forja importação para revelar falha em sistema
Presidente da Vulcabrás, Milton Cardoso admitiu ontem à reportagem que forjou compras externas de um calçado inexistente para tentar mostrar que o sistema de liberação de importações não era eficaz para impedir a entrada de produtos em discordância com as regras brasileiras.Também presidente da Abicalçados (Associação Brasileira das Indústrias de Calçados), entidade que vem denunciando práticas anticoncorrenciais na importação de calçados chineses, Cardoso fez a revelação após a reportagem informá-lo de que a Polícia Federal iria investigar indício de fraude em seis licenças da Vulcabrás para a importação de 20.500 pares de sapatos de uma empresa do Vietnã.
Ocorre que autoridades do governo brasileiro flagraram a operação suspeita no Siscomex (Sistema Integrado de Comércio Exterior) e se surpreenderam com o nome da companhia vietnamita: Pim En Tel Shoes Industries.
A razão social da empresa é justamente o sobrenome do ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel. O modelo do sapato levava a mesma designação: "pimentel".
"Como não havia outra forma de confrontar tal situação, se não com o oferecimento da prova, protocolei pedidos indicando fabricantes inexistentes de cidade imaginárias, constando o que denunciávamos: as licenças foram dadas sem exigir certificado de origem", disse Cardoso.
O ministério argumenta que a liberação da licença é automática para a maioria dos casos e que, em caso suspeito, cai na malha fina da pasta e da Receita, o que ocorreu com as seis licenças forjadas pela Vulcabrás.
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