LEGISLAÇÃO

quarta-feira, 31 de março de 2010

COMÉRCIO EXTERIOR

Apetite da China pela soja brasileira crescerá 20% ao ano

O apetite da China pela soja brasileira deve se intensificar nos próximos meses com o início do processo de estocagem da oleaginosa já sinalizado pelo governo de Pequim.
Para o setor, o interesse dos chineses pelo produto brasileiro deve crescer anualmente 20%. Em 2010, o mercado estima enviar para o território chinês mais de 43 milhões de toneladas do grão. Em 2009, o volume embarcado não chegou a 40 milhões.
Segundo Steve Cachia, analista de mercado da Cerealpar, a demanda chinesa pode surpreender o País. "Enquanto uma fração do mercado diz que boa parte da demanda mundial já foi atendida pela Argentina, vejo a China bastante agressiva. A comercialização com o Brasil pode ultrapassar 43 milhões de toneladas", diz. Atualmente a China responde por 50% das exportações Brasileiras de soja.
Para Glauber Silveira, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso e do Brasil (Aprosoja), o País pode ainda ganhar mercado internacional se investir em políticas de exportação voltadas para os países que não dependem dos Estados Unidos, como Japão, México e Canadá.
Coréia, Arábia Saudita, Afeganistão, Rússia, Ucrânia e Polônia são alguns dos potenciais destinos futuros para a soja nacional. "A Índia também é um país bastante interessante, que está crescendo", afirma.
No entanto, para Cachia, os novos trajetos previstos para o grão brasileiro percorrer podem começar em curto prazo, mas o volume não será significativo. "Não vejo crescimento dramático em outros territórios. De três a cinco anos pode ser que algum país avance mais e compre mais."
De acordo com Rafael Ribeiro de Lima Filho, zootecnista e consultor da Scot Consultoria, nos próximos meses o Brasil vai enviar mais de um milhão de toneladas de soja. "A China deve comprar mais. O governo já está estimulando a estocagem do grão", afirma o consultor.
Silveira explicou que a baixa produção de soja na China, de em média 15 milhões de toneladas, faz com que o país tenha uma tendência natural de cada vez mais aumentar as importações. "Parece que houve ainda uma quebra de safra este ano. A China deve aumentar em 20% por ano as negociações com o Brasil."
Os preços do grão, que estiveram em queda nas últimas semanas, de acordo com o presidente da Aprosoja, se estabilizaram e devem se manter, mesmo com a sinalização chinesa de aumentar o estoque doméstico. "O preço não vai mudar. O mercado já estabilizou. Só poderá melhorar se surgir alguma estimativa da próxima safra dos Estados Unidos, ou o câmbio melhorar", diz.
Em 2009, neste mesmo período, o câmbio girava em torno de R$ 2,20. Hoje a média de R$ 1,80 é a cotação da moeda americana.
Segundo Filho, quanto menor a oferta norte-americana, mais o preço no Brasil pode ser estimulado, mas o consultor acredita que com o aumento da demanda chinesa os valores da oleaginosa brasileira podem aumentar, embora não tenha estimativa.
Em Mato Grosso, no dia 25 de março de 2009, a cotação da soja variava de R$ 35,90 a R$ 38,60. No último dia 25, a média de preço era de R$ 24,50 a R$ 28.
De acordo com dados da Aprosoja, a produção mundial do grão hoje é de 255 milhões de toneladas para uma demanda de 235 milhões de toneladas.
Silveira disse que a previsão de sobra atual contribuiu para a queda de preços, se comparada a números do ano passado.
A diferença dos preços de 2009 para 2010, segundo Silveira, é justificada, além do câmbio mais elevado, pela quebra da safra mundial, quando foi computado um déficit de 12 milhões de toneladas. "Este ano estão sobrando 20 milhões de toneladas."
Diário do Comércio e Indústria


Brasil e Uruguai discutem parceria para construção de porto
BRASÍLIA (Reuters) - Brasil e Uruguai discutiram nesta segunda-feira uma possível parceira para a exploração de reservas uruguaias de minério de ferro e a construção de um porto de grande profundidade para escoar a produção da commodity ou aço, afirmou o assessor de Assuntos Internacionais da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia.
Segundo ele, o assunto foi tratado no jantar oferecido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva a José Mujica, presidente uruguaio empossado no dia 1o de março.
Garcia disse que o governo brasileiro conversará com empresas da área para saber se há o interesse de investir nesse projeto no país vizinho.
"Ele (Mujica) não quer que seja um porto do Uruguai, mas um porto da Unasul (União das Nações Sul-Americanas), do Mercosul, que seria uma via de escape para a produção de ferro ou para a produção siderúrgica que o Uruguai venha a ter", explicou Garcia a jornalistas após o encontro, acrescentando que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) poderia financiar a obra.
"Poderia combinar perfeitamente essa exploração de ferro com uma siderúrgica e depois com o porto."
O assessor de Lula disse ainda que os dois presidentes chegaram a um acordo para evitar barreiras ao comércio de frangos. "Não haverá restrição nem de um lado nem de outro", disse Garcia.
No jantar, Lula mostrou interesse pelo programa do governo uruguaio que garante computadores a todos os estudantes dos níveis fundamental e médio. De acordo com Garcia, Mujica teria se prontificado a ajudar o Brasil em iniciativa semelhante.
Por outro lado, o presidente brasileiro tentou convencer o colega a trocar o modelo de televisão digital adotado pelo Uruguai.
"Colocamos para eles a possibilidade de eles revisarem a opção de TV digital pelo modelo europeu. Nós estivemos ponderando as vantagens do modelo nipo-brasileiro, que hoje é mais um modelo sul-americano."
Reuters


Reunião entre Lula e Mujica criou "comissão de planejamento"
MONTEVIDÉU - O chanceler uruguaio, Luis Almagro, afirmou que o encontro entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e José Mujica permitiu a criação de uma "comissão bilateral de planejamento estratégico". Segundo Almagro, esse novo grupo terá "o objetivo de abordar os temas de infraestrutura que podem ser desenvolvidos entre os dois países, como a interconexão ferroviária e o porto de águas profundas".
Em entrevista a uma rádio local, o diplomata considerou que a reunião entre Lula e Mujica realizada ontem foi "absolutamente positiva" e impulsionou "projetou muito importantes".
Outro assunto abordado no encontro foi a elaboração de um acordo para liberar a entrada da carne de frango brasileira no Uruguai, atualmente suspensa por "questões sanitárias".
De acordo com o chanceler, que acredita que os países voltem a comercializar esse produto em "três meses", a normalização depende de uma "habilitação sanitária".
A partir daí, explicou Almagro, à carne de frango brasileira corresponderia "uma cota de cerca de 120 toneladas por mês, o que representa 4% do mercado". Já o Uruguai, por sua vez, reivindica que o Brasil adquira mais carne resfriada e produtos derivados do leite. O chanceler indicou que Lula se comprometeu a "resolver os temas de licenças de importação pendentes". No dia 3 de maio, Lula deve retribuir a visita oficial de Mujica e ir para o Uruguai.
DCI

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