LEGISLAÇÃO

sexta-feira, 15 de abril de 2011

ECONOMIA

Mercado interno e reposição aliviam impacto do câmbio
Embora tenha sido duramente afetada pela valorização do real, tanto do lado das importações, que são beneficiadas pelo dólar mais fraco, quanto do lado das exportações, a indústria brasileira de autopeças tem encontrado fôlego no desempenho do mercado interno para suportar a operação e planos de investimento no país.
E não são apenas as vendas de componentes originais às montadoras (OEM) que têm amortecido os efeitos negativos do câmbio. O segmento de reposição também tem sustentado planos da indústria e justificado aportes. "Com o câmbio, o Brasil passou de um dos mais competitivos para um dos países menos competitivos", afirmou o presidente do grupo Magneti Marelli no Mercosul, Virgilio Cerutti, que participou ontem da Automec, uma das três maiores feiras mundiais do setor. "Ainda assim, o mercado interno segue pujante e justifica novos investimentos", acrescentou.
A operação do Mercosul responde hoje por cerca de 20% do faturamento mundial do grupo e o país é o único, fora Itália, em que são oferecidas todas as linhas de produto. A ascensão do país, explicou Cerutti, deveu-se à perda de participação dos países europeus nos negócios do grupo, na esteira da crise da indústria automobilística global. No ano passado, enquanto o grupo faturou € 5,4 bilhões mundialmente, somente o Mercosul gerou receitas de R$ 2,4 bilhões. "O Brasil é, sem dúvida, foco dos investimentos", ressaltou. Futuros aportes, contudo, não teriam por objetivo retomar exportações. No passado, os embarques já representaram 10% dos negócios na região, porém essa fatia cai ano a ano, segundo o executivo.
Na Delphi, o câmbio e a perda de competitividade das autopeças nacionais também são motivos de preocupação. "O mercado está crescendo e a demanda adicional acaba sendo atendida por importados", afirmou o presidente da companhia para a América do Sul, Gábor Deák. Ainda assim, a Delphi manteve investimentos no país, incluindo ampliação de capacidade instalada, na casa dos US$ 40 milhões nos últimos anos.
"O mercado interno está forte e isso justifica aportes", ressaltou, referindo-se tanto à demanda por parte das montadoras, que têm registrado sucessivos recordes de produção, quanto à procura por peças no mercado de reposição. As exportações da companhia, contudo, foram afetadas e recuaram para 15% do faturamento.
Valor Econômico




Brics divergem sobre controle do preço das commodities
A questão do controle do preço internacional de commodities é o principal ponto de divergência da terceira reunião de cúpula dos Brics que começa hoje na China. Grandes importadores de alimentos, Índia e Rússia vêm com simpatia a proposta do presidente da França, Nicolas Sarkozy - frontalmente rejeitada pelo Brasil -, de regular e controlar a flutuação na cotação internacional de produtos básicos como alimentos e petróleo. O assunto será discutido na próxima semana em reunião do G-20 em Paris.
Diante das divergências, a declaração final da reunião deverá ser a manifestação de preocupação dos líderes dos cinco países que forma o grupo com a volatilidade no preço das commodities.
A declaração do encontro deverá defender a vinculação entre as operações no mercado futuro à existência real de produtos, em uma tentativa de conter a especulação financeira.
A alta na cotação das commodities está entre os fatores que geram pressões inflacionárias em todo o mundo. Sarkozy colocou a regulamentação desse mercado no centro da sua agenda no comando do G-20 este ano. Ontem, ele recebeu apoio do governo alemão, que se declarou disposto a considerar limites nas posições que investidores podem ter quando aplicam em commodities.
Grande exportador de commodities como soja e minério de ferro, o Brasil se opõe ao controle de preços dos produtos. A iniciativa de colocar o tema na agenda dos Brics partiu da China, maior importadora de produtos primários do mundo e principal cliente dos produtos brasileiros.
Não está claro de que forma os interesses divergentes vão se manifestar na atuação do grupo no encontro do G-20, que ocorrerá em Paris nos dias 18 e 19. Os cinco países deverão manifestar a preocupação com a volatilidade e defender propostas para reduzir distorções, desde que não envolvam controle de preços.

Agora, Brasil, Rússia, Índia e China têm companhia nos Brics da África do Sul, que pela primeira vez participará do encontro. O evento ocorre na Ilha de Hainan, no sul da China, onde a presidente Dilma Rousseff chegou ontem. Amanhã, ela participará do Fórum Boao, uma resposta asiática ao Fórum de Davos, que reúne representantes de governo e empresários da região.
Disputa. Outro tema da agenda do G-20 é o fluxo de capitais para países em desenvolvimento, que provocam movimentos indesejados de valorização das moedas locais. A situação é especialmente preocupante no Brasil, onde o dólar se aproxima de R$ 1,50.
Os Estados Unidos são os principais responsáveis pela liquidez. No ano passado, o país adotou uma política agressiva de expansão monetária para estimular sua economia. Em resposta, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse, na época, que havia uma "guerra cambial" no mundo.
Um integrante da diplomacia brasileira, que participa da redação do comunicado final dos Brics, disse ontem que o texto vai prever o início das discussões para o uso de moedas nacionais no comércio entre os integrantes do grupo.
Discurso
Na terceira reunião de cúpula dos Brics, as cinco nações integrantes deverão buscar posições semelhantes para o encontro dos países do G-20, que ocorrerá em Paris neste mês.
O Estado de São Paulo

Nenhum comentário: