LEGISLAÇÃO

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

CHINA

Fabricantes chineses se preparam para produzir automóveis no País
O grupo SHC tem intenção de construir uma fábrica para produzir no País os modelos da JAC e entregou recentemente ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior projeto com seus planos. Sérgio Habib, presidente da empresa, afirma que o documento é uma prevenção, pois ainda avalia a possibilidade da unidade local.

"Uma fábrica só é viável se produzir mais de 100 mil veículos por ano", justifica o executivo. A concorrente Chery, por sua vez, escolheu a cidade de Jacareí (SP) para instalar uma fábrica de carros compactos.

Inicialmente, a Chery vai produzir 50 mil unidades ao ano a partir de 2013, mas o plano é atingir 150 mil, com investimento de US$ 400 milhões. Os dois primeiros modelos a serem produzidos são o hatch Face e o sedã A13.

Também manifestaram interesse em bases locais de produção as marcas Lifan, Chana, Hafei, Haima, BYD e Dongfeng. As quatro primeiras já atuam como importadoras, mas, apesar das declarações, nenhuma tem projeto concreto para filiais no País.
A imagem dos chineses está mudando no Brasil, acredita Habib. Segundo ele, em 2008 foi realizada pesquisa com 500 clientes das 50 revendas do grupo (Citroën, Ford e Volkswagen)e metade disseram que não comprariam um carro chinês. "A pesquisa foi repetida recentemente e 80% responderam que comprariam, desde que o carro tenha estilo e seja bom."
Componentes elétricos - De olho no potencial de novas clientes, a chinesa Johnson Eletric, no País há cerca de dez anos, vai anunciar uma nova fábrica em São Paulo nos próximos meses para a produção de componentes elétricos. O recém-empossado presidente da empresa na América do Sul, Jorge Delic, diz que vários itens hoje importados passarão a ser feitos localmente.
A Johnson tem uma unidade em Guarulhos, na Grande São Paulo, com 110 funcionários, e outra na Argentina, com 70 pessoas. São operações adquiridas nos últimos seis anos do grupo italiano Gate e Mma. Antes, atuava apenas na importação.
As duas unidades faturam US$ 70 milhões. "Nossa projeção é triplicar este faturamento nos próximos três anos, por meio de produção local e importação", afirma Delic, que trabalhou durante 14 anos na fabricante de autopeças de origem francesa Faurecia.
Além do setor automotivo, abastecido com sistema de refrigeração de motores (composto por motor elétrico, ventoinha, chicote elétrico e atuadores), a empresa fornece produtos para empresas de linha branca, informática, rádio e TV, entre outras.
No mundo todo a Johnson Eletric tem 20 fábricas, das quais cinco na China, duas na Coreia e as demais nos Estados Unidos, França, Alemanha, e vários outros países. O faturamento em 2009 foi de US$ 1,8 bilhão.
O Estado de São Paulo



Crescimento da China no cenário econômico mundial
Nunca a expressão dragão chinês soou tão verdadeira. A curva de ascendência da China no cenário econômico mundial produziu mais um feito no ano passado: o país se tornou a segunda maior economia do mundo, empurrando para o terceiro lugar o vizinho Japão, que ocupava o posto desde 1968.
A mudança se traduz nos dados do desempenho econômico dos dois países. Autoridades japonesas informaram nesta semana que a nação nipônica cresceu 3,9% em 2010, fechando o ano com um PIB de US$ 5,474 trilhões. Já a China, no mesmo período, viu suas riquezas aumentarem 10,3%, resultando em um PIB de US$ 5,878 trilhões. Agora, na frente dos chineses, só os Estados Unidos.
Há pelo menos 20 anos que analistas econômicos vasculham os números chineses atrás de explicações para a assombrosa elevação do país ao grupo dos mais ricos do mundo. Uma das mais óbvias é a imensa população de 1,3 bilhão pessoas. É gente que precisa de casa, de estradas, de alimentos, de roupas, de estudo, enfim, uma gama de infraestrutura e de serviços que permeia a estrutura de desenvolvimento de qualquer país.
No caso da China, a necessidade é maior ainda: por décadas a volumosa população viveu na pobreza, sem acesso a bens e serviços, situação que tem mudado radicalmente. Metrópoles como Xangai e Pequim exibem metrôs vistosos, comparáveis aos de cidades como Paris e Londres. Rodovias, hospitais e prédios públicos são construídos aceleradamente para dar conta das necessidades locais. No varejo, grandes redes ocidentais e butiques de luxo têm explorado o mercado chinês.
Mas há que se considerar o exagero na velocidade das mudanças. A utilização em larga escala de combustíveis fósseis - carvão mineral e petróleo, especialmente - tem ocasionado um aumento no nível de poluição do ar. Os rios também têm sido vítimas deste crescimento econômico, apresentando altos índices de poluição. Boa parte dos trabalhadores, como os operários que erguem gigantescos edifícios, recebe salários baixíssimos. Nos direitos humanos, a rigidez do regime comunista atrai antipatia e clamor de grupos do mundo inteiro.

No xadrez das relações internacionais, o protagonismo da China também é evidente em diversos setores, especialmente o cambial. Desde junho de 2010, quando as autoridades da China decidiram afrouxar o câmbio, a moeda local, o yuan, registrou uma valorização de 3,6% em relação ao dólar. Entretanto, analistas norte-americanos alertam que, devido à inflação, a apreciação real da divisa chinesa sobre o dólar foi superior a 10%.

Ontem, mais uma novidade foi anunciada: o país vai lançar operações domésticas com opções de yuan contra outras moedas a partir de 1 de abril, um movimento que sinaliza a intenção de Pequim de tolerar um câmbio mais flexível e volátil e de internacionalizar o yuan.
Afinal, é melhor crescer 10% ao ano ou 3%? Visto assim, sem incluir uma análise mais cuidadosa, 10%. Maior renda, mais recursos, um novo panorama econômico surge. Mas há o outro lado da moeda, como a inflação. É tarefa árdua a equação de elevar a riqueza sem aumento inflacionário. Com crescimento bem menor que o da China, o Brasil, conhece bem este lado da moeda.
Apesar dos percalços, o mundo segue olhando para a China. De uma economia rural há 30 anos para um dos países mais ricos do mundo em 2011, os chineses sabem que terão muito trabalho pela frente para manter as conquistas.
Jornal do Comércio - RS




No pré-sal, China já tem o tamanho da BG
Depois de tentar comprar ativos da Devon e uma participação na OGX no ano passado, as estatais chinesas fizeram uma estreia meteórica na exploração e produção no Brasil, com investimentos de US$ 10,2 bilhões.
Eles permitiram a duas estatais terem acesso a uma área de 1.232 quilômetros quadrados (Km2) nas bacias de Campos, Santos e Espírito Santo. É um pedaço quase igual à da britânica BG, que está no Brasil desde a abertura do setor, em 1999, e cujas concessões somam uma área de 1.361 Km2.

Com as aquisições, a China entrou indiretamente nos campos Carioca e Guará, no pré-sal da bacia de Santos, depois da aquisição, pela China Petroleum & Chemical Corporation (Sinopec), de 40% das participações da Repsol no país, sem nunca ter ido a um leilão da Agência Nacional do Petróleo (ANP). A chinesa participou de um aumento de capital e subscreveu 40% das ações oferecidas pela espanhola.

A segunda maior operação foi a da Sinochem, que pagou à norueguesa Statoil US$ 3,07 bilhões por uma fatia de 40% do campo de Peregrino, que vai entrar em produção nos próximos meses na bacia de Campos. A parceria com a Repsol gerou uma nova empresa, a Repsol Sinopec Brasil, que tem participação minoritária em 14 blocos exploratórios, onde existem 31 reservatórios descobertos e em diferentes fases exploratórias, e em áreas já em produção, como Albacora Leste, da Petrobras.

Sobre o negócio no Brasil, que cria uma empresa de US$ 17,8 bilhões, a Repsol não dá detalhes. Sobre a parceria, informou apenas que "não existe acordo sobre o destino da parte do petróleo que cabe à Sinopec na associação" e que "não existe nenhuma cláusula dispondo sobre aquisição de equipamentos". Na semana passada, a Sinopec informou que não tinha nenhum porta-voz no Brasil para conceder uma entrevista e os detalhes deveriam ser obtidos com a Repsol. Devido à natureza do negócio, a Sinopec não precisa se habilitar como concessionária na ANP, nem teria responsabilidade direta no caso de um acidente que exige indenizações, explicou um advogado que conhece alguns detalhes do negócio. Consultada, a ANP informou que ainda está analisando a operação.

A Repsol opera sete áreas no Brasil e isso significa que é a sócia que vai decidir o desenho dos projetos de produção e as aquisições de equipamentos e serviços. A Repsol e a Sinopec Brasil não atenderam aos pedidos de entrevista. A questão das compras é relevante, já que a chegada dos chineses traz algumas questões que ainda não foram respondidas, como a existência ou não de acordos de suprimento da fatia do petróleo produzido no país que cabe aos chineses e a origem dos equipamentos e serviços que serão utilizados na exploração do petróleo nas áreas onde a Repsol é operadora.
Na África, continente que os chineses tomaram de assalto, o investimento vem junto com mão de obra importada - às vezes os trabalhadores são alojados nos próprios navios em que viajaram - e financiamentos generosos em troca de preferência na aquisição de equipamentos e outros serviços. Ainda não há muitos registros dessa prática no setor de petróleo e gás, já que a China não tem tradição nesse mercado, mas o modelo causa espanto a algumas empresas brasileiras que atuam em Angola.
No Brasil a construção da Companhia Siderúrgica do Atlântico, (CSA) do grupo alemão ThyssenKrupp, no Rio, é um exemplo que pode se espalhar. Lá, a chinesa Citic tentou importar 2 mil trabalhadores para a obra, mas o Ministério do Trabalho só permitiu 600, que estão até hoje em Santa Cruz. Um esquema semelhante foi tentado na obra do Gasoduto do Nordeste (Gasene), que teve financiamento do China Eximbank, mas na época a Petrobras obrigou a contratação de mão de obra local.
"As empresas chinesas são estatais que operam com uma visão estratégica clara. Elas buscam acesso a recursos para atender objetivos como a garantia do suprimento para suprir a demanda doméstica, que cresce a taxas elevadas, e a abertura de mercado para os seus produtos. Para ajudar, contam com dinheiro abundante e barato. Vinham sendo muito ativos na África. Nos últimos tempos temos visto um aumento da presença deles na nossa região, especialmente no Brasil e na Argentina", diz Décio Oddone, experiente executivo da área internacional da Petrobras, com passagens pela África, Bolívia e Argentina, e hoje vice-presidente de investimentos da Braskem.

Ex-embaixador do Brasil na China - servia naquele país quando eclodiu a revolta dos estudantes na praça da Paz Celestial, em 1989 - e observador das relações entre os dois países há 30 anos, Roberto Abdenur acha que o Brasil não deve temer a chegada dos chineses no país.
"A China coloca ao Brasil um desafio muito grande, que é o desafio da competitividade. Mas não acho que a China seja um bicho-papão. Acho que a China está prestando ao Brasil um grande serviço, porque mais do que nenhum outro país no mundo ela realmente nos confronta com o desafios de superarmos nossas gravíssimas distorções e limitações para ganharmos competitividade no plano internacional. O grande desafio está menos na gestão, na administração da relação com a China, do que naquilo que nós vamos fazer aqui dentro", diz o embaixador, hoje aposentado, ao defender que o Brasil peça maior reciprocidade com relação a investimentos naquele país.
O impacto dos investimentos das estatais chinesas de petróleo no mundo foi objetivo de um relatório divulgado na semana passada pela Agência Internacional de Energia (AIE). A agência explica que se dispôs "a testar a suposição generalizada de que essas empresas atuam sob as instruções e em estreita coordenação com o governo chinês".
A conclusão dos pesquisadores Julie Jiang e Jonathan Sinton é que as estatais China National Petroleum Corporation (CNPC), Sinopec, Sinochem e CNOOC operam no exterior com "alto grau de independência do governo e seus investimentos ajudam a aumentar as reservas mundiais de petróleo e gás". Contudo, os pesquisadores disseram que não foram capazes de responder algumas questões que merecem mais estudo, como uma comparação dos investimentos das estatais chinesas na África e na América Latina em comparação com outras estatais e empresas internacionais de petróleo, além da análise de possíveis cenários de rupturas de abastecimento e seu impacto sobre a relação dessas estatais com o governo chinês e ainda a influência das tendências do mercado doméstico chinês sobre os investimentos das estatais no exterior.
Gás Brasil

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