País quer novas fronteiras de exportação
O Brasil mira novos países com o objetivo de abrir fronteiras de exportações para intensificar as relações comerciais. Para isso, os ministérios do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, e das Relações Exteriores e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) vão realizar missões comerciais com o intuito de alcançar o Leste Europeu, a América Central, o Caribe, o México e a África. Outra região em que o Brasil tem interesse, apesar de demandar mais empenho para ingressar, é o Sudeste Asiático, mais especificamente a Índia. Segundo o secretário executivo do Ministério do Desenvolvimento, Alessandro Teixeira, o Brasil vai "entrar forte" nesses países e não "vai brincar de fazer negócio". Ele destacou um estudo detalhado intitulado Estratégia Nacional de Exportações 2011-2014, que também faz parte do pacote de estímulo ao setor industrial, anunciado pelo governo federal no início do mês.
"O estudo tem toda a análise do comércio exterior por produto e por fator agregado. Tem como nós vamos chegar a cada mercado, o que nós vamos exportar, para onde a gente quer crescer, quais os principais países. Tem muita inteligencia comercial aqui, vamos com objetivo definido", disse.
O levantamento identificou oportunidades de negócios para empresas de diversos segmentos como os de açúcar e álcool, adubos e fertilizantes, automotivo, de bebidas, de café, de carnes, de couro e calçados, de equipamentos médicos, farmacêutico, de máquinas agrícolas, de móveis, de produtos metalúrgicos e de químicos e têxteis.
Para este mês, estão previstas visitas à América do Sul. Entre os dias 22 e 30 de agosto, representantes de 43 empresas brasileiras dos setores de máquinas e equipamentos, casa e construção e moda e saúde vão participar das rodadas de negócios em Bogotá (Colômbia), Lima (Peru) e Santiago (Chile). Em novembro, as missões comerciais seguem para a África. Empresários brasileiros de 30 empresas vão a Angola, a Moçambique e à África do Sul buscar estratégias comerciais nas áreas de agronegócio, alimentos e bebidas, casa e construção, máquinas e equipamentos, e tecnologia e saúde.
Segundo dados da Apex-Brasil, cerca de 20 mil empresas brasileiras são exportadoras. O diretor de Negócios da agência, Rogério Bellini, destacou que o Brasil vai focar em inovação, design, tecnologia e sustentabilidade para agregar valor ao produto nacional. "O nosso desafio é levar a industria brasileira exportadora a se distinguir e se posicionar pelo produto brasileiro, com cara brasileira. A gente acredita que vai fazer isso via design e inovação", afirmou.
Para Bellini, esse diferencial vai fazer com que o Brasil se sobressaia na competição com outros países, principalmente a China, que tem expandido cada vez mais seu mercado de atuação. "A ideia é tornar o produto mais sofisticado. A China tem coisas muito próximas a isso [ao que produzimos atualmente], para eu continuar me mantendo equidistante da China, quero levar design, inovação", destacou.
"A China, por exemplo, em 2015, vai ter uma população de classe alta de cerca de 300 milhões [de pessoas]. Certamente, esses chineses não vão consumir produtos necessariamente chineses, vão consumir produtos europeus, brasileiros. Então o que a gente quer é levar esses produtos, que são intensivos de mão de obra, a um patamar de agregação de valor para que eles sejam consumidos pela classe crescente e emergente, inclusive a China", completou.
Guia Marítimo
Seguro de exportação cresce em meio à crise
O Brasil entra no "novo round" de turbulências globais com interesse maior das empresas por operações de seguro de crédito, o que pode dar alguma sustentação às exportações num momento de dúvidas sobre o desempenho da economia mundial.A francesa Coface, líder do segmento no país, com 66% de market share, triplicou o número de apólices fechadas no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período de 2010, considerando seguro contra calote em operações de crédito para exportações e no mercado doméstico.
"Multiplicamos por três o número de apólices fechadas. Está satisfatório para nós e acreditamos que vamos continuar com esse ritmo durante o segundo semestre de 2011", disse ao Valor o presidente da seguradora no Brasil, Joel Paillot, ressaltando que a taxa de renovação de apólices alcançou 92,8% de janeiro a junho.
"No ano anterior estávamos na faixa de 75%. Com a crise [de 2008] muitas empresas pararam de exportar. Este ano, ao contrário, as empresas quiseram conservar a apólice para se proteger. E temos também novos contratos que entraram em ritmo mais elevado que no ano passado."
A procura parte de setores como o siderúrgico, o automobilístico e o químico, e também de eletrodomésticos, no caso do mercado interno. "[O interesse] está relativamente diversificado", informa.
Subsidiária do banco Natixis, a Coface opera no seguro de exportação por meio da Seguradora Brasileira de Crédito à Exportação (SBCE) - que também tem como acionistas o Banco do Brasil e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Nesse segmento, a Coface cresceu 4% em 2011, até abril, mas a queda do dólar teve impacto direto sobre o negócio porque a maioria das apólices é emitida na moeda americana. No seguro de crédito doméstico, o prêmio emitido neste ano aumentou 60% em relação ao mesmo período do ano passado.
Paillot avalia que, hoje, os governos e os mercados em geral estão mais preparados que há três anos, quando a quebra do banco Lehman Brothers tornou-se marco da forte crise de crédito que atingiu o mundo.
"Todos se lembram como a crise aconteceu e como se espalhou. Na época ninguém tinha medido a falta de confiança dos mercados. Hoje todos esses atores estão mais preparados, o que falta na Europa é uma organização. Não dá para fazer cada semana uma reunião de presidente, primeiro-ministro", diz.
"Do outro lado, nos Estados Unidos, o rebaixamento da dívida americana não é uma surpresa, era uma questão de tempo. Já há muito tempo que todo mundo sabia que a dívida americana era exorbitante."
O executivo lembra que, após a crise de 2008, as empresas brasileiras se apoiaram no mercado doméstico. E, agora, as que optarem pelo exterior "vão ter que escolher melhor os clientes".
Valor Econômico
Ministros da Unasul querem ampliar comércio sem dólar
BUENOS AIRES – O conselho de Economia e Finanças da Unasul, instituído hoje, em Buenos Aires, durante reunião de ministros da Fazenda e representantes dos Bancos Centrais dos 12 países da região, vão estudar medidas para reforçar o comércio regional em moedas locais, sem o dólar. A informação é do vice-ministro de Economia da Argentina, Roberto Feletti. “Chegamos a um acordo sobre três eixos de trabalho e um deles é avançar em mecanismos multilaterais de pagamentos, para sustentar o comércio e proteger os volumes de reservas”, disse Feletti durante conversa com jornalistas.Ele destacou que o comércio entre os países da região movimenta a cifra de US$ 120 bilhões anuais. “O uso de moedas locais, excluindo o dólar, protege as reservas e incrementa o comércio porque há taxas menores de transações”, disse.. Ainda na conversa, o vice-ministro argentino disse que o segundo foco de trabalho será “a coordenação do uso de reservas para facilitar a tarefa dos Bancos Centrais na atuação diante das volatilidades”.
Ele também detalhou que os grupos técnicos dos países vão trabalhar no desenvolvimento e fortalecimento de Bancos de Desenvolvimento, como a Corporação Andina de Fomento (CAF) e o Banco do Sul, que ainda não saiu do papel. Junto com esse terceiro ponto, esclareceu, os técnicos vão revisar o Fundo Latino-americano de Reservas (FLAR) “para ver se pode ser ampliado e dar maior capacidade de intervenção” dos países em caso de ataques especulativos contra as moedas ou dívidas soberanas.
O Estado de São Paulo
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