LEGISLAÇÃO

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

IPI

Novo IPI pode dar prejuízos ao País


O Brasil poderá perder para o México investimentos de US$ 500 milhões em uma fábrica de caminhões caso seja mantido o decreto presidencial 7.567 que regulamenta a elevação de 30 pontos porcentuais (p.p.) do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para veículos importados. A afirmação é do presidente da Foton Aumark do Brasil, Luiz Carlos Mendonça de Barros.
A empresa, formada com 100% de capital nacional, inicia suas operações no Brasil com a importação e distribuição dos veículos da marca Foton, maior montadora de caminhões da China. Barros disse que vem conversando com o Governo sobre a maior taxação de veículos importados e está esperançoso de que se chegará a uma boa solução, já que o aumento do IPI vai encarecer em até 15% os caminhões nacionais e em até 25% os importados. “Estamos tentando mostrar que essa medida vai congelar a indústria de caminhões no País”, afirmou.
A empresa decidirá sobre a construção da fábrica no Brasil até 2014. A ideia é lançar a pedra fundamental da nova planta no começo de 2015, mas o projeto está condicionado à manutenção ou não da cobrança dos 30 p.p. incidente sobre veículos importados. Barros afirmou que a elevação do imposto se deu devido aos aumento dos salários dos metalúrgicos. Para Barros, se a ideia é criar empregos no Brasil e se isso for bem-feito, a iniciativa é válida. Ele ponderou que é impossível uma fábrica se instalar no País já com 60% de nacionalização.

A Foton Aumark do Brasil espera vender 200 unidades dos modelos de 6,5 e 8,5 toneladas em 2011. Isso já representaria 2% de participação do mercado nacional na categoria, mesmo tendo iniciado suas atividades no Brasil no final de outubro. Para o primeiro ano de atividade no Brasil, a expectativa é vender 2 mil veículos, mas o objetivo é atingir uma participação de 15% do mercado de caminhões até 2015.

Por outro lado - O ministro da Fazenda, Guido Mantega, classificou como uma medida de “sucesso” a elevação do IPI sobre os veículos. Para Mantega, o anúncio de novos investimentos de empresas no Brasil é a prova “cabal” de que a medida está surtindo efeito. Mantega relatou que dados da Anfavea apontam investimentos de US$ 21 bilhões até 2014.

Segundo Mantega, os objetivos que o Governo perseguia com a adoção das medidas foram atingidos, o de garantir que nesse momento de crise internacional e de grande disputa da concorrência que o mercado brasileiro fosse desfrutado pelas empresas que fazem investimentos no Brasil, geram empregos e pagam tributos. “Está surtindo efeito depois que estamos vendo várias fábricas anunciarem novos investimentos”, disse.
Folha de Pernambuco





Alta do IPI acelera investimento de montadora chinesa no Brasil

A decisão do governo de elevar o IPI para forçar a produção de carros no Brasil começa a dar resultados. A Chery, montadora chinesa, anunciou ontem, em São Paulo, a meta de antecipar a produção no país.

A fábrica de US$ 400 milhões será construída na cidade de Jacareí (SP). O objetivo do grupo chinês a partir de agora é iniciar a produção local em dois anos, se possível ainda no primeiro semestre de 2013.

Em teleconferência, ontem, o presidente da Chery internacional, Zhou Biren, foi direto ao ponto: "O aumento de IPI vai afetar o mercado como um todo. Vamos tentar antecipar a produção. Se o nosso executivo aí não conseguir, nem precisa voltar para a China". O prazo para instalação da fábrica já era considerado "apertado" pelo principal executivo da marca no Brasil, Luís Curi. Excluído o tom jocoso da frase de Biren, a declaração reafirma decisão da Chery de produzir no país.

O investimento não ocorrerá "apesar", mas sobretudo "por causa" do IPI. Isso pode dar argumentos ao governo na defesa da medida. O único problema para a Chery é o índice de nacionalização. A marca quer escaloná-lo. A proposta apresentada ao governo é a de iniciar com 40% ou 45% em itens nacionais no primeiro ano de produção, até atingir os 65% em até quatro anos.

Pela regra atual, a montadora teria de iniciar a produção com 65%. "Não tememos uma taxa de nacionalização alta. Queremos só mais tempo para alcançá-la", disse. O presidente da Chery internacional apelou a uma metáfora. A fábrica no Brasil é mais um "bebê", o que exigiria do governo certo esmero para que vingue. Contrário às montadoras já instaladas, classificadas por ele como "adolescentes", cujo trato já não demanda tanta atenção.

É uma metáfora que tem apelo e que deverá ser usada hoje no encontro que a Chery tem com o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel. Um grupo de executivos da Chery está no Brasil para definir os fornecedores que poderão dar o índice pedido pelo Estado brasileiro. A Chery sabe que isso lhe ajudará.

"Nacionalizar não é um tema apenas para atender às exigências do governo, mas é algo que tem relação com os nossos custos", disse.
Folha de São Paulo



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