País deve investir R$ 1,7 tri em máquinas
Os investimentos da indústria e da infraestrutura no Brasil devem consumir R$ 1,76 trilhão em máquinas e equipamentos nos próximos quatro anos. É o que mostra um estudo da área de pesquisa econômica do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que será publicado nos próximos dias. A cifra representa 56,2% do total de inversões projetadas pelo banco para o período entre 2011 e 2014: R$ 3,34 trilhões.
No trabalho, os economistas do BNDES Fernando Puga e Gilberto Borça Júnior demonstram que, apesar de ser uma das menores do mundo, a taxa de investimento brasileira produz um efeito maior e mais rápido no crescimento. Diferente da maioria dos países, a maior parte das inversões no Brasil se dá em bens de capital, e não na componente da taxa relativa à construção, uma característica que, para o BNDES, está se aprofundando.
Eles chegaram a essa conclusão ao investigar a composição da formação bruta de capital fixo no Brasil, historicamente baixa em relação ao PIB e considerada o principal obstáculo para o crescimento mais robusto da economia sem pressões inflacionárias.
Numa comparação internacional a partir de dados do Banco Mundial, de 2005, a taxa de investimento brasileira, de 16,3% do PIB, figurava em último lugar entre outros 20 países. A China já liderava, investindo robustos 41,5% do PIB, seguida por nações como Espanha (29,4%), Índia (28,5%) e Japão (23,1%).
No entanto, analisando apenas o componente relativo a máquinas e equipamentos, o Brasil alcançava 7,9% do PIB, superando países como Reino Unido (5,8%), Espanha (7,2%), França (5,8%), EUA (5,8%) e até a média mundial (7,6%).
O Brasil ainda perdia nesse quesito para países asiáticos como China (11,5%), Índia (13,1%) e Coreia do Sul (9,1%), mas a distância fica bem menor do que na comparação da taxa agregada. Para os economistas, isso mostra que não há uma defasagem muito grande entre o padrão de investimento na produção e modernização das empresas brasileiras e o das de outros países.
"A taxa de investimento agregada do Brasil está na lanterna e isso dá uma percepção de que o nosso parque industrial estaria muito defasado, obsoleto por causa do baixo investimento. No entanto, quando olhamos apenas para máquinas e equipamentos, estamos investindo até acima da média mundial", diz Puga.
Borça Júnior explica que a predominância do componente de bens de capital, que tem relação direta com a capacidade de gerar mais oferta de produtos para equilibrar a pressão do consumo, confere à taxa de investimento brasileira maior produtividade em relação ao crescimento da economia.
"Essa composição é mais benéfica. Conseguimos um crescimento maior com um esforço de investimento menor", diz o economista. "Concordamos que o Brasil precisa de uma taxa de investimento maior, mas vimos que a defasagem brasileira em relação ao mundo está na parte de construção, pelas décadas recentes sem desenvolvimento do crédito habitacional e problemas fiscais que inibiram investimentos em infraestrutura."
Desafio. Essa característica, admitem os autores, revela um desafio ainda presente de acelerar a construção de residências e de grandes equipamentos de infraestrutura, que têm impacto indireto na produção e promovem bem-estar.
No entanto, eles destacam que a expansão recente do crédito imobiliário e das obras públicas indica avanço no segmento de construção, mas sem tirar a liderança dos bens de capital, já que os investimentos estimados pelo BNDES até 2014 concentram-se em setores intensivos em maquinário.
O de petróleo e gás, por exemplo, consome aproximadamente 94% dos seus investimentos em máquinas e equipamentos. Apenas 1% é destinado à construção e 5% para outros itens. Isso significa, segundo o BNDES, que o setor deverá demandar sozinho R$ 355,7 bilhões em máquinas e equipamentos até 2014.
O cálculo foi feito pelos dois economistas a partir dos dados de 2005 do Banco Mundial sobre a composição do investimento, os mais recentes para comparação internacional. Eles cruzaram a estrutura com uma matriz de investimento agregada elaborada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) para chegar à demanda de cada setor.
A indústria como um todo deve consumir R$ 832,1 bilhões em bens de capital até 2014, com destaque para a extrativa mineral (R$ 67,2 bilhões), siderurgia (R$ 28,4 bilhões), veículos (R$ 25,6 bilhões) e celulose (R4 21,4 bilhões). Já a construção na indústria demandará bem menos: R$ 180,2 bilhões.
Mesmo nos investimentos de infraestrutura, como portos, telecomunicações, ferrovias e geração de energia elétrica, o consumo de bens de capital é maior do que o de construção, respondendo por 70% dos R$ 400 bilhões em investimentos planejados até 2014.
Nos cálculos do BNDES, dos 18,4% do PIB investidos em 2010, 10,2 pontos porcentuais foram de máquinas e equipamentos. A tendência vai se aprofundar, com 11% do PIB voltados para bens de capital, dentro da projeção do banco de uma taxa média de investimentos de 20,9% do PIB entre 2011 e 2014. Nesse período, o BNDES projeta uma elevação da taxa agregada de investimento dos atuais 18,4% para 22,8% do PIB.
O Estado de São Paulo
Mercado prevê inflação menor em 2011 e maior em 2012
O mercado financeiro reduziu levemente a projeção para a inflação em 2011, segundo o boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira pelo Banco Central (BC).
De acordo com a pesquisa, a expectativa para a inflação oficial neste ano recuou de 6,19% para 6,18%, em um patamar ainda distante do centro da meta de inflação, que é de 4 50%. A meta tem margem de tolerância de dois pontos porcentuais para cima ou para baixo.
No entanto, os analistas elevaram a projeção para a inflação em 2012, de 5,13% para 5,18%. No caso da inflação de curto prazo, o mercado reduziu de 0,08% para 0,05% a previsão para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de junho de 2011. Para a inflação de julho, a taxa prevista passou de 0,18% para 0,15%.
O mercado financeiro manteve a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2011, em 3,96%, segundo o boletim Focus. Para o ano que vem, a projeção para o crescimento da economia permaneceu em 4,10%. A estimativa para o crescimento da produção industrial em 2011 passou de 3,46% para 3,44%. Para 2012, a projeção para a expansão da indústria seguiu em 4,50%.
Juros e dólar
De acordo com a pesquisa Focus, os analistas também mantiveram a previsão para a Selic (a taxa básica de juros da economia) para o fim de 2011, em 12,50% ao ano. Atualmente, a taxa está em 12 25% ao ano. A projeção para a Selic no fim de 2012 seguiu em 12 25% ao ano.
Para o mercado de câmbio, os analistas preveem que o dólar encerre 2011 em R$ 1,60, mesmo patamar estimado na semana anterior. A projeção do câmbio médio no decorrer de 2011 seguiu em R$ 1,61. Para o fim de 2012, a previsão para o câmbio permaneceu em R$ 1,70.
Contas externas
O mercado financeiro manteve a previsão para o déficit nas contas externas em 2011. A previsão para o déficit em conta corrente neste ano está em US$ 60,00 bilhões. Para 2012, o déficit em conta corrente do balanço de pagamentos seguiu em US$ 70,00 bilhões.
Já a previsão de superávit comercial em 2011 seguiu em US$ 20,00 bilhões. Para 2012, a estimativa para o saldo da balança comercial passou de US$ 10,10 bilhões para US$ 10,08 bilhões. Analistas elevaram a estimativa de ingresso de Investimento Estrangeiro Direto (IED) em 2011, de US$ 50,00 bilhões para US$ 51,30 bilhões. Para 2012, a previsão avançou de US$ 45,00 bilhões para US$ 46,00 bilhões.
Agência Estado
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