LEGISLAÇÃO

terça-feira, 13 de abril de 2010

EXPORTAÇÃO

China concentrou exportação brasileira
Crescimento da demanda por matéria-prima aumentou o peso dos produtos básicos, ao mesmo tempo que elevou as vendas do Brasil aos chineses
Cláudia Trevisan

A explosão da demanda chinesa por commodities na última década foi o que transformou o país em um fator crucial para a economia brasileira. Também foi a principal razão para o processo de “primarização” da pauta de exportações nacionais no período, com a expansão do peso dos produtos básicos e o encolhimento da parcela representada por bens industrializados, que têm maior valor agregado.

Há dez anos, quando a China começou a entrar no radar dos embarques brasileiros, a exportação de bens básicos respondia por 22,79% do total, enquanto a participação de manufaturados e semimanufaturados estava em 59,07% e 15,52%, respectivamente, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

Os dados relativos ao ano 2000 mostram que a China aparecia em 12.º lugar na lista dos principais destinos das exportações brasileiras. O país asiático saltou para a sexta posição no ano seguinte, consolidou-se no terceiro lugar a partir de 2005 e chegou à liderança em 2009.

A meteórica ascensão foi acompanhada do aumento do peso das commodities nos embarques brasileiros. Em 2007, ano anterior à eclosão da crise global, o porcentual de bens básicos aumentou para 32,12% e os relativos a manufaturados e semimanufaturados caiu para 52,2% e 13,57%, respectivamente.

Se forem considerados os números do ano passado, influenciados pela retração da demanda americana, a fatia dos bens primários é ainda maior: 40,5%, quase o dobro do nível existente no ano 2000, e próximo dos 44,02% obtidos pelos manufaturados.

Isso não significa que a venda de bens industrializados diminuiu, mas sim que ela aumentou em ritmo bem menor que a de produtos básicos, principalmente minério de ferro, soja e petróleo – sem considerar o cenário atípico de 2009. A expansão do peso das commodities reflete também a forte alta de seus preços no mercado internacional em razão do aumento da demanda chinesa nos últimos anos.

Plano. A diversificação da pauta das exportações brasileiras é um dos pontos principais do Plano de Ação Conjunta para 2010-2014 que os presidentes Hu Jintao e Luiz Inácio Lula da Silva vão assinar em Brasília na sexta-feira, na segunda visita oficial do dirigente chinês ao país.

No ano 2000, o principal produto de exportação do Brasil foram aviões, com vendas de US$ 3,054 bilhões, valor quase idêntico aos US$ 3,048 bilhões movimentados por minério de ferro, que aparecia em segundo lugar.

Sete anos depois, os embarques de minério de ferro haviam se multiplicado por três, para US$ 10,56 bilhões, enquanto a venda de aviões subiu 54,5%, para US$ 4,72 bilhões, o que colocou o produto em quarto lugar no ranking, atrás de minério, petróleo e soja, que se transformaram nos principais produtos de exportação do país.

A ascensão do minério de ferro à condição de principal estrela das exportações brasileiras acompanha o processo de transformação da China no maior fabricante de aço do mundo. Os dirigentes chineses consideram estratégico ter uma indústria siderúrgica forte para alimentar o ritmo anual de crescimento de 10% do país e suprir a demanda do movimento de urbanização.

O aço é a principal sustentação desse processo, utilizado na construção, em obras de infraestrutura e na fabricação de bens de consumo duráveis, como carros e eletrodomésticos.

A China se transformou no maior fabricante de aço em 1996, com produção de 101,24 milhões de toneladas, mas foi na década seguinte que seu peso no setor aumentou de maneira desproporcional. Oito anos depois de tornar-se líder mundial, dobrou sua produção anual para 222,4 milhões de toneladas em 2003, segundo a World Steel Association. O volume dobrou de novo em apenas quatro anos e chegou a 490 milhões de toneladas em 2007. No ano passado, a China produziu 567,84 milhões de toneladas, o equivalente a 46,5% do total mundial.

A quantidade de aço que sai das siderúrgicas chinesas supera a soma do que é fabricado pelos oito países que aparecem em seguida no ranking da World Steel Association. Para produzir todo esse aço, a China precisa de quantidades crescentes de minério de ferro, sua principal matéria-prima.
O Estado de São Paulo



Indústria prevê retomada das exportações
 Vendas externas de manufaturados devem subir 21% e chegar a US$ 106,3 bi em 2010, segundo estimativa da Fiesp

Recuperação dos mercados consumidores deprimidos pela crise, em especial os EUA, é a principal explicação para crescimento

As exportações brasileiras de produtos industrializados devem retomar, neste ano, a trajetória de nove anos de crescimento que a crise internacional de 2009 interrompeu, segundo as projeções da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo). Com uma elevação de aproximadamente 21%, as vendas de bens manufaturados para outros países alcançariam US$ 106,3 bilhões -o segundo melhor resultado da história, abaixo apenas do de 2008, quando o volume chegou a US$ 119,8 bilhões.

“Dessa maneira, recuperamos metade das perdas causadas pelas turbulências do ano passado, o que é muito bom”, diz Paulo Francini, diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da entidade. “E o PIB [Produto Interno Bruto] brasileiro será afetado positivamente pela alta.”

A previsão da Fiesp é apoiada em uma pesquisa com as maiores empresas exportadoras do país cuja base de operações fica no Estado de São Paulo. Como os contratos de vendas são fechados com antecedência de alguns meses, tais companhias já têm uma ideia bastante razoável de quanto efetivamente vão negociar ao longo de 2010.

O crescimento esperado explica-se, essencialmente, pela recuperação de mercados consumidores que se retraíram fortemente com a crise, como os EUA. Do início de 2009 para o de 2010, a participação dos americanos nas exportações do Brasil caiu de 16,5% do total para 13,8%. Essa fatia tende a se recompor. Ao mesmo tempo, outras regiões vão ganhando importância, como a Europa, que viu sua parcela subir de 21,8% para 23%, e a América Latina, que aumentou sua fração de 28% para 30,8%.

A retomada das exportações também tende a se dar de maneira espalhada entre os segmentos da indústria. As montadoras já comemoram uma elevação de 66,6% nas vendas de carros para outros países em fevereiro último ante o mesmo mês do ano passado -o destaque, entre os destinos, ficou com a Argentina. Nota-se, ainda, alta no comércio de máquinas, artigos de informática e produtos farmacêuticos. Os aviões, os produtos químicos e os calçados são os únicos que continuam deprimidos.

Estímulo
A manufatura brasileira reconhece que algumas medidas tomadas pelo governo durante a crise, como a concessão de empréstimos para as companhias, ajudou muito na passagem pelos tempos difíceis, mas pede outras providências para ajudar na reconquista do espaço perdido.

“Teve gente que comemorou o fato de os EUA terem diminuído a sua parte entre os compradores de mercadorias brasileiras, o que é um absurdo. Há anos, não foi apenas em 2009, estamos perdendo competitividade em mercados importantes, como o americano. Nessas regiões, quase sempre, o Brasil é ultrapassado pela China. Fica complicado, depois, ganhar de volta os consumidores”, afirma Julio Gomes de Almeida, professor da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), consultor do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial) e ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda.

Se não existem muitas esperanças de modificações na política cambial brasileira -o dólar desvalorizado ante o real é apontado como a principal desvantagem para os empresários do país-, os especialistas sugerem que a devolução dos empréstimos pagos pelas companhias na fabricação de itens que serão vendidos no exterior, como manda a lei, seja realizada com mais rapidez pelos governos federal e estaduais. “Falta boa vontade em todas as esferas, e aí se encontra um grande nó”, comenta Francini.

De acordo com os cálculos de Almeida, a restituição correta e célere teria o mesmo efeito que uma apreciação de 8% da moeda americana ante a brasileira. “Não precisa inventar nada, é só fazer valer o que já está determinado. E pensar em diminuir a burocracia no país, que aumenta demais os custos de operação”, afirma o professor.
Folha de São Paulo

 
Modelo de desenvolvimento define vocação exportadora
Há boas e más notícias no comércio do Brasil com o mundo neste início de ano. As exportações, depois de perderem fôlego no ano passado graças à crise econômica mundial, voltaram a crescer em ritmo acelerado – 25,8% no primeiro trimestre, quando comparadas ao mesmo período de 2009. Motivadas principalmente pela aceleração econômica, as importações avançaram, no entanto, numa velocidade ainda maior – 36%. Como resultado desse descompasso, o saldo comercial encolheu 70%, para apenas US$ 895 milhões, o menor dos últimos nove anos.

Os números das importações não são um mal em si. Toda vez que a economia brasileira aumenta o ritmo de expansão, as compras externas, especialmente de máquinas e equipamentos (bens de capital), crescem. Estimuladas pelo aumento da demanda e confiantes no consumo futuro, as empresas aproveitam a oportunidade para modernizar seus parques produtivos. Dessa forma, aumentam a produção a custos menores, o que também ajuda a manter a inflação sob controle.

Evidentemente, a taxa de câmbio apreciada funciona como um estímulo adicional às compras no exterior, mas a experiência mostra que o que realmente incentiva as companhias a importar mais é o aquecimento da demanda interna. A preocupação de autoridades e especialistas reside no fato de que, entre janeiro e março, embora as importações de bens de capital tenham crescido de forma significativa (17,6%, na comparação com igual período do ano anterior), as compras no exterior de matérias-primas e bens intermediários (41,6%) e de bens de consumo (42,7%) aumentaram mais.

A inquietação existe porque há a suspeita de que os fabricantes nacionais estejam optando por insumos importados, em detrimento de fornecedores nacionais. Esta seria uma realidade, segundo Fernando Ribeiro, economista-chefe da Funcex, detectada já antes da crise, quando a economia brasileira também estava em franco processo de aceleração. “Essa é uma tendência que tínhamos até 2008 e foi interrompida pela crise”, disse ele ao Valor.

Um exemplo chama a atenção: segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, a importação de partes e peças para veículos, automóveis e tratores aumentou 67,4% no primeiro trimestre. Ribeiro não vê no câmbio apreciado ou nos preços menores a atratividade dos produtos importados, mas na oferta internacional de insumos diferenciados e de melhor qualidade. Esse parece ser o X da questão.

O Brasil vive, hoje, um momentos luminoso depois de mais de duas décadas de estagnação e baixo crescimento. Fundamentos sólidos, como estabilidade econômica e Estado solvente, não mascaram, entretanto, o fato de que produzir no país é custoso. Carga tributária entre as mais altas do mundo, infraestrutura deficiente, mão de obra pouco qualificada, excesso de burocracia e custo financeiro elevado diminuem a competitividade das empresas brasileiras aqui dentro e lá fora.

Nos últimos 16 anos, o país avançou na conquista da estabilidade, mas o atual governo negligenciou a agenda de reformas institucionais. É verdade que uma reforma tributária chegou a ser proposta ao Congresso, mas o projeto, ao sugerir a manutenção da carga de impostos no patamar atual (36,5% do PIB), padecia de ousadia. Além do mais, não contou com o necessário envolvimento político do presidente da República, para quem a carga tem que ser alta mesmo.

Todos os problemas citados tendem a moldar, no longo prazo, um país exportador apenas daquilo que conta com vantagens naturais incomparáveis no plano internacional: produtos básicos e commodities em geral. Isso explica, por exemplo, o fato de estar no desempenho desses produtos a esperança de geração de saldos positivos na balança comercial no curto e médio prazos.

Neste momento, a Vale negocia, com importadores, aumento de 100% no preço do seu minério de ferro. Segundo cálculo de Octávio de Barros, diretor de Pesquisas e Estudos Econômicos do Bradesco, se isso acontecer, o superávit da balança comercial brasileira em 2010 deverá saltar de uma estimativa inicial de US$ 5,5 bilhões para US$ 18,4 bilhões. A notícia é boa para o país, mas não deve iludir ninguém: com o atual modelo de desenvolvimento, o Brasil está optando por voltar ao século XIX, quando era apenas uma economia exportadora de produtos agrícolas.
Valor Econômico


Embarque de frango do Brasil subirá 6%

PanoramaBrasil

SÃO PAULO - O Brasil deve ver sua produção de frangos aumentar 4% e as exportações do produto devem crescer 6% este ano. A previsão foi feita pelo Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) em edição feita especialmente dedicada ao País. De acordo com o USDA, o Brasil embarcará um volume recorde superior a 3,3 milhões de toneladas de carne de frango. Esse resultado, de acordo com a entidade norte-americana, se contrapõe à queda de 5% prevista para as exportações dos Estados Unidos, que deverão se situar em 2,9 milhões de toneladas.

No ano passado, as vendas externas de carne de frango sofreram com a crise econômica e a falta de crédito. O USDA afirma ainda que o fortalecimento do real (comparativamente à fraqueza do dólar) reduziu a competitividade do setor, o que, entretanto, não afetou as margens de ganho da atividade, favorecidas pelo menor preço do milho.

Vale notar que o USDA desconsidera as exportações de patas de frango. Assim, aplicada a previsão de alta de 6% ao frango exportada pelo Brasil, chega-se, em 2010, a 3,850 milhões de toneladas.
DCI

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