LEGISLAÇÃO

sexta-feira, 14 de maio de 2010

IMPORTAÇÃO -14/05/2010

Importação de trigo pressiona superávit setorial
Puxadas por soja e derivados, as exportações brasileiras do agronegócio renderam US$ 6,4 bilhões em abril, 16,2% mais que no mesmo mês de 2009, segundo dados da Secex organizados pelo Ministério da Agricultura. Como as importações cresceram 46,4% na comparação, para quase US$ 995 milhões, o superávit da balança setorial aumentou apenas 12%, para US$ 5,4 bilhões. A disparada das importações foi determinada pelo trigo, cujas compras brasileiras no exterior custaram US$ 125 milhões, 20% mais que em abril do ano passado.

Com os resultados, as exportações somaram US$ 20,9 bilhões no primeiro quadrimestre de 2010, 15,5% acima do total de igual intervalo de 2009. Também nesta relação as importações cresceram mais, 29,7%, e ficaram pouco acima de US$ 4 bilhões, deixando como resultado um incremento de 12,4% no saldo positivo do setor (US$ 16,8 bilhões).

O complexo soja (grão, farelo e óleo) manteve-se como líder nas exportações do agronegócio, com US$ 4,8 bilhões de janeiro a abril - 3,8% acima do mesmo período de 2009, que também foi forte para o segmento graças à quebra da produção argentina e a superaquecida demanda da China. As carnes (bovina, de frango e suína) vêm em seguida, com embarques totais de US$ 4,1 bilhões no primeiro quadrimestre, alta de 18,7%. Em boa medida, a alta reflete preços melhores de venda, já que em 2009 o segmento foi um dos que mais sofreram com os reflexos da crise financeira internacional.

Produtos florestais e açúcar e etanol registraram fortes incrementos das exportações de janeiro a abril. No complexo sucroalcooleiro, os preços também ajudaram.
Valor Econômico/ Fernando Lopes, de São Paulo


Importação freia inflação, mas afeta indústria, diz analista
A crescente oferta de produtos importados ajuda a conter pressões inflacionárias no curto prazo, mas traz a ameaça de um impacto negativo sobre a estrutura industrial em períodos mais longos. Em vez de complementar a produção local, o risco é de que haja uma substituição de bens nacionais por estrangeiros, apontam analistas, preocupados com o dólar barato.

Fernando Sarti, professor da Unicamp, mostra desconforto com o aumento da participação dos importados. Num cenário em que o Brasil parece ter contratado uma demanda forte por vários anos, o risco é de que ela seja atendida por uma parcela cada vez maior de produtos estrangeiros. Sarti cita o caso do setor de autopeças, que sofre com a concorrência importada apesar de as montadoras venderem como nunca. Isso pode adiar investimentos necessários para acompanhar a dinâmica dos produtores de bens finais. O mesmo pode ocorrer em setores como o farmacêutico, diz ele. O temor de Sarti é que haja o "esvaziamento da cadeia produtiva e redução dos encadeamentos produtivos e tecnológicos". Em alguns anos, a fabricação de produtos finais em que o país é competitivo pode também ser atingido pela competição externa.

André Sacconato, da Tendências Consultoria, tem uma visão mais benigna. Para ele, alguns setores de fato sofrem com a oferta maior dos importados, como os de calçados e vestuário, mas do ponto de vista da sociedade em geral há ganhos. Sem isso, a inflação estaria mais alta e os juros teriam que subir mais, diz Sacconato. Outro ponto é que a produção local cresce a taxas robustas, ainda que inferiores à das importações. Douglas Uemura, da LCA Consultores, lembra que a produção doméstica e as exportações avançam bastante, embora fosse desejável um maior desenvolvimento de cadeias com alto potencial de gerar valor agregado, como a eletroeletrônica.
Valor Econômico



Restrições à importação são antecipadas
A aplicação de novas barreiras argentinas contra a entrada de alimentos e bebidas importados, previstas para entrar em vigor a partir do dia 1º de junho foram antecipadas. Segundo denúncias do diretor do Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Ricardo Martins, "quatro caminhões foram barrados na Aduana de Uruguaiana, no Brasil, sem poder entrar na Argentina".
A medida reflete decisão do secretário de Comércio Interior da Argentina, Guillermo Moreno, de restringir a importação de alimentos e bebidas similares aos de fabricação nacional, inclusive os que complementam a produção local. São massas de tomate, milho em conserva, chocolate, chips e outros elaborados e semi-elaborados.

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, instruiu a embaixada brasileira em Buenos Aires a transmitir às autoridades argentinas o descontentamento do governo brasileiro em relação às restrições. Uma das razões da irritação é que a Argentina, além de não ter informado o Brasil sobre a medida, não excluiu os sócios do Mercosul.

O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, admitiu ontem que o Brasil poderá retaliar a Argentina.
Canal do Transporte

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