LEGISLAÇÃO

segunda-feira, 14 de junho de 2010

EMPRESAS e NEGÓCIOS

BNDES aprova iniciativa que vai estimular indústria do plástico
Programa será voltado para indústrias de médio-grande porte. Banco quer atrair empresas mais estruturadas do setor e saber das possibilidades que elas têm para inovar, diz executivo

A diretoria do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou nesta terça-feira (08/06) um programa de estímulo ao desenvolvimento e consolidação da indústria de transformação de plástico que prevê, somente em empréstimos, de R$ 700 milhões até setembro de 2012. Batizado de BNDES Proplástico, o programa tem cinco linhas de crédito direto, no valor mínimo de R$ 3 milhões, voltadas para incorporação, fusão ou aquisição de empresas, apoio à produção e modernização, aquisição de máquinas nova com o sucateamento obrigatório das antigas, inovação e investimentos em reciclagem e outros investimentos de caráter socioambiental.

A iniciativa do BNDES tem o objetivo de estimular a continuidade do processo de robustecimento da cadeia produtiva petroquímica cujo passo mais recente foi a transformação da Braskem em uma empresa de porte global, consolidando os ativos da Petrobras e do grupo Odebrecht. "O que o banco fez até agora foi apoiar projetos. A consolidação está concluída no que diz respeito à petroquímica (entendida como a etapa de produção de resinas termoplásticas). Falta apenas a expansão mundial", afirmou Gabriel Gomes, um dos gerentes do Departamento de Indústria Química do BNDES.

Gomes e a também gerente Valéria Delgado Bastos, que vêm há vários anos trabalhando em alternativas que possibilitem um salto de qualidade quanto à agregação de valor da cadeia química e petroquímica, entendem que chegou a hora de fazer esse novo movimento de política industrial com o objetivo de integrar a cadeia e diversificar a indústria. Para eles, os movimentos que vêm sendo feitos na Ásia e no Oriente Médio (Arábia Saudita e Emirados Árabes, principalmente) pressionam o Brasil a tomar iniciativas tanto para garantir seu próprio mercado como para disputar o mercado mundial.

Hoje o Brasil é deficitário no comércio de produtos e artefatos de plásticos, tendo importado US$ 918,4 milhões a mais do que exportou em 2009. Além disso, o setor é altamente fracionado, contando com mais de 11 mil indústria, mais de 70% das quais classificadas como microempresas. O BNDES já apoia o setor por intermédio das linhas tradicionais de empréstimo indireto (via agente repassador), especialmente a Finame (compra de máquinas e equipamentos), tendo desembolsado uma média de aproximadamente R$ 400 milhões de 2000 a 2009.

O novo programa é mais voltado para indústrias de médio-grande porte, uma nova classificação criada pelo banco estatal que engloba empresas com faturamento entre R$ 60 milhões e R$ 300 milhões. As micro e pequenas seguirão sendo atendidas pelas linhas tradicionais do BNDES. Segundo Gomes e Valéria, o banco quer atrair as empresas mais estruturadas do setor, conhecê-las melhor e saber das possibilidades que elas têm para crescer, inovar e se modernizar. Por isso, o programa pode ser ajustado, inclusive quanto à disponibilidade de recursos.

As linhas do BNDES Proplástico contemplarão, para contratos de até R$ 300 milhões, maior flexibilidade na burocracia de análise de crédito do banco, incluindo avaliação de classificação de risco, limites de exposição e garantias reais. Os créditos serão todos referenciados na Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), hoje em 6%, e a taxa de risco para empresas que faturem até R$ 300 milhões será de 0,5%.

Os empréstimos terão prazos de até dez anos, com três de carência. Para operações de consolidação, o empréstimo máximo será de R$ 50 milhões, podendo ser complementado com operações de renda variável, como a compra de debêntures.

Setor acha que pode competir com chineses

Para José Ricardo Roriz Coelho, presidente da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast), o programa do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) "chega em boa hora" para resolver uma equação desequilibrada: para cara dólar que o País exporta de produtos de plástico, ele importa dois. Na avaliação de Coelho, a indústria de transformação de plásticos "é uma das poucas nas quais o Brasil pode vir a ser mais eficiente do que os chineses".

O presidente da Abiplast disse que há algum tempo o setor vem pleiteando o que será agora estimulado, como o aumento do porte das empresas, a modernização, e um foco maior em pesquisa e desenvolvimento. Coelho também ressaltou a importância da linha que obriga ao sucateamento de máquinas velhas tanto no aspecto do aumento da segurança nas fábricas quanto no combate à informalidade.

A produção informal, segundo ele, é alimentada pelo uso de máquinas obsoletas, revendidas pelas empresas formais. Outro pleito da Abiplast para a redução da informalidade é a redução da alíquota de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) do setor de 15% para 5%. Segundo dados da entidade, as mais de 11 mil empresas formais do setor de plástico empregam cerca de 300 mil pessoas e faturam aproximadamente R$ 35 bilhões.

Para Carlos Alberto Lopes, da consultoria Gas Energy, um dos maiores especialistas do setor, o salto de qualidade na cadeia produtiva da petroquímica exige a formação de uma nova mentalidade empresarial na terceira geração e na cadeia setorial como um todo. Até porque o Brasil, que desenvolveu sua petroquímica básica a partir de matérias-primas importadas, será um grande produtor dessas matérias-primas com o pré-sal. Ele acha que a mudança necessária será mais rápida com o financiamento do BNDES e com a indução da Braskem e da Petrobras, assim como a própria Petrobras fez com a cadeia da exploração e produção de petróleo.
revistafatorbrasil.com.br



Agronegócio continua sendo a salvação do Brasil

Os anos passam, mas o Brasil continua sendo sustentado pela produção primária. O surto de industrialização, que completou 55 anos, não foi suficiente, embora mais do que meritório e em expansão, para nos colocar ao lado das potências. Tecnologia, inovação e produzir aqui mais do que importamos é um caminho que descuramos. O mesmo não aconteceu com os japoneses pós-II Guerra Mundial e, depois, com os coreanos. Faziam pouco e malfeito uma quantidade imensa de equipamentos, inclusive automóveis. Mas hoje suas marcas estão no mundo. A China seguiu um viés diferente, cortando custos, a tudo copiando, legal ou ilegalmente, e hoje tem bilhões de dólares em superávits comerciais. Uma vez que somos agrodependentes, é bom saber que os produtores rurais terão R$ 100 bilhões para financiar a próxima safra, no Plano Agrícola e Pecuário 2010/2011. Esse valor representa 8% a mais em relação aos R$ 92,5 bilhões do período agrícola anterior. Desde o início do governo Lula, em 2003, o incremento é de 270%. Somando-se a isso os recursos da agricultura familiar, o montante para a agricultura será de R$ 116 bilhões.

Haverá dois novos programas. Um deles é o da Agricultura de Baixo Carbono (ABC), que terá R$ 2 bilhões para financiar práticas na lavoura que reduzam a emissão dos gases de efeito estufa, como o sistema de integração lavoura-pecuária-floresta, e a recomposição de áreas de preservação ambiental. Além desse valor, o agricultor que adotar sistemas de plantio direto na palha poderá obter 15% a mais do valor do limite dos financiamentos de custeio, o que significa até R$ 2 bilhões a mais para aplicar na lavoura. O outro é o Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp), destinado à classe média do campo. Para ampliar a capacidade de armazenamento das fazendas, os recursos do Programa de Incentivo à Irrigação e Armazenagem (Moderinfra) passaram de R$ 500 milhões para R$ 1 bilhão.

Simultaneamente, o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) da agropecuária brasileira, de 2,7% no primeiro trimestre de 2010 em comparação com o quarto trimestre de 2009, e de 5,1%, se comparado ao primeiro trimestre do ano passado, reflete a retomada da economia e do consumo após a crise mundial de liquidez, na avaliação José Rezende, líder em agribusiness e sócio da PricewaterhouseCoopers. O executivo lembrou que o Brasil “foi o último a entrar e o primeiro a sair da crise” e que os reflexos da retomada do PIB foram importantes para o agronegócio. Rezende acredita que a queda global de algumas commodities agrícolas, principalmente com a saída de recursos das bolsas de investimentos de risco, após crises em países da Europa, pode ter um impacto minimizado no agronegócio nacional. Isso porque o governo manteve a curva de alta na Selic, o que trará, segundo ele, a retomada dos investimentos de fundos no País, atraídos pelos juros altos. Ele espera que a crise europeia tenha pouco impacto no nosso agronegócio. No entanto, o presidente da Federação das Associações dos Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Renato Rocha, aprovou o montante de recursos anunciado, mas reclamou da dificuldade de acesso ao financiamento. “No passado, faltavam recursos; hoje tem dinheiro, mas não acesso ao crédito”, disse. Dá o que pensar.
Valor Econômico

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