LEGISLAÇÃO

terça-feira, 9 de março de 2010

INDÚSTRIAS

Indústria de pneus está otimista
Depois de conseguir junto a Câmara de Comércio Exterior (Camex) a aplicação de medidas antidumping contra os pneus para ônibus e caminhões importados da China e diante do bom desempenho da indústria automobilística, mesmo no período mais crítico da crise econômica, os fabricantes de pneus estão otimistas.
Segundo dados da Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (Anip), a estimativa é que 20% do mercado de pneus para ônibus e caminhões tinham sido abocanhados pela concorrência dos importados chineses e agora devem ser reconquistado pelos fabricantes nacionais.
No ano passado, a produção de pneus no Brasil registrou uma queda de 10%, entre os associados da Anip, e o pior desempenho ficou com os produtos destinados a tratores agrícolas (24%).
A balança comercial do setor de pneus teve queda de 18% nas exportações e de 4% nas importações.
Transporte Moderno – OTM


A retomada da indústria do couro
Wolfgang Goerlich

Depois de experimentar uma queda de quase 40% em 2009, fechando o ano com embarques de US$ 1,16 bilhão, as exportações brasileiras de couro desenham movimento de recuperação em 2010.
As vendas externas devem somar cerca de US$ 1,5 bilhão neste ano - o que representará um acréscimo de 30% em relação ao exercício anterior.
É verdade que este total ainda está longe do US$ 1,88 bilhão apurado em 2008 e dos US$ 2,2 bilhões de 2007, dois dos melhores anos do setor.
Mais do que um justificado motivo de comemoração, a reação dos embarques representa um refluxo de mercado que precisa ser devidamente capitalizado para que a cadeia produtiva do couro possa desenhar um movimento de retomada sustentável.
A indústria do couro, é bom que se diga, já está fazendo sua parte.
Aproveitando a recuperação das vendas, o Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB) lançou no início deste ano uma campanha internacional de valorização do couro brasileiro.
Com apoio do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, a entidade promoverá o produto nos principais países importadores, com o objetivo de mudar a imagem do couro brasileiro no mundo.
A campanha tem dois alvos. No front interno, vamos enfocar o aumento da qualidade do produto final.
Para tanto, especial atenção será dedicada à melhoria das condições de tratamento do rebanho e das peles.
É verdade que a qualidade do nosso produto evoluiu muito nos últimos anos, mas ainda há um longo caminho a percorrer.
A chave para se obterem os pretendidos ganhos de qualidade no campo será o trabalho de conscientização dos pecuaristas em relação a cuidados básicos na lida com seus animais:
-não marcar a fogo as partes nobres;
- evitar cercas de arame farpado, que podem perfurar o couro;
-transportar o gado em veículos adequados, que não apresentem objetos perfurantes, entre outros pontos.

Já no front externo, o principal alvo será atacar o preconceito contra o couro brasileiro, por meio de uma campanha esclarecedora, destacando as propriedades e as vantagens do nosso produto.
Outras medidas, entretanto, se fazem necessárias para consolidar a recuperação que a indústria do couro está desenhando, a começar pela criação de linhas de crédito para suprir o capital de giro das empresas.
Este é, sem dúvida, um dos principais gargalos da indústria do couro, para o qual o governo pode prestar contribuição determinante.
É preciso ainda desburocratizar os trâmites que embaraçam nossas exportações, bem como agilizar os processos de ressarcimento de créditos do Programa de Integração Social e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (PIS/Cofins).
A concretização de tais medidas pode assegurar o fôlego de que a indústria do couro necessita, justamente no momento em que o mercado mundial dá inequívocos sinais de retomada, conforme constataram, de forma unânime, os especialistas internacionais que participaram o Fórum Internacional do Couro, promovido pelo Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil, em parceira com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), durante a Couromoda, em São Paulo.

O empenho para aprovar as medidas propostas justifica-se.
Vale lembrar que a cadeia produtiva do couro é composta por cerca de 10 mil indústrias, que geram mais de 500 mil postos de trabalho No País e totalizam uma receita superior a 21 bilhões de dólares por ano.
Trata-se, como se vê, de uma atividade da mais alta relevância na economia brasileira, que merece ser apoiada e estimulada, no interesse do próprio desenvolvimento socioeconômico do País.
DCI

Custo Brasil eleva preço da produção local
Fatores que encarecem fabricação nacional fazem com que valor final seja 36,27% superior ao da Alemanha e EUA
O chamado Custo Brasil, conjunto de fatores que comprometem a competitividade e a eficiência da indústria nacional, encarece em média 36,27% o preço do produto brasileiro em relação aos fabricados na Alemanha e nos Estados Unidos. Somado ao câmbio valorizado, esse custo ajuda a explicar a tendência de especialização cada vez maior do País em exportar produtos primários e semimanufaturados e de importar mais produtos de maior valor agregado e de tecnologia avançada.
“Imagine que um alemão apaixonado pelo clima tropical resolvesse trazer sua fábrica de porteira fechada para o Brasil, incluindo mão de obra e máquinas. O preço do mesmo produto que ele fabrica hoje na Alemanha subiria automaticamente 36,27% só pelo simples fato de passar a produzir no Brasil”, diz o empresário Mário Bernardini, assessor econômico da presidência da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).
Bernardini coordenou estudo inédito da Abimaq que mede o Custo Brasil pela primeira vez nos últimos 20 anos. “Todo mundo sabe que o Custo Brasil existe, mas nunca ficou claro o tamanho do problema”, comentou o empresário ao apresentar o trabalho em reunião plenária da Abimaq, em São Paulo. Ele ponderou que, na verdade, se trata de uma tentativa de avaliação, pois foram mensurados oito itens e o Custo Brasil tem ao menos mais outros 30 que não se consegue transformar em números. “É um piso, pois seguramente o número é maior que 36%, já que não engloba tudo e foi comparado com países que não são os mais baratos do mundo”, disse Bernardini. Segundo ele, se a comparação fosse com a China, o número dobraria de tamanho. “Fomos conservadores de forma proposital, pois o mundo inteiro tem problemas com a China”, disse o diretor de Competitividade da Abimaq, Fernando Bueno.

Entre os componentes do Custo Brasil medidos pela Abimaq estão o impacto dos juros sobre o capital de giro, que na média gera custo 7,95% superior ao dos concorrentes internacionais, e preços de insumos básicos, cuja diferença de custos é de 18,57% entre a produção nacional e a americana e alemã.
Outros fatores de custo adicional: impostos não recuperáveis na cadeia produtiva (2,98%), encargos sociais e trabalhistas (2,84%), logística (1,90%), burocracia e custos de regulamentação (0,36%), custos de investimento (1,16%) e custos de energia (0,51%).
“Corremos o risco de ver parte do setor produtivo ser transformada em montador, numa indústria que só tem casca e cujo conteúdo vem de fora”, alerta o economista Júlio Sérgio Gomes de Almeida, assessor do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi).
Setor de máquinas e equipamentos cai para 15ª posição em ranking
é de igualdade com os chineses, fabricantes de máquinas e equipamentos deixam de produzir no Brasil e passam a importar e revender produtos asiáticos no mercado doméstico com a sua marca. Cada vez mais empresas tradicionais como a Kone, fabricante de máquinas-ferramenta (tornos, furadeiras e fresadoras) de Limeira (SP), são obrigadas a substituir a produção local por importações da China e Taiwan para não fechar as portas.
Sob o ponto de vista técnico, os equipamentos nacionais são competitivos. Do ponto de vista financeiro, no entanto, a competitividade fica comprometida devido a fatores alheios ao controle dos fabricantes, como a taxa de câmbio. Os fabricantes de máquinas sofrem impacto do chamado Custo Brasil maior que a indústria brasileira tem como um todo. “Já deixamos de fabricar a maioria dos nossos equipamentos e, dentro de seis meses, vamos avaliar se passamos a ser exclusivamente importadores”, diz o presidente da Kone, Marcelo Cruañe.
O caso da Kone não é um exemplo isolado. “Está havendo um processo de desindustrialização no Brasil”, diz o presidente da Abimaq, Luiz Aubert Neto. Ele lembra que o País já foi o quinto maior produtor de máquinas do mundo há alguns anos e hoje ocupa a 15ª posição. Para a Abimaq, ainda que indispensáveis para a sobrevivência das indústrias nacionais, os esforços para melhorar a produtividade acabam compensando apenas pequena parte da desvantagem brasileira.
Nos últimos três anos, a fabricante de guindastes Madal Palfinger, de Caxias do Sul, investiu para aumentar a produtividade em 30%. Ainda assim não consegue concorrer com o preço baixo chinês no segmento de guindastes telescópicos. O gerente da linha de produtos para a América do Sul, Silvio Gatelli, diz que os equipamentos chineses custam cerca de 50% menos que os brasileiros. “O preço de um guindaste telescópico nosso de 30 toneladas de capacidade máxima, junto com um caminhão, sai em torno de R$ 1 milhão. Por esse mesmo valor, os chineses colocam na porta do cliente uma máquina de 70 toneladas, mais que o dobro da capacidade da nossa”, informa Gatelli.
Jornal do Comércio

Meirelles projeta que estrangeiros investirão US$ 45 bilhões no País
O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse que a economia brasileira deverá receber US$ 45 bilhões em investimento estrangeiro direto (IED) este ano e registrar um déficit em conta corrente de US$ 50 bilhões.
Meirelles afirmou que o Banco Central traçou tendência em direção a taxas de juro real mais baixas. Segundo ele, os ciclos econômicos estão se tornando mais e mais "previsíveis", o que tem ajudado paralelamente a redução dos prêmios de risco da dívida soberana do país e a inflação estável. "O risco de uma crise tem diminuído", observou.
Com o interesse do investidor no Brasil ainda robusto, Meirelles disse que "são esperados fortes fluxos de investimento" para o País, embora "muita exuberância nem sempre seja bom".
Meirelles disse ainda que o Banco Central está estudando medidas para modernizar as operações em moeda estrangeira do Brasil.
As medidas, em sua maioria técnicas, buscam tornar o mercado de câmbio brasileiro mais "eficiente", o que pode também resultar em um aumento dos fluxos como um todo.
Segundo ele, o BC recentemente retomou trabalhos sobre uma revisão em suas leis cambiais, que foram criadas na década de 1930 quando moedas fortes eram escassas.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse em fevereiro que o Brasil tinha de se preparar para que o real se tornasse uma divisa de circulação internacional. "Estamos estudando medidas para expandir o mercado de câmbio, torná-lo mais aberto e ampliá-lo para além dos exportadores", disse Meirelles.
"Esperamos que a modernização do mercado cambial exerça impacto sobre várias práticas de negociações. Isso pode obviamente ter um impacto nos fluxos como um todo", completou.
A taxa de crescimento do PIB potencial do Brasil tende a ficar até 1 ponto abaixo da média de 4,5% prevista pelo governo e analistas para os próximos anos. Para evitar esse quadro, o futuro governo teria que fazer um ajuste fiscal para conter os gastos corrente, avalia Raul Velloso, especialista em contas públicas e sócio diretor ARD Consultores Associados.
"O crescimento incessante das despesas por parte do governo cria um excesso de demanda e amplia o risco de quebra de solvência da economia. Isso levará o Banco Central a elevar a taxa básica de juros da economia Selic", afirmou. Neste ano, no entanto, ele prevê um crescimento potencial da economia brasileira de 4,5%.
Diário do Comércio e Indústria

Nenhum comentário: